Desde que a Kombi teve a porta lateral deslizante finalmente introduzida no mercado brasileiro no final de '96, com grande atraso em comparação à Europa, Estados Unidos (e respectivos mercados-satélite na América Central e Caribe) e alguns países asiáticos e africanos que não eram servidos pelo programa de exportação da Volkswagen do Brasil e recebiam o modelo "Clipper" desde '67, nenhum outro furgão disponibilizado regularmente no nosso país foi oferecido com porta lateral não-deslizante de folha dupla. Mas será que isso pode ser mesmo considerado uma evolução?
Mesmo considerada ultrapassada, a porta lateral de folha dupla apresentava maior resiliência a condições de serviço severo e uso constante justamente devido à maior simplicidade. A começar pela ausência de trilhos propensos ao acúmulo de detritos, favorecendo a durabilidade, e as dobradiças exigindo menos manutenção para que as portas se mantenham corretamente alinhadas.
O custo de produção também é um fator que pode justificar facilmente essa configuração: apesar da porta bipartida dar a entender que haveria uma maior quantidade de componentes, estes acabavam por ser menos complexos de um modo geral, e assim não representavam nenhuma desvantagem, além de distribuir melhor os esforços aos quais os mecanismos de trava estariam submetidos. Detalhe que a partir de '79 quando a "Clipper" saiu de linha na Alemanha passou a ser feita no Brasil para exportação, sobretudo para o México, mas o mercado sul-americano e parte da África subsaariana continuavam recebendo a "bay-window" brasileira tanto em função do custo quanto da já salientada resiliência a condições operacionais severas.
De fato a porta lateral deslizante tem a vantagem do menor ângulo de abertura, desejável em espaços estreitos, mas diante de condições de uso mais severas e falta de manutenção pode apresentar uma maior incidência de problemas. Não é incomum o surgimento de folgas que dificultam o fechamento da porta e, por ficar um tanto desalinhada, acaba aumentando o esforço sobre o mecanismo das travas, principalmente ao levar em conta as condições precárias da pavimentação nas ruas e estradas brasileiras.
Embora a porta lateral deslizante de folha única tenha se consolidado no mercado, não parece economicamente inviável tornar a oferecer uma não-deslizante de folha dupla como normalmente se usa na parte traseira dos utilitários de projeto europeu. Tomando por referência o Fiat Ducato, não seria tão difícil aplicar essa solução visando atender a operadores que a prefiram, sendo possível até mesmo aproveitar as mesmas dobradiças e travas usadas na traseira para se beneficiar da escala de produção e também facilitar a logística de reposição de peças.
Logo, apesar da percepção de uma suposta superioridade técnica, a porta lateral deslizante não é uma solução absoluta, e ainda seria justificável manter a opção pela porta lateral não-deslizante de folha dupla em furgões.
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