FCA e TIM firmam acordo para internet a bordo [Coluna Fernando Calmon]


Depois de negociações longamente amadurecidas, a FCA e a operadora de telefonia celular TIM fizeram um acordo para que a nova central multimídia de 7 pol. Uconnect receba um chip para internet com Wi-Fi a bordo. Essa informação ainda não se tornou pública. Segundo minha fonte, isso deve acontecer em outubro para as marcas Fiat e Jeep.

A central Uconnect, a primeira no Brasil que permite conexão sem fio para celulares e que facilita o uso de aplicativos de rotas como Waze, Google Maps ou Here tanto para telefones com o sistema operacional Android quanto iOS (Apple), foi anunciada como exclusividade da nova picape Strada. Outra vantagem desse sistema é que uma vez feita a primeira conexão, as posteriores são automáticas. Então, se você esqueceu ou extraviou o cabo não há problema para usar os aplicativos de rota tão úteis.


A pandemia, no entanto, atrasou os planos de produção da Strada. O SUV cupê Nivus, cuja produção começou na semana passada, poderia chegar às concessionárias alguns dias antes e a nova central VW Play oferece a mesma facilidade. Mas a Fiat já começou a oferecer a Uconnect também na Fiat Toro, garantindo a primazia.


A GM foi a primeira no Brasil a oferecer internet a bordo no Cruze, Onix, Onix Plus e Tracker. O chip tem custo de utilização, cobrado à parte pela operadora.

CONFIANÇA, BOLSA E DÓLAR ALIVIAM PESSIMISMO GERAL


O balanço de vendas, produção e exportações, como se esperava, foi bastante negativo em maio. As quedas em relação ao período de janeiro a maio de 2019 alcançaram, respectivamente, 37,7%, 49,2% e 44,9%. Além de grande parte das concessionárias com seus departamentos de vendas presenciais fechados, os principais Detrans do País continuaram sem executar os emplacamentos em razão da pandemia do Covid-19. 

No entanto, um dado interessante não passou despercebido na videoconferência mensal da Anfavea com os jornalistas. Pesquisa do índice de confiança do consumidor, no contexto de macroeconomia, inverteu a curva de queda pela primeira vez desde que começou a cair fortemente no início do ano.

Para o presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes, “as primeiras autorizações para reabertura parcial do comércio e das concessionárias juntaram-se à esperança da volta gradativa do trabalho e da produção. A impressão é de que se chegou ao fundo do poço. Muda a percepção da sociedade em relação ao futuro. A economia de um país vive também de expectativas”.


Os estoques na soma de concessionárias e pátios dos fabricantes, ainda muito altos, diminuíram bem de 119 para 97 dias, ainda assim quase três vezes superiores ao normal.

Outros dois indicadores econômicos, porém, mostram surpresas animadoras. As quedas na bolsa de valores de São Paulo em 2020 reduziram-se para 15% (depois de afundar cerca de 50% no começo da pandemia); em relação a um ano atrás as perdas foram zeradas. O valor do dólar recuou de quase R$ 6,00, no pico do pessimismo, para R$ 4,90 no começo desta semana, aliviando pressões de custos que vêm sendo repassados parcialmente para os preços dos veículos.

Uma linha de crédito especial negociada entre o governo e os bancos ligados aos fabricantes de veículos também dará suporte a prazos mais elásticos de financiamentos ao consumidor e às concessionárias. Deve continuar a tendência de postergação das primeiras prestações, em alguns casos por seis meses ou mais. Isso dá tempo ao comprador para reorganizar seu orçamento.

A Anfavea também reviu sua projeção de venda anual. Estimou a queda em 2020 sobre 2019 em 40%, ainda sem previsões sobre produção e exportação por depender da reação do mercado dos países clientes do Brasil.

MERCADO MUNDIAL DE CARROS ELÉTRICOS


O coronavírus também impactou as perspectivas de curto prazo para veículos elétricos puros (VEs), aqueles movidos só a bateria. A queda brutal do preço do petróleo (agora em recuperação) tirou competividade de fontes alternativas limpas a partir das energias solar e eólica.

De janeiro a abril, o maior mercado de VEs do mundo, o chinês, caiu 50% enquanto a venda geral encolheu 35%. Os dados são da LMC Automotive, parceira da consultoria brasileira Carcon. Mas para esse ponto negativo há outros positivos. Na Europa, por exemplo, enquanto o mercado geral de veículos caiu no mesmo período 36% (quase igual ao Brasil de janeiro a maio), os elétricos subiram 38%, embora a partir de números muito baixos de participação, o que gera distorções estatísticas.

Muitos governos europeus estão subsidiando a compra de um VE. O governo francês, por exemplo, aumentou o incentivo para 7.000 euros (R$ 40.000) para pessoas físicas, o que além de elevado não parece sustentável. Outro resultado positivo foi na América do Norte: a queda de venda dos elétricos de 17% foi um pouco menor que o encolhimento total do mercado (21%).

Mas a consultoria não mudou sua projeção para 2032. Estima que serão vendidos 18 milhões de carros elétricos em todo o mundo, aproximadamente 16 % do mercado global anual, sem incluir os híbridos. 

Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e  de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

www.fernandocalmon.com.br

Comentários