Primeiro Jeep civil, Willys CJ-2A completa 75 anos


Há 75 anos, no dia 17 de julho de 1945, a Willys começava a produção do primeiro veículo civil da Jeep, o CJ-2A. O modelo também foi o primeiro a exibir grade dianteira com sete fendas, uma marca registrada dos veículos da marca até hoje (os Jeeps militares tinham 9 ou mais fendas). O CJ-2A teve uma vida relativamente curta, de quatro anos. Mas ele deu origem aos Jeep CJ (abreviação de civilian jeep, ou Jeep civil) que seguiu até a década de 1980.



Com 214.760 unidades fabricadas, o CJ-2A se parecia muito com o Willys MB, o jipe da Segunda Guerra Mundial. Algumas características o distinguiam, como a porta traseira, o posicionamento do estepe (no modelo civil, fica no para-lama traseiro direito), os faróis maiores, a grade com duas fendas a menos que no modelo militar e a tampa de combustível externa no modelo civil. O câmbio manual de três marchas T-90 substituiu o T-84 do MB, mas o motor 2.2 de quatro cilindros em linha "Go-Devil" foi mantido. Vários recursos do CJ-2A, como o conjunto mecânico, a caixa de transferência Spicer 18 e os eixos flutuantes (Dana 25 na frente e Dana 23-2 atrás) foram mantidos em outros Jeep's nos anos seguintes.


Os anúncios da Willys da época ressaltavam sua utilidade como veículo de trabalho para agricultores e trabalhadores da construção. O CJ-2A podia receber bancos extras (de passageiro na frente e traseiros), tomadas de força para implementos agrícolas, guincho, removedor de neve e outras ferramentas. Outros opcionais eram: retrovisor central, capota de lona, ​​guincho, elevador hidráulico traseiro, cortador de grama, limpadores de para-brisa duplos a vácuo, lanternas traseiras duplas, aquecedor, degraus laterais e protetor da escova do radiador.


O CJ-2A deu origem à extensa família CJ, de modelos de carroceria compacta, fabricados até o ano de 1986. Em 1949 chegou o segundo membro desta linhagem, o CJ-3A, que passou a ter para-brisa de peça única (antes era dividido em duas partes) e eixo traseiro mais resistente, mantendo o motor original.


O Jeep foi atualizado em 1953, tornando-se o CJ-3B. No ano seguinte, começou a ser montado em São Bernardo do Campo (SP) pela Willys-Overland do Brasil. Grade frontal e capô eram mais altos, a fim de acomodar o motor 2.2 de quatro cilindros Hurricane. O CJ-3B permaneceu em produção até 1968 e um total de 155.494 unidades foram fabricadas nos Estados Unidos.


Em 1953, a Willys-Overland foi vendida para Henry J. Kaiser por US$ 60 milhões. A Kaiser Company iniciou um programa de pesquisa e desenvolvimento para a ampliação da gama de produtos Jeep. Dois anos depois, a companhia introduziu o CJ-5, baseado no M-38A1 de 1951, usado na Guerra da Coreia. Em relação ao CJ-3B, tinha distância entre eixos e comprimento total maiores.


Melhorias no motor, eixos, câmbio e nível de conforto fizeram do CJ-5 um modelo atraente para o crescente interesse do público em veículos fora-de-estrada. As linhas de estilo foram suavizadas, incluindo contornos arredondados da carroceria. Mais de 600 mil unidades foram contabilizadas até o final da produção em 1983. No Brasil, o CJ-5 foi fabricado de 1957 a 1982. Houve também o CJ-6, com entre eixos alongado (2,56 metros), lançado em 1956 e produzido até 1975. Quase idêntico ao CJ-5, ele podia ter quatro portas. Em nosso País ele ganhou o apelido de “Bernardão”, em referência à cidade paulista de São Bernardo do Campo, onde era fabricado.


Em 1965, o motor V6 Dauntless foi introduzido como opção tanto para o CJ-5 quanto para o CJ-6. Com 155 cavalos, quase dobrou a potência do propulsor de linha, de quatro cilindros. Foi a primeira vez que um Jeep CJ pôde ser equipado com um V6.


Em 1970, a Kaiser Jeep foi adquirida pela American Motors Corporation (AMC). Em 1978, a produção total de veículos Jeep chegaria a 600 veículos por dia – mais de três vezes a produção no início da década. A partir de 1973, todos os CJs tinham motor V8 da AMC (5.0 ou 5.9). O CJ-5 e o CJ-6 receberam eixos mais robustos, freios maiores e bitola mais larga.


A primeira grande mudança no design da Jeep em 20 anos veio em 1976, com o CJ-7. A distância entre eixos era 25 centímetros maior que o CJ-5, para que houvesse espaço para a instalação do câmbio automático, preferência nacional dos Estados Unidos. Pela primeira vez, o CJ-7 ofereceu teto de plástico moldado e portas de aço como opcionais. O CJ-7 (com entre eixos de 2,37 metros) e o CJ-5 (com 2,12 metros) foram produzidos até 1983, quando a demanda pelo modelo maior deixou a AMC sem escolha a não ser tirar de linha o CJ-5, após 30 anos de produção.


O Scrambler, introduzido em 1981, era ​​semelhante ao CJ-7, mas com maior distância entre eixos. Conhecido internacionalmente como CJ-8, estava disponível nas versões com teto removível ou com capota. Menos de 30 mil Scramblers foram fabricados até 1985, tornando-os populares entre colecionadores. O Jeep CJ-7 foi substituído em 1986 pelo Jeep Wrangler, que trouxe mais tecnologia preservando elementos do estilo tradicional. O modelo segue evoluindo no mercado até hoje, estando na quarta geração e tendo também uma irmã picape, a Gladiator, lançada em 2018.

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