Impressões ao dirigir: Ford Fiesta Powershift

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No universo dos carros compactos, o Fiesta PowerShift se sobressai com seu câmbio automatizado de dupla embreagem, enquanto modelos de outras marcas oferecem transmissões automatizadas simples ou automáticas com conversor de torque. Mesmo partindo de elevados R$ 53.890, o Fiesta SE PowerShift é o carro mais barato do mercado equipado com esse sofisticado tipo de câmbio. Levamos o compacto premium que é frequentemente chamado de “automático”, inclusive pela própria Ford, para uma avaliação em trechos urbanos e rodoviários.

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A primeira coisa que salta à vista é o design agressivo, de extremo bom gosto, que ficou ainda melhor na reestilização de 2013, quando o New Fiesta ganhou nacionalidade brasileira, alinhando-se à nova identidade visual da Ford. Em contrapartida, junto com a nacionalização veio um padrão de qualidade muito inferior ao do Fiesta mexicano, notado principalmente no acabamento externo, com vãos irregulares. Por dentro, o acabamento está longe de ser esmerado, porém não desaponta, com materiais de boa qualidade e sem maiores problemas de encaixe das peças. Entretanto, o Fiesta se mostrou bom o suficiente para esquecermos da qualidade de montagem.

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A excelente posição de dirigir, baixa e com bancos que abraçam o corpo, reflete a personalidade do carro, que tem uma pegada mais esportiva e é feito para quem gosta de dirigir. De início, o excesso de botões no painel pode parecer confuso, mas dá para assimilar rapidamente o funcionamento dos equipamentos. O nível de itens de série da versão SE 1.6 é ótimo, o carro vem muito bem recheado, trazendo ar-condicionado digital, direção elétrica, vidros elétricos nas quatro portas com “one touch”, travas e retrovisores elétricos, sistema multimídia Sync com CD Player, entradas USB e auxiliar e conexão Bluetooth para streaming de música e telefone viva-voz com comandos no volante, rodas de liga leve aro 15” com pneus 195/55, faróis de neblina, 2 airbags, freios ABS com EBD, controles de estabilidade e tração (ESC e TCS), alarme volumétrico, computador de bordo, entre outros.

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O Sync se mostrou bastante útil e fácil de usar, mas sua telinha monocromática de 3,5” passa vergonha diante de sistemas mais modernos oferecidos pela concorrência, em especial o My Link da Chevrolet. Para contornar essa desvantagem, este ano a Ford passou a disponibilizar como acessório para as linhas Fiesta, EcoSport e Focus uma central multimídia com tela touch de 7”, que além das funções já presentes no Sync, integra navegador GPS, TV digital, DVD e suporte para câmera de ré. O acessório é vendido nas concessionárias por exagerados R$ 3.500, valor que não inclui a mão de obra da instalação e ainda pode variar dependendo da concessionária.

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Quando você começa a dirigir o New Fiesta, passa até a relevar a portinhola do bocal do tanque desalinhada. O comportamento é exemplar, sua dirigibilidade é prazerosa e transmite segurança até em alta velocidade. Todos os seus sistemas são dignos de elogios. A suspensão faz do carro um devorador de curvas e ao mesmo tempo garante bom nível de conforto de rodagem, a direção é extremamente precisa e obediente e os freios respondem prontamente em qualquer velocidade. Ao volante, a sensação é de estar ao comando de um modelo médio.

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O motor 1.6 16v TiVCT entrega até 130 cv e 16,2 kgfm, garantindo ótima disposição ao hatch de 1153 kg, que acelera com vontade quando solicitado. Outra vantagem deste motor está no sistema de partida a frio Easy-Start, que dispensa o tanquinho. O consumo é proporcional à sua empolgação, ou seja, pode secar os 51 litros do tanque rapidamente se você gosta de testar os limites do carro ou pode ir longe se o acelerador for tratado com delicadeza.

O câmbio PowerShift de 6 marchas é capaz de deixar qualquer motorista mal-acostumado com tanta comodidade, com recursos como o Creeping, que simula o arrasto ao soltar o freio dos automáticos convencionais, ajudando nas manobras e no trânsito pesado, e o Assistente de Partida em Rampa, que segura o carro por alguns segundos após liberar o freio, evitando que o carro desça ao sair de ladeiras íngremes. O modo Drive procura manter as rotações mais baixas, priorizando conforto e economia, enquanto o Sport explora melhor a força do motor. Em geral, as trocas são feitas de forma rápida e suave. Quando as trocas são feitas manualmente, dá até para usar freio-motor e evitar trocas automáticas indesejadas, sendo possível segurar a marcha até o giro cortar ou cair muito.

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Mas nem tudo é perfeito. Em vez dos estranhos botõezinhos na alavanca, poderia ter borboletas atrás do volante para as trocas manuais, ou ao menos um deslocamento no final do trilho, para trocar as marchas com toques na alavanca. Quando essas trocas manuais são feitas, a marcha demora alguns instantes para entrar, fazendo o bom e velho câmbio manual deixar saudades. Em trajetos urbanos, às vezes o sistema fica indeciso e dá alguns trancos. E ao trafegar em pisos ruins a transmissão emite o tal “barulho de caixa de ferramentas”, defeito comum à outros automatizados de dupla embreagem a seco, como VW Golf TSI e Audi A3. Para quem preza mais pela esportividade do que pelo conforto, economizar R$ 4.400 e ficar com a versão manual pode ser uma boa ideia.

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Se você precisa levar mais do que duas pessoas e bagagens, é melhor pensar em outro carro. O espaço no banco traseiro é limitado, com seu entre-eixos de apenas 2,49 m, assim como o porta-malas, de 281 litros. Mas, para você dirigir sozinho ou com mais uma pessoa, é um carro bem afiado, capaz de agradar e até surpreender motoristas exigentes, já que a dirigibilidade não deve nada a muitos modelos médios. É um carro para entusiastas, gente que quer mais que um mero meio de transporte e preza pelo prazer de dirigir.

Atualmente, o maior defeito do New Fiesta, em qualquer versão, é o preço. O valores vão de R$ 42.990 (S 1.5 com pintura sólida) a R$ 61.260 (Titanium 1.6 PowerShift com pintura metálica). Um modelo igual ao avaliado, SE 1.6 PowerShift Prata Dublin, sai por R$ 54.919, valor que em 2013 era suficiente para comprar a versão top ou até mesmo o antigo Focus GLX 1.6, que era muito mais bem montado que os atuais Fiesta, EcoSport e Focus. Com a chegada do Novo Ka ao mesmo tempo em que o velho Fiesta Rocam se aposenta, vamos ver se o New terá fôlego suficiente para manter o nome Fiesta na lista dos mais vendidos.

Texto e fotos: Rafael Susae

Comentários

Unknown disse…
É um excelente carro porém o câmbio traz muita desconfiança principalmente no para e anda dos grandes centros. Quanto se precisa de retomada de velocidade fica patinando demais.