Os carros que deram adeus ao Brasil em 2022

Ao longo do ano de 2022, diversos modelos deixaram de ser importados ou produzidos em nosso País. Relembre os automóveis que já não são mais encontrados nas concessionárias: 

BMW X2 (2018 - 2022)

Apresentado como uma alternativa mais estilosa diante do BMW X1 de segunda geração, o X2 tinha visual mais ousado e posição de dirigir mais assentada ao solo. Chegou com motor 2.0 de 192 cavalos, mas pouco depois passou a ter a opção do chocho 1.5 Turbo Flex de 136 cv na versão sDrive18i. Já em 2019, o X2 M35i chegou com 306 cavalos e tração nas quatro rodas. As importações do X2 para o Brasil foram encerradas e não existe indício de que o modelo retorne em sua atual geração, visto que ele deve passar por atualizações na Europa - da mesma forma que o X1, que estreia sua nova geração no Brasil em 2023.

CAOA Chery Tiggo 2 (2018 - 2022)

Um dos primeiros modelos que passou a ser oferecido no Brasil após o início das operações da CAOA Chery no País, o Tiggo 2 era um aventureiro compacto baseado no hatch Celer, que havia saído de cena em 2018. Com maior valor agregado, pacote mais recheado de equipamentos e pertencente ao segmento "da moda", o Tiggo 2 teve poucas modificações nos quatro anos em que foi comercializado. 

Mesmo depois do lançamento do Tiggo 3x em meados de 2021 (este modelo seria, em tese, seu sucessor), o veterano lançado em 2018 seguiu firme no mercado, sendo a alternativa de entrada da CAOA Chery em nosso mercado. O Tiggo 2 saiu de cena discretamente em fevereiro deste ano, pois seu conjunto mecânico já não atendia às normativas do Proconve L7.

CAOA Chery Tiggo 3x (2021 - 2022)

Este sem dúvidas foi o fim de linha mais inesperado desta lista. Apresentado ao Brasil em junho de 2021, o Tiggo 3x foi repaginado em relação ao Tiggo 2, recebendo novo visual, painel remodelado, novos equipamentos e um motor 1.0 Turbo Flex desenvolvido exclusivamente para o mercado nacional. Mas a CAOA Chery acabou encerrando as atividades da fábrica de Jacareí (SP) em maio deste ano, sem aviso prévio e sem previsão de retorno, como parte de seus planos de oferecer somente veículos eletrificados em nosso País até o final de 2023. Foi o decreto do óbito do Tiggo 3x, menos de um ano depois do início de suas vendas. O sedã Arrizo 6 Pro, que também era produzido em Jacareí, voltou a ser importado da China.

Chevrolet Joy (2016 - 2022)

Visando suprir a falta dos veteranos Celta e Classic em seu portfólio, a Chevrolet lançou em 2016 o Onix Joy e o Prisma Joy. Na época, o restante da linha Onix e Prisma havia passado por uma reestilização, porém os modelos Joy não tiveram o visual atualizado, e, portanto, eram visualmente parecidos com o hatch lançado em 2012 e com o sedã apresentado em 2013. Mas ambos incorporaram melhorias mecânicas que também foram introduzidas nas versões mais caras, como direção elétrica progressiva, câmbio manual com 6 marchas à frente e motor 1.0 SPE/4 atualizado para economizar combustível. Para custarem menos, Onix Joy e Prisma Joy tiveram o quadro de instrumentos alterado para exibir a cor âmbar (que dispensava o regulador do brilho da instrumentação) e os comandos dos vidros elétricos passaram a ficar alojados no console entre os bancos dianteiros.

Em 2018, a dupla ganhou faróis com máscara negra, lanternas fumê, calotas e tecidos dos bancos da versão LT 1.0, adesivo preto-fosco na coluna das janelas laterais, cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça para todos no banco traseiro, além da preparação para som. No ano de 2019, veio a última atualização para os modelos. Com a chegada dos novos Onix e Onix Plus, o Onix Joy foi rebatizado apenas como Joy, enquanto o Prisma Joy aderiu à designação "Joy Plus". Ambos passavam a ter o visual da reestilização de 2016 e, opcionalmente, era possível equipá-los com o pacote Black, que incluía luzes de posição diurna em LED, rodas de 15 polegadas com calotas escurecidas (as mesmas da versão Advantage), maçanetas externas na cor da carroceria, bancos em mescla de tecido e material sintético, gravatinha da Chevrolet com fundo preto, além de molduras da grade e capas dos retrovisores pintadas em preto brilhante. Tempos depois, o pacote Black passou a vir de fábrica nos dois modelos. Depois do fim da comercialização no Brasil, a produção do Joy foi transferida para a Colômbia, em abril deste ano.

Honda WR-V (2017 - 2022)

Em 2012, a Honda decidiu oferecer no Brasil o Fit Twist - uma versão com detalhes ao estilo fora-de-estrada da segunda geração de seu monovolume. A aceitação desta versão foi boa e, na terceira geração, a marca decidiu ir além e transformar o Fit aventureiro em um modelo à parte. O nome WR-V, que seguia a lógica dos já oferecidos HR-V e CR-V, significava "Wisdom Runabout Vehicle". Tanto a dianteira quanto a traseira do WR-V traziam personalidade própria em relação ao Fit, mas, olhando de lado, os plásticos pretos e os racks de teto não chegavam a ocultar a identidade do carro que lhe deu origem. Na parte interna, o WR-V também era praticamente idêntico ao Fit.

Apresentado ao Brasil em fevereiro de 2017, o WR-V tinha duas versões (EX e EXL), ambas com motor 1.5 FlexOne e câmbio automático CVT. Em outubro de 2018, estreou novos equipamentos na linha 2019, como ar-condicionado digital automático com comandos sensíveis ao toque, central multimídia com novos recursos, apoio de braço central com porta-objetos e bancos de couro na versão EXL. Já em setembro de 2020, o WR-V estreou sua primeira (e última) reestilização. Passou a contar com uma opção de entrada, a LX, e todas as versões ganharam controles de tração e de estabilidade, medidor de pressão dos pneus e, atendendo a uma crítica recorrente, novo para-choque traseiro 6,7 centímetros mais comprido.

O fim do WR-V só foi confirmado em janeiro deste ano, embora sua causa mortis tenha sido a mesma do Fit, que saiu de cena em 2021: seu conjunto mecânico não atendia às normativas mais rígidas de emissões do Proconve L7 e, para a Honda, não compensava financeiramente modificá-lo para cumprir com a legislação. Seu espaço de mercado foi parcialmente absorvido pelo City Hatchback. 

Hyundai ix35 (2010 - 2022)

A Hyundai vivia um excelente momento no Brasil na virada dos anos 2000 para a década de 2010. A marca, que já havia estabelecido de forma bem-sucedida modelos como i30, Santa Fe, Azera e Tucson, passava a importar da Coreia do Sul uma nova opção de SUV médio, com linhas ousadas e equipamentos mais tecnológicos para a época. Não por acaso, a primeira geração do Tucson coexistiu pacificamente com o ix35 (que era a segunda geração do Tucson com outra denominação) até o final de 2018! Com motor 2.0 16 válvulas movido a gasolina e opção de câmbio manual de 5 marchas ou automático de 6 marchas, o ix35 foi um dos primeiros modelos da Hyundai a incorporar a filosofia de estilo "escultura fluida", com faróis e lanternas repuxados em direção às laterais, linha de cintura ascendente e vincos fortes e curvilíneos. 

A ousadia também estava presente no interior, com profundas cúpulas dos instrumentos e área central do painel circundada por faixas prateadas, mas que convivia com anacronismos como o freio de estacionamento acionado por pedal. Em março de 2012, o SUV passou a ter motor 2.0 Flex. As boas vendas do ix35 motivaram a sua produção nacional a partir de setembro de 2013, mas o modelo deixou de estar disponível com câmbio manual. Em 2015, o ix35 passou por sua primeira (e única) reestilização, ganhando novo estilo para grade dianteira e para-choque, além de rodas redesenhadas e faróis e lanternas com luzes de posição de LED. No lançamento, o SUV também teve um lote limitado de unidades pintadas na cor laranja. O motor perdeu potência para se adequar às legislações de emissão de poluentes: diminuiu de 178 para 167 cavalos com etanol. Mas o torque teve uma ligeira elevação.

No exterior, o ix35 deixou de ser produzido em 2015 para abrir espaço para a terceira geração do Tucson, que chegou ao Brasil no ano seguinte com o prefixo "New". No ano de 2017 vieram as últimas atualizações do ix35: as versões GL e GLS passaram a contar com o Start/Stop (desligamento automático do motor em paradas de trânsito) e o monitoramento de pressão dos pneus. No ano-modelo 2022, o ix35 acabou perdendo as versões 2.0 (sem denominação) e GLS, restando somente a opção GL. Apesar do fim confirmado no início do ano, o ix35 ainda consta na linha de produtos do site da CAOA.

Mitsubishi Outlander Sport (2020 - 2022)

Apresentado ao Brasil em julho de 2020, o Outlander Sport foi um modelo que chegou para somar na linha de produção da Mitsubishi em Catalão, Goiás. Este modelo nada mais era do que um ASX reestilizado - o nome diferente veio para evitar confusões entre os dois modelos, que conviveram por algum tempo nas lojas. O fim do ASX veio um pouco antes, em 2021. Este ano, a Mitsubishi decidiu que não compensava atualizar o Outlander Sport para atender às normas de emissões do Proconve L7. Em 2022, também deixou de ser importado o Outlander. Este, porém, poderá voltar a ser trazido a partir do próximo ano, em nova geração.

Renault Sandero (2007 - 2022)

Junto com o Logan, o Sandero ajudou a popularizar a Renault no Brasil - e a quebrar preconceitos com os carros da marca. Estreou em nosso mercado em dezembro de 2007, poucos meses depois de seu irmão sedã, projetado na Romênia e que abria mão de refinamentos no acabamento e itens de comodidade em prol de ser um carro espaçoso, fácil de se manter e barato de se produzir. No lugar das linhas retas do Logan, o Sandero abusava de formas curvas mais harmoniosas. O Brasil foi o primeiro país do mundo a dispor do hatch, que substituiu as versões mais completas do Clio. Deste, herdou o costume de estrear séries especiais: já em 2008 estiveram disponíveis as edições limitadas Nokia e F1 Team. No fim daquele ano, chegava a versão aventureira Stepway, com motor 1.6 de 16 válvulas e a típica roupagem fora-de-estrada que era sucesso no Brasil.

Em 2009, o Sandero passou a ter a série Vibe, com motor 1.6 8 válvulas e pacote atraente de equipamentos. Deu certo: em 2010 foi feita mais uma fornada. Neste ano, o motor de 16 válvulas passou a ser exclusivo do Stepway, mas também foi aproveitada na versão GT Line, a primeira disponível para o grande público com visual esportivo.

A linha Sandero passou por uma reestilização em maio de 2011, parcialmente antecipada pelo carro-conceito Stepway Concept do Salão do Automóvel de São Paulo de 2010. Com novo para-choque dianteiro, retoques no conjunto óptico e melhorias internas, o hatch ficava menos simples. Em seguida, passou a ter pela primeira vez o câmbio automático de 4 marchas - só para a versão Privilège, e associado ao motor 1.6 16v. No mesmo ano, o Stepway também passou a ter a opção da transmissão automática.

Em 2012, o Stepway passou a ter a série Rip Curl (grife de vestimentas para surfistas) e a versão GT Line passava a ter produção regular. Já o motor 1.6 de 8 válvulas incorporou modificações para ter mais fôlego. No ano de 2013, chegou o Sandero Tech Run 1.0, que dava destaque à central multimídia com tela sensível ao toque, recém-chegada à linha. O Stepway ainda estreou outra série, Tweed, com revestimento dos bancos inspirado nas tramas "fashion" dos tecidos.

O Sandero mudou de geração em julho de 2014, tornando-se bem mais próximo da segunda geração do Logan. Para quem não queria apertar o pedal da embreagem e mover a alavanca para trocar marchas, a opção passava a ser a transmissão automatizada monoembreagem Easy'R, de 5 marchas. No final deste ano, chegava às concessionárias o Stepway renovado. Em 2015, chegava o esportivo R.S. 2.0, com motor de 150 cavalos e câmbio manual de 6 marchas, enquanto o Stepway Rip Curl era reeditado. 

Já em 2016, a linha Sandero estreava os motores 1.0 e 1.6 SCe. O propulsor de menor cilindrada passava a ter 3 cilindros, enquanto o 1.6 estreava Stop&Start, o câmbio manual passava a ser acionado por cabos e, nas versões Easy'R, passavam a estar presentes o controle de estabilidade e o assistente de partida em ladeiras. Na mesma época, o Sandero Vibe retornou - agora com aros luminosos em torno dos alto-falantes das portas dianteiras.

Em 2019, o Sandero passou por mais uma reestilização - e, a partir desta época, a Renault passou a considerar o Stepway como um modelo à parte, com sua gama própria de versões. Os modelos ganharam para-choques redesenhados, luzes de LED nos faróis e lanternas (que passavam a invadir a tampa do porta-malas), além de aprimoramentos no acabamento interno e 4 airbags em todas as versões. Além disso, chegava a opção do câmbio automático CVT (que incluía uma elevação de 4 centímetros na carroceria, acompanhada de detalhes externos "aventureiros" do lado de fora.

A gama de versões do Sandero foi definhando ano a ano: primeiro, foram eliminadas as opções com câmbio CVT, para depois irem embora as alternativas com motor 1.6 e, na virada do ano, o R.S. 2.0 também deu adeus. Este ano, o hatch resistiu numa única versão, a S Edition 1.0, que não era suficientemente completa (faltavam-lhe retrovisores elétricos e os vidros traseiros eram acionados por manivela), não trazia nada de esportivo além do para-choque dianteiro inspirado na versão R.S. e, para o público frotista, era um carro que vinha com mais itens que o necessário (como central multimídia e computador de bordo). Para completar, o último dos Sandero tinha preço pouco competitivo, bem acima dos seus principais rivais na época. Não por acaso, a primeira providência que a Renault tomou ao eliminar o Sandero S Edition foi lançar o Stepway 1.0 com valor mais alinhado ao que é praticado no mercado. O lado ruim é que a novidade tem desempenho pior e consumo de combustível mais alto na comparação com o falecido Sandero.

Suzuki Jimny (1998 - 2003; 2008 - 2022)

Herdeiro do Samurai, o Jimny que conhecemos no Brasil faz parte da terceira geração de uma dinastia que começou em 1970 (o Samurai, aliás, era a segunda geração do Jimny em alguns mercados). Chegou ao nosso País em 1998, no mesmo ano em que o restante do mundo conhecia o então novo modelo. No início, ele trazia um motor 1.3 a gasolina de 80 cavalos. No ano de 2001, passou a ser oferecido em duas versões: básica e completa, esta última com ar-condicionado, direção hidráulica, rodas de liga leve, vidros dianteiros elétricos e bancos de tecido ao invés do vinil. Em 2003, a Suzuki deixou de vender automóveis no Brasil, mas retornou ao País em 2008 - e foram retomadas as vendas do Jimny, que passava a contar com acionamento elétrico da tração nas quatro rodas.

As boas vendas do Jimny motivaram a sua fabricação nacional em Goiás a partir de 2012. A gama de versões era ampliada, passando a existir quatro opções: 4All, 4Sun, 4Sport e 4Work. Em 2014, vieram leves modificações nos para-choques e os apoios para os pés nas laterais. No ano de 2017, o quadro de instrumentos e o volante foram atualizados; já o painel passou a contar com sistema multimídia. Nos últimos anos do Jimny, o jipinho se manteve vivo à base de séries especiais, como a Desert e a Forest. Desde 2020, o Jimny de terceira geração convivia sem conflitos com o modelo de quarta geração, que no Brasil ganhou o sobrenome Sierra. Mas assim como outros modelos desta lista, o veterano Jimny acabou sucumbindo às exigências mais rígidas do Proconve L7. A Suzuki chegou a informar que faria atualizações no modelo para continuar sua produção, mas depois voltou atrás e confirmou o seu fim de linha.

Volkswagen Gol (1980 - 2022)

Sem nenhuma dúvida, é o fim de linha mais emblemático desta lista. O Gol era um daqueles carros que pareciam "imorríveis" - ele foi líder de vendas entre os automóveis novos no Brasil por 27 anos e, em 2022, chegou a ser o carro mais emplacado do País no mês de julho. Mesmo sendo um dos modelos mais vendidos da Volkswagen até hoje, a marca decidiu que era hora do seu hatch pendurar as chuteiras. É fato que o Gol já não passa por mexidas significativas há seis anos - desde então, somente recebeu atualizações para continuar obedecendo às atuais legislações em vigor. 

Apresentado oficialmente à imprensa no dia 15 de maio de 1980, o Gol foi o carro mais produzido, vendido e exportado na história do setor automotivo brasileiro. Lançado nas versões básica e L, ambas com motor 1300 de 42 cavalos refrigerado a ar derivado do Fusca, o Gol se posicionava mercadologicamente entre a Brasília e o Passat. O motor "a água" do Passat, aliás, era cogitado desde o início da produção, mas a VW não tinha capacidade de produção suficiente para a fabricação do propulsor. Com desempenho muito aquém ao que sugeriam suas linhas, consideradas arrojadas para a época, pode-se dizer que o primeiro Gol foi um chute na trave. Mal havia chegado ao mercado e, já em 1981, as versões S e LS traziam o motor 1.6, também a ar, mas com dupla carburação e 51 cv. Baseada na versão LS, o raro Gol Copa pegou carona no campeonato mundial de futebol, sediado na Espanha em 1982. Dois anos depois, o esportivo GT estreava motores de refrigeração líquida – no caso, um 1.8 de 99 cv, que pouco tempo depois equiparia o sedã médio Santana. Marcou época com seu visual esportivo, com faróis auxiliares e rodas de liga leve, e pelo interior com detalhes arrojados, como o volante de quatro raios e o relógio digital no console.

O Gol já tinha uma carreira agitada quando, em 1985, tomou emprestada a frente (com faróis maiores e agora acompanhados das luzes de seta) do Voyage e da Parati. No final do ano, a série limitada Plus abria o caminho para o famoso motor AP-600. 

O ano de 1987 foi um marco na história do Gol, que recebia sua segunda e (até então) mais profunda reestilização, ao receber novos faróis, grade e lanternas, além de para-choques mais envolventes e rodas redesenhadas. Um novo esquema de nomenclaturas - C, CL e GL - definia os níveis de acabamento e equipamentos, enquanto o GT era sucedido pelo mais apimentado GTS. Com sete anos de vida, o Gol assumiu a liderança no ranking de vendas de automóveis novos. 


A década das luzes neon e da redemocratização se aproximava do fim quando o mais mítico dos Gol nascia: em 19 de janeiro de 1989, o GTi, com seu motor 2.0 de 120 cavalos, era o primeiro carro nacional dotado de injeção eletrônica de combustível. O Gol, que passou por mais uma reformulação nos idos de 1990, também foi protagonista o surgimento de uma nova categoria de automóveis: os populares de motor 1.0, com o Gol 1000, apresentado em 1992. No ano seguinte, em 1993, o hatchback da Volkswagen chegou à marca de 1.000.000 de unidades vendidas. O Gol Copa reapareceu em 1994 homenageando o maior torneio de futebol do mundo, agora sediado pelos Estados Unidos. Com carroceria em um tom de azul similar ao do Copa de 1982 e emprestando elementos do GTi, como as lanternas fumê, os faróis de longo alcance e o volante "quatro bolas", o modelo também marcou o adeus da primeira geração.


A segunda geração do Gol foi apresentada em setembro de 1994, ganhando o apelido “bolinha”. O esportivo GTI (agora com "i" maiúsculo) inicialmente estreou com um motor 2.0 8 válvulas de 109 cavalos, que conviveu com o 2.0 16 válvulas de 145 cv, importado da Alemanha, a partir do final de 1995. Em 1996, o último Gol 1000 “quadrado” deixou a linha de produção.


Em meados de 1999, surge o Gol G3, com linhas mais retas e harmoniosas - para muita gente, foi a fase mais bonita do modelo. Um novo milênio se aproxima e o Gol chega ao ano 2000 com a versão 1.0 Turbo, de 112 cv (mesma potência do 2.0 8v aspirado) e 15,8 kgfm. Logo depois, em 2001, o hatch alcança 3,2 milhões de unidades comercializadas no Brasil, ultrapassando o Fusca. O Gol foi o primeiro carro flex-fuel de produção em série no Brasil, em 2003, com motor 1.6 que aceitava gasolina, álcool ou a mistura de ambos em qualquer proporção. 


Em 2005, a Volkswagen lançou no Brasil o Gol G4 - que, assim como o G3, era uma reestilização sobre a carroceria G2. Na tentativa de manter o modelo competitivo, o visual recebeu linhas que lembravam outros VW da época e o acabamento interno foi simplifcado, reaproveitando o quadro de instrumentos do Fox. O G4 mantinha velhas heranças como o motor disposto em posição longitudinal (na contramão de todos os seus oponentes e até mesmo dos outros hatches da Volkswagen), a coluna de direção que fazia o motorista ficar com um braço mais esticado do que o outro e a dianteira que "abanava" em arrancadas. 

O Gol G5 marcou a remodelação completa do queridinho do Brasil, agora concebido sobre a plataforma PQ24 (2008). A campanha publicitária trazia Gisele Bündchen e Sylvester Stallone, com o mote "lindo como nunca, Gol como sempre". Em seguida, veio a opção do câmbio automatizado i-Motion (2009).

Na reestilização de 2012, o Gol mudou para se aproximar do visual dos outros irmãos da marca, ficando mais parecido com o Fox. Recebeu também atualizações no interior e voltou a ter a carroceria de duas portas. Em 2014, após um recorde de 27 anos seguidos no topo do ranking de emplacamentos, o Gol deixou a liderança do mercado, ultrapassado pelo Fiat Palio. Talvez isso possa se atribuir ao fato de que o Gol G4 foi retirado de linha no fim de 2013 - o painel mais simples do modelo não foi projetado para receber airbag e sua permanência em produção causaria conflito dentro da família com o recém-lançado up!. Em 2016, o Gol passou por sua última reestilização mais abrangente, ganhando novo painel, retoques visuais e o motor 1.0 três-cilindros de 12 válvulas e 82 cv com etanol. Para 2018, toda a linha passou a ter a frente da versão Track, com faróis maiores e para-choque diferenciado do modelo anterior. A partir de 2020, passou a vir com três apoios de cabeça no banco traseiro, cintos de três pontos para todos os ocupantes e fixações para cadeirinhas infantis, cumprindo o disposto em lei. Em 2022, passou a ser vendido unicamente com motor 1.0 MPI - para a Volks, não compensava atualizar os motores 1.6 8 válvulas e 16 válvulas para o modelo atender às normas do Proconve L7 (muito embora o motor de dezesseis válvulas esteja em todas as versões da Saveiro, devidamente modificado).


A despedida do Gol ficou marcada pela série Last Edition, limitada a mil exemplares. Das 1000 unidades produzidas, 650 delas serão comercializadas no Brasil - e o volume restante, exportado para países da América do Sul. Apesar da série simbolizar o fim do Gol, os exemplares Last Edition foram feitos antes dos últimos Gols "de verdade", que são unidades 1.0 MPI básicos (a mesma coisa aconteceu no fim de produção da Kombi). O último Gol foi produzido no dia 23 de dezembro, possui a cor metálica Cinza Platinum e está entre as unidades de um lote de veículos adquiridos pela Localiza.

Volkswagen Voyage (1981 - 2022)


Sem nenhuma honraria por parte da fabricante, o Volkswagen Voyage deixou de ser fabricado no Brasil junto com o Gol no último dia 23 de dezembro. O último exemplar foi pintado na cor Prata Sirius.

Lançado no Brasil em 1981, o Voyage era mais do que simplesmente um Gol Sedan: tinha frente exclusiva (com faróis acompanhados dos piscas) e motor 1.5 refrigerado a água (na época, o hatch só contava com propulsores refrigerados a ar). Foi o único integrante da linha "quadrada" de compactos da Volkswagen a dispor de carroceria de quatro portas, em dois momentos: entre 1983 e 1986, e, depois, de 1990 até o fim de produção da primeira geração, em 1995.

O Voyage recebeu diversas alterações para ser vendido no mercado norte-americano com o nome Fox (a Parati passou pelas mesmas modificações e era denominada Fox Wagon). Em 1987, o sedã foi reestilizado, mas o interior renovado, com comandos-satélite, só veio em 1988. Nos idos de 1990, o Voyage passou por mais uma repaginada, recebendo grade e faróis mais estreitos e integrados entre si. Nesta fase, o sedã teve versões memoráveis, como a Special (1992), com quatro portas, ar-condicionado de série e painel com comandos-satélite, e a Sport (1993), que trazia a roupagem esportiva típica das versões GTS e GTi do Gol aliada ao motor 1.8 S. A geração "bolinha" do Voyage chegou a ser projetada e esteve em estágios de desenvolvimento bastante avançados, mas o modelo acabou sendo abortado em prol da importação do Polo Classic, que fracassou comercialmente no Brasil.

A Volkswagen só reintroduziu o Voyage no mercado brasileiro em 2008, alguns meses depois da apresentação da carroceria "G5" do Gol. A marca chegou a ficar em dúvida se valeria a pena resgatar o antigo nome, que ainda estava fortemente associado ao modelo antigo, mas manteve o batismo (em outros países latino-americanos, no entanto, ele passava a ser chamado de "Gol Sedan".

Com motores 1.0 e 1.6, enfim o Voyage conseguia rivalizar em maiores condições com Chevrolet Prisma, Renault Logan, Fiat Siena e Ford Fiesta Sedan. O sedã da Volks passou por reestilizações nos anos de 2012, 2016 e 2018. A partir do início de 2022, o sedã passou a ser oferecido no mercado brasileiro somente com o motor 1.0 MPI de três cilindros e 75/84 cavalos. A Volkswagen também já havia deixado de exportar o Voyage para países como a Argentina e o México.

Volvo S60 (2001 - 2022)

Importado para o Brasil desde março de 2001, o sedã de médio porte da Volvo teve ao todo três gerações comercializadas por aqui. O primeiro modelo tinha estilo inspirado no S80 e marcou época com sua versão esportivo R, apresentada em 2003. Mais ousada, a segunda fase do S60 chegou ao País em 2011 - primeiramente com a motorização mais forte, T6, para posteriormente receber as versões T4 e T5. Já a terceira encarnação do S60 chegou ao nosso território em 2019. Sua irmã perua, a V60, já havia sucumbido ao desinteresse dos brasileiros pelo segmento, e deixou de ser importada em 2020. Em todo o ano de 2022, o S60 teve míseros três exemplares emplacados no Brasil.

Volvo S90 (2018 - 2022)

O sedã de luxo da marca escandinava começou a ser comercializado no Brasil em setembro de 2018, e esteve sempre disponível em uma única versão, a Inscription T8 com motor 2.0. O sucessor do S80 teve 16 unidades emplacadas no País ao longo de todo este ano. Com o fim das importações do S60 e do S90, a Volvo passa a ter somente SUVs em seu portfólio nacional.

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