Adeus a Márcio Piancastelli, desenhista da Brasilia e do SP2


Nascido em 1936 na cidade de Belo Horizonte (MG), o estilista Márcio Lima Piancastelli desenhava carrinhos desde a infância, e em 1962 conseguiu uma bolsa de estudos para aprimorar suas técnicas no estúdio Ghia em Turim (Itália), sendo admitido na Willys-Overland. Foi um dos responsáveis pela finalização da segunda geração do Aero-Willys, projeto nacional que representava um avanço e tanto em relação ao modelo anterior, que já chegou defasado ao Brasil.


Posteriormente, Piancastelli foi trabalhar na DKW-Vemag; com a aquisição da montadora pela Volkswagen, o desenhista viveu seu auge com o desenvolvimento de diversos projetos tupiniquins, a partir de pedidos do então presidente Rudolf Leiding (1914-2003): assim, ganhou vida o 1600 TL, que aproveitava a frente da Variant e se moldava a uma traseira fastback harmoniosa.



Uma das obras mais admiradas de Márcio Piancastelli foi apresentada em primeira mão na Feira da Indústria Alemã em 1971: era o SP, um cupê de dimensões esbeltas e acabamento bem-cuidado, que viria nas versões SP1 (pouco potente, vendeu apenas 88 unidades) e SP2 (ainda que tivesse carburação dupla e cilindrada aumentada para 1700 cm³, o desempenho dos 75 cavalos não era lá de tirar o fôlego). Uma curiosidade: os automóveis eram construídos em maquete tamanho 1/4 e a ordem de Paulo Ivani era de que os desenhos fossem puramente técnicos e não para colorir, o que poderia mandar os desenhistas para a rua... felizmente, no fim das contas foram "perdoados".



Mas o carro mais popular criado por Piancastelli foi mesmo a Brasilia, que Leiding desejava que fosse compacta o Fusca, porém com espaço interno mais bem aproveitado. Lançada em 1973, ao longo de seus nove anos de carreira passou por poucas mudanças. A engenharia da Volks chegou a bolar uma "Brasilia II" com motor dianteiro refrigerado a água, que dinamicamente seria até melhor que o pioneiro Gol.



Com participação menos direta, Piancastelli também colaborou na criação da primeira geração da família Gol (1980), embora seu projeto tenha sido preterido em prol de um estilo mais similar ao Scirocco alemão. Nos últimos anos, trabalhou como desenhista de eletrodomésticos e esteve empenhado num projeto de resgate da história de carros do século XX. A notícia da morte do designer veio na tarde desta quinta-feira (18).


Comentários

Anônimo disse…
Excelente reportagem! É preciso sempre lembrar os ícones que deram forma aos carros que hoje tentamos preservar. Humberto.
Unknown disse…
Muito legal mesmo, eu tenho os meus desenhos de carros próprios, e é uma coisa que eu
sempre amei fazer, sei fazer carrinhos em madeira também e se Deus quiser, logo voltarei
á fazer modelos que são os meus propriamente, e eu os amo de paixão, vou fazer alguns
carros bem incrementados e possivelmente, colocarei-os à venda, obrigado, fiquem com
Deus, e um ótimo fim de semana á todos, um abraço, tchau...