A trajetória do Chevrolet Kadett GSi Conversível


No Brasil, os carros conversíveis sempre mexeram com o imaginário de muita gente, porém fatores como a (falta de) segurança em diversas regiões do País e as contrapartidas dos automóveis com capota removível (como má vedação, maior peso na traseira e capota suscetível a rasgos) desestimulavam as montadoras a oferecerem opções de "descapotáveis" de fábrica - o que, por outro lado, estimulou o desenvolvimento de diversos modelos fora-de-série. Mas o Ford Escort XR3 Conversível, lançado em 1985, proporcionava um status inigualável em nosso mercado - por algum tempo, foi o carro mais caro do mercado, inclusive. E a Chevrolet, a partir do seu então novo Kadett, desenvolveu também um conversível para conquistar um seleto, porém endinheirado, público.


O Kadett Conversível fez sua primeira aparição no Salão do Automóvel de São Paulo em 1990, embora ainda não fosse o modelo definitivo. Era um GSi importado, que foi esteticamente caracterizado como GS, já que naquela época a versão esportiva ainda não tinha motor com injeção eletrônica de combustível. Apesar disso, o modelo de produção em série chegou efetivamente como GSi, em 1991.


O conversível tinha um processo complexo de fabricação: o assoalho e a parte dianteira do monobloco feitos no Brasil eram exportados para a Itália, onde a carroceria recebia o arco do para-brisa, portas, para-lamas traseiros, tampa do porta-malas, capota e vidros. Em seguida, retornava ao Brasil para receber a mecânica. Esta produção levava nada menos que 6 meses. A assinatura do estúdio Bertone era aplicada às colunas das portas. 


Assim como no primeiro XR3 Conversível, havia um arco central de sustentação da capota e vidros fixos nas portas, para aumentar a rigidez da carroceria e melhorar a aerodinâmica.


Em lona, a capota era operada manualmente, processo que levava aproximadamente 2 minutos. A partir de 1993, passou a ter acionamento elétrico. 


O motor 2.0 trazia a mesma injeção multiponto analógica do Monza Classic SE, mas com ignição mapeada e sensor de detonação. Atingia 121 cavalos e torque de 17,6 kgfm. O câmbio era manual de 5 marchas. E, para parar, contava com freios a disco nas quatro rodas.


O Kadett GSi Conversível vinha com travas, antena, vidros dianteiros e retrovisores elétricos, luzes de check-control, bancos Recaro com ajuste de altura para o motorista, quadro de instrumentos digital, rádio com toca-fitas, rodas de liga leve e regulagem de altura do volante, entre outros. Mesmo sendo o "topo da cadeia" da linha Kadett, ar-condicionado e direção hidráulica eram itens opcionais. 


A produção do Kadett Conversível foi encerrada em dezembro de 1994, visando abrir espaço de mercado ao Astra. Ironicamente, a linha do modelo belga sofreu um duro revés com o aumento da alíquota de importação de automóveis em 1995, e foi vendido apenas até 1996, enquanto o Kadett continuou a ser vendido até 1998, quando - aí sim - a geração seguinte do Astra começou a ser fabricada no Brasil.


O exemplar das imagens é ano e modelo 1993. Ele possui algumas poucas customizações em relação ao modelo original, como revestimentos em couro, encostos de cabeça traseiros, pedaleiras e rádio mais moderno. No mais, conserva as características que o fizeram bastante desejado durante sua curta - porém marcante - trajetória no mercado.

Comentários