Hyundai Creta N Line 2023: dirigimos a versão esportivada do SUV

Texto e fotos | Júlio Max, de Teresina - PI
Matéria feita em parceria com @showcarsthe

Disponível desde janeiro de 2017 nas concessionárias brasileiras, o Hyundai Creta passou por uma repaginação total em 2021 para manter sua atratividade no disputadíssimo segmento de SUVs compactos. Já em 2022, a gama do modelo passou a contar com a versão esportivada N Line, posicionada acima da Platinum 1.0 TGDI com teto solar e abaixo da alternativa topo-de-linha Ultimate 2.0 (mas com quase todos os itens da versão top). Diferentemente da linhagem N da Hyundai, originada em 2015 e composta por modelos de performance esportiva (eles nascem em Namyang, Coreia do Sul, e são aperfeiçoados em Nürburgring, Alemanha, sendo equivalentes à divisão M da BMW ou à linha RS da Audi), a grife N Line surgiu posteriormente e é composta por modelos com visual mais agressivo e acertos de dirigibilidade diferenciados, mas com o mesmo conjunto mecânico de outras versões. 

O visual polêmico do SUV ganhou novos detalhes (que continuam a dividir opiniões). Na dianteira, a grade do Creta N Line se projeta para as laterais, e traz, pela primeira vez em um Hyundai feito no Brasil, o emblema da marca escurecido de fábrica - mas somente na dianteira, o que deixa a impressão de um trabalho de personalização executado "pela metade". Os faróis, com luzes principais e de posição de LED, são escurecidos. Já os para-choques recebem estilo mais agressivo, com parte central inferior em fosco e piscas triangulares na parte frontal, instalados na vertical (que usam lâmpadas PY21W) e acompanhados de entradas de ar para as caixas de roda. Entre o capô e o para-choque há uma estreita grade sem aberturas para passagem de ar, que é pintada de preto.

A lateral é marcada por vincos mais acentuados, com destaque para a linha horizontal das portas e para os "músculos" nos para-lamas. As rodas de 17 polegadas com pneus Goodyear EfficientGrip 215/60 (calibrados com 33 litros com carga normal e 36 psi com carga máxima), que ostentam detalhes em cinza-grafite e bordas diamantadas, possuem estilo exclusivo para esta versão. As barras de teto externas podem receber bagageiros, com capacidade máxima de carga de 80 quilos.

Já na traseira, a agressividade é mais contida: os emblemas da região são cromados (como nas outras versões do Creta) e o principal destaque está na saída de escapamento com duas ponteiras visíveis no para-choque (que possui extrator de ar e molduras em preto-brilhante). O modelo também traz antena do tipo "barbatana de tubarão". Atrás, as luzes de freio e lanternas são de LED, com o restante da iluminação sendo feita por lâmpadas comuns.

Emblemas N Line estão presentes no canto direito da grade dianteira, nos para-lamas dianteiros, nos adornos centrais das rodas, no raio central do volante, no pomo da alavanca de câmbio e no encosto para as costas dos bancos dianteiros. A versão N Line do Creta está disponível nas cores Preto Onix (sem custo adicional), Azul Sapphire (+ R$ 1.800; é a cor do exemplar das imagens), Branco Atlas (com teto preto, + R$ 2.400), Prata Brisk (com teto preto, + R$ 3.300) e Cinza Silk (com teto preto, + R$ 3.300). Quando o modelo é pedido com carroceria de duas cores, tanto o teto quanto as capas dos retrovisores e as colunas das extremidades do veículo são pintados de preto, enquanto a moldura que inicia acima das janelas dianteiras e termina nas colunas traseiras vem na cor cinza-fosco.

A geração atual do Creta possui praticamente as mesmas dimensões do seu antecessor (que continua em produção na versão Action), ficando 1 centímetro mais comprido (passando a ter 4,30 metros de comprimento) e 1 cm mais largo (1,79 m). A altura da carroceria permaneceu a mesma (1,635 m), bem como o vão-livre do solo, de 19 centímetros. Por fim, a distância entre-eixos (2,61 m) foi esticada em 2 centímetros na atual geração. No N Line, o ângulo de entrada é de 20,4 graus, pouco menos que os 21º das outras versões. Já o ângulo de saída é de 28,3 graus.

O ambiente interno da versão N Line traz acabamento do forro de teto, bancos, painel e forros de porta em preto, com detalhes em grafite no volante, no painel, no console e nas maçanetas internas. Esta versão traz novo volante e nova alavanca de câmbio com detalhes em vermelho, pedaleiras esportivas em metal e bancos revestidos em material sintético de microfibra com costuras na cor vermelha - elas também estão presentes nos revestimentos do apoio de braço central, na coifa da alavanca da transmissão, nas portas e no volante. O console central é elevado e traz uma grande superfície na cor preto-brilhante. 

O volante da versão N Line é exclusivo, revestido de couro, com três raios (mas, curiosamente, sem a base reta das outras versões). Ele incorpora paddle-shifts de formato diferenciado para trocas sequenciais de marcha e comandos para operação de som, comandos de voz, computador de bordo e assistentes de condução - controlador de velocidade de cruzeiro (que não é adaptativo nesta versão, mas pode ser acionado a partir de 30 km/h) e assistente de permanência na faixa de rodagem. A coluna de direção conta com ajuste manual de altura e de profundidade.

O quadro de instrumentos possui estilo simétrico. Conta-giros (na ponta esquerda, com marcação vermelha pouco após 6 mil rpm), indicador do nível de combustível e marcador da temperatura do líquido de arrefecimento do motor são analógicos. Ao centro existe uma tela colorida de 7 polegadas que, por padrão, exibe o velocímetro em uma escala analógica, posição do câmbio e informações sobre o veículo no canto da tela. A parte de dentro do velocímetro pode exibir outros detalhes, como distância percorrida e consumo em três opções (informação acumulada, após o último reabastecimento ou "de trajeto", considerando os ciclos de ignição), cronômetro do Stop & Go (desligamento automático do motor em paradas), velocímetro digital, bússola, indicação de portas ou porta-malas abertos (capaz de indicar até se o teto solar foi esquecido aberto ao desligar o veículo - ele pode ser fechado nos dez minutos após o desligamento da ignição), informações sobre os assistentes de condução e até o indicador do nível de atenção, que monitora as ações do motorista e o tempo de condução para aumentar ou diminuir a barra numa escala de 1 a 5, sugerindo uma pausa para um café caso o nível de atenção do motorista estiver abaixo de 1 e mostrando há quanto tempo ocorreu a última pausa na condução.

A haste de luzes possui posição para o acendimento automático dos faróis e também incorpora a funcionalidade da comutação automática do farol alto acima dos 40 km/h, mantendo o facho baixo quando o veículo não detecta a necessidade de se manter a luz alta. É possível programar 3, 5 ou 7 piscadas quando a alavanca é acionada de forma leve, antes de chegar ao clique, ou desativar esta função.

Já a alavanca de operação dos limpadores dianteiros e traseiro incorpora o controle do funcionamento intermitente (Int) conforme a velocidade, além dos ciclos Mist (funciona enquanto a alavanca for deslocada para esta posição), Lo (varredura continua lenta) e Hi (varredura contínua rápida), mas nem mesmo a versão Ultimate dispõe do sensor de chuva. É possível programar o limpador traseiro para ser automaticamente acionado quando a ré for engatada.

A porta do motorista concentra os comandos de ajuste elétrico dos retrovisores (com botão para rebatimento elétrico; eles podem ser ajustados mesmo com o veículo desligado), travas das portas, vidros elétricos (com função um-toque para subir e descer em todas as janelas, funcionamento temporizado após desligar o veículo, desde que nenhuma porta seja aberta, e recurso anti-esmagamento) e bloqueio de acionamento dos vidros traseiros.

A parte esquerda do painel incorpora comandos para ajustar a altura do facho dos faróis, para ativar/desativar os controles eletrônicos do veículo (um toque breve desativa só o controle de tração; ao apertar e segurar por mais de 3 segundos, tanto ele quanto o controle de estabilidade são desabilitados) e para resetar a pressão ideal dos pneus quando eles tiverem acabado de ser calibrados. No piso, do lado esquerdo do motorista, há uma alavanquinha para abrir a portinhola do tanque de combustível.

A central multimídia BlueNAV possui tela sensível ao toque de 10,25 polegadas e conta com GPS integrado, Bluetooth com streaming de áudio e chamadas telefônicas, comandos de voz (é possível até abrir o teto solar, ligar e desligar o ar-condicionado, ativar a ventilação do banco do motorista e abrir e fechar o vidro do motorista pela voz), MP3/wav/wma Player e espelhamento de tela de smartphones através do Apple Car Play e Android Auto (a área de tela espelhada é maior com os iPhones). O sistema de som, que agrada pela sua qualidade, integra 4 alto-falantes nas portas e dois tweeters nas colunas dianteiras. Uma curiosidade é a presença de Sons da Natureza, com algumas trilhas sonoras naturais "relaxantes" para serem executadas dentro do veículo, como o barulho de ondas do mar, da água da chuva, do burburinho de pessoas em uma cafeteria, de um bosque ou de uma lareira.

O Creta conta com o Bluelink, com serviços de rastreamento e recuperação veicular, a possibilidade de realizar comandos pelo celular para ligar o carro e abrir as janelas, e o recebimento de alertas. É possível ajustar a temperatura do ar-condicionado automático digital do Creta, verificar os registros do veículo (tempo de viagem, horários de deslocamento, distância percorrida, velocidade média e a maior velocidade máxima alcançada) e acessar o sistema de câmeras em torno do automóvel através de aplicativo de celular. Este pacote é gratuito nos primeiros seis meses de uso do veículo.

O ar-condicionado é digital de zona única, com visor azulado, e possui modo automático de funcionamento ajustável em três níveis. A regulagem é de meio em meio grau Celsius, de 17 até 27° C. Ainda no campo de climatização, outro destaque é o banco do motorista com três níveis de ventilação.

O início do console central abriga um porta-objetos amplo, que incorpora uma superfície emborrachada para carregamento de bateria de celular sem fio (por indução), inclusive com alerta (exibido no quadro de instrumentos) de que um dispositivo ficou no espaço de recarga ao desligar o veículo, além de duas entradas USB-A (a do lado direito é exclusiva para carregamento) e uma tomada de 12 Volts ou 180 Watts.

A alavanca de câmbio é diferenciada para esta versão e dispõe de modo Sport (à esquerda da posição Drive) e um trilho para mudanças sequenciais de marcha. Ao seu lado esquerdo está disponível o botão Drive Mode para o seletor de modo de direção – com opções Normal, Eco e Sport –, que atua nas reações do carro em termos de responsividade da aceleração, velocidade das trocas de marcha e assistência da direção. Quando o modo Sport está ativo, a tela dos instrumentos e as luzes ao redor assumem uma tonalidade avermelhada (com grafismos mais esportivos e destaque para a faixa de velocidade alcançada), a rotação do motor é mantida elevada por mais tempo e as trocas das marchas são atrasadas, enquanto o modo Eco deixa o quadro na cor verde (e "limita" a visibilidade do velocímetro aos números mais próximos), diminui a resposta do acelerador, reduz a eficiência do ar-condicionado e altera os parâmetros de trocas de marcha, o modo Normal faz com que a tela fique azul e a emulação completa do velocímetro analógico. Na versão N Line não há o modo "Smart" presente em outras versões.

Também estão à esquerda do console central os botões para acionamento elétrico do freio de estacionamento, Auto Hold (quando acionado, possibilita ao motorista tirar o pé do freio em paradas mesmo com o câmbio em D), refrigeração do banco do motorista e Stop & Go, que desliga momentaneamente o motor em paradas para economia de combustível e religa automaticamente quando o motorista volta a andar com o veículo. Ao ser desativado, o sistema permanece inativo em todas as ignições subsequentes.

À direita da alavanca de câmbio, há mais dois botões, para ativar/inibir os bipes dos sensores dianteiros e traseiros de estacionamento e para ativar o sistema Smart Camera 360º, com quatro câmeras de visão em torno do veículo cujas imagens são transmitidas para o sistema multimídia. É possível dar zoom na imagem em 360 graus do canto direito e alternar entre várias visões no campo esquerdo (três modos quando o carro está parado e mais dois em movimento), com linhas de guia na câmera de ré. Existe também a possibilidade de ver, no quadro de instrumentos e a partir do momento em que o carro está ligado, a imagem da câmera de monitoramento de pontos cegos ao acionar a alavanca de seta para o lado esquerdo ou direito, o que, segundo a Hyundai, permite ampliar o ângulo de visão em até 25 graus.

O console entre os bancos também dispõe de dois porta-copos e um apoio de braço revestido de microfibra que esconde um porta-objetos com fundo forrado.

Apesar do interior contar com linhas mais refinadas, o acabamento do Creta N Line é simples, considerando o valor que custa e os rivais que possui. O painel, por exemplo, é confeccionado inteiramente em plástico rígido, com falsas costuras nas superfícies para dar a impressão de que se trata de couro. O material sintético de microfibra está nos bancos e na região dos apoios de porta dianteiros e traseiros (porém em uma área menor do que estava disponível no Creta anterior). Parafusos aparentes nos para-sois, que passariam batido nas outras versões, ficam mais escancarados com o forro de teto em preto. No exemplar destas impressões ao dirigir, as duas coberturas dos parafusos no vão dos puxadores das portas dianteiras estavam soltas, assim como a moldura de acabamento externo da coluna frontal esquerda. Painel e console central trazem detalhes em preto-brilhante no N Line, que acabam evidenciando mais a poeira e sujeira. 

O teto traz para-sóis com espelhos, porta-documentos, iluminação halógena acionada manualmente e tampas corrediças para evitar reflexos, além de alças de apoio para os passageiros. O console de teto agrega sensores do alarme volumétrico (com detecção de movimentação interna), botão para acionamento dos serviços Bluelink (concierge e SOS/urgência), luzes para motorista e passageiro dianteiro halógenas, além do acionamento elétrico por um toque da persiana e do teto solar panorâmico, que dispõe de função um-toque na abertura/fechamento e recurso anti-esmagamento. O retrovisor interno é comum, com haste para alternar entre as posições dia/noite.

O porta-luvas tem espaço razoável, porém não dispõe de iluminação ou de nichos para objetos menores.

A chave, presencial, conta com bordas metalizadas e botões em preto-brilhante para travamento e destravamento das portas (se em 30 segundos depois de destrancamento nenhuma porta for aberta, o carro trava novamente as portas), além de comandos para destravamento da tampa do porta-malas (ao apertar e segurar por mais de 1 segundo) e para acionar luzes e buzina à distância para facilitar a localização do veículo (também ao apertar e segurar o botão). Também é possível abrir e fechar os vidros através dos comandos de destravamento e travamento das portas. Uma lâmina embutida na chave pode ser inserida nas fechaduras caso necessário.

Quem senta nos bancos dianteiros dispõe do ajuste de altura para os cintos, enquanto o motorista pode regular manualmente a altura de seu assento. Os forros de porta dianteiros e traseiros dispõem de porta-objetos.

Os ocupantes traseiros contam com cintos de três pontos, apoios de cabeça ajustáveis, fixações Isofix e Top Tether para cadeirinhas infantis, duas saídas de ar-condicionado e entrada USB-A exclusiva para carregamento (acompanhada de um porta-treco pequeno). Os versos dos bancos dianteiros possuem cobertura rígida, sem porta-revistas. As alças de teto retráteis possuem iluminação e ganchos fixos. O encosto do banco traseiro é bipartido e rebatível, sendo possível encaixar as fivelas dos cintos em fendas laterais.

Em termos de segurança, o Creta N Line traz mais itens do que as demais versões 1.0 TGDI, dispondo de seis airbags (frontais, laterais nos bancos dianteiros e de cortina), detector de fadiga do motorista, assistente de permanência na faixa de rodagem com assistente de centralização na pista, alerta de colisão frontal (com detecção de veículos, pedestres e ciclistas) com frenagem automática de emergência, freios ABS a disco nas quatro rodas, faróis altos adaptativos (acendem a luz alta apenas quando necessário, para não ofuscar outros transeuntes), controles de estabilidade e tração, assistente de partida em ladeiras, alerta do não-uso dos cintos dos ocupantes a partir de 20 km/h, alarme volumétrico, travamento do veículo a partir de 20 km/h, destravamento das portas em caso de acidente, sinalização luminosa de frenagem de emergência, alerta de esquecimento de itens no banco traseiro e controlador/limitador de velocidade de cruzeiro (não é do tipo adaptativo que mantém distância segura do veículo à frente).

A versão N Line traz o motor 1.0 Turbo GDI (de três cilindros em linha e com injeção direta de combustível) que mantém os 120 cavalos a 6000 rpm e o torque de 17,5 kgfm entre 1500 rpm e 3500 rpm - mesma entrega de força das versões Comfort, Limited e Platinum. Os números de potência e de torque são iguais com gasolina ou com etanol. O capô, que traz a vareta de sustentação, dispensa a manta termoacústica. Nesta versão, a bateria é de 60 Ampères.

O modelo esportivado traz câmbio automático de 6 marchas com conversor de torque, função Sport e modo sequencial (no qual a marcha engatada é exibida no quadro de instrumentos). O tanque de combustível tem a capacidade de 50 litros, e o modelo pode carregar 550 kg em reboque sem freio ou até 1100 kg caso a carretinha tenha freios.

Entre as modificações técnicas feitas na versão N Line estão a adoção de novos amortecedores e molas, que deixaram as suspensões dianteira e traseira mais rígidas. Além disso, a direção elétrica foi recalibrada para ficar mais firme.

O porta-malas encolheu um pouco em relação à geração anterior, diminuindo de 431 para 422 litros. Ainda assim, uma boa capacidade neste segmento - e que pode ser ampliada com o rebatimento parcial ou total do banco traseiro, para 1390 litros até o teto. O habitáculo possui iluminação na lateral esquerda, nichos laterais (incluindo um porta-sacola na lateral direita) e estepe do tipo temporário, com roda de ferro de 16 polegadas e pneu 155/90, que deve ser calibrado com 60 libras. A tampa possui um recuo do lado direito para auxiliar em seu fechamento.

Com preço a partir de R$ 166.990 no momento de publicação desta matéria, o N Line está acima da versão Platinum 1.0 TGDI com teto solar (R$ 159.990) e abaixo do modelo Ultimate 2.0 (R$ 172.790)

Impressões ao dirigir

Com as novas saídas de escape funcionais, o ronco rouco e abafado do motor turbinado se faz presente durante toda a condução, mas principalmente quando o acelerador é mais demandado. A posição de dirigir do SUV da Hyundai, que já era um destaque do modelo anterior, manteve-se boa, com as regulagens de altura e profundidade da coluna de direção, além dos ajustes disponíveis para cintos dianteiros e banco do motorista. Como é de se esperar para um utilitário, a posição de dirigir é elevada, o que favorece a visibilidade para a frente.

Os retrovisores externos e interno são muito bem-dimensionados e com amplas áreas de visão; além disso, também ajudam os sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, somados aos variados modos de visualização das quatro câmeras em torno do veículo, que podem ser vistas em 360 graus - inclusive com o veículo em movimento, quando é possível verificar o que se passa na parte traseira ou dividir esta visão traseira com as câmeras em 360°. 

O que destoa deste conjunto de visibilidade é a exibição da câmera do lado esquerdo ou direito na tela do quadro de instrumentos quando a seta é acionada. A imagem aparece em tamanho pequeno, e o campo de visão através dela, na prática, é reduzido - a ponto de ser mais confiável olhar para o espelho retrovisor. Esta imagem exibida nos instrumentos acaba sendo mais útil para situações como observar se a roda está muito próxima da calçada em um estacionamento.

Em termos de suspensão, o Creta N Line absorve os impactos do piso, mas é nítido o quanto a versão esportivada do SUV é bem firme em trechos castigados, e os ocupantes acabam sentindo mais o chacoalhar da carroceria. A direção elétrica também tem maior peso de manobra do que a maioria de seus rivais: neste aspecto, é como se o N Line vivesse em um permanente modo Sport. Por outro lado, a firmeza adicional da direção permite menor movimento do volante (com textura agradável e boa ergonomia) para correções de trajetória.

As vibrações do motor são bastante perceptíveis dentro da cabine, por conta da concepção de três cilindros do propulsor, especialmente com o veículo em ponto-morto: durante a sessão de imagens, o banco do motorista tremia de forma exagerada, mesmo depois do motor chegar a sua temperatura ideal de funcionamento. Ao começar a andar com o carro, o nível de vibração fica mais atenuado.

Com o freio de estacionamento elétrico, é possível colocar a alavanca de transmissão em Ré ou Drive e acelerar (com todas as portas fechadas e o cinto afivelado) para o carro ser liberado. Ao apertar o interruptor com o veículo em movimento, o Creta inicia uma parada de emergência. O Auto Hold mantém o carro freado nas paradas: a movimentação volta a ocorrer assim que se pisa no acelerador. Caso alguma das portas for aberta, o carro estiver em uma ladeira muito íngreme ou o sistema estiver em atuação por mais de 10 minutos, o freio de estacionamento elétrico fica ativo no lugar do Hold. Durante a nossa condução, chamou a atenção o fato do Auto Hold atuar de forma bastante suave: pressionando o acelerador, o freio de estacionamento é desarmado de maneira muito sutil. Os botões no console referentes ao freio de estacionamento eletrônico e ao Auto Hold não possuem luzes que informem se estão acionados ou não: é preciso se atentar às luzes-espia no quadro de instrumentos. O freio elétrico é automaticamente armado quando o motorista desembarca do carro ou quando o câmbio é posto na posição Parking e o veículo é desligado.

Feito para proporcionar economia de combustível em paradas, o sistema Start-Stop (chamado Stop & Go pela Hyundai) atua quando o carro é totalmente parado em D ou N. Depois de religar, o sistema só volta a funcionar caso o veículo atinja os 8 km/h, evitando muitos desligamentos em congestionamentos. Conforme as condições, o motor pode ficar desligado por até 5 minutos até ser automaticamente religado (a reinicialização também ocorre quando o veículo detectar que o ar-condicionado deve ser novamente ligado para atender à temperatura escolhida, a ventilação estiver no nível máximo, o desembaçador dianteiro estiver ligado ou quando a pressão do vácuo dos freios estiver baixa).

A detecção de pedestres à frente fica ativada quando o carro estiver em velocidades entre 10 e 85 km/h, enquanto a detecção de veículos adiante atua de 10 a 180 km/h. Mas a frenagem autônoma de emergência só atua entre 10 e 65 km/h, no caso de pedestres, e entre 10 e 75 km/h, no caso dos veículos. Curiosidade: depois que o Creta executa uma frenagem de emergência, o quadro de instrumentos exibe a mensagem "Dirija com cuidado". O sistema tem limitações, como em situações de curvas, elevações de terreno e quando houver sujeira no para-brisa. As palhetas atuam bem e não interferem na visão pelo para-brisa quando recolhidas, mas conservam as velhas armações de ferro expostas.

Já o assistente de permanência na faixa de rodagem com assistente de centralização na pista atua, segundo a fábrica, entre 60 e 200 km/h, exibindo a mensagem "Mantenha as mãos no volante" caso o motorista abandone a direção por alguns segundos. Se o motorista não obedecer este comando, um segundo aviso, desta vez sonoro e com fundo vermelho, vai se acender. Em nosso teste, o sistema começou a atuar já a partir de aproximadamente 45 km/h, sendo capaz de esterçar sozinho o volante em curvas mais suaves e com as faixas demarcadas.

O alerta de que o veículo da frente está acelerando é outra boa surpresa e que é útil para situações de congestionamentos, mas atua somente em situações específicas, quando o Creta está totalmente freado e próximo do outro veículo à frente por certo tempo.

Quem esperava um Creta esportivo vai se decepcionar com o desempenho que é entregue na prática pelo N Line. Nas nossas provas de aceleração de 0 a 100 km/h, feitas em cinco passagens com ar-condicionado desligado, em ambiente seguro, uma pessoa a bordo, cronometragem pelo GPS Acceleration e com o modo de condução Sport ativo, o SUV obteve como melhor marca o resultado de 12,2 segundos - distante do dado de fábrica, que é de 11,5 segundos (o mesmo das demais versões do Creta com o motor 1.0 TGDI), mesmo sendo um exemplar já amaciado, com pouco mais de 4500 quilômetros rodados. 

Mesmo com a transmissão fazendo trocas de marcha a pouco mais de 6 mil rpm em algumas ocasiões, e do torque do motor estar disponível em uma das faixas de giro mais baixas do segmento, a quantidade de força do motor do N Line é baixa para os 1270 quilos do modelo em ordem de marcha. Uma pena, pois o câmbio tem um gerenciamento exemplar: faz as trocas de forma discreta e entende bem as intenções do motorista quando o pedal do acelerador é demandado.

Já em termos de consumo de combustível, o N Line até que se defende bem. Em nosso percurso de 47,5 quilômetros, com uso constante do ar-condicionado e em percurso urbano, a média registrada foi de 10,4 km/l de gasolina, a uma velocidade média aproximada de 32 km/h.

Para concluir...

O Creta N Line, mais do que uma versão esportivada, é uma alternativa que faz sentido dentro do portfólio do SUV da Hyundai. Ele atende tanto quem faz questão do visual diferenciado quanto quem deseja os itens mais avançados da versão Ultimate 2.0 - mas precisa de um carro mais econômico, não faz questão dos cavalos a mais ou prefere não pagar a diferença adicional da versão mais completa. Pelo seu conteúdo de fábrica, o N Line é um modelo bem convincente, sendo um dos mais completos do segmento em termos de equipamentos de segurança e conveniência. Porém, a entrega de desempenho do modelo deixa a desejar, considerando-se as credenciais desta versão e a média atual de desempenho desta categoria. As alterações nos campos de direção, suspensão e escape mostram que até houve um esforço da marca em alterar as características de dirigibilidade do N Line, mas esta "pimenta" adicional deveria vir acompanhada, no mínimo, de um acréscimo de potência e torque no motor 1.0. 

Vem conferir a Galeria de Fotos do Hyundai Creta N Line 1.0 TGDI!

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