Onix Plus, surpreendente [Coluna Fernando Calmon]


Se a concorrência sempre foi duríssima entres os compactos e, ainda assim, o Chevrolet Onix conseguiu liderar nos últimos quatro anos, a segunda geração reúne todas as condições de manter ou mesmo ampliar. Inicialmente, conforme a Coluna antecipou, está disponível apenas a versão sedã, enquanto o hatch só em novembro. Agora se chama Onix Plus e o nome Prisma continua apenas na versão básica Joy, da primeira geração.


Como é uma variável particularmente sensível nesse segmento, o maior do mercado, a GM manteve as mesmas faixas de preços anteriores do seu sedã mais barato: R$ 54.990 a R$ 77.780 (aqui incluídos todos os opcionais), motor 1-L turboflex e câmbio automático de seis marchas. Uma explicação é que há apenas motores de 1 litro, ou seja, 4 pontos percentuais a menos de IPI, uma boa ajuda na precificação do modelo. Não deixa de ser uma surpresa, pelo que oferece de série desde a versão mais em conta: seis airbags (nota máxima nos testes de colisão para adultos e crianças), controle eletrônico de estabilidade e assistente de partida em rampa, entre outros. Motor de 1-L aspirado (82 cv, flex) estará apenas no hatch.


O Onix Plus cresceu 7,2 cm na distância entre-eixos (o que aumentou em 3,6 cm o espaço para joelhos no banco traseiro) e 4,1 cm na largura. Só perde para o VW Virtus que oferece 2,65 m de entre-eixos, 5 cm a mais. O porta-malas de 469 litros é um pouco menor em relação à geração anterior, contudo seu formato permite melhor acomodação da bagagem. Tanque de combustível perdeu 10 litros e os 44 litros significam autonomia uns 15% menor, ponto negativo.


Novo motor não tem injeção direta, mas potência de 116 cv (etanol e gasolina) e torque de 16,8/16,3 kgfm (etanol/gasolina) permitem acelerar de 0 a 100 km/h em 10,4 s com câmbio automático (9,7 s câmbio manual), segundo o fabricante  O carro, no entanto, oferece conjunto motriz dos mais acertados. O motor surpreende pelo baixo nível de vibração e ruído – o melhor entre os de três cilindros do mercado – e casamento perfeito com o câmbio automático. A 120 km/h o conta-giros indica apenas 2.500 rpm, mas a seleção manual de marchas é feita por um botão na alavanca, solução pouco prática.


Apesar de plásticos duros em excesso no interior, painel e laterais de portas, na versão de topo, Premier, há acabamento bicolor de bom efeito visual. Bancos dianteiros firmam bem o corpo, porém o assento é curto, o que pode cansar em viagens longas. Novo volante tem ajustes em distância e altura. Visibilidade também se destaca. Tela multimídia flutuante de desenho agradável, aceita Android Auto e CarPlay, além de pareamento para dois celulares independentes com carregamento por indução. Há duas portas USB para o banco traseiro, mas sem saídas de ar-condicionado.


Muitos bons os acertos de suspensão e direção (novo volante), mas freios traseiros não são a disco. A fábrica disponibiliza a opção de seu exclusivo sistema de internet a bordo, antena de alto ganho e roteador Wi-Fi para até sete equipamentos. Impressiona, ainda, pela grande evolução em estilo, em particular as belas lanternas traseiras.


ALTA RODA


SALÃO de Frankfurt, o maior do mundo em área disponível, encolheu este ano em razão da ausência de grande parte de marcas não alemãs. Com tantos investimentos em eletrificação e condução autônoma não sobra mesmo muito dinheiro para exposições ao grande público. Obviamente as marcas “da casa” tinham muito a mostrar, a começar pela VW. O Salão manteve ênfase nos elétricos.


PORTE de Golf, espaço interno de Passat: assim é ID.3, primeiro elétrico com arquitetura específica MEB que a fábrica anunciou por a partir de 30.000 euros (conversão direta, R$ 136.000) e autonomia proporcional ao preço. A Mercedes-Benz exibiu o carro-conceito EQS que deve chegar em dois anos como produto alternativo ao seu topo de linha Classe S.


FRANKFURT também viu o BMW Concept 4 com grade do radiador bastante pronunciada e que introduz novo visual estendível aos outros modelos. MINI elétrico estreou para o público. Audi AI:Trail atraiu por ser um SUV-conceito atrevido, incluindo soluções disruptivas como faróis anexados em drones que podem se destacar do veículo para iluminar o caminho.


TRAÇÃO traseira (como no ID.3) está no primeiro elétrico compacto da Honda, batizado simploriamente como “e”. Entre os modelos convencionais, a Land Rover apresentou o novo Defender, seu SUV de entrada com longo histórico de desempenho fora de estrada pelo mundo. Mantém versões de cinco e sete lugares. Lamborghini aproveitou ausência da Ferrari para destacar o impressionante Sian, 830 cv.

ANÍSIO CAMPOS, o mais consagrado desenhista brasileiro de automóveis, faleceu aos 86 anos. Pessoa afável e de muita competência, projetou mais de 15 modelos desde 1962. O de maior sucesso foi o Puma GT. Apaixonado por seu trabalho, manteve sempre o mesmo entusiasmo ao projeto de um minicarro, batizado de Óbvio!, que acabou não sendo produzido.

Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e  de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

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