Nissan Kicks 2018 agora é feito no Brasil: dirigimos as versões S manual, S CVT e SL


Texto, fotos e vídeos | Júlio Max, de Resende (RJ) e Divulgação
Viagem a convite da Nissan

Quando o Nissan Kicks foi apresentado à imprensa brasileira em maio de 2016 e comercialmente lançado em julho do mesmo ano, poderia parecer pretensão demais da marca se estabelecer em um mercado com diversas opções competitivas de utilitários. Mas o Kicks rapidamente cresceu em participação de vendas no segmento enquanto foi importado do México: hoje, ele é o Nissan mais vendido do Brasil, superando o compacto March e registrando 20 mil unidades vendidas em menos de 12 meses. Nada mais natural e justo, portanto, do que preparar a fábrica de Resende (Rio de Janeiro) para a produção nacional do modelo, que ganha várias novidades para a linha 2018. E o Auto REALIDADE foi convidado a conhecer todas as novidades!

Esteticamente, as mudanças no Kicks foram discretas. Os modelos com câmbio automático passam a trazer a plaqueta "XTronic CVT" no canto direito da tampa traseira. No modelo SL, as maçanetas externas passam a ser cromadas. Já as inéditas versões S manual e S CVT vêm com rodas de 16 polegadas - no primeiro de aço, com calotas, e no segundo de liga leve, compartilhadas com o Versa Unique. Nestes modelos mais em conta, os para-choques trazem menos detalhes na cor da carroceria, e estão ausentes os faróis de neblina e piscas nos retrovisores.


Se no Brasil o comum é que automóveis novos ostentem um portfólio grande de cores para a carroceria e gradualmente perca opções, no Kicks esta tendência é inversa. Mesmo sendo cobrados à parte, os tons internos Macchiato e Sand responderam por 23% e 11%, respectivamente, das escolhas dos consumidores de junho de 2016 a março deste ano. Além destes tons se manterem na linha 2018 como alternativas ao couro preto na versão SL, há a nova cor Vermelho Malbec e ainda quatro novas combinações em dois tons, modismo caricatamente copiado por consumidores pelo Brasil em modelos que não eram "previstos" para terem cores contrastantes. São elas: Prata Classic com teto preto, Cinza Rust com teto preto, Preto Premium com teto cinza grafite e Branco Diamond com teto preto.


O pacote de equipamentos das versões também foi alterado em todas as versões. Desde as versões S, vêm de série: airbags frontais, ar-condicionado manual, alarme perimétrico, revestimentos em tecido, bancos dianteiros com a tecnologia Zero Gravity (tornando a postura mais confortável), dois pontos de fixação ISOFIX para cadeirinhas de crianças, cintos de 3 pontos e apoios de cabeça para os 5 ocupantes, freios ABS com EBD e assistência de frenagem de pânico, rádio com MP3 Player, entradas USB/auxiliar e Bluetooth; espelhos nos para-sóis, retrovisores na cor da carroceria com regulagem elétrica, maçanetas internas cromadas, duas tomadas de 12 Volts no console central, coluna de direção com ajustes de altura e profundidade, porta-revistas, direção elétrica com comandos do computador de bordo, telefone e rádio; travamento das portas com o veículo em movimento e vidros elétricos nas 4 portas.


Há ainda pequenos detalhes que talvez pudessem passar despercebidos, mas não por nós... No teto, as luzes de leitura tinham interruptores separados; agora, estão unidos e a máscara das lâmpadas está mais indireta. Já no porta-malas, o estepe com roda de liga leve de 17 polegadas deu lugar a uma roda de aço com pneus 185/65 aro 15, sequer compatíveis com os outros 4 pneus da versão mais em conta, o que limita a velocidade de rodagem a 80 km/h - o que seria muito pouco nas rodovias do Rio pelas quais circulamos, onde o limite é de 110 km/h.


Nós demos uma volta com três versões disponíveis, a mais prolongada delas com a versão S CVT (R$ 79.200): um bate-volta entre as cidades de Resende e Penedo (RJ). O Kicks tem comportamento ao rodar mais assentado que outros utilitários, sem contar os ótimos índices de consumo de combustível: 15,9 km/l de gasolina na estrada entre Resende e Penedo. Sua posição de dirigir é boa e levemente elevada, com boa visão pelos retrovisores. A assistência da direção é bem agradável, porém, nesta versão o revestimento em couro faz falta. E não é só: os cortes nesta versão incluem ter que subir os vidros com toques contínuos (só o motorista tem recurso um-toque, e apenas para descer a janela). Outro "detalhe" que incomodou jornalistas foi não terem habilitado nos carros de imprensa o destravamento das portas associado ao desligamento do carro (há um macete para liberar está funcionalidade, porém).


Mas a curiosidade maior residia em guiar o Kicks manual (R$ 70.500) - mesmo sendo a versão que deverá representar o menor percentual de vendas, não deixa de ser o modelo mais em conta da linha (excluindo o modelo S CVT para vendas diretas) e um dos remanescentes no segmento a apostar neste tipo de transmissão. São cinco marchas, com alavanca de engates mais macios e menos longos do que nos habituamos a executar em outros Nissan manuais. Contrariando modelos como Creta e EcoSport, no Kicks é possível dar a partida sem pisar no pedal de embreagem e, tal qual outros Nissan, a ré não traz inibidor de engate. É a pedida para quem gosta de "dominar" mais o veículo. Há, no entanto, dois fatos que jogam contra. Num modelo como o Kicks, mais econômico em relação aos rivais, a luz indicadora de troca de marcha seria um auxílio a mais (a manha fica, portanto, em observar o conta-giros e não deixar passar dos 2 mil rpm para executar as mudanças). E num utilitário, os controles de tração e estabilidade deveriam ser itens de série, mas são ofertados como opcionais por R$ 1200, incluindo no pacote o auxiliar de partida em ladeiras.



A versão SV (R$ 85.600) também traz diferenças em relação ao SV Limited importado até então. Agora, é possível adicionar revestimentos de couro preto e os airbags laterais nos bancos dianteiros e de cortina por R$ 3000. Possui todos os equipamentos da versão S CVT, além de faróis de neblina, rodas de 17 polegadas com pneus 205/55, sensor de estacionamento traseiro, volante revestido em couro, retrovisores elétricos com luzes de seta incorporadas, tapetes de borracha, chave I-Key presencial com partida por botão e acionamento dos vidros ao segurar os botões de travar ou destravar as portas, vidros com função 1-toque para todos e recurso anti-esmagamento, além do sistema multimídia NissanConnect (a mesma já usada pelo Kicks), com integração com Facebook/Google, tela touchscreen de 7 polegadas, GPS e câmera de ré. Em contrapartida, o ar-condicionado digital, o controle de chassi e a tela de 7 polegadas configurável no quadro de instrumentos passam a ser itens privativos do modelo topo-de-linha.


Já a versão SL (R$ 94.900) traz adicionais como rebatimento elétrico dos retrovisores, maçanetas cromadas, retrovisores com rebatimento elétrico automático (recolhem-se com o desligamento do motor e se abrem com o acionamento da ignição; há botão para o rebatimento) e as quatro novas combinações de pintura externa em dois tons. Além desses itens, a versão vem com revestimentos de couro, controle de chassi, acendimento automático dos faróis, airbags laterais nos bancos dianteiros e de cortina, ar-condicionado automático digital de zona única, tapetes em carpete, quatro câmeras de visão em 360 graus, detector de objetos em movimento, quadro de instrumentos com tela de 7 polegadas colorida configurável e sistema multimídia Multi-App, que traz tela touchscreen de 7 polegadas (maior que a de Frontier, March e Versa, de 6,2 polegadas), CD e DVD Player, função RDS, entradas auxiliar e USB, conexão à internet por Wi-Fi, compatibilidade com aplicativos Android e 2 tweeters adicionalmente aos 4 alto-falantes. Por mais R$ 2400 está disponível o Pack Tech, que inclui o alerta de colisão frontal com frenagem automática de emergência, além dos faróis com feixes de LED, que eram de série mas passam a ser opcionais.



Um aspecto admirável na condução da versão SL é que as respostas de direção, suspensão e calibragem de freio é acelerador são mais previsíveis, graças à atuação de recursos como o controle de chassi, que inclui que reúne o controle em curvas (Active Trace Control), o estabilizador de carroceria (Active Ride Control) e o controle de freio-motor (Active Engine Brake), que atuam na suspensão, freios e na estabilidade da carroceria.



O funcionamento dos alertas de colisão frontal e frenagem automática de emergência estão associados ao funcionamento dos controles de tração e estabilidade. Quando está ativo, um ícone de um retângulo à frente do Kicks no quadro de instrumentos indica se a distância à frente é segura, emitindo alertas visuais e sonoros caso haja proximidade excessiva ao carro da frente. Caso o motorista não intervenha, os freios são acionados automaticamente.



Opcionalmente, o modelo SL pode vir com revestimentos em couro Sand ou Macchiato (R$ 500) e pintura em dois tons (R$ 1500). A pintura metálica ou perolizada sai por R$ 1350 em todas as versões.


Também já está nas lojas a versão S CVT Direct, opção pensada para pessoas com deficiência (com valor abaixo do teto atualmente imposto de até R$ 70 mil para todas as isenções), além de vendas diretas, em especial para taxistas. Por fora, o S Direct é idêntico ao modelo manual, mas traz a plaqueta XTronic CVT na tampa do porta-malas, e traz a mesma lista de equipamentos, inclusive controles de tração e estabilidade, além do assistente de partida em ladeiras.


Uma iniciativa muito criativa da Nissan foi fazer os jornalistas estacionar e sair da vaga com os vidros do Kicks totalmente opacos - usando somente as câmeras de visão em 360 graus. E não é que é possível? As linhas de guia dinâmicas com cores (verde, amarelo e vermelho) indicando a proximidade dos obstáculos, além do alerta sonoro do sensor de ré e detector de objetos em movimento, tornam a tarefa mais fácil. Confesso que errei a angulação para entrar na vaga, mas voltei e consegui estacionar na segunda tentativa.


Mecanicamente, o Nissan Kicks segue com o bom motor 1.6 HR16DE de 16 válvulas, que conta com controle de abertura das válvulas continuamente variável, acionamento por corrente, bloco/cabeçote de alumínio e pré-aquecimento do combustível, eliminando o tanque de partida a frio. Ele rende 114 cavalos a 5600 rpm e torque de 15,5 kgfm a 4000 rpm, seja com etanol ou gasolina.



A versão manual acelera de 0 a 100 km/h em 11,0 segundos, ante 12,0 segundos dos modelos com câmbio CVT. Em velocidade máxima, todos empatam, chegando a 175 km/h. Como nossa volta na estrada não reflete exatamente uma condição prolongada de uso, ficam como referência os dados do Inmetro: na cidade, as versões CVT registram 7,7 km/l com etanol na cidade (manual: 7,8 km/l). Já na estrada, também com etanol, o modelo CVT percorre 9,4 km/l, e o manual, 9,0 km/l.



Abastecido com gasolina, o Kicks CVT faz 11,4 km/l na cidade, enquanto o manual chega a 11,1 km/l. E na estrada, o modelo CVT alcança 13,7 km/l, ante 13,0 km/l do modelo manual. O segredo da eficiência do Kicks reside em seu peso relativamente baixo para a categoria (de 1109 quilos na versão manual a 1136 kg na versão SL) e na boa aerodinâmica de sua carroceria (Cx de 0,345), sem recorrer a artifícios como desligamento do motor em paradas, injeção direta de combustível ou turbocompressor. O tanque de combustível, no entanto, evidencia sua origem na plataforma V de March e Versa, com capacidade de 41 litros.


O espaço interno do Kicks permite que quatro adultos e uma criança se acomodem com bom espaço para cabeça e pernas; já o porta-malas, com iluminação no canto direito e ganchos para fixar objetos, tem a capacidade de 432 litros e pode ser ampliado com o rebatimento parcial do encosto do banco traseiro, na proporção 40/60.



Em termos de suspensão, o Kicks adota o esquema independente tipo McPherson com barra estabilizadora na frente e eixo de torção atrás. O rodar é confortável na maioria das situações e a altura em relação ao solo de 20 centímetros é uma das maiores do segmento (menor apenas que o Renault Captur), mas ao passar por buracos, o Nissan é mais duro em relação a outros rivais. Os freios a disco na dianteira são ventilados; atrás, os freios são a tambor.



O Kicks 2018 mantém a garantia de 3 anos sem limite de quilometragem, com revisões feitas a cada 10 mil quilômetros ou 1 ano. A Nissan concede dois anos de assistência técnica 24 horas, além de revisões com preço fixo, com mão-de-obra inclusa. Nas revisões de 10 mil km, 30 mil km e 50 mil km, paga-se o valor de R$ 419,00; já nas revisões de 20 mil, 40 mil e 60 mil quilômetros, o valor é de R$ 579,00. Outro destaque do crossover está no menor custo de propriedade: o valor do seguro é competitivo e o preço da cesta de peças em caso de acidente mais acessível: R$ 19,039,30. No EcoSport, paga-se R$ 25.053,75. Já o Chevrolet Tracker chega a incríveis R$ 92.618,84 (!!!). Pelo conjunto da obra, o Kicks fabricado no Brasil se mostra ainda mais apto à realidade de nosso País e, além das qualidades, agora terá volume de produção maior e tem tudo para continuar vendendo bem.


Vem conferir a Galeria de Fotos do lançamento do Nissan Kicks 2018!


Comentários