Semáforos amigos


Conectividade e automação são duas soluções em que os automóveis, daqui em diante, mais avançarão. O segundo recurso ainda depende de redução de custos e de alguma regulamentação adicional dos códigos de trânsito de cada país. Mas a utilização da massa de possibilidades da rede mundial interconectada de computadores, que a internet coloca à disposição, ainda terá desdobramentos surpreendentes para a indústria automobilística.


Na recente Feira de Eletrônica de Consumo (CES, em inglês), em Las Vegas, EUA uma nova tecnologia de reconhecimento avançado dos semáforos de trânsito foi demonstrada para aliviar a dura rotina dos motoristas no dia a dia das cidades. De quebra pode melhorar a fluidez e evitar as pesadas multas de desrespeito eventual à sinalização.

Iniciativa da Audi foi de atrelar a internet a bordo à rede de semáforos inteligentes que muitas cidades utilizam em computadores centrais de controle de trânsito. A novidade é capaz de assimilar em tempo real a sequência e o intervalo de troca de sinais no entorno do carro. Em seguida transmite essa referência ao quadro de instrumentos e o Sistema de Informações ao Motorista (SIM) mostra a velocidade correta para que alcance o maior número possível de sinais verdes. Um ícone representa o semáforo com as três luzes: vermelha, amarelo e verde.

Se o automóvel está parado no sinal vermelho, o SIM calculará o tempo restante até mudar para o verde e reproduzirá uma contagem regressiva no painel. Esse recurso se integra ao sistema desliga-liga o motor e providenciará a partida automática do motor cinco segundos antes de o sinal liberar a passagem.


A empresa calcula que a interação on line da rede de semáforos com os carros em movimento tem potencial de reduzir as emissões de gás carbônico (CO2) em até 15% em razão de economizar quase um bilhão de litros de combustível por ano, se utilizada em toda a Alemanha, cuja frota total é de quase 50 milhões de veículos.

Segundo o fabricante, a tecnologia já está totalmente funcional, testada e pronta para entrar em produção em toda a sua linha, à espera apenas de autorização governamental. Uma demonstração nas avenidas e estradas em torno de Las Vegas, em janeiro passado, com 50 semáforos ou faróis, foi bem sucedida. Testes também estão em curso na cidade italiana de Verona e envolvem 60 sinais que cobrem praticamente todo o centro da cidade.

Experiência mais abrangente é em Berlim. Na capital alemã, 25 clientes de carros comuns equipados com o sistema interagem com sucesso à rede de 1.000 semáforos inteligentes da cidade.

Conectividade entre automóveis, motoristas e o mundo digital já permite que o veículo procure sozinho, sem ninguém atrás do volante, uma vaga em estacionamento, faça as manobras para entrar na vaga e depois saia e retorne às mãos do seu dono, apenas ao sinal enviado por telefone inteligente.

Acredita-se que antes de se autorizar, em larga escala, a direção autônoma por ruas e estradas, a utilização em velocidade reduzida nos estacionamentos servirá de teste definitivo para a nova tecnologia. Afinal, envolve baixos riscos, além de se sujeitar menos a adaptações da legislação de trânsito e a questões jurídicas de responsabilidade civil.

Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).



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