VW Nivus estreia na última semana de junho [Coluna Fernando Calmon]


Primeiro SUV compacto em estilo cupê, projetado e fabricado no Brasil, está sendo revelado aos poucos. Posso antecipar com exclusividade que será na última semana de junho.

O cronograma original de sete etapas foi mantido desde quando se falou do carro oficialmente, na Alemanha, em agosto do ano passado. Em dezembro se apresentou um esboço, em março último um filme teaser do seu interior, na semana passada revelaram-se alguns dados básicos acompanhados de fotos com disfarce que podiam ser “limpas” por especialistas em estilo. A quinta será no próximo dia 29 sobre o sistema multimídia de alta definição e novos recursos.

Em meados de maio, haverá apresentação estática para a imprensa. Não se sabe se será presencial ou remota por streaming, pois dependerá do cronograma paulistano de liberação de grupos.


O Nivus tem a mesma distância entre eixos do Polo (2,56 m; Tracker, 2,57 m). Trata-se de um modelo totalmente novo e particularmente atraente pelo desenho do teto e equilíbrio de linhas. É 2,7 cm mais alto que o Polo e mais baixo que o T-Cross, na maior parte em razão dos pneus, mas a VW não informou agora o vão livre. O balanço traseiro maior permitiu um porta-malas de 415 litros (HR-V, 437 litros). Esse volume excede o do T-Cross com encosto do banco na posição normal. Tampouco antecipou a distância da cabeça dos passageiros no banco traseiro ao teto.


Entre itens exclusivos no segmento de SUVs compactos destacam-se faróis e todas as lanternas de LED, além de controle adaptativo de velocidade de cruzeiro. Há também alerta visual de distância de segurança ao veículo da frente e frenagem emergencial automática a até 50 km/h (no Tracker, 80 km/h). Este equipamento evita boa parte das colisões em tráfego urbano.

Previsões para 2020 estão mais difíceis


O grau de incerteza vem aumentando à medida que a paralisação das atividades econômicas, em níveis diferentes em cada Estado, se estende por mais tempo em razão do isolamento social adotado devido ao novo coronavírus. São Paulo, maior produtor e consumidor de veículos, continuará com a quarentena até 10 de maio, embora alguma flexibilização possa ocorrer.

As vendas de automóveis e caminhões, em abril, devem apresentar um tombo histórico em relação a março. Existem promoções este mês que adiam o início do pagamento das primeiras prestações, sendo que a Fiat assume cinco prestações para o cliente. Não se sabe em que nível as promoções continuarão em maio, pois depende de fôlego financeiro.

A esperança é que alguns Detrans voltem a operar e isso apareça na estatística de emplacamentos do Denatran. Números muitos negativos desanimam os compradores.

O Brasil já enfrentou redução anual de 41% do mercado interno. Foi em 1981 sobre 1980, em razão da disparada do preço dos combustíveis. Agora mesmo com preço do petróleo em queda livre, os três milhões de veículos previstos devem diminuir entre 28% e 38%, segundo três consultorias (Bright, Francisco Mendes e IHS Markit). Mas vai se recuperar, com otimismo, em até 20% em 2021.

Esses números terão de ser revisados constantemente, pois dependem de quanto a economia brasileira encolherá este ano, estimado em até 5% e também da inadimplência. Daí as dificuldades das previsões. Cássio Pagliarini, da Bright, acredita em aumento de preços.

“Entendemos que não existe escapatória em razão da valorização do dólar, apesar dos incentivos para eliminar os excessos de estoque. Os usados estão sendo comercializados por concessionárias e lojistas abaixo dos preços históricos para fazerem caixa. Locadoras também devem vender frota subutilizada. Para complicar as coisas, isso aumenta a distância de preço entre novo e usados.”

Este problema do dólar atingirá mais profundamente os últimos lançamentos que incorporam vários itens tecnológicos e também os que virão neste e nos próximos anos. Haverá atrasos no desenvolvimento de novos modelos, pois o dinheiro de investimentos terá de ser realocado para sustentação de empregos e promoção de vendas.

Muitas coisas devem mudar na indústria automobilística mundial, passados os efeitos da pandemia Covid-19. O mais provável é um rearranjo das fontes de produção com diminuição progressiva de concentração na China.

Surge, assim, uma oportunidade boa para o Brasil, por sua indústria de autopeças relativamente diversificada. Com a escalada do dólar frente ao real as autopeças nacionais, antes pouco competitivas, poderão ganhar protagonismo. O problema são os itens de maior conteúdo tecnológico porque a escala de produção é fator determinante do preço final.

Por outro lado, fornecedores de primeiro nível (incluídos os chamados sistemistas) podem dar respostas relativamente rápidas, mas aqueles de segundo e terceiro níveis precisarão de ajuda, independentemente de ações governamentais. As próprias fábricas de veículos deverão incentivar alguma produção local de itens mais sensíveis, inclusive os de segurança ativa e passiva, que têm um cronograma obrigatório de implantação dentro do programa Rota 2030.

Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e  de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

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