BMW Série 3, 45 anos: como é dirigir o 320i E90 2011!


Fotos e texto | Júlio Max, de Teresina - Piauí
Matéria feita em parceria com @showcarsthe

O BMW Série 3 completa 45 anos em 2020: de junho de 1975, quando foi lançado, até hoje, o sedã teve sete gerações, todas conhecidas por um código diferente (linguagem comum na Europa e EUA, que facilita saber de que modelo se trata). Do mais antigo ao mais recente, as gerações foram: E21, E30, E36, E46, E90, F30 e G20. Vale ressaltar que os códigos para outros tipos de carroceria da linhagem Série 3 (peruas, cupês e conversíveis) são diferentes.

Foto: Divulgação
O Série 3 nasceu como um sedã de duas portas e posteriormente estreou uma carroceria conversível. A geração E30 foi a primeira a ter as opções de sedã de 4 portas - o modelo de duas portas passou a ser tratado como cupê - e perua (Touring). Também estreou o primeiro esportivo, o M3. O E36 acrescentou à linha um modelo notchback (um hatch com traseira ligeiramente saliente), o Compact - as carrocerias sedã, cupê, conversível, perua e notchback foram mantidas no E46. Com o lançamento do BMW Série 1, o Série 3 E90 deixou de ter uma opção de traseira curta, mas na geração F30 passou a ter o modelo GT, um crossover com traseira ao estilo fastback. Foi nesta geração em que os modelos cupê e conversível saíram da insígnia "3", passando a pertencerem à linhagem Série 4. Por fim, a atual geração, G20, possui carrocerias sedã, sedã alongado (para o mercado chinês) e station wagon.

No Brasil, importar automóveis foi proibido entre 1976 e 1990. Portanto, encontrar um Série 3 fabricados neste intervalo de tempo em nosso País é muito raro. Alguns - muito ricos e com alguma influência - poderiam comprar um desses depois do veículo ter sido trazido pela embaixada de outro país.


Quando o mercado reabriu para os carros importados, o Série 3 estava estreando sua geração E36. Não demorou para o modelo, alinhadíssimo com o que se podia comprar na Europa ou nos Estados Unidos, se tornar um dos carros estrangeiros mais vendidos no Brasil. De 1990 para cá, todas as gerações do Série 3 (pelo menos do sedã) foram vendidas em nosso País.


O E36 durou até 1998. Depois vieram o E46 e o E90, a quinta geração, que foi produzida entre 2004 e 2013, e é o tema desta matéria. O exemplar das imagens é da versão 320i, ano-modelo 2011, versão Joy.


Na época em que esta geração foi lançada, existiam fortes críticas em relação ao estilo externo dos então novos BMW: modelos como o Série 7 e Z4 viraram alvos de zombaria por parte de designers e do público em geral. A montadora alemã preferiu adotar um estilo mais conservador para o Série 3, que afinal, era (e ainda é) seu carro-chefe em diversas localidades do mundo. O sedã passou por uma reestilização de meio-ciclo de geração em 2008.


O Série 3 E90 passou a ter faróis com desenho interno mais atraente, que incorporavam as luzes em torno de aros que ficaram popularmente conhecidas como "angel eyes" e estão acompanhados de lavadores. O para-choque passou a trazer grade maior e alojamentos mais arrojados para os faróis de neblina. Na traseira, as lanternas, antes com estilo insosso, receberam recorte mais ousado.


Este exemplar possui algumas modificações. Na parte externa, o sedã desfila com rodas de 19 polegadas e os filetes da grade nas cores azul-claro, azul-escuro e vermelho da divisão M da BMW; também foram adicionados LEDs, faróis de neblina com xenônio, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, piscas laterais sequenciais e escape esportivo. Atrás, o carro também tem câmera de ré e engate para reboque.


Já o interior recebeu um console para a acomodação de um sistema multimídia, com tela colorida, DVD player, GPS e indicação de porta aberta, no lugar do rádio convencional. Houve a devida realocação dos comandos de ar-condicionado mais para baixo. 


Ajustável em altura e profundidade, o volante possui teclas de comando de som, voz e um curioso atalho para a recirculação do ar.


Tradicionalíssimo, o quadro de instrumentos é majoritariamente analógico, com duas pequenas telas digitais entre os indicadores concêntricos. À esquerda estão o velocímetro e o indicador do nível de combustível; do outro lado, o conta-giros e o indicador de consumo instantâneo, em litros por 100 km; portanto, quanto mais próximo de zero, mais o carro está sendo econômico. Ao centro, as duas telas mostram informações variadas do carro (como quilometragem, temperatura externa, posição de câmbio) e também exibem avisos como o de perda de pressão dos pneus.


O padrão de acabamento da geração E90 do Série 3 não deve praticamente nada aos modelos atuais, com teto moldado em tecido, materiais macios ao toque no painel, portas (inclusive na parte de baixo) e até na tampa do porta-luvas, bem como bancos de couro e veludo dentro do porta-luvas. Porém alguns porta-trecos, como os das portas, são de plástico duro.


O teto conta com luzes de leitura ao estilo dos aviões na dianteira e na parte central, enquanto os para-sóis contam com lâmpadas que acendem quando a tampa do espelho é aberta.


Este 320i possui motor 2.0 aspirado de quatro cilindros, 156 cavalos a 6400 rpm e 20,4 kgfm a 3600 rpm, aliado ao câmbio automático de 6 marchas com modo Sport e sequencial. A tração é traseira, os freios são a disco nas 4 rodas e a suspensão é independente nas quatro rodas.


Em termos de segurança, o Série 3 conta com airbags frontais, laterais nos bancos dianteiros e de cortina, alerta sonoro do não-uso do cinto de segurança do motorista, freios ABS com EBD e controle dinâmico de tração (DTC).

Impressões ao volante


A chave do 320i é bonita e até lembra a dos BMW de hoje. O botão de partida está acessível às mãos, logo à direita do quadro de instrumentos. Mas para dar partida no motor é preciso encaixar a chave no alojamento da ignição, pois ela não é presencial.


Feita a partida, o ronco deste exemplar, bem mais esportivo com a modificação do escape, atrai olhares das pessoas ao redor. Só que este 320i mais rosna do que ataca, pois o motor 2.0, sem auxílio de turbocompressor nem injeção direta de combustível, demanda rotação elevada para render. Isso pode ser facilitado ao colocar o câmbio na posição Sport (no qual as trocas de marcha são feitas a quase 7000 rpm) ou no modo manual - mas aí o BMW cobra seu preço diante da bomba de combustível.


Se o motor não é capaz de impressionar o motorista em termos de performance, o câmbio automático é bastante competente, fazendo trocas de marcha de forma praticamente imperceptível - num carro de quase 10 anos! - e quando solicitado no modo manual, as trocas são até ágeis.


A direção, com assistência eletro-hidráulica, demanda mais esforço em manobras do que as gerações mais recentes do Série 3. Mas o volante tem formato bem anatômico e agradável, assim como o curso dos pedais - o sedã traz o pedal do acelerador preso pela base, e o que se movimenta é a parte superior.


A dirigibilidade é boa, com posição de dirigir baixa e um pouco esticada. Uma peculiaridade são as regulagens de altura do assento e inclinação do encosto do banco do motorista, por alavancas manuais, mas que podem ser ajustadas muito mais rápido do que com os comandos elétricos.


Com a suspensão independente nas quatro rodas, o 320i tem estabilidade excepcional em curvas para um carro de sua era, principalmente considerando que sua tração é traseira, e mesmo com as rodas de 19 polegadas ainda há um relativo bom nível de conforto. Só que nas lombadas, este exemplar raspa um pouco.


No Brasil, o Série 3 E90 abriu caminho para o F30 em 2012. Nas reformulações mais recentes, o sedã da BMW ganhou bastante em itens de tecnologia e comodidade, mas em termos de proporções de carroceria e acabamento, as gerações seguintes ao E90 evoluíram sem revolucionar. E a fórmula "motor montado em posição longitudinal + tração traseira" foi preservada em todas as gerações até hoje, 45 anos depois do primeiro Série 3.

Vem conferir mais fotos do BMW Série 3 320i Joy modelo 2011!



Comentários