Isuzu VehiCROSS: o exótico aventureiro que nasceu para ter fim



Bem-sucedida no mercado de utilitários - porém de estilo tradicional, para não dizer careta - a Isuzu resolveu inovar no Salão de Tóquio de 1993 com a apresentação dos carros-conceito XU-1 e Vehicross - este último com carroceria mais moderna, equipado com motor 3.2 a gasolina.



Estilizado pela equipe liderada por Satomi Murayama, o Vehicross Concept (foto acima) se propunha a levar quatro passageiros com a robustez de um SUV tradicional, porém em uma carroceria mais leve e amigável ao meio-ambiente. Com a boa aceitação, a montadora tratou de agilizar o processo de transição do conceito para o modelo em série - nem mesmo pesquisas de mercado foram feitas.


Para viabilizar a produção do VehiCROSS em abril de 1997 na fábrica de Fujisawa (Japão), foi aplicado o método de estampagem de peças externas em cerâmica. Enquanto um molde convencional de ferro fundido custava cerca de US$ 1,5 milhões e levava cerca de quatro meses para ficar pronto, o custo de produção com cerâmica demandava de um terço a metade do investimento e podia ser feita em cerca de seis semanas - cada carro usa de 20 a 30 formas para tomar corpo. O problema é que os moldes em cerâmica se desgastam muito mais cedo do que os de ferro, resultando em um número limitado de veículos que pode ser produzido com um conjunto de matrizes. De certa forma, o VehiCROSS nasceu para morrer...



Com tração 4x4 sob demanda e freios a disco nas 4 rodas com ABS, o modelo trazia peculiaridades como o pequeno espelho adicional fixado ao para-lama dianteiro esquerdo, e os amortecedores a gás do tipo monotubo com câmaras de expansão externas.



Mecanicamente, tinha muito em comum com o Trooper RS, como os motores 3.2 V6 e 3.5 V6 de 24 válvulas, ambos movidos a gasolina - este último rendia 218 cavalos a 5400 rpm e torque de 31,8 kgfm a 3000 rpm. Com este conjunto, acelerava de 0 a 100 km/h em 8,0 segundos. A velocidade máxima era limitada a 185 km/h. Ambos contavam com o câmbio automático de 4 marchas.



A chegada do VehiCROSS representou um efeito similar ao do Range Rover Evoque: o Isuzu conservava diversos elementos marcantes do protótipo, como o estepe embutido na tampa do porta-malas, as rodas cromadas de 16 polegadas com pneus 245/70 Bridgestone Dueler H/T e a grade com aberturas em formato de colmeia e dois frisos verticais que lembravam presas - faróis e lanternas também adotavam formas arredondadas e posicionamento vertical. O interior era simples, exceto pelos revestimentos de couro em tons contrastantes, e se propunha a levar cinco passageiros.



O Isuzu deixou de ser comercializado no mercado japonês em fevereiro de 1999, já que suas dimensões externas (4,13 m de comprimento por 1,79 m de largura e 1,70 metro de altura) e a litragem do motor acabavam fazendo os proprietários pagarem impostos mais elevados. Foram 1805 unidades produzidas, 54% delas na cor Astral Silver.





Durante os primeiros seis meses de comercialização nos EUA - iniciada em abril de 1999 - o Isuzu foi vendido apenas nas cores preto ou prata, além da edição especial Ironman (referência ao vigésimo aniversário da prova de triathlon), branco e com logotipos na coluna traseira e nos bancos. Um dos itens de tecnologia era a câmera de ré, uma forma de compensar a visibilidade traseira precária.


Nos Estados Unidos, duas interessantes propostas de variantes para o VehiCROSS foram apresentadas no Salão de Los Angeles de 2000, porém nunca produzidas. O VX4 era a opção com duas portas adicionais e entre-eixos alongado, para oferecer maior espaço para os ocupantes traseiros.


Já o Isuzu VX-O2 era o modelo conversível, com teto rígido eletricamente articulado. Externamente, destaque para as rodas de 18 polegadas e a cobertura traseira aerodinâmica, que trazia suporte para bicicletas e porta-capacetes. O modelo vinha com uma espécie de avô das centrais multimídia, o ClarionPC, com leitor de CD-ROM, comandos de voz para escrita de e-mail, transmissão de arquivos por infravermelho (!!) e GPS, além de volante Momo revestido de couro, pedaleiras de alumínio e bancos tipo concha com cintos de 4 pontos e microfones integrados. Desde 2008, ambos podem ser vistos no Petersen Automotive Museum em Los Angeles.




O VehiCROSS foi tirado de linha em 2001, com 4153 unidades exportadas para os Estados Unidos, onde custava significativamente mais que os utilitários tradicionais (US$ 28.900, contra US$ 20.000 de média desta categoria na época). Mas a ideia de criar utilitários compactos estilosos não foi em vão - naquele mesmo ano, a Toyota apresentava seu conceito RSC, e a maioria das montadoras hoje investe neste filão de sucesso.

Fotos | AutoWP.ru
Fontes | Motor Trend e Wikipedia


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