Chevrolet Vintage: conheça os carros clássicos restaurados pela GM do Brasil

A General Motors revela mais informações sobre o Chevrolet Vintage, projeto direcionado para a restauração de veículos (mantendo ao máximo suas características originais de fábrica) e as customizações restomod (que combinam visual clássico com tecnologias atualizadas). Os quatro primeiros exemplares do Projeto Vintage acabam de ser revelados.

O Monza 500 EF 1990, primeiro carro da Chevrolet com injeção eletrônica de combustível feito no Brasil, foi restaurado mantendo as suas características originais. Esta série especial tinha motor 2.0i a gasolina de 116 cavalos a 5400 rpm e 17,8 kgfm a 3000 rpm, e as iniciais da sigla faziam referência ao piloto Emerson Fittipaldi, vencedor das 500 Milhas de Indianápolis no ano de 1989. A unidade restaurada foi adquirida em estado de conservação considerado "excelente" pela General Motors, e já tinha até placa preta. Ainda assim, foi realizado um desmonte integral: toda a carroceria foi decapada e repintada. Já o motor foi remanufaturado com peças originais GM, algumas substituídas e outras revitalizadas, incluindo virabrequim, pistões, velas e cabeçote. Mesmo os parafusos receberam tratamento individual. Trata-se de um raro exemplar, pois tem carroceria de duas portas (era mais comum vê-lo na configuração de quatro portas). Sua carroceria é pintada no tom Preto Nobre perolizado e, entre seus diferenciais, estão: faixa verde 500 EF, aerofólio traseiro, faróis de milha e interior revestido de couro, com rádio Alpine e computador de bordo.

O Monza foi lançado no Brasil em 1982 e teve mais de 850 mil unidades produzidas até 1996, chegando a ser o carro mais vendido do Brasil por três anos consecutivos (1984, 1985 e 1986). Chegou com o status de projeto global, baseado na Plataforma J, e chegou a ter itens como freios a disco nas quatro rodas, câmbio automático, quadro de instrumentos digital e retrovisor fotocrômico. Em 1989, introduziu na linha GM a injeção eletrônica. Sua reestilização, apresentada na linha 1991 (quando ganhou o apelido de “Monza Tubarão”), ficou marcada pelas séries especiais, como Barcelona, Hi-Tech, 650 e Club.

Já o Omega CD 1994 voltou à condição de automóvel zero quilômetro, sendo integralmente desmontado e decapado, até que toda a lataria estivesse exposta. A pintura foi integralmente refeita conforme os padrões originais da GM na época. A única modificação fora da especificação de fábrica é a adoção de um kit Irmscher, composto por peças móveis do motor, como o virabrequim, que eleva a capacidade volumétrica do motor de 3.0 para 3.6. A traseira possui a identificação "Irmscher" e a litragem atualizada do motor. Na parte interna, o quadro de instrumentos digital foi recuperado e os bancos de veludo foram restaurados com o auxílio dos fornecedores das peças originais, que produziram um lote inteiro só para atender às exigências deste projeto. Componentes como CD Player, sistema de freios ABS e volante foram recuperados, higienizados ou substituídos por peças originais. Para repor peças, equipes garimparam o mercado atrás de itens genuínos, oriundos de estoques remanescentes em todo o Brasil.

Lançado com o mote “Absoluto” em 1992, o Omega era produzido em São Caetano do Sul e permaneceu em linha até 1998. Inicialmente, teve as motorizações 3.0 de seis cilindros e 2.0 de quatro cilindros, substituídas pelas opções 2.2 e 4.1 a partir de 1994. Tinha apliques de madeira no interior (somente na versão CD), bancos de couro, CD player, ar-condicionado, coluna de direção escamoteável, computador de bordo e freios ABS. O Omega tinha soluções inovadoras em aerodinâmica, como palhetas do limpador dos vidros parcialmente embutidas atrás do capô, maçanetas integradas à superfície das portas, janelas laterais rentes à carroceria e dianteira em formato de cunha – soluções que davam a ele um coeficiente aerodinâmico (Cx) de 0,30, baixo para a época. Apesar de ter cerca de 4,74 metros de comprimento, a tração traseira ajudava o diâmetro de giro a ser reduzido para 10,1 metros, equivalente ao de um hatch compacto.

O Opala 1979 SS-V "restomod" recebeu a caracterização da versão esportiva SS e diversas modificações, como motor 4.1 de seis cilindros com injeção eletrônica de combustível, coletor inox 6x2, suspensão recalibrada com amortecedores Bilstein, freios a disco e câmbio manual Tremec de cinco marchas. Outras modificações incluem a adoção de direção hidráulica, ar-condicionado, cintos de três pontos e interior com materiais mais requintados que imitam o acabamento original. Ele traz rodas de liga leve de 15 polegadas, pneus diferenciados, volante esportivo Lotse, bancos em couro legítimo e cor verde sólida para a carroceria, alusiva à celebração dos 100 anos da GM no Brasil. Ao invés de cromados, este exemplar traz filetes pintados de preto.

O Opala é um dos ícones da indústria automotiva nacional, lançado em 1968 e produzido até 1992. Desenvolvido especificamente para o Brasil, teve inspiração na carroceria do Opel Rekord alemão, mas com inspirações de estilo e mecânica do Chevrolet Impala norte-americano. Foi comercializado nas versões cupê de duas portas, sedã de quatro portas e perua de duas portas Caravan, lançada em 1975. Teve versões de entrada (Standard), Luxo, Gran Luxo e a esportiva SS, que trazia o motor seis cilindros 250-S. Foi também o carro que inaugurou a categoria de Stock Car no país, sendo utilizado nesta competição por 15 temporadas. O modelo restaurado no programa Vintage é da safra oferecida no Brasil entre 1975 e 1979. No total, até abril de 1992, foram fabricados cerca de um milhão de unidades do Opala, que foi substituído pelo Chevrolet Omega.

Já a S10 Rally 2004, originalmente desenvolvida para competições fora-de-estrada (entre elas o Rally dos Sertões), foi adaptada para poder circular nas ruas. Esta é uma unidade original de competição da equipe da General Motors, sendo convertida para provas de rali e participando de competições. Quando este exemplar foi encontrado, no Estado de Minas Gerais, ela tinha alguns danos na lataria, provenientes de sua atividade pregressa como participante de corridas. Algumas das marcas de uso, inclusive, foram mantidas. No projeto, optou-se por criar um visual que trouxesse de volta a atmosfera das pistas fora-de-estrada, mas incluindo alguns adesivo mais recentes, alusivos ao centenário da GM no Brasil e ao sistema OnStar. A restauração envolveu uma modificação no motor - trabalho executado pela engenharia local do fornecedor original (MWM). A curva de torque 2.8 Turbodiesel foi adaptada para que fosse mais fácil dirigir com melhor disponibilidade de torque em baixos giros, mantendo respostas mais suaves - são 50 kgfm a 2000 rpm. Bancos do tipo concha, gaiola interna de proteção, reforços estruturais homologados pela FIA e cintos de cinco pontos foram preservados. O câmbio, Eaton, é de 5 marchas.

Além de ser a primeira picape média produzida no Brasil, a S10 é hoje o nome mais longevo da linha Chevrolet no mercado nacional – ela completou 30 anos em 2025. Desde seu lançamento, é um dos modelos que ofereceram a maior gama de configurações de carroceria, incluindo a saudosa cabine estendida (oferecida entre 1996 e 2000). Hoje, é vendida nas opções chassi-cabine (sem caçamba), cabine simples e cabine dupla, todas com motor 2.8 Duramax Turbodiesel de 207 cavalos. A S10 registrava 85% das vendas de seus exemplares com a carroceria de cabine dupla já em 2011, número que subiu para 95% nos dias de hoje.

Um quinto carro, que não aparece nestas imagens mas foi mostrado a convidados, é o Kadett GSi 1992. O exemplar está sendo finalizado pela GM. Há ainda outros veículos já anunciados: uma picape C10 1976 com motor V8 do Camaro e freios redimensionados, uma picape 3100 Brasil 1959 (também com motor V8), uma D20 Conquest 1996, um Opala SS-A 1976 e um Chevette Rally 1974.

A Chevrolet pretende oferecer 10 veículos em leilão, sendo que o primeiro deles ocorre ainda em 2025; dois carros serão oferecidos, e o arremate pode ser feito presencialmente ou virtualmente. Segundo a GM, cada projeto demandou pelo menos um ano de trabalho para ser concluído. Os projetos são definidos por um comitê especializado da Chevrolet e, em alguns casos, contaram com a ajuda de profissionais que participaram, de alguma forma, do desenvolvimento destes veículos no passado.

A restauração foi feita através da consulta de manuais, amostras de acabamento e bancos de dados técnicos e de imagens. Detalhes como o tom exato do zinco aplicado em peças metálicas foram analisados de acordo com o modelo, o ano, a versão e a unidade específica. A pintura reproduz os efeitos da época, diferentes do que se vê nos automóveis atuais.

A restauração levou em conta os componentes a serem limpos, restaurados, substituídos ou totalmente reconstruídos; em alguns casos, foi necessário recorrer a estoques de peças genuínas. Nos projetos restomod, o departamento de Design da GM buscou respeitar os padrões visuais originais.

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