Chevrolet Calibra: o cupê com DNA Opel esculpido pelo vento


Texto e fotos | Júlio Max, de Teresina - Piauí
Matéria feita em parceria com o Show Cars Elite - @showcarsthe

No começo da década de 1990, a Chevrolet prometeu para o Brasil uma série de lançamentos derivados dos carros da Opel, de modo que a marca teria uma novidade a cada seis meses. Primeiro veio o Omega, que substituiu o Opala, e em seguida a perua Suprema. Em meados de 1993, chegou este cupê que marcou época no Brasil, o Calibra.


Na Europa, o Calibra já existia desde 1989, assim como o Vectra. Mas o Brasil, naquela época, ainda estava abrindo seu mercado automotivo para os carros importados, e era natural que carros chegassem aqui 4 ou 5 anos depois de serem lançados na Europa. Então, mesmo o Calibra chegando bem depois ao nosso mercado, logo conquistou as atenções com seu visual moderno e equilibrado.



Um dos principais destaques do Calibra é o design. A aerodinâmica foi privilegiada nesse projeto, com o projeto guiado por túnel de vento. Assim se chegou ao coeficiente aerodinâmico (o Cx) de 0,26. Pra se ter uma ideia, até hoje é raro carros de produção em série terem Cx inferiores a 0,30. Quanto menor o número, menor o arrasto aerodinâmico, favorecendo a velocidade final e o consumo de combustível.



Ainda por fora, vale destacar os faróis e grade frontal bem estreitos, as portas sem as molduras das janelas (uma característica típica de cupês) e também a traseira arrojada, com um vidro bastante inclinado que acompanha limpador traseiro, e um pequeno spoiler integrado à tampa do porta-malas. O nome Calibra curiosamente não tem significado, assim como Vectra. Foram batismos adotados porque a sonoridade era bonita.


Aqui no Brasil, o Calibra chegou em setembro de 1993 em versão única com o motor 2.0 16 válvulas de 150 cavalos e exatos 20 kgfm de torque, o mesmo usado no Vectra GSi, que foi lançado alguns meses depois. Os números de desempenho são respeitáveis até os dias de hoje: ele acelerava de 0 a 100 km/h em 8,5 segundos e chegava à velocidade máxima de 223 km/h. O câmbio, como os puristas preferem, é manual de 5 marchas.


Pra quem sempre se perguntou o motivo desse motor se chamar C20XE, aqui vai a explicação: C indicava que o carro vinha com catalisador, 20 era uma referência à cilindrada (2.0), X era uma referência à taxa de compressão elevada para a época (10,5:1) e "E" referia-se à injeção eletrônica multiponto sequencial.


Ao abrir a porta, se confirma o parentesco entre Vectra e Calibra, com o estilo do painel, volante e instrumentos bastante semelhante para os dois. A diferença fundamental é que o Calibra é o típico cupê 2+2, que no papel tem espaço para 4 pessoas, porém só quem senta à frente desfruta de bom espaço, enquanto o banco de trás é mais indicado pra crianças. Em compensação o porta-malas tem uma boa capacidade para um cupê: 300 litros.


O acabamento interno merece um parágrafo à parte. O couro não apenas está nos bancos, como também em boa parte das portas, que ainda conta com a parte inferior revestida de veludo. Já o painel conta com revestimento macio ao toque na parte superior.


O quadro de instrumentos, analógico, era semelhante ao do Vectra A - nas primeiras unidades tinha fundo preto, e anos depois passou a ser claro. Assim como outros carros da General Motors da época, a graduação do velocímetro iniciava em 20 km/h e o marcador de combustível tinha referência em litros.


A lista de equipamentos era completa de fábrica, incluindo direção hidráulica com volante em couro e ajuste de altura, teto solar elétrico, freios ABS, ar-condicionado e computador de bordo, que indicava consumo instantâneo e médio, velocidade média, autonomia, cronômetro e temperatura externa.


No Brasil, o Calibra só foi importado até o ano de 1996, pois no ano anterior, no início do governo FHC, houve um aumento para 70% na alíquota do IPI para carros importados. Algumas poucas unidades remanescentes nos estoques acabaram sendo emplacadas no Brasil em 1997, ano em que deixou de ser produzido no exterior.


Ao total, foram comercializadas 1563 unidades, nas cores preto, branco, vermelho, azul e verde, sendo que 1995 foi o ano em que houve mais emplacamentos do Calibra (932 unidades). E, sem dúvida, é um carro que chama a atenção por onde passa até hoje.


O carro das imagens é justamente um modelo 1995. Ele trazia pequenas modificações de estilo em relação ao modelo original, como o estilo da grade em V (que passou a acomodar o logo da Chevrolet - antes, ele ficava sobre o capô) e o estilo das rodas de liga leve.

Vem conferir a galeria de imagens do Chevrolet Calibra 2.0 16v 1995!


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