Honda Accord Hybrid: 250 km com o sedan para quem faz questão de dirigir

Texto e Fotos | Júlio Max, de Teresina (PI)

Em 2024, o Honda Accord está completando trinta anos de importações de forma oficial para o Brasil. Um andar acima do Civic em termos de dimensões e sofisticação, desde 2021 o sedan é oferecido em nosso País exclusivamente com motorização híbrida (e:HEV). Não por acaso, seu arquirrival Toyota Camry também passou a ser importado para o território nacional na versão Hybrid a partir de maio de 2022 - mas atualmente não é mais trazido. A presença do Accord no Brasil sempre foi bastante discreta, mas é fato que existe um público cativo para este modelo em nosso mercado. Curiosamente, a Honda havia prometido à imprensa o lançamento de quatro carros para o ano de 2023 (Civic Híbrido, Civic Type R, ZR-V e CR-V) e não conseguiu iniciar a comercialização do SUV médio-grande com conjunto mecânico híbrido no ano passado - mas o Accord, que não havia sido formalmente prometido, chegou antes. Cerca de um mês depois de experimentar o Civic Híbrido - e apreciar muito sua condução - chega a hora de nós do Auto REALIDADE convivermos com o Accord Hybrid por mais de 250 quilômetros!

Esta é a décima-primeira geração do Accord desde o início global de sua produção, no ano de 1976 - quatro anos depois do primeiro Civic, outro modelo que hoje está em sua 11ª edição. O novo Accord representa uma pesada remodelação sobre a geração 10: altura e distância entre-eixos do modelo anterior foram mantidos, ao passo em que a carroceria ficou 7 centímetros mais longa e 0,2 cm mais larga. Em termos visuais, muita coisa mudou nesta geração, que chegou ao Brasil em outubro de 2023 - meses depois do início de produção global, em janeiro.

O Accord é um daqueles carros que são mais bonitos ao vivo do que por fotos. As dimensões ampliadas e as proporções elegantes dos elementos da carroceria deixam bem evidente, ao primeiro olhar, que este sedã está uma categoria acima do Civic. Os faróis delgados de LED (com ajuste automático de altura, luzes de posição na parte superior que se convertem nos piscas e, mais abaixo, os fachos baixos, nas laterais, e altos, ao centro) ficam juntos da ampla grade hexagonal, em preto-brilhante, com tramas de triângulos, aletas que se abrem ou fecham automaticamente conforme a necessidade de refrigeração e o logo da Honda com os contornos em azul, que é reservado para os automóveis híbridos da marca e esconde o radar de detecção de veículos. O para-choque dianteiro traz sensores de estacionamento, borda inferior em preto-brilhante, além de uma entrada de ar adicional, acompanhada de molduras prateadas nas laterais que incorporam passagens de ar para as caixas de roda da frente. O capô avança em direção aos para-lamas e, como no Civic, termina antes da junção com a grade dianteira.

Lateralmente, o Accord se destaca pela curvatura do teto, que é acompanhada pelas janelas - elas contam com molduras cromadas na parte superior. As rodas de liga leve de 18 polegadas são uma exclusividade do modelo exportado para o Brasil (nos Estados Unidos, a versão Touring possui rodas de 19 polegadas), trazem detalhes diamantados convivendo com pintura preta e são calçadas por pneus Yokohama Advan dB Decibel de perfil 235/45, com pressão recomendada de 32 psi. Todas as caixas de roda são acarpetadas por dentro. Do lado direito, fica embutida uma câmera no retrovisor externo para transmitir, pela tela do sistema multimídia, imagens que atenuam os pontos cegos da carroceria. As capas dos retrovisores trazem luzes de seta de LED e pintura na cor da carroceria, assim como as maçanetas externas (na dianteira, elas possuem ranhuras que, quando tocadas, permitem o travamento e destravamento do veículo pela presença da chave), enquanto as colunas entre as janelas e as molduras da parte inferior da carroceria trazem a tonalidade preto-brilhante. A antena de teto, do tipo barbatana-de-tubarão, fica na parte de trás do teto.

A traseira traz uma curvatura bastante suave - que lembra mais um cupê de quatro portas, como o Audi A7, do que um sedã com três volumes tradicionais. As lanternas de LED são delgadas e unidas por um aplique em preto-brilhante que se estende por toda a largura da tampa do porta-malas e traz o logo da Honda em pequenas dimensões ao centro. A tampa traseira, que conta com uma espécie de spoiler integrado, também abriga a placa do veículo, a câmera de ré e os logos "Accord" e "e:HEV" cromados. O para-choque traseiro traz refletores, sensores de ré e friso inferior em preto-brilhante.

O Accord possui 4,97 metros de comprimento, 1,86 metro de largura (desconsiderando os retrovisores), 1,46 metro de altura, distância entre-eixos de 2,83 metros, altura livre do solo de 13,4 centímetros, ângulo de entrada de 14,7°, ângulo de saída 18,8° e peso em ordem de marcha de 1625 quilos. Na ponta do lápis, ele é 29,2 centímetros mais comprido, 6 cm mais largo, 2,7 cm mais alto e tem 9,5 cm a mais de distância entre-eixos na comparação com o Civic. Todas as iluminações externas e internas do Accord utilizam diodos emissores de luz (LEDs).

Se a parte externa do Accord é bem diferente do Civic, no interior os dois sedãs se aproximam em certos pontos, como no design do painel e no compartilhamento de alguns itens e peças. O acabamento do Accord inclui a parte superior do painel macia ao toque (até próximo da borda do para-brisa e incluindo a superfície central em volta da central multimídia), insertos de couro na parte inferior (acima da tampa do porta-luvas e abaixo do botão de partida), além de couro nos bancos, nas laterais do console dianteiro e nos apoios de braço; as portas dianteiras e traseiras contam com material emborrachado na parte superior, além de amplas superfícies de couro nos revestimentos verticais e em torno dos puxadores de porta. Os porta-copos e porta-objetos do console e das portas são de plástico rígido texturizado, enquanto o forro de teto e os para-sois são moldados em tecido macio.


O volante é muito parecido com o do Civic (uma das poucas diferenças é que os cortes do couro no aro são mais inclinados e estão presentes também na parte inferior no Accord) e traz costuras na cor cinza, além de molduras em preto-brilhante e raio inferior prateado. O lado esquerdo concentra os comandos de voz do sistema multimídia, de ajuste do volume e de alternância entre faixas e estações. No lado direito, o motorista realiza a operação do controlador de velocidade e distância do veículo à frente (com quatro níveis de distanciamento: a 80 km/h, a distância curta é de 1,1 segundo do veículo à frente; a distância média, de 1,5 s; a distância grande, de 2,1 segundos, e a distância extra-grande, de 2,9 s), além de fazer a ativação do assistente de permanência em faixa.

Os dois raios do volante trazem rolos que permitem alterar as informações que são exibidas nos lados esquerdo e direito da tela do quadro de instrumentos. Também há paddle-shifts, que servem para escolher um dos seis níveis de regeneração de energia durante as desacelerações. A coluna de direção traz coifa de proteção em veludo e pode ser manualmente ajustada em altura e profundidade através de uma alavanca no canto inferior esquerdo. Há um adesivo na parte inferior que mostra o diagrama dos fusíveis.

O quadro de instrumentos do Accord também é muito semelhante ao do Civic - mas com a interface alterada e a complementação do Head-Up Display (HUD), que projeta informações relevantes no para-brisa através de uma tela de 6 polegadas. Boa parte das informações são apresentadas dentro da tela digital de 10,2 polegadas - somente as indicações do medidor do nível de carga da bateria de alta tensão (à esquerda), do nível de combustível (à direita) e algumas luzes-espia aparecem fora do monitor. No lugar do conta-giros, o sedan possui os medidores Power e Charge. Quando está sendo demandada força do veículo, o ponteiro virtual se desloca para a direita, na faixa que vai até 100%. Já quando o carro está desacelerando ou freando (e, portanto, reaproveitando energia), o ponteiro "desce" para a esquerda. Entre os semi-círculos, estão o velocímetro digital e os ícones referentes aos assistentes de condução ativos: o ícone do veículo reproduz o acendimento dos faróis, das luzes de freio e das setas, além de exibir se o carro está entre faixas e que outros veículos (carros, motocicletas ou caminhões) estão no entorno. Do lado direito está a escala do velocímetro, de até 220 km/h. 

Os mostradores podem ser exibidos com os layouts Círculo, Barra, Círculo Mínimo, Barra Mínima e, exclusivamente no Accord, Mínimo. No modo Círculo, os medidores Power/Charge e o velocímetro lembram itens analógicos. No barra, estas duas informações passam a ser exibidas em escala vertical nas extremidades da tela. Nos modos Círculo Mínimo e Barra Mínima, as escalas das laterais são ocultadas quando o piloto automático adaptativo está em operação. Já o modo Mínimo elimina de vez as representações dos medidores Power/Charge e velocímetro em escalas, mesmo que o ACC não esteja ativo.

O lado esquerdo da tela concentra as informações de posição de câmbio, relógio, temperatura externa, luzes-espia de modo totalmente elétrico ativado (EV) e carro ligado pronto para partir (Ready), além da fonte de áudio, que pode ser alternada pelo raio esquerdo do volante: rádio AM ou FM, celular pareado, USB, Bluetooth e Smartphone conectado. Também é possível personalizar o lado esquerdo da tela (inclusive para que as informações de áudio e relógio não sejam exibidas, o que faz com que a emulação de ponteiro seja exibida por completo) e retornar.

O lado direito exibe modo de condução, hodômetro total, e, dentro do velocímetro, os seguintes itens:

  • Advertências: somente surge em situações em que o motorista precise se atentar, como porta aberta e falhas, por exemplo.
  • Monitor do fluxo de energia/Power Flow: mostra como está ocorrendo a transferência ou geração de energia do veículo. Pode mostrar quatro gráficos: o do modo EV (quando somente a energia elétrica acumulada é utilizada para impulsionar as rodas), do modo híbrido (os motores a combustão e elétrico estão funcionando), do acionamento direto do motor a gasolina e do reaproveitamento de energia (nesta situação, as barras acendem em verde; quando há consumo/direcionamento de energia, em azul).
  • Consumo/Alcance: apresenta autonomia estimada, consumo médio, gráfico com indicação de consumo instantâneo de combustível (de 0 a 40 km/l) e a distância percorrida A ou B.
  • Velocidade média acompanhada do tempo de viagem junto com as distâncias percorridas A e B.
  • Navegação: exibe uma bússola digital ou as instruções do aplicativo de mapas espelhado. O Accord não dispõe de GPS nativo.
  • Atenção do condutor: analisa os movimentos do volante para determinar se o veículo está sendo conduzido de maneira sonolenta ou desatenta. Se o carro for conduzido por mais de 30 minutos acima de 40 km/h e forem detectados sinais de cansaço, aparece a mensagem "Nível de atenção do condutor baixo", com uma xícara de café, seguido de um alerta sonoro e de uma vibração do volante.
  • Cintos de segurança: mostra um diagrama com os assentos do veículo e exibe se o ocupante está com cinto afivelado (verde) ou desafivelado (vermelho), mostrando também os bancos desocupados. Com o veículo em movimento, soa um alarme caso algum dos cintos esteja desafivelado (o sistema considera o peso dos ocupantes sobre os bancos dianteiros e, na traseira, se algum dos cintos estava afivelado e foi retirado).
  • Assistentes de segurança: exibe se estão ativos ou desativados o sistema RDM (de atenuação da saída da faixa de rodagem), os sensores de estacionamento dianteiros/traseiros e o CMBS (frenagem autônoma para atenuação de colisões à frente).
  • Sem conteúdo/Blank: mostra somente a continuação virtual do ponteiro do velocímetro, minimizando distrações ao motorista.
  • Ajuste do brilho: permite a regulagem da iluminação dos instrumentos.
  • Configurações de HUD: permite alterar as informações exibidas no head-up display, além de ajustar seu brilho, altura de projeção no vidro e rotação.
  • Alerta acústico, modo VSA: este menu permite ativar ou desativar o ruído emitido em baixas velocidades para alertar pedestres sobre o deslocamento do veículo e definir se o controle de tração vai operar em modo reduzido ou normal.
  • Configurações do display: permite ocultar ou exibir alguns dos menus mencionados acima. Os itens Cintos de segurança, Assistentes de segurança, Ajuste do brilho, Configurações do HUD, Alerta acústico, modo VSA e Configurações do display não podem ser ocultados.

O quadro de instrumentos também possui mostrador individual de porta(s) aberta(s) e tampa do porta-malas aberta, além de exibir imagens para a seleção dos modos de condução e mostrar alerta em caso de baixa pressão de algum dos pneus. Porém, não há indicação de capô aberto nem do nível de temperatura do líquido de arrefecimento do motor. Do lado direito, ao alternar entre as informações, momentaneamente aparece o nome de cada menu.

O Head-Up Display pode ser desativado ou exibir somente velocímetro digital, velocímetro com bússola e velocímetro com assistentes de direção ativos, que incluem os ícones referentes ao funcionamento do piloto automático adaptativo e do assistente de permanência em faixa (em cores, inclusive: se o veículo estiver entre faixas, elas assumem a cor verde; fora de uma faixa, o lado correspondente acende em âmbar). O brilho, altura e rotação do HUD podem ser alterados.

A haste de luzes concentra as posições de faróis desligados, acendimento automático das luzes (que incorpora automaticamente a função de comutação do facho baixo/alto dos faróis conforme as condições externas a partir de 30 km/h, sem a necessidade de deslocar a alavanca para a posição de luz alta, como é comum em outros carros), iluminação de posição ligada e faróis baixos ligados, com um comando giratório secundário para o acendimento dos faróis de neblina. Também há o botão para acionamento ininterrupto da câmera de monitoramento de tráfego (LaneWatch) na ponta da haste. Um leve toque na alavanca, sem aciona-la até o clique, faz as setas acenderem três vezes. Pelo sistema multimídia é possível definir por quantos segundos as luzes ficarão ligadas após o desligamento do veículo.

Já a alavanca dos limpadores dianteiros inclui as posições Mist (aciona as palhetas dianteiras somente enquanto estiver acionada nesta posição), Off, Auto (no qual a sensibilidade do sensor de chuva pode ser alterada em cinco níveis) e de acionamento contínuo lento (Lo) ou rápido (Hi).

A central multimídia do Accord com tela sensível ao toque de 12,3 polegadas é bem diferente do aparelho do Civic, com 9 polegadas. No sedan grande, próximo da tela há apenas um botão físico, que controla o volume e liga ou desliga o sistema. A parte esquerda do monitor concentra os comandos de atalho (que podem ser alterados ao gosto do motorista), e a interface da central é dividida em duas partes. À esquerda, estão os ícones para os submenus, de modo similar ao Civic; já o lado direito exibe informações que podem ser alteradas com toques para cima ou para baixo (informações de mídia em reprodução, bússola, relógio ou fluxo de energia). O sistema de som é assinado pela Bose e dispõe de 12 alto-falantes, com ótima qualidade de reprodução de áudio.

As configurações do veículo exibem animações do carro em três dimensões que são um show à parte. No menu inicial, a imagem em 3D do veículo pode ser rotacionada com os dedos e é possível até personalizar a cor da carroceria do modelo virtual. Além disso, animações são executadas para ajudar a explicar as funções. Neste menu, é possível acessar as configurações de calibração do sensor de pressão dos pneus, instrumentos/Head-Up Display, acesso keyless (via chave presencial), portas, assistências ao motorista, posição de dirigir, iluminação e parâmetros do modo de condução Individual.

A tela também exibe a câmera de ré, que possui três tipos de visualização: angular, tradicional ou de cima para baixo, incorporando linhas de guia dinâmicas. Como a tela do Accord é maior, a imagem da câmera vem sempre acompanhada dos gráficos dos sensores de estacionamento dianteiros e traseiros (no Civic, é possível ocultar os gráficos para ter maior visão da câmera). As linhas de guia acompanham o esterço do volante e se acendem em cores diferentes conforme a proximidade do objeto. No caso de objetos se aproximando, os gráficos aparecem tanto na tela dos instrumentos como em um pop-up do sistema multimídia.

O Accord também possui conectividade pelo aplicativo de celular myHonda Connect, com funções de notificação automática de colisão, detecção remota de falha, alarme de segurança, rastreamento do veículo em movimento, alerta de velocidade, controle geográfico, assistência 24 horas, controles remotos (como acionar o ar-condicionado, ligar o motor do carro, destravar e travar portas), localização do veículo estacionado, painel de informações do veículo, dados das últimas viagens, manual digital do proprietário e agendamento de serviços. O Accord conta com a TCU (Unidade de Controle de Telemática) de segunda geração, com aprimoramentos. O ajuste remoto da temperatura do ar-condicionado passa a permitir a regulagem de 1° C em 1° C, há a possibilidade de inibição remota do motor, o alerta de colisão não depende mais exclusivamente da deflagração de um dos airbags e o tempo de envio de comandos remotos e sua efetiva execução está menor. O pacote com todas estas funcionalidades, chamado Plus, é oferecido como cortesia por um ano.

As saídas de ar centrais, como no Civic, são integradas por uma moldura sobre o porta-luvas; ao centro fica o botão de pisca-alerta. O ar-condicionado é digital e automático, com duas zonas de climatização e regulagem de meio em meio grau Celsius entre 15,5º C a 28,5º C. A principal diferença da interface do Accord é a presença de aros pretos nos botões (no Civic, são prateados). Da esquerda para a direita, os comandos são de: recirculação/captação de ar, ajuste de temperatura do motorista (com botão para modo automático de funcionamento), seleção do direcionamento do vento, desembaçador dianteiro, seleção da velocidade de ventilação (com visor incorporado ao próprio botão), desembaçador traseiro, liga-desliga do compressor de ar e ajuste da temperatura do passageiro, com possibilidade de sincronização com o que for selecionado pelo motorista (pelo botão Sync). O aro do botão de ajuste da temperatura não fica momentaneamente azul quando é selecionado mais frio nem vermelho quando há ajuste para mais calor. Quando a tela do sistema multimídia está ligada e os ajustes de ar são alterados, momentaneamente as informações de temperatura ou ventilação são exibidas na parte superior do monitor touchscreen, ainda que não haja menu exclusivo nesta tela para a operação de ar. No Accord vendido na América do Norte há comandos para aquecimento e resfriamento dos bancos dianteiros, ausentes no modelo brasileiro.

Um fato curioso: o Accord traz somente entradas USB do tipo C (de 3,0 Ampères, sendo uma dianteira para dados e as demais somente para carregamento) em sua cabine, enquanto no Civic todas as entradas USB são do tipo A. No sedan grande, são duas USB-C acima do porta-objetos que integra o carregador de celular por indução de 15 Watts. Esta região é iluminada e a superfície do carregador é parcialmente emborrachada - o dispositivo por indução pode, inclusive, ser desligado ao apertar e segurar momentaneamente o botão ao lado da luz verde. 


A alavanca de câmbio traz coifa em couro, com costuras aparentes e as posições P, R, N e D. Logo atrás está o seletor de modos de condução (Drive Mode), que permite alternar entre as configurações Normal, Econ, Sport e, somente no Accord, Individual (os modos Econ e Normal são memorizados quando o carro é desligado e a ignição é posteriormente acionada; se o carro for desligado no modo Sport ou Individual, ele volta a ligar no modo Normal), bem como os botões de freio de estacionamento eletrônico e Brake Hold, que mantém o veículo freado em paradas, dispensando o ato de manter o pé no freio mesmo com a transmissão em Drive. Somente no Accord, existe o botão "e", que permite alternar entre o modo totalmente elétrico de funcionamento do veículo (recurso indisponível no Civic) ou o modo híbrido (Auto), que gerencia as condições de rodagem e aciona o motor a combustão conforme necessário. Apertando e segurando por alguns segundos este botão, entra em ação o modo Charge, que prioriza a ativação do motor a gasolina para funcionar como gerador (outra alternativa de ativar esta função no Accord é manter o câmbio em P e pisar no acelerador até o fim do curso, exatamente como no Civic). À direita estão dois porta-copos, mais angulosos que no Civic e com duas garras laterais flexíveis.


O apoio de braço é revestido de couro e, após liberação da trava, permite acesso a um generoso porta-objetos, onde fica instalada a tomada de 12 Volts/180 Watts com tampa. O fundo deste porta-objeto traz plástico rígido texturizado.


O porta-luvas traz tampa desce suave e lentamente, contando com um foco discreto de iluminação. Porém, o habitáculo é confeccionado de plástico rígido e sem divisórias para objetos menores; além disso, é preciso certificar com atenção se a tampa realmente está fechada.


O retrovisor interno tem lente fotocrômica (com botão iluminado em verde para ativar ou inibir o recurso) e há duas luzes de leitura dianteiras, que são acompanhadas de dois discretos focos de iluminação que jogam luz discretamente para o console (e para o porta-objeto sob o apoio de braço, quando aberto). Os para-sóis (com o mesmo revestimento macio do forro de teto) trazem tampas que, ao serem levantadas, revelam espelhos e iluminação - que, no Accord, são brancas e estão nas duas bordas da área reflexiva. Aliás, quando deslocadas para cobrir as janelas laterais, estas sombreiras podem ser puxadas para trás. Também há quatro alças de teto retráteis (inclusive para o motorista) e mais um ponto de iluminação no forro de teto, direcionado para a traseira.


O Accord também dispõe de porta-óculos retrátil, com fundo emborrachado, e do teto solar elétrico, com persiana que desliza manualmente. O vidro desliza para dentro, entre a capota e o forro de teto. Ele pode ser acionado por um toque tanto na abertura quanto no fechamento, além de dispor da função tilt de levantamento da parte traseira. Com o teto aberto, um defletor dianteiro é levantado. Um detalhe interessante: quando o modo tilt do teto solar é acionado com o ar-condicionado operando no modo Auto, a recirculação de ar é automaticamente desligada.


Os botões físicos na parte esquerda do painel foram abolidos em nome de um visual mais minimalista. A parte inferior traz botão iluminado para abertura do porta-malas e, ao lado, alavanca para abertura do capô. O apoio para o pé esquerdo possui moldura emborrachada e o pedal do freio traz borracha, enquanto o pedal do acelerador vem em plástico. Diferentemente do Civic, o Accord não traz iluminação para os pés na dianteira ou feixes de iluminação ambiente nas portas.


A chave do Accord é bem semelhante a à do Civic Híbrido, trazendo em uma face o logo da Honda sobre superfície em preto-brilhante com o número correspondente da cópia: a "nossa" trazia o 1. No verso, há quatro botões, para travamento das portas (aciona o bipe uma vez e faz com que as janelas esquecidas abertas sejam fechadas, inclusive o teto solar; além disso, os retrovisores se recolhem eletricamente, caso a função esteja ativada), destravamento do veículo (aciona dois bipes; ao apertar e segurar este botão, as janelas e o teto solar são abertos), abertura da tampa do porta-malas (ao apertar e segurar o botão) e comando de partida remota do motor, permitindo o acionamento do ar-condicionado antes de entrar no veículo (só funciona se, primeiro, for apertado o botão de travamento e, em seguida, o botão da partida à distância for pressionado e segurado; depois, é necessário destravar o veículo e apertar o botão de partida para utilização normal do veículo). Existe ainda um pequeno botão que libera a lâmina a ser inserida nas fechaduras caso necessário. Se o Accord for destravado mas nenhuma porta for aberta, o veículo volta a ser trancado em 30 segundos. E se a chave for levada para um perímetro mais distante que 1,5 metro em torno do carro, o Accord é capaz de travar as portas (caso esta função esteja habilitada).

A porta do motorista concentra, próximo da maçaneta, os botões para alternar entre as duas posições de memória do banco do motorista e a função "Set" para salvar uma posição. Também estão presentes os comandos de ajustes e rebatimento elétrico dos retrovisores (o Accord possui, como exclusividade, a função tilt-down de ajuste para baixo do espelho do lado direito ao engatar a ré com o direcionador do retrovisor deslocado para a direita), além de travamento e destravamento das portas, bloqueio das janelas dos passageiros (inclusive do carona dianteiro; quando o bloqueio está ativo, o motorista só consegue operar sua janela, e as outras ficam inoperantes; a luz acende em âmbar) e operação dos vidros elétricos por um-toque na abertura e fechamento com a função anti-esmagamento (é permitido o acionamento das janelas e do teto solar até 45 segundos depois do desligamento do carro, desde que nenhuma porta seja aberta), bem como para a abertura da tampa do porta-malas. Todas as portas trazem maçanetas em prata-acetinado, travas mecânicas integradas e frisos em preto-brilhante. A porta do passageiro dianteiro também controla o travamento e destravamento do veículo; o travamento é automaticamente feito com o carro a 15 km/h. 

O banco do motorista conta com ajustes elétricos de altura (tanto da área das coxas quanto da parte da junção com o apoio das costas), de distância do assento e de inclinação do encosto, além da regulagem lombar (ausente do Civic) em duas direções longitudinais - que não é memorizada. Além disso, só no Accord é possível habilitar o banco para se mover para trás, facilitando a saída do motorista. O banco do passageiro também traz ajustes elétricos, mas somente para regulagem da distância do assento e inclinação do apoio das costas. Os encostos de cabeça são manualmente ajustáveis em altura, e os cintos dianteiros dispõem de pré-tensionadores e ajuste manual de altura. Os tapetes são de carpete, e na peça do motorista há duas presilhas que, ao serem giradas, podem ser liberadas ou travadas.

Para os ocupantes traseiros, o Accord traz duas saídas de ar traseiras direcionáveis e com vedação central, porta-revista atrás do banco do passageiro, além de três encostos de cabeça fixos (no Civic, são ajustáveis em altura), apoio de braço central em couro com dois generosos porta-copos e alças de teto, com um pequeno gancho fixo no lado esquerdo. O final do console também oferece mais duas entradas USB-C para carregamento de dispositivos eletrônicos, com molduras iluminadas. Na região do assento traseiro há uma abertura para ventilação da bateria de alta tensão. Como convém a um sedan executivo, a amplitude de espaço para pernas e cabeça é muito boa para ocupantes com 1,80 metro de altura, mesmo considerando o ressalto do forro de teto necessário para a operação do teto solar: é até possível cruzar as pernas atrás. No meio, há uma elevação no assento e o ressalto do túnel no assoalho toma um pouco do espaço das pernas, mas ainda assim a cabeça não encosta no teto. Os vidros descem quase até o final. Nas posições laterais do banco traseiro há fixações Isofix (cobertas por capas) e Top Tether (no tampão traseiro) para engate de cadeirinhas infantis.

O Accord se beneficia de seu porte maior para oferecer a capacidade de 574 litros para as bagagens. Como no Civic, o sedã grande dispõe de encosto do banco traseiro bipartido com alavancas para o rebatimento das duas partes, iluminação na parte superior, alças do tipo "pescoço-de-ganso" e abertura amortecida executada automaticamente, que faz com que a tampa levante por completo assim que o comando do destravamento é executado (pelo botão interno, por comando na chave ou pelo botão externo). O Accord traz, sob o forro dividido em três partes, o estepe de uso temporário (com roda de ferro de 17 polegadas e pneu 135/80, que deve ser calibrado com 60 psi e rodar a no máximo 80 km/h) acompanhado das ferramentas para troca do pneu, incluindo triângulo e até um funil para inserção de combustível. As laterais dispõem de dois ganchos nas laterais para alojar sacolas de até 3 quilos; além disso, a parte interna da tampa possui forração de carpete e um apoio para facilitar o ato de puxar e fechar.

O conjunto mecânico híbrido do Accord é composto por dois motores elétricos, sendo um responsável pela tração do veículo e outro destinado à geração de energia para a IPU (Intelligent Power Unit). Eles passam a ser posicionados com eixos paralelos e não mais em série, como no Civic. Além disso, o câmbio e-CVT também é novo e com maior capacidade de filtrar ruídos e vibrações; também é adotado um volante do motor com pré-amortecedor. O motor elétrico de tração continua a ter 184 cavalos, mas o torque aumentou, passando de 32,1 para 34,1 kgfm. Já o motor 2.0 a combustão, de quatro cilindros e 16 válvulas, de ciclo Atkinson, com duplo comando de válvulas no cabeçote e, agora, com injeção direta de gasolina, passa a entregar 19,2 kgfm a 4500 rpm (antes, 17,8 kgfm a 3500 rpm) e revela um ganho de potência para 146 cavalos a 6100 rpm (antes, 145 cv a 6000 rpm).

O propulsor a gasolina de 1993 cm³ trabalha à taxa de compressão de 13,9:1. Já a bateria de íons de lítio sob o banco traseiro tem a capacidade de 1,05 kWh. A tração é dianteira. O conjunto de suspensão na dianteira é independente do tipo McPherson, com barra estabilizadora. Atrás, há o esquema independente multi-link, também com barra estabilizadora. Um novo tipo de rolamento de coluna foi aplicado aos amortecedores dianteiros, além de novas juntas esféricas, que resultaram em uma redução de atrito de aproximadamente 33%. A bitola na traseira foi aumentada em 1 centímetro e foram adotadas novas buchas de suspensão, 10% maiores e com ângulo do eixo de rotação otimizado. Além disso, há um novo rolamento da coluna de direção. O Accord também dispõe do Motion Management System (MMS), dispositivo que monitora o funcionamento do conjunto mecânico, dos freios e da ação do motorista ao volante. Em condição de baixa aderência, o sistema pode aplicar força de frenagem visando a transferência de carga para o eixo dianteiro e, com isso, melhorar a aderência e a capacidade de tração, além de contribuir com um melhor nível de contorno de curvas, diminuindo a tendência ao subesterço.

No Accord, o capô é sustentado por amortecedor - diferentemente do Civic, que ainda exige o deslocamento manual da haste de sustentação. Também há manta de isolamento acústico. A bateria de 12 Volts tem a capacidade de 45 Ampères. A capa do motor a combustão é emborrachada e pode ser removida. Os freios são a disco nas quatro rodas, ventilados no eixo dianteiro e sólidos atrás.

O tanque de combustível tem a capacidade de 48,5 litros (no Civic Híbrido, são 40 L) e pode ser abastecido com gasolina comum (a partir de 91 octanas). Ao invés de tampa rosqueável, o bocal conta com duas partes que se movem ao serem empurradas.

No modo Sport, pedal do acelerador e direção passam a ter respostas diferenciadas, mais voltadas à condução esportiva, e o ronco do motor a gasolina é intensificado virtualmente pelos alto-falantes. O modo Normal traz uma relação mais equilibrada entre entrega de desempenho e economia. O modo Econ deixa as reações do veículo mais anestesiadas para contribuir com a economia, enquanto no modo Individual (exclusivo para o Accord) é possível ajustar entre os seguintes parâmetros: reações do trem de força (Econ, Normal ou Sport); assistência de direção (Normal ou Sport), funcionamento do piloto automático adaptativo (Econ ou Normal) e layout do quadro de instrumentos (Normal, com fundo escuro e aros em verde, ou Sport, com fundo vermelho e sem os aros do "medidor ambiental").

A carroceria recebeu reforços na parte dianteira, que traz barras que inibem deformação. A área inferior do para-brisa foi redesenhada, visando a redução da tensão e o direcionamento de cargas para áreas de maior rigidez, como as torres que abrigam os amortecedores dianteiros. A parede corta-fogo também foi reforçada no painel inferior e no túnel central. Na traseira, um conjunto de reforços forma um arco de maior resistência à torção. Na cabine, a segurança foi aprimorada por meio do redesenho das colunas laterais e das barras anti-intrusão das portas. 

No aspecto de segurança, a câmera de monitoramento frontal instalada na parte superior do para-brisa teve o ângulo de visão ampliado de 50º para 90º. Já o radar de ondas milimétricas instalado no logotipo frontal tem um pico de ângulo de varredura de 120 graus contra os 50º da geração anterior. Os airbags para motorista e passageiros trazem uma nova conformação que visa reduzir a rotação da cabeça em caso de colisões, diminuindo a possibilidade de lesões graves. Curiosamente, Accord e Civic dispõem de 8 airbags, mas a localização de duas das bolsas muda: só o Accord dispõe de bolsas infláveis para os joelhos dos ocupantes dianteiros, enquanto apenas no Civic há airbags laterais para os bancos traseiros. Em ambos, estão presentes também as bolsas de ar dianteiras, laterais para os ocupantes dianteiros e do tipo cortina. Outros equipamentos de itens de segurança do Accord são: controles de tração e estabilidade, assistente de partida em ladeiras, acionamento das luzes de emergência em frenagens severas, alerta de esquecimento de objetos no banco traseiro (se alguma das portas traseiras for aberta, e em até 10 minutos o carro for ligado, depois de desligar o veículo surge uma mensagem no quadro de instrumentos sugerindo para verificar o banco traseiro), além dos outros itens mencionados nesta matéria. 

Fabricado em Marysville (Ohio), nos Estados Unidos, o Accord Hybrid atualmente tem preço de R$ 332.400 e oficialmente possui três opções de cores no Brasil: Prata Esterlina (metálico), Preto Cristal (perolizado) e Branco Topázio (perolizado). Mas o carro do nosso test-drive conta com uma cor metálica exclusiva, chamada nos Estados Unidos de Meteorite Gray. Apesar de não ser oferecida regularmente, apuramos que outros exemplares de test-drive disponibilizados em concessionárias brasileiras também vieram nesta cor. O revestimento do interior traz os tons cinza-claro + preto nos exemplares com carroceria branca e predominantemente preto nos demais, inclusive no exemplar que dirigimos. O sedã possui 3 anos de garantia, sem limite de quilometragem, enquanto o conjunto elétrico (baterias e motores) tem garantia de 8 anos ou 160 mil quilômetros. A marca também oferece 2 anos de assistência técnica. No Brasil, o Accord é vendido em versão única, Touring.

Impressões ao dirigir

Assim como o Civic, o Accord é um carro que valoriza o posicionamento mais baixo e esportivo para o motorista, proporcionando uma posição muito agradável de condução. Ao contrário de outros sedãs executivos, que enchem de mimos os passageiros de trás, o Accord dá prioridade a quem faz questão de dirigir. O Honda dispõe de boas regulagens para a coluna de direção, o cinto e também o banco, que oferece muita maciez no encosto de cabeça e envolve bem o corpo nas coxas e laterais. Os principais comandos da cabine estão à mão e a modulação dos pedais é previsível e agradável.

O conjunto de direção (elétrica com duplo pinhão e relação variável) também é um dos destaques. A calibração da assistência é cômoda e precisa em baixas velocidades: o motorista exerce bem o controle do carro, sem leveza em excesso para não se perder o prumo. Além disso, a empunhadura do volante é excelente, com locais definidos para o encaixe das mãos. Nas velocidades mais altas e especialmente no modo Sport, é nítido que o "peso" aumenta - ainda assim, em um nível que não exige tanto esforço. Extremamente obediente e com 2,7 voltas de batente a batente, a direção tem reações rápidas, o que reforça o sentimento de diversão durante condução ágil - passando até mesmo a sensação inesperada de que o Accord não parece ser tão grande quanto realmente é. O diâmetro de giro é de 11,6 metros, 0,4 m a mais que no Civic.

Outro grande destaque é o silêncio dentro da cabine: o ruído de movimentação para pedestres, que pode ser escutado do lado de fora, é praticamente imperceptível dentro do carro com os vidros fechados. Levantando a tampa que cobre o número de chassi no assoalho do passageiro dianteiro (com revestimento que se complementa com a espuma do piso), é perceptível que o cuidado da Honda em atenuar barulhos foi pensado até nos pequenos detalhes. O liga-desliga do motor a combustão também ocorre de forma sutil durante a condução, com pouco barulho e vibração, sendo mais percebido pelas indicações do fluxo de energia ou da luz-espia EV. Observa-se razoável turbulência com o teto solar aberto a cerca de 90 km/h. No exemplar testado, ouvimos algumas vezes uma ressonância metálica vinda da parte dianteira.

O conjunto de suspensão se esforça para absorver com maciez as irregularidades do piso. No Accord, as rodas de 18 polegadas e os pneus de perfil um pouco mais baixo que no Civic (45 x 50) representam um leve sacrifício neste nível de conforto. Por outro lado, a estabilidade da carroceria transmitida em curvas e desvios de trajetória é surpreendente neste sedã grande.

O alcance dos faróis é excelente, mesmo do facho baixo. Além disso, a comutação automática do facho dos faróis ocorre de forma descomplicada, bastando deixar o seletor de luzes no modo Auto, sem necessidade de acionar um comando secundário ou deslocar a alavanca para ficar no posicionamento do farol alto, como ocorre em alguns carros. Momentos após o Accord passar por um trecho sem iluminação de postes, por exemplo, o facho mais forte é automaticamente acionado. Porém, sentimos falta de mais iluminações de cortesia na cabine do sedã grande da Honda. Modelos bem mais baratos contam com luzes ao abrir alguma das portas, ou variados focos de iluminação nos detalhes da cabine. De toda forma, os principais comandos e botões são iluminados.

A visibilidade da carroceria é, em geral, boa. Pelo para-brisa é possível ver as laterais do capô, e as palhetas ficam recolhidas na área não-transparente do vidro. A atuação delas (e dos esguichos) é admiravelmente silenciosa e eficiente, visando evitar o desperdício de água. Curiosamente, o reservatório do lavador possui a capacidade de apenas 1,5 litro. Os retrovisores possuem lentes de formato assimétrico entre si, pois no lado direito fica instalada a câmera de atenuação de ponto cego, mas, de todo modo, é possível ter boa noção do entorno do carro. A visão pelo espelho interno também é boa; os encostos de cabeça traseiros são fixos, mas eles interferem menos na vista do que se poderia supor em um primeiro momento. Porém, a definição da imagem das câmeras de ré e de visão da lateral-direita é nitidamente baixa, assim como no Civic. À noite, esta característica fica ainda mais evidente. Para os estacionamentos apertados, ajudam os sensores dianteiros e traseiros; quando eles estão acionados, a tela do quadro de instrumentos logo dá a opção para o desligamento dos bipes momentaneamente, sem ter que navegar por vários menus. 

O funcionamento do modo puramente elétrico do Accord conta com algumas particularidades. Se o carro estiver em velocidade relativamente alta, o quadro de instrumentos avisa ao motorista que ele deve reduzir a aceleração para poder entrar no modo EV. Além disso, quando o sistema considera que o nível de energia armazenado está baixo, o modo EV é cancelado. Na prática, por conta da capacidade limitada da bateria de íon-lítio, o modo elétrico é mais indicado para deslocamentos curtos e sem variações bruscas nas acelerações.

As aletas junto do volante fazem com que seja possível selecionar a intensidade da força de desaceleração assim que o pedal do acelerador é liberado. No nível máximo de regeneração de energia, o Accord reduz bastante a velocidade ao tirar o pé, mas, mesmo nesta situação, continua a se deslocar lentamente para a frente com o câmbio em Drive (não chega a ser, portanto, equivalente a um modo de condução por "um-pedal").

O freio de estacionamento eletrônico é automaticamente liberado quando o motorista estiver de cinto e acelerar levemente; este desacoplamento é feito de forma bem mais suave do que em outros carros da Honda que dirigimos recentemente. É possível ativar a aplicação automática do freio de estacionamento ao desligar o veículo. O Brake Hold atuou de forma satisfatória, aumentando o conforto para o pé direito durante a condução urbana, assim como o assistente de partida em ladeiras mostrou funcionamento dentro do esperado; além disso, mesmo em locais íngremes, o Accord dá conta de andar de ré com vigor. Curiosamente, é possível ligar o carro com o câmbio em neutro, muito embora a Honda recomende a partida em Parking.

O piloto automático adaptativo, que opera a partir de 30 km/h e pode atuar a até 180 km/h, funcionou de forma bem satisfatória, acelerando e desacelerando de forma suave e acompanhando o veículo identificado à frente até a parada total. O assistente de permanência em faixa, que funciona entre cerca de 72 km/h até 180 km/h, também atuou dentro do esperado, esterçando o volante para se manter dentro das demarcações da pista e advertindo o motorista sobre a necessidade de posicionar as mãos no aro da direção.

Como era de se esperar, o Accord não chegou a superar o Civic em nenhuma das nossas provas de desempenho, até porque o sedã maior possui nada menos que 176 quilos a mais e, em termos de torque, oferece somente 2 kgfm a mais com o motor elétrico e 0,1 kgfm adicional com o propulsor a combustão. De toda forma, a agilidade entregue pelo Accord também é surpreendente para um modelo de seu porte. Na aceleração de 0 a 100 km/h, feita no modo Sport sem interrupção do funcionamento do motor para passar a impressão de trocas de marcha, nosso resultado foi 1 segundo melhor do que no modo Normal - no qual estas interrupções ocorrem de forma mais constante. Aliás, no modo Sport, o barulho artificializado do motor (emulado pelos alto-falantes) é mais elevado - porém é um ronco em timbre constante, sem muito apelo emocional. Nas retomadas, optamos por utilizar o modo de condução Normal, exatamente da mesma forma que no Civic. Veja os dados coletados em pista sem tráfego de veículos, com ar-condicionado desligado, controles eletrônicos ativados, somente o motorista a bordo e cronometragem automática pelo aplicativo GPS Acceleration:

Aceleração de 0 a 100 km/h: 7,6 segundos
Retomada de 40 a 80 km/h: 4,3 segundos
Retomada de 60 a 100 km/h: 5,5 segundos
Retomada de 80 a 120 km/h: 6,5 segundos

Condições do teste

Temperatura externa: 35º C
Altitude (estimada): 71 metros
Pressão dos pneus: não disponível
Nível de combustível: 1/2 do tanque de gasolina e 1/2 de energia armazenada
Quilometragem do veículo durante os testes: 1488 km

Em termos de consumo de combustível, o Accord híbrido mostrou comedimento muito similar ao do atual Civic movido a gasolina e eletricidade. Estimando inicialmente uma autonomia de pouco mais de 400 quilômetros com tanque de combustível pouco acima da metade do nível, o carro rodou 256,5 km e apontou que poderia percorrer mais 160 km. Confira nossos resultados, rodando com ar-condicionado ligado o tempo todo, gasolina no tanque e modo Auto de gerenciamento do sistema híbrido:

Primeiro dia

Consumo de combustível médio: 16,6 km/l
Distância percorrida: 140,9 km
Velocidade média (estimada): 25 km/h

Segundo dia (média anterior resetada)

Consumo de combustível médio: 14,3 km/l
Distância percorrida: 115,6 km
Velocidade média (estimada): 16 km/h

Para concluir...


Em sua atual geração, o Honda Accord Hybrid demonstra que possui enorme potencial para conquistar o exigente público que faz questão de um sedan grande na garagem. Oferece desempenho de sobra, mas o motorista é tão bem-acolhido dentro da cabine que pode nem sentir necessidade de andar rápido; ao invés disso, prefere o silêncio e o conforto ao rodar. É um modelo pensado para quem ainda faz questão de dirigir seu próprio carro e que, com o conjunto mecânico híbrido, concilia virtudes raras de serem encontradas em um único veículo: baixo consumo de gasolina, entrega ágil de torque e ampla autonomia.

Vem conferir a Galeria de Fotos do Honda Accord Hybrid!








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