VW Golf vira o jogo [Alta Roda]


O salto tecnológico que a indústria nacional terá nos próximos anos no Brasil está muito bem incorporado na sétima geração do Golf, à venda no final deste mês. De início importado da Alemanha, nas versões Highline (1,4 l/140 cv) e GTI (2 L/220 cv), ambas com turbocompressor, a Volkswagen confirmará em breve a produção em São José dos Pinhais (PR). Como planeja nacionalizar esse produto em cerca de um ano, a fábrica absorveu parte dos impostos incidentes sobre importações. Das mesmas instalações sairá o Audi A3.

Anunciado a partir de R$ 67.990 (Highline, câmbio manual) e R$ 94.990 (GTI, apenas com câmbio automatizado, tendência que se impõe), na prática deixa espaço de sobrevivência de curtíssimo prazo (antes do final do ano) ao atual Golf paranaense, defasado de três gerações. O Golf VII impressiona pelos equipamentos de série, entre eles sete airbags, controles de trajetória/tração e pressão de pneus, freio de estacionamento eletrônico e sistema desliga-liga o motor, além de conjunto multimídia sofisticado com tela táctil de 5,8”. Todos os opcionais alçam os preços até a faixa de R$ 100.000 e R$ 130.000, respectivamente.


Golf é o produto de maior sucesso da marca alemã, em especial na Europa, onde tem sido imbatível. Dispõe da nova arquitetura MQB que vai gerar 40 produtos, de quatro marcas do grupo. Além de cerca de 100 kg mais leve, conseguiu redução de custos de 20%. Deixou a concorrência tonta porque a VW repassou esses ganhos em forma de equipamentos e recursos técnicos de ponta, alguns de série e outros opcionais a preços competitivos.


Inclui itens de segurança ativa – evita acidentes ou diminui sua gravidade – desde detector de fadiga, frenagem automática de emergência (abaixo de 30 km/h), assistente de faróis (antiofuscante), controle de velocidade adaptativo (apenas com câmbio automatizado) até cintos de segurança dianteiros de atuação pró-ativa. Há, inclusive, assistente para estacionar e sair de vagas paralelas e perpendiculares.

Espaço interno, sensação a bordo e materiais de acabamento impõem padrões referenciais ao segmento. Pontos fracos são porta-malas (313 litros) e tanque de combustível (50 litros), inferiores ao Golf IV. O novo, porém, é relativamente mais econômico, ao se considerar a diferença de potência e, especialmente, de torque. Portanto, não há grande impacto na autonomia, salvo obviamente no GTI por seu desempenho elevado.

Dirigir automóveis com motores modernos e turbocompressor é outro departamento. No caso do Golf, virtuosa é a combinação de 25,5 kgf⋅m de torque (motor 1,4 litro), a partir de apenas 1.500 rpm, caixa automatizada de dupla embreagem (sete marchas) e respostas ao acelerador sempre estimulantes e imediatas. A opção do câmbio é cara, R$ 7.000, porém vale a pena. Melhor ainda a possibilidade de tornar a direção mais rápida a um toque na tela.


Na versão GTI, seus 35,7 kgf⋅m ajudam a colar as costas no banco e a sonoridade do motor é outra (inclui a clássica “embaralhada” na troca de marchas que virou moda). Apresenta preço-benefício até razoável nessa faixa superior. Suspensões atendem a todos os gostos: se cansar do acerto firme, pode optar pelo modo de conforto.

O Golf brasileiro, entretanto, terá alternativas menos exuberantes em preço e desempenho para ampliar a faixa potencial de compradores.


RODA VIVA


ANFAVEA, como previsto, revisou suas projeções para 2013. Diminuiu a previsão de aumento de vendas para algo entre 1% e 2% (antes 3,5% a 4,5%) e aumentou a de produção para 12% (antes 5%). Substituição de importações e reação dos mercados de exportação explicam a notícia positiva. Nível de vendas, ao contrário, lança de novo dúvidas sobre 2014.

FIAT dará um passo além ao reformular o visual da picape compacta Strada, ano-modelo 2014, que estreia em menos de um mês. Versão de cabine dupla terá uma terceira porta, no lado direito, com abertura para a frente, conforme se comentava. Linha ficará completa e será resposta antecipada à estreia da Saveiro de cabine dupla, no próximo ano.


CHINESES da JAC seguiram indicações do importador brasileiro, Grupo SHC, e fizeram modificações em pontos certos do J3: frente do hatch, traseira do sedã (J3 Turin) e quadro de instrumentos. Acabamento continua um nível abaixo. Mecanicamente, nada mudou. Move-se bem no trânsito e é correto na estrada, sem chegar a empolgar.


ENQUANTO não chega a leva de novos motores eficientes de 3 cilindros e 1.000 cm³ os modelos com essa cilindrada, que têm menor carga fiscal, continuam a recuar na preferência dos consumidores. Em agosto representaram 39,1% das vendas totais de automóveis de passageiros. Ainda uma participação importante, mas distante do pico de 70% em 2001.

RESOLVIDO o imbróglio jurídico da antiga filial brasileira da Asia Motors, que deu calote fiscal no governo, nos anos 1990, e de tabela afetou a Kia, sua proprietária na Coreia do Sul, o campo está aberto para possível nova fábrica no Brasil. Grupo Hyundai-Kia não compartilha instalações no exterior. Assim, Piracicaba não seria alternativa, mas Estado de São Paulo, sim.

Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

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