Test-Drive: Uma volta no CAOA Chery Arrizo 6 GSX

Os últimos anos foram de mudança total para a Chery no nosso mercado. A marca, que até 2017 buscava espaço no mercado com modelos baratos, como QQ e Cielo, passou a adotar uma estratégia de oferecer carros de maior valor agregado após ser adquirida pela CAOA. A marca atualmente possui no Brasil uma gama de utilitários (Tiggo 2, Tiggo 5X, Tiggo 7 e Tiggo 8) e sedãs (Arrizo 5 e Arrizo 6).

O Arrizo 6 começou a ser recentemente produzido em Jacareí (São Paulo) e busca ser a opção com o pacote de equipamentos mais atraente do segmento. O preço de lançamento de sua versão única GSX (R$ 98.400) é equivalente ao das versões mais básicas de Corolla, Civic e Cruze, modelos bem mais conhecidos... porém bem menos equipados.

Pessoalmente, o Arrizo 6 é mais bonito e proporcional que o Arrizo 5, trazendo frisos cromados na frente e na traseira que reforçam a maior horizontalidade de suas linhas. A frente se destaca pela ampla área em preto-brilhante que envolve capô e parte central do para-choque. Os faróis trazem projetores e luzes de LED. Já as lanternas são mais compridas que as do Arrizo 5 e a placa fica junto ao para-choque no sedã maior. Com as rodas de 17 polegadas e pneus 205/50, ele parece mais proporcional do que rivais que utilizam rodas de 16 polegadas. 

O interior causa boa impressão e praticamente em nada lembra o Arrizo 5. Em termos de acabamento, o Arrizo 6 chega a ser superior que o já bom Tiggo 5X, trazendo forro de teto moldado em tecido macio, plásticos macios ao toque nas partes superiores do painel e portas dianteiras, além de couro nas quatro portas, apoios de braço, bancos e painel, com costuras que contrastam com o tom preto deste revestimento. 

O quadro de instrumentos tem uma graduação muito curiosa. O velocímetro analógico tem marcação até 120 km/h, para e depois continua a partir de 140 km/h. Andando acima de 120 km/h, o velocímetro digital muda a cor de branco para vermelho, sugerindo que a velocidade está acima do permitido. O conta-giros possui lógica similar: tem uma graduação até 3 mil rpm, indicando a rotação em que o motor menos consome combustível e é menos exigido, e retoma a partir de 4 mil rpm. 

Na tela colorida de 7 polegadas do computador de bordo, a marca preferiu menos menus para encontrar informações. Sempre são exibidos, no canto superior, data e hora; abaixo, são mostrados nível de combustível, marcador de temperatura do motor, posição do câmbio e quilometragem, e o velocímetro digital também é "constante". O motorista pode escolher entre verificar a temperatura e pressão individual dos pneus, as informações de computador de bordo (consumo médio, consumo instantâneo, distância percorrida e autonomia estimada) e as informações de som. Avisos como o de porta aberta também são exibidos nesta tela, que pode assumir três cores de layout: azul, vermelho ou amarelado.

O sistema multimídia conta com tela de 9 polegadas sensível ao toque com alguns comandos físicos logo abaixo. É possível espelhar Apple CarPlay sem fio, enquanto o Android Auto é operável apenas por cabo. À frente da alavanca de câmbio existe uma tampa que, quando aberta, revela duas entradas USB e uma tomada de 12 Volts. O sistema de som conta com seis alto-falantes. 

Pela tela da central multimídia também é possível conferir o manual do proprietário e as câmeras de visão em 360 graus, que formam uma visão aérea que automaticamente se aproxima na direção em que se dá seta. Estas câmeras ficam ativas a até 30 km/h e você pode a qualquer momento selecionar qual imagem quer ver: frente, retrovisor esquerdo, retrovisor direito ou câmera de ré. Além deste suporte, o modelo traz sensor de estacionamento traseiro.

Os comandos do ar-condicionado, instalados em uma base plana e preta sensível ao toque com dois comandos giratórios sobressaindo do conjunto, lembra os modelos mais recentes da Land Rover, assim como a cobertura retrátil dos porta-objetos do console central. Nele existe um nicho adequado a guardar um celular, além de dois porta-copos e mais um alojamento. O apoio de braço dianteiro pode ser deslizado para a frente e esconde um porta-objetos, porém seu interior é todo de plástico duro, o que pode ocasionar barulhinhos.

A chave, presencial, é semelhante à do Arrizo 5 e de outros modelos da CAOA Chery com a mesma funcionalidade. Nela há botões para travamento e destravamento das portas, além da abertura da tampa do porta-malas, e uma lâmina embutida para inserir manualmente na fechadura para abertura em caso de bateria fraca.

Outras comodidades do Arrizo 6 são o teto solar elétrico com função tilt e deslizamento por completo, retrovisores elétricos com rebatimento elétrico, acendimento automático dos faróis, controlador de velocidade de cruzeiro, banco do motorista ajustável em altura, tapetes em carpete, vidros elétricos com função um-toque e anti-esmagamento, além de luzes ambiente em tom azul.

Ainda falando da parte interna, chama a atenção o espaço disponível para os passageiros. Mesmo com o teto solar com vidro que desliza para dentro da capota, a parte traseira oferece bom espaço para a cabeça de quem possui cerca de 1,80 metro de altura. Mas o destaque mesmo é o espaço para pernas: dá para esticá-las bem e mesmo quem senta ao meio não terá que ficar encolhido em demasia, pois o túnel é razoavelmente baixo. Para quem senta atrás, também há dois porta-revistas, duas saídas de ar e uma entrada USB (exclusiva para carregamento).

E o porta-malas oferece a capacidade de nada menos que 570 litros, a maior do segmento. Às custas, é verdade, de um estepe fino, para ser usado em emergência. O local conta com iluminação central e a tampa traz uma pequena alavanca laranja anti-sequestro.

Mas o Arrizo 6 também tem seus deslizes. O volante só ajusta em altura e o porta-luvas não é iluminado, assim como os para-sóis (apesar destes terem espelhos). A CAOA Chery deveria considerar modificar o layout do sistema multimídia, que não condiz com a categoria do carro, por ter caracteres simplórios que não conversam com o estilo do quadro de instrumentos e bipes de confirmação que lembram aparelhos baratos. Além disso, o controle de volume demanda que se apertem em demasia os botões, sem um comando giratório. A definição das câmeras é nitidamente baixa, apesar da utilidade do sistema. O ar-condicionado não tem modo automático nem regulagem numérica da temperatura, o que chega a ser estranho para um aparelho operado por tela sensível ao toque. 

Outro ponto que poderia ser revisto: quando o motorista aperta o botão de travamento das portas, nenhum dos passageiros consegue abri-la por dentro, um risco em casos de acidente com motorista incapacitado ou mesmo no caso de algum mal-intencionado planejar que o passageiro permaneça dentro do veículo.

O motor 1.5 Acteco VVT Turbo Flex tem rendimento de 147 cavalos com gasolina e 150 cv com etanol. O torque de 21,4 kgfm é o mesmo com qualquer um dos combustíveis. Apesar do Arrizo 6 ser maior e mais pesado (com 1364 quilos), a força é satisfatória, ainda que o torque surja por inteiro a 4000 rpm, rotação considerada alta para os atuais padrões de entrega de força de motores turbindos. Vale comentar que este motor, assim como os 1.0 e 1.2 turbinados da Chevrolet, não aderiu à injeção direta de combustível. O capô conta com manta de isolamento acústico.

Tanto o motor quanto o câmbio automático continuamente variável CVT de 9 marchas virtuais são idênticos aos do Arrizo 5. No Arrizo 6, há um botão mais visível para alternar entre os modos Sport e Eco de gerenciamento da transmissão.

No test-drive feito pelo Auto REALIDADE, o Arrizo 6 surpreendeu. Sua direção é muito cômoda em manobras e progressiva em velocidade, e o volante é ergonômico. Quando o motorista desliga o carro com o câmbio na posição P, o freio de estacionamento arma automaticamente - para liberá-lo, bastam cerca de 2 segundos puxando o botão para cima. O modelo também conta com a útil função do Auto Hold, que dispensa a necessidade de manter o pé no freio nas paradas quando acionado. Quando este sistema está ativo, o motorista vai sentir que precisa acelerar um pouco mais para o veículo sair da imobilidade, como é comum em modelos desta faixa de preço com o dispositivo.

A suspensão até que proporciona conforto, ainda que esteja um pouco aquém da absorção de impactos de outros modelos do mesmo segmento. Em termos de comodidade, merecem destaque os bancos dianteiros, que contam com boas abas laterais para o corpo. A visibilidade é boa nos espelhos externos, porém apenas razoável no retrovisor interno, que ainda possui uma haste demasiadamente grande para a função dia/noite. 

O câmbio se destaca pelas mudanças nas trocas simuladas no modo sequencial, acionado por trilho na própria alavanca. Normalmente, as trocas são imperceptíveis, a menos que se pise fundo no acelerador, quando a transmissão chega a mudar as marchas automaticamente (mesmo no modo manual) ao perceber que o motorista precisa de mais força, mas não executou a mudança de marcha.

Em termos de segurança, o Arrizo 6 conta com 6 airbags (frontais, laterais e de cortina), controles de tração e estabilidade, assistente de partida em subidas, freios a disco nas quatro rodas, acedimento do pisca-alerta em frenagem de emergência, alerta do não-uso do cinto do motorista e do passageiro dianteiro, alças de teto, alarme perimétrico, cintos de 3 pontos e apoios de cabeça para todos os ocupantes, além das fixações ISOFIX para cadeirinhas infantis. 

Disponível nas cores preto, branco (sólidas), cinza, prata (metálicas) e branco perolizado, o Arrizo 6 tem preço de lançamento de R$ 98.400. Nos próximos meses, o valor será reajustado para R$ 108.750. Segundo a marca, os valores das revisões vão de R$ 478,23 (10 mil quilômetros) a R$ 552,97 (60 mil quilômetros), valores que incluem os custos de lubrificantes, peças e mão de obra. O sedan conta com três anos de garantia e cinco anos de cobertura para motor e câmbio.

Vem conferir a Galeria de Fotos do CAOA Chery Arrizo 6 GSX 1.5 Turbo!

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