Morre Lee Iacocca, executivo que salvou Ford e Chrysler nos EUA


Nascido Lido Anthony Iacocca no dia 15 de outubro de 1924, a carreira de um dos empresários mais bem-sucedidos no ramo automotivo norte-americano começou cedo: em 1946, Lee Iacocca começou como engenheiro na Ford. Posteriormente, ganhou notoriedade com a campanha "56 for '56": financiamento de qualquer modelo 1956 da marca com 20% de entrada e parcelas de 56 dólares durante 3 anos. A campanha que inicialmente valeria só na Filadélfia (cidade da Pensilvânia) se tornou nacional, e logo Lee foi sendo promovido dentro da Ford.


No final de 1960, se tornou vice-presidente e gerente geral da Divisão Ford; em janeiro de 1965, o vice-presidente da Ford (carros e caminhões); em 1967, vice-presidente executivo; e presidente da marca em 10 de dezembro de 1970.


Além disso, Iacocca contribuiu para o desenvolvimento do estilo de vários modelos do grupo Ford que fizeram sucesso durante as décadas de 1960 e 70, como o Mustang, os Mercury Cougar e Marquis, o Lincoln Continental Mark III e até o Escort, que não foi comercializado nos Estados Unidos.


No ano de 1968, Iacocca previu a necessidade de desenvolver um veículo menor e mais econômico, que pesasse menos de 2000 libras (907 kg) e custasse menos de US$ 2000. Ao invés de adaptar o Escort para ser comercializado nos EUA, preferiu-se criar um carro todo novo, que chegou em 1970: o Ford Pinto, com estilo mais parelho com o Maverick, por exemplo. O projeto levou 25 meses para ser concluído, quando a média de tempo na época para concluir o desenvolvimento de um carro era de 43 meses.


Porém, no ano de 1977, descobriu-se que em colisões traseiras, o tanque de combustível do Pinto era muito vulnerável e suscetível a incêndios. A "solução" proposta foi ainda mais inusitada do que o problema em si: o custo para reparar todos os carros seria muito mais elevado do que o valor de indenizações a serem concedidas a vítimas de acidentes envolvendo o modelo. Em junho de 1978, a marca realizou o recall de 1,5 milhão de unidades do Pinto e de sua contraparte da Mercury, o Bobcat. Um mês depois, Lee Iacocca foi demitido por conta de atritos com Henry Ford II, mesmo com as operações da marca "no azul".


Ainda em 1978, quatro meses depois, Iacocca foi contradado Chrysler, que atravessava um mau momento, tendo prejuízo na América do Norte ao fazer sucessivos recalls para tentar sanar problemas de funcionamento do Dodge Aspen/Plymouth Volaré, que nas palavras do próprio Iacocca, não deveriam ter sido produzidos. 

Percebendo que a empresa sairia do mercado se não recebesse uma grande injeção de dinheiro, Iacocca requisitou ao Congresso dos Estados Unidos um empréstimo de US$ 1,5 bilhão para a Chrysler em 1979, ano em que passou a ser CEO do grupo. Para obter a garantia, a marca foi obrigada a cortar gastos e abandonar alguns projetos de longa data, como a propulsão por turbina, que estava pronta para produção em 1979, após quase 20 anos de desenvolvimento.


No começo da década de 1980, a Chrysler apresentou uma linhagem de carros mais compactos, econômicos e tração dianteira, como o Dodge Aries e o Plymouth Reliant, baseados em propostas de estilo rejeitadas na época em que Iacocca esteve na Ford.


Em 1983, veio outra cartada: a introdução das minivans Dodge Caravan e Plymouth Voyager. O projeto "Mini-Max" também havia sido descartado na época em que Lee estava na Ford e provou ser um grande sucesso. No mesmo ano, a Chrysler pagou de volta o empréstimo feito pelo governo norte-americano.


Em 1987, a Chrysler comprou a AMC (American Motors Corporation). A marca deixou de existir, mas foi criada a Eagle, uma subsidiária para brigar com a Saturn, criada pela General Motors. O interesse maior por trás da aquisição da AMC era a Jeep.


Naquela época, o desenvolvimento do Jeep Grand Cherokee estava avançado. Mas Iacocca privilegiou os trabalhos para a reestilização da linhagem de minivans, e o utilitário esportivo foi lançado apenas em 1992. Diferentemente da maioria dos SUVs da época, construídos sobre chassi de picape, o Grand Cherokee utilizava monobloco. Seu sucesso pavimentou o caminho para utilitários de várias outras montadoras.


Lee Iacocca se aposentou no final do ano de 1992, e passou a viver em Bel Air, Los Angeles, Califórnia. Ele teve dois filhos e foi casado por 3 vezes. Em 1956, foi marido de Mary McCleary (que morreu em 1983, por conta de complicações da diabetes). Em 1986, casou com Peggy Johnson, mas a união foi anulada em 1987. E em 1991, casou-se com Darrien Earle; divorciou-se em 1994.


Ele morreu em 2 de julho de 2019, em sua casa, aos 94 anos de idade, por complicações do mal de Parkinson. No ano de 2009, foi homenageado com o Ford Mustang Iacocca 45th Silver Anniversary Edition. Foram apenas 45 unidades: duas delas (uma vermelha e outra preta) estão na coleção Galpin Ford; as demais receberam a cor prata.

Comentários