Motociclistas em risco


Abrindo espaço para falar de trânsito, observamos o altíssimo índice de imprudência, por vezes, envolvendo mais motocicletas do que carros – seja por não terem estabilidade própria, por não serem visíveis a todos os condutores, entre diversos motivos. Os ocupantes de motos sofrem conseqüências mais graves do que se estivessem em um carro.

Foto: PicosNews

Estatísticas recentes apontam que o HUT, Hospital de Urgência de Teresina (PI), atendeu 868 pessoas vítimas de acidentes envolvendo motos, apenas entre janeiro e setembro de 2010. Para efeito de comparação, 259 vítimas de acidentes envolvendo carros foram atendidas, de acordo com estatísticas publicadas no portal MeioNorte.


Foto: AcessePiauí

De 2000 a 2010 (até setembro), o impressionante número de 8 200 pessoas sofreram acidentes de motos, apenas na capital, Teresina. Praticamente 1% da população acidentou-se durante o período de apenas 10 anos.

Outro dado alarmante é que sete entre dez ocupantes de motos não posicionava o capacete de forma correta, seja deixando de utilizar a cinta de proteção, seja colocando-o apenas em parte da cabeça, segundo dados colhidos durante blitzes realizadas pelo Strans, Superintendência Municipal de Trânsito e Transporte de Teresina.

Foto: AcessePiauí

Infelizmente, a verdade é que nem todos estão preparados para pilotar motos com segurança.

Motos só foram feitas para um ou dois ocupantes. Três ou mais pessoas na mesma motocicleta a desestabilizam, sem contar que a distribuição de peso entre os eixos é prejudicado

O mesmo ocorre com muitos que guiam automóveis, que necessitam fazer cursos de direção e obedecer às leis de trânsito, o que nem sempre ocorre.


Em pequenas cidades é bastante comum observar motoqueiros sem capacete e motos sem placa de licença

A falta de bom-senso, como se vê quando motoqueiros e garupas trafegam sem capacetes regulamentados, levam mais pessoas numa só motocicleta (o limite é de duas pessoas/moto), manobram entre veículos em busca de ganho de tempo, entre outras diversas atitudes, podem gerar acidentes.


A verdade é que a prefeitura de Teresina apresenta periodicamente campanhas educativas e realizam blitzes de conscientização, levando informações preciosas a quem necessita da moto para se locomover ou mesmo para se divertir. Porém os órgãos oficiais de trânsito deixam um pouco a desejar quando o assunto é fiscalização aos motoqueiros, especialmente no que diz respeito às barreiras de vistoria, as quais veículos maiores são obrigados a parar, o que não ocorre com as motos, que passam sem problemas.

Eis aqui dicas valiosas para motociclistas adotarem um comportamento responsável no trânsito (algumas dicas valem também para os motoristas):

1 Distância segura é fundamental. Quem anda de moto sabe como as decisões ao guidão devem ser tomadas rapidamente. Então o natural seria evitar repetir tudo o que o veiculo da frente realiza. Além de evitar colisões (especialmente em casos de frenagens inesperadas), manter uma distância segura, de aproximadamente cinco metros, é uma forma de diminuir as acelerações e frenagens bruscas. Dependendo do caso, pode haver até uma economia de combustível substancial.

2 Chuvas são perigosas. Se você estiver caminhando sob chuva, vai preferir andar mais lento ou sair correndo e ficar sob risco de escorregar? As motos, assim como os carros, podem apresentar comportamento inesperado em solos molhados, e a distância de frenagem é muito maior. Se a moto não tiver freios ABS, que impedem o travamento das rodas, a situação complica.

3 Crianças devem ser transportadas com cuidado. Apenas uma criança poderá ser transportada em uma moto, e ainda assim se for maior de 7 anos, e com capacete apropriado (não é adequado à uma criança utilizar capacete de adulto, o que, aliás, é comum de se ver).


O ideal seria a criança agarrar-se ao condutor (os suportes na parte de trás não são tão seguros).

4 Ultrapassar sempre requer cuidados. Toda manobra deve ser sinalizada, seja com os piscas ou com o braço em algumas situações. O problema é que nem sempre o condutor do veículo que será ultrapassado tem condições de ver a chegada da moto, especialmente se ela se localizar nos pontos-cegos (locais que não são refletidos pelos retrovisores). Se for caminhão ou ônibus a situação complica.

5 Ser visto evita complicações. Os faróis devem permanecer ligados sempre que a motocicleta estiver trafegando, inclusive durante o dia. Estudos comprovam que a visibilidade de um veículo (seja carro ou moto) com faróis acesos aumenta cerca de 20% (não é à toa que a União Europeia está planejando equipar obrigatoriamente todos os automóveis com LEDs diurnos).


À noite, ajudam os refletores (o conhecido "olho-de-gato", que espelha a luz vinda de outro veículo) e as roupas claras. Além disso, é importante trafegar de forma a ser visto pelos motoristas próximos.

E não se esqueça de manter a moto em condições ideais de rodagem. Utilizar a antena localizada na ponta frontal da moto é útil para evitar ferimentos causados por linhas contendo cerol. Outro equipamento de segurança importante é o protetor de pernas.

Os motociclistas estão entre os condutores de veículos mais expostos a acidentes, pois seu veículo, a motocicleta, não é carenado e não conta com estabilidade natural (ou seja, cai sem o tripé ou uma perna apoiada ao chão), sem contar que o cinto de segurança é inexistente para elas. Motos com air-bag (como a Honda Gold Wing) e freios ABS começam a ficar mais populares, embora grande parte da população não contam com estes equipamentos de proteção. No entanto, é possível guiar veículos de duas rodas com segurança, agindo de forma responsável consigo e com os outros motoristas, especialmente com a atuação dos departamentos viários, como Strans e Detran. Isso não evita 100% dos acidentes (a não ser que o trânsito fosse composto apenas por uma pessoa...), porém, sendo prudente nas ruas, você estará fazendo a sua cota por um trânsito cada vez melhor.

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