Suzuki Jimny 4Sun: por que o jipinho tem tantos fãs? Fomos descobrir!


Texto e fotos | Júlio Max, de Teresina - PI
Colaborou nesta matéria | Arthur Borges, do Pé na Tábua 

Herdeiro do Samurai, o Suzuki Jimny de terceira geração fez parte de uma dinastia que começou em 1970 e logo se tornou um verdadeiro sucesso no Japão e em todo o planeta (o Samurai, que foi vendido mundialmente entre 1981 e 1998, nada mais era do que o Jimny de segunda geração com outro nome). Nós, brasileiros, conhecemos o Jimny na época do Salão do Automóvel de São Paulo em outubro de 1998, pouco tempo após ter feito a sua primeira aparição no Salão de Tóquio de 1997. 

Compacto, o Jimny era produzido no Japão em duas variações: a JB23, com para-choques menos salientes e sem as molduras dos para-lamas alargadas, atendendo às exigências japonesas para os kei-cars (este modelo tinha 3,395 metros de comprimento por 1,475 m de largura), e outra, com o sobrenome Wide, que foi o modelo vendido no Brasil. Com para-choques mais proeminentes e os alargadores das caixas de roda, ele passava a ter 3,62 metros de comprimento por 1,60 metro de largura e 1,67 m de altura. Dependendo do mercado, o Wide poderia ter motor de 1298 cm³ a gasolina SOHC (JB33), de 1328 cm³ a gasolina DOHC (JB43) ou ainda o propulsor a diesel de 1461 cm³, fornecido pela Renault (JB53). Já o Jimny kei-car tinha um motor de 658 cm³ e três cilindros.


O utilitário da Suzuki não tinha muitos rivais diretos - um dos modelos que competia com o Jimny por aproximação era o Daihatsu Terios, que era 22 centímetros mais comprido e tinha quatro portas. Entre as características do Jimny que chamaram a atenção da imprensa especializada na época estavam a posição de dirigir elevada e a boa estabilidade perante outros utilitários contemporâneos. No início, os primeiros exemplares do Jimny vendidos no Brasil traziam um motor 1.3 a gasolina de 80 cavalos.


No ano de 2001, o Jimny passou a ser oferecido em duas versões: básica e completa, esta última com ar-condicionado, direção hidráulica, rodas de liga leve, vidros dianteiros elétricos e bancos de tecido ao invés do revestimento de vinil da versão mais simples. Em 2003, a Suzuki deixou de vender automóveis no Brasil, mas retornou ao País em 2008 - e neste embalo foram retomadas as vendas do Jimny, que passava a contar com acionamento elétrico da tração nas quatro rodas. Vale dizer que, ao longo dos anos, dezenas de pequenas mudanças foram efetuadas no Jimny, apesar do seu visual ter permanecido praticamente o mesmo.


As boas vendas do Jimny motivaram a sua fabricação nacional em Itumbiara, Goiás, a partir de 2012. A gama de versões era ampliada, passando a existir quatro opções: 4All, 4Sun, 4Sport e 4Work. Em 2014, a linha de montagem foi transferida para Catalão, também em Goiás, onde o Grupo HPE fabrica veículos da Mitsubishi e Suzuki.


Em outubro de 2017, o quadro de instrumentos e o volante foram atualizados; já o painel passou a contar com sistema multimídia com o recurso do espelhamento de tela de celulares. Nos últimos anos da terceira geração do Jimny, o jipinho se manteve vivo à base de séries especiais, como a Desert, a Canvas e a Forest. Desde outubro de 2019, o Jimny de terceira geração convivia sem conflitos com o modelo de quarta geração, que vem importado do Japão e, no Brasil, ganhou o sobrenome Sierra (além de ser uma forma de diferenciar da geração anterior, este nome também evita confusões com o novo Jimny "encurtado e estreitado" para ser enquadrado como kei car no Japão). 


Mas o veterano Jimny acabou sucumbindo às exigências mais rígidas de emissões de poluentes do Proconve L7. A Suzuki chegou a informar que faria atualizações no modelo para continuar a sua produção, mas depois voltou atrás e confirmou o seu fim de linha no mês passado. A última novidade no modelo foi a inclusão da cor Marrom Laterita para a carroceria. O Brasil foi o último país a encerrar a produção da terceira geração do Jimny: em outros mercados, ele deu adeus em 2018.


A partir da linha 2013, as cinco fendas frontais (com o logo da Suzuki ao centro) ficaram retangulares (antes, eram arredondadas). Sobre o rack de teto era possível levar cargas de até 30 quilos, incluído o peso do bagageiro. As rodas de cinco raios e fixadas com cinco parafusos eram de 15 polegadas, com pneus 205/70, que, segundo o manual do proprietário, deviam ser enchidos com 23 libras na frente e 31 atrás. A altura em relação ao solo é de 20 centímetros.


O exemplar da matéria é um 4Sun 2014/2015, que trazia como principal diferencial o teto solar de tecido fornecido pela Webasto com acionamento elétrico (por um toque para abrir e contínuo para fechar), item que era caro na época em que ele era novo, mas bastante cobiçado por quem gosta de ter uma interação maior com a natureza. Quando aberto, o teto se "enrola" em três ondas na parte de trás, o que lembra o "Sky Window" do Fiat Stilo.


Outro detalhe diferenciado deste exemplar é a cor Laranja Sun, que fazia parte de um catálogo de tonalidades oferecidas sob encomenda (e que incluía as opções Amarelo Solar, Roxo Ipê, Rosa Croma e Azul Pacífico). Este laranja contrasta com a coloração dos para-choques, das molduras, das rodas, das maçanetas externas e dos adesivos laterais, que são todos pintados na cor cinza.


Já o interior tem tonalidades escuras para painel, laterais e bancos. O volante de três raios trazia aro com abas para acomodação das mãos e, a partir de 2014, incorporava o airbag (havia também a bolsa inflável para o passageiro dianteiro). A coluna de direção tinha posição fixa.


O quadro de instrumentos traz iluminação branca, conta-giros com faixa vermelha iniciando em 6500 rpm, velocímetro com escala até 180 km/h, indicador de temperatura do líquido de arrefecimento do motor e mostrador do nível de combustível, todos analógicos. Entre as luzes-espia havia a indicação de porta aberta. Dentro do velocímetro, uma pequena tela exibe a quilometragem total, as distâncias percorridas A/B e o nível de brilho dos instrumentos, ao tocar na haste da cúpula dos instrumentos.


Na haste de luzes é possível deixá-las apagadas, acender as luzes de posição (junto com as iluminações dos instrumentos e da placa traseira) ou os faróis baixos. Um alerta soa para lembrar de apagar as luzes se elas permanecerem acesas quando a chave foi removida da ignição e a porta do motorista for aberta.


Já na alavanca dos limpadores há as posições Off, Int (modo intermitente dos limpadores dianteiros), Lo (velocidade baixa constante), Hi (velocidade alta constante) e Mist, para funcionamento contínuo em velocidade baixa quando acionado. Na ponta desta haste é possível acionar o limpador traseiro.


O exemplar desta matéria dispõe da central multimídia Pioneer AVH-Z5280TV, que era um acessório disponibilizado nas concessionárias e que substituía o aparelho de som com CD/MP3 Player e Bluetooth. Ele também conta com alto-falantes adicionais instalados na tampa traseira, que se somam com os falantes nas portas.


Os comandos de ar são manuais, com haste deslizante para alternar entre captação do ar externo ou recirculação de ar e quatro velocidades de vento. Mais abaixo estão a tomada de 12 Volts e o cinzeiro corrediço. Três botões na parte inferior do painel permitem alternar entre 2WD (tração nas rodas traseiras, modo que consome menos combustível), 4WD (tração nas quatro rodas - com possibilidade de alternância entre estes dois modos com o veículo em movimento com as rodas alinhadas, a até 100 km/h, graças aos cubos de bloqueio embutidos nas rodas) e 4WD-L (Low; com reduzida, acionada com o carro parado e com câmbio em neutro ou com o pedal de embreagem acionado).


Os comandos de vidros elétricos eram dispostos de maneira curiosa no Jimny. O botão à frente aciona o vidro do motorista, com acionamento por um toque para baixo, enquanto o comando logo atrás opera o vidro do carona dianteiro. Há ainda um botão para bloquear a janela do passageiro. Já o ajuste de posição dos retrovisores elétricos fica incorporado no canto esquerdo do painel.


Os bancos de tecido contam com apoio de cabeça, costuras aparentes e o nome do carro bordado nos encostos dianteiros para as costas. Os cintos dianteiros traziam o ajuste de altura. Nos assentos dianteiros havia alavancas laterais para inclinar o encosto para a frente e deslizar o banco para a frente. Quem se senta atrás do lado direito dispõe de uma pequena alavanca para o pé que permite destravar o banco da frente e deslocá-lo para permitir o desembarque do ocupante traseiro. Curiosamente, o assoalho do Jimny 4Sun é revestido de carpete, um material não muito comum em modelos destinados para uso fora-de-estrada intenso.


Atrás, o espaço para as pernas dos dois ocupantes é pequeno, como seria de se esperar, mas há certa amplitude para cabeça e ombros. É possível rebater um ou os dois encostos dos bancos traseiros, o que amplia a pequena capacidade do porta-malas de apenas 113 litros (87 L a menos do que o Fiat Mobi). 


A tampa traseira abre lateralmente para o lado direito para acesso pelo lado esquerdo, como era comum entre utilitários concebidos no Japão (entre eles, o antigo Toyota RAV4). Abaixo do forro do porta-malas ficam as ferramentas para a troca do estepe, fixado à tampa do porta-malas.


As travas das portas traziam os pinos próximos às janelas. Já a chave de corpo fixo traz os botões de travamento e destravamento do veículo no corpo plástico. 


Os para-sois traziam espelhos e tampas com porta-cartões, enquanto a iluminação de teto, entre as sombreiras, era pequena. O forro de teto tem a cor cinza-claro e o passageiro dianteiro dispõe de uma alça fixa de teto.


Entre os locais disponíveis na cabine para guardar objetos estavam os dois porta-mapas nas portas, o console dianteiro com um espaço aberto à frente da alavanca de câmbio, outro nicho à direita da alavanca de freio de mão e mais dois porta-copos no fim do console, além da área aberta acima do porta-luvas e dos nichos nas laterais dos bancos traseiros, com mais porta-copos.


O motor 1.3 16v "M13A" aspirado com comando variável de válvulas e de posicionamento longitudinal, movido a gasolina, rende 85 cavalos a 6000 rpm e 11,2 kgfm de torque a 4100 rpm. No Brasil, todos os Jimny de terceira geração tiveram câmbio manual de 5 marchas. O conjunto de suspensão se utiliza de eixo rígido e molas helicoidais tanto na dianteira quanto na traseira. Outro indicativo de sua construção robusta é a aplicação de um chassi do tipo "escada" sob a carroceria.

Impressões ao dirigir


Apesar de ser compacto, o Jimny deixa os ocupantes em posição mais elevada do que na maioria dos automóveis de passeio, e isso também contribui com a boa visibilidade da carroceria. O para-brisa e o vidro traseiro quase verticais, somados aos espelhos graúdos e ao formato de carroceria que permite enxergar bem o capô, fazem com que seja fácil enxergar os limites do veículo, favorecendo as manobras mesmo sem recorrer a sensores de ré ou câmera na traseira.


O volante apresenta um pouco de folga, desculpável para um veículo com mais de 80 mil quilômetros. A assistência da direção hidráulica é agradável, e o diâmetro de giro do Jimny é bem curto - para isso, contribui o fato da tração 2WD ser direcionada para o eixo traseiro. A textura lisa do volante e o formato de seu aro contribuem para o seu manuseio.


A alavanca de câmbio é elevada e as marchas têm engates precisos, bem-definidos e macios. A ré entra direto e é fácil se acostumar ao jogo entre o acionamento da embreagem e o momento de passar as marchas. Aliás, a relação da transmissão é bem curta. Para fazer as trocas a cerca de 2 mil rpm, é como se você estivesse dirigindo um carro 1.0: a primeira é "para sair", engata-se a terceira marcha a 30 km/h e a quarta marcha a 40 quilômetros por hora.


O ar-condicionado gela bem a cabine compacta, que tem espaço bom para a cabeça até dos ocupantes com mais de 1,80 metro de altura. Quem se senta nos bancos dianteiros não tem muito do que reclamar - no máximo, poderá criticar o fato que o apoio lateral dos bancos é relativamente curto e não chega a oferecer tanto apoio em curvas.


O motor 1.3 responde melhor quando é submetido a rotações mais elevadas, como é de se esperar de um propulsor com dezesseis válvulas aspirado. Segundo Arthur Borges, o consumo de combustível deste carro gira em torno de 10,3 a 10,5 km/l de gasolina no uso cotidiano (predominantemente urbano). O tanque de combustível tem a capacidade de 40 litros, fazendo com que a autonomia do Suzuki seja de aproximadamente 400 quilômetros.


Na cidade, o conjunto de suspensão faz com que o Jimny passe pelas irregularidades do piso numa boa. A adoção do eixo rígido na dianteira e na traseira reflete em certas vibrações no asfalto, existindo certos momentos de sensação de "flutuação" em terrenos lisos, e, a aproximadamente 90 km/h, é perceptível o assobio de vento vindo da região do teto solar de tecido. Mas estas características fazem parte de escolher viver a vida em um jipe aventureiro - não custa lembrar que o Jeep Wrangler que dirigimos no final do ano passado (e que também possui os dois eixos rígidos) exigia muitas correções no volante para manter a trajetória.


Depois de alguns quilômetros dirigindo este Jimny, confesso que foi difícil sair do banco do motorista. No conjunto da obra, o jipinho é muito agradável de guiar. A Suzuki, que é esperta, recentemente apresentou uma campanha publicitária do Jimny Sierra com a ideia de que os carros autônomos são uma realidade cada vez mais próxima e poderão resultar em um futuro chato e sem interação com os veículos, mas, se depender do utilitário, isso vai demorar para acontecer. E nós, que gostamos de dirigir, realmente esperamos que possa haver diversão ao conduzir os carros do amanhã...

Vem conferir a Galeria de Fotos do Suzuki Jimny 4Sun!



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