Avaliação: Líder de vendas, Fiat Strada é ótima de dirigir na versão Ranch 1.0 Turbo


Texto e Fotos | Júlio Max, de Teresina (PI)
Agradecimentos | Assessoria de Imprensa Stellantis

Lançada no Brasil há 25 anos, a Fiat Strada rapidamente conquistou a preferência do público no segmento de picapes compactas, e, constantemente, passou por mexidas para permanecer atraente diante dos consumidores. A cabine estendida veio em 1999, numa época em que as rivais não traziam muito espaço na cabine atrás dos bancos. A versão com visual off-road (Adventure) chegou em 2001. O bloqueio eletrônico do diferencial (Locker) estreou em 2008 e, logo em seguida, surgiu a carroceria de cabine dupla para quatro pessoas (2009), que ganhou a terceira porta em 2013 para melhorar o acesso de quem viajava atrás. Uma reformulação total chegou em junho de 2020: além de seguir como a picape mais vendida do País, a Strada também se tornou a líder de emplacamentos em território nacional entre os automóveis de passeio zero-quilômetro nos anos de 2021, 2022 e no acumulado de 2023 até agora. Três anos atrás, tivemos a oportunidade de passar uma semana com a versão Volcano 1.3 com câmbio manual - que, na época, era a alternativa topo-de-linha da picape. Agora, o Auto REALIDADE conviveu por oito dias com a Strada Ranch 1.0 Turbo com câmbio automático CVT. Por essas coincidências da vida, os dois exemplares que recebemos vieram com a carroceria na cor metálica Cinza Silverstone.


A versão Ranch da Fiat Strada foi lançada em dezembro de 2021 como uma opção acima da Volcano, chegando para marcar a disponibilidade do câmbio automático CVT com emulação de 7 marchas para a picape. Agora, a Ranch divide a condição de versão topo-da-gama com a opção Ultra - as roupagens destas duas versões são inspiradas nas opções homônimas da Fiat Toro. A Ranch passa a existir somente com motor 1.0 Turbo e câmbio CVT, deixando de ter a alternativa 1.3 automática - quem quiser este conjunto de motor e câmbio deverá escolher a versão Volcano 1.3 CVT. Vale lembrar que, além das alternativas mencionadas, a Strada também dispõe das opções Endurance Cabine Plus (simples), agora com direção elétrica e motor 1.3 Firefly aliado ao câmbio manual de cinco marchas; Freedom Cabine Plus 1.3 manual, Freedom Cabine Dupla 1.3 manual e Volcano Cabine Dupla 1.3 manual (veja mais imagens e detalhes sobre todas as versões aqui).


Para marcar a fase turbinada da Strada, as versões Ultra e Ranch trazem visual frontal inédito. Na dianteira, a grade superior abandona as barras horizontais e possui novo formato, trazendo filete cromado na parte de cima e aberturas ao estilo de colmeia logo abaixo. O para-choque também é exclusivo na comparação com as opções Endurance, Freedom e Volcano, trazendo entrada de ar ao mesmo estilo da grade superior, além do elemento central em cinza-fosco (onde a placa é alojada) e dos alojamentos mais agressivos para os faróis de neblina (que lembram os do Fiat Pulse e, assim como as luzes de posição e os fachos baixo e alto da iluminação principal, são de LED; na dianteira, somente os piscas são halógenos). Na versão Ranch, as molduras do para-choque recebem a cor prata-fosco. Vale destacar que o novo para-choque possui passagens de ar para as caixas de roda dianteiras, junto dos alojamentos dos faróis de neblina.


A Strada Ranch traz rodas com desenho exclusivo, de 16 polegadas, com maior área diamantada na comparação com a opção Ultra, e com detalhes em cinza-escuro. Além disso, seus pneus são os Goodyear Wrangler Territory AT (All Terrain) 205/55, enquanto a Ultra traz pneus Dunlop Enasave EC300+ (também de perfil 205/55). Na Ranch, a calibração dos pneus deve ser de 32 libras com meia carga. Com carga total, deve-se utilizar 44 psi no eixo traseiro. E, para quem preferir economizar combustível, a Fiat recomenda 35 psi nos pneus da frente e 38 psi atrás.


A versão Ranch 1.0 Turbo possui estribos laterais da Mopar, e as capas dos retrovisores, agora na cor da carroceria (na Ranch 1.3, eram pretas), incorporam luzes de seta. As maçanetas externas também possuem a cor do veículo e, na porta do motorista, há uma fechadura para o travamento manual. As colunas entre as janelas possuem a cor preto-fosco. Os apliques plásticos dos para-lamas dianteiros, que imitam saídas de ar, passam a trazer a inscrição "Turbo" (antes, continham o nome da versão). As barras de teto são funcionais, e suportam peso de até 50 quilos. A picape mantém as molduras plásticas foscas em torno dos para-lamas e na parte inferior das portas, que protegem a carroceria das portadas em espaços apertados, mas deixou de ter os para-barros que existiam na Ranch 1.3, por conta dos pneus maiores.


Na traseira, a única diferença em relação às outras versões é o logotipo Turbo 200 que identifica o motor mais potente - em cinza-fosco e com o algarismo cromado. A picape mantém as lanternas com as laterais repuxadas em direção aos para-lamas, que trazem todas as luzes halógenas. A tampa da caçamba possui uma moldura plástica para abrigar a maçaneta e a câmera de ré (na ponta esquerda). A parte inferior da tampa tem textura em preto-fosco e fica recuada em relação ao para-choque traseiro, que traz os sensores de estacionamento embutidos e dois refletores horizontais. A luz de placa e o brake-light (atrás do vidro traseiro) são de LED.


A Strada Ranch possui 4,45 metros de comprimento, 1,73 metro de largura (desconsiderando retrovisores; com os espelhos, são 1,97 m), 1,60 metro de altura (incluindo as barras de teto) e distância entre-eixos de 2,74 m. Nesta versão, a altura mínima em relação ao solo é de 18,5 centímetros. O ângulo de entrada é de 23 graus, enquanto o ângulo de dorso é de 22º, e o de saída, de 29º.


Na parte interna, as versões Ranch e Ultra da Strada passam a ter volante semelhante ao da Fiat Toro (portanto, diferente das demais opções da picape, que usam o volante de Pulse, Argo e Cronos). Ele conta com aletas para trocas de marcha sequenciais, base levemente achatada e aro revestido de couro, que traz costuras aparentes (em marrom na versão Ranch e na cor vermelha para a Ultra), além de botões para operação de som atrás dos raios (só funcionam com a ignição ligada. Do lado esquerdo, alternam entre faixas e estações; já do lado direito há a regulagem de volume e a escolha da fonte de áudio). De frente para o motorista estão os comandos do computador de bordo (operado pelas quatro setas), bem como acesso ao menu de telefone, comandos de voz do celular conectado e modo Sport (a Fiat insere botão vermelho nas versões turbinadas), porém, faltou o controlador de velocidade de cruzeiro, presente em Argo e Cronos com câmbio automático. As molduras dos raios laterais são pintadas em prata-fosco e o logo da Fiat vem acompanhado de um contorno em preto-brilhante, assim como o raio inferior. A coluna de direção conta com regulagem em altura através de uma alavanca do lado esquerdo. Ao liberar esta trava, o volante vai para baixo, mas o deslocamento é amortecido.


O quadro de instrumentos mantém o layout conhecido desde o lançamento da atual geração da picape - com grafismos próprios da Strada. Conta-giros (com faixa vermelha iniciando em 6 mil rpm) e marcador do nível de combustível, ambos analógicos, ficam nas extremidades da cúpula, contrapostos. Ao centro está o velocímetro analógico, com escala até 200 km/h, e dentro dele, a tela de TFT do computador de bordo, de 3,5 polegadas, operada pelos botões no raio esquerdo do volante, que são iluminados. Ela exibe:
  • Velocímetro digital em km/h;
  • Info Veículo: mostra se a pressão dos pneus está correta, o horímetro do motor (quantas horas ele esteve em funcionamento), a temperatura do líquido de arrefecimento do motor e a temperatura externa, além do menu Desempenho, que exibe os percentuais de turbocompressor e de potência que estão sendo momentaneamente exigidos, e o mostrador de Força G, que indica as forças de deslocamento e inclinação da carroceria;
  • Trip A e B, cada qual com os registros de distância percorrida, consumo médio em km/l, velocidade média e tempo de viagem. Este menu também dá acesso ao indicador Economia, que mostra a autonomia estimada e as barras crescentes que indicam se o consumo instantâneo está sendo menos (-) ou mais (+) econômico;
  • Áudio: mostra informações sobre nome da música ou informações de rádio, além da fonte de som (USB1, USB2, auxiliar, Bluetooth, rádio AM ou FM).
  • Mensagens (indicações às quais o motorista deve se atentar, como fazer revisão)
  • Configurações do veículo: permite alterar as informações exibidas no canto superior (esquerdo, direito e central) da tela. Nos cantos direito e esquerdo, pode-se escolher entre exibir hora, data, temperatura externa, consumo médio (apenas Trip A) e autonomia estimada. Além disso, é possível ajustar o alerta sonoro de velocidade excedida (entre 30 e 200 km/h, em intervalos de 5 em 5 km/h), ativar ou desativar o airbag dianteiro do passageiro, ajustar o volume dos avisos e das teclas, ajustar a iluminação dos instrumentos (também afeta o brilho dos botões do volante, do sistema multimídia, do ar-condicionado e das posições de câmbio), ver informações do telefone e conferir quantos quilômetros ou quantos dias faltam para a próxima revisão.

A tela também possui indicação individual de porta aberta e mostra até se o capô não foi fechado (inclusive, com o ícone da Strada já de frente nova). Caso a tampa da caçamba fique aberta, não há indicação. O hodômetro total é exibido na parte inferior central dos instrumentos. Ao dar a partida, os ponteiros giram até o fim e o nome "Ranch" da versão é exibido na tela.


Os comandos de luzes ficam concentrados na haste esquerda. Ao girar a ponta da alavanca, é possível deixar os faróis desligados ou o facho baixo aceso. Mesmo quando o interruptor está na posição desligado, as luzes de condução diurna ficam ligadas assim que a ignição está acionada. Um aro giratório aciona as luzes de neblina, assim como na Toro (antes, havia um botão no painel para isso) - quando ligados, estes faróis diminuem o brilho das luzes de posição. A luz de placa acende junto com os faróis baixos. Ao deslocar levemente a alavanca para um dos lados, sem mover até o clique, a seta é ligada 5 vezes. Além disso, a picape dispõe do temporizador Follow Me Home (após desligar a ignição, as luzes permanecem acesas de 30 a 210 segundos, tempo que pode ser ajustado depois de desligar o carro e puxar a alavanca de seta em direção ao volante).


Do lado oposto estão os comandos dos limpadores dianteiros, com as posições desligado, de funcionamento intermitente e de varredura contínua (lenta ou rápida). Ao deslocar a alavanca para cima, ela permite o acionamento rápido dos limpadores enquanto o motorista empurrar a haste.


O sistema multimídia Uconnect permanece com a tela sensível ao toque de 7 polegadas, que oferece layout personalizável. Podem ser criados perfis de usuários, com nome, imagem (entre as já predefinidas) e até optar entre um layout de animação de boas-vindas. Em relação às mídias, há rádios AM e FM com memória para até 24 estações, Bluetooth (pareável simultaneamente com dois dispositivos), entrada auxiliar e duas entradas USB-A, ambas com função de carregamento e transmissão de dados. Cada página da tela pode exibir simultaneamente dois widgets. O motorista escolhe se quer ver o menu de mídia (em execução), os contatos favoritos ou as chamadas recentes do telefone, o percurso A, o percurso B e os atalhos personalizados. Estas páginas podem ser reordenadas, editadas e excluídas a qualquer momento.


O espelhamento de aplicativos do celular pode ser feito sem fio, tanto por Android Auto quanto pelo Apple CarPlay. Para que o aparelho não descarregue rapidamente durante a conexão, a picape também possui um carregador de bateria de smartphone por indução no console, que, inclusive, é refrigerado (pequenos furos no lado direito do porta-objeto permitem a passagem de ar). O sistema multimídia também contém as informações de percurso, como autonomia, consumo instantâneo e as informações de Trip A e B, também presentes no computador de bordo.


O som possui 4 alto-falantes nas portas. A qualidade de som é boa e há funções de equalizador, otimização da qualidade do som em volume baixo (Sonoridade/Loudness), distribuição espacial de som ajustável e volume que aumenta conforme a velocidade.


A Strada dispõe de câmera de ré com linhas de guia dinâmicas (que acompanham o esterço do volante e podem ser desativadas. A imagem pode ser exibida a até 13 km/h ou 10 segundos após outra posição de câmbio ser engatada. Ela também possui sensor de estacionamento traseiro (com bipes que podem ser inibidos ou ativados por um botão no painel e gráficos na tela dos instrumentos ao engatar a ré) e retrovisor direito que rebate para baixo quando a ré é engatada e o interruptor do espelho está apontado para o lado direito. 


Acima da tela da central multimídia há quatro botões. Da esquerda para a direita, eles controlam o acendimento da iluminação de caçamba, o pisca-alerta, o acionamento do controle de tração avançado TC+ e os bipes dos sensores de estacionamento traseiros.


O ar-condicionado é automático e digital de zona única. Disponibilizado nas versões mais completas da picape a partir de julho de 2022, o aparelho traz, no círculo esquerdo, o ajuste de temperatura (de meio em meio grau Celsius, de 16° C a 32° C) e os botões para ligar/desligar o compressor de ar e alternar entre captação de ar externo ou recirculação. Ao centro estão os comandos para direcionamento do vento (painel, pés e para-brisa) e acionamento do desembaçador dianteiro no modo máximo e do desembaçador traseiro. Já o círculo direito permite alterar a velocidade de vento (em sete opções), acionar o modo de funcionamento automático (que controla inclusive a recirculação) e desligar ou ligar o aparelho (off). Os botões giratórios possuem aros emborrachados.


O início do console central abriga duas entradas: uma USB-A (identificada como USB1) e outra auxiliar. À direita fica um nicho para objetos pequenos. Logo abaixo está presente o carregador de celular por indução, com superfície emborrachada, acompanhado de um porta-copo confeccionado de plástico macio ao toque, com pequenas bordas.


A alavanca de câmbio é compartilhada com outros modelos automáticos da Fiat. Ela traz coifa em couro com costuras marrons, além da etiqueta Fiat Flag, do pomo prateado e do aro cromado. A posição engatada é exibida em vermelho, e as demais, em branco.


Atrás da alavanca de câmbio, há um porta-objeto raso com fundo emborrachado, material também presente no porta-copo do fim do console central e no fundo do porta-trecos aberto do lado direito do painel. No console também fica o freio de mão (com botão de gatilho preto e coifa emborrachada) e a entrada USB2 (também do tipo A), numa posição fácil de ser alcançada pelos passageiros traseiros.


Finalmente, a picape passa a contar com insertos de couro nas portas dianteiras. Curiosamente, até a parte de baixo dos apoios vem revestida. As versões Ranch e Ultra trazem decorações internas distintas (a primeira alternativa conta com detalhes em marrom no painel e nos revestimentos, enquanto a segunda opção segue o estilo "all-black" com costuras vermelhas), mas ambas trazem estampas nos bancos dianteiros e emblemas abaixo da tela do sistema multimídia com o nome de cada versão, bem como forro de teto preto.


O porta-luvas conta com iluminação e a tampa é leve, mas é preciso esticar um pouco o braço para pegar e tirar objetos do habitáculo.


Na parte esquerda do painel, há um porta-objetos que fica embutido na tampa que dá acesso a parte dos fusíveis da picape. Logo abaixo fica a alavanca amarela para abertura do capô e o apoio para o pé esquerdo do motorista, em plástico. Os pedais são emborrachados e os tapetes, de carpete, trazem bordas com costuras marrons (e, na peça do motorista, duas presilhas). As soleiras das portas dianteiras são protegidas por adesivos foscos que trazem o nome da picape.


O forro de teto é todo preto - incluindo aí as colunas, moldura do espelho interno e para-sóis. Só o passageiro dianteiro dispõe de alça de teto, e seu retorno é bem abrupto, amortecido por pequenas borrachas. Espumados, os dois para-sóis possuem espelhos; o do motorista traz ainda tampa corrediça para evitar reflexos ao abri-lo e uma tira que serve como porta-documento. Aliás, o para-sol ou fica rente ao vidro dianteiro ou em posição muito vertical para o motorista. A única iluminação do teto, dianteira, tem as posições desligado, ligado continuamente ou ligado ao abrir uma das portas. Não há luzes individuais para motorista e passageiro dianteiros, nem iluminação central ou traseira - o que seria bem-vindo, pelo fato do forro refletir menos luz. O espelho interno vem com haste para alternar entre os ângulos dia/noite.


Quando o motorista abre a porta, a entrada USB2 acende sua moldura e o quadro de instrumentos acende momentaneamente, mostrando temperatura externa, data, hora e hodômetro. Ao ligar a ignição, também ficam acesos os botões nos raios do volante que ficam de frente para o motorista, além dos botões de vidros e retrovisores nas portas, dos comandos de ar-condicionado, dos botões abaixo da tela do sistema multimídia, das entradas USB1/auxiliar e da máscara das posições de câmbio. Quando a Strada é desligada, os botões das portas ainda ficam acesos por mais um minuto, ajudando a localizá-los caso seja necessário fechar algum dos vidros.


As travas das portas são acionadas por dentro ao empurrar a maçaneta do motorista ou do passageiro dianteiro, e a picape é automaticamente travada a 20 km/h, se esta função estiver habilitada no sistema multimídia. As maçanetas internas são prateadas e os vidros são elétricos em todas as portas, com função um-toque, acionamento por até 1 minuto após desligar o veículo e recurso anti-esmagamento, além da opção de bloqueio das janelas traseiras.


Os bancos são integralmente forrados de couro, trazendo faixas laterais e costuras aparentes na cor marrom, que contrastam com o preto também presente. Os bancos dianteiros contam com bons apoios laterais para o corpo e amplos apoios de cabeça. O motorista possui ajuste de altura do seu banco por uma alavanca à sua direita, além do apoio de braço, que é retrátil e revestido de couro, com costuras. Os cintos dianteiros ajustam em altura e possuem pré-tensionadores e limitadores de carga. As partes plásticas das linguetas dianteiras são grandes em relação ao tamanho das fivelas dos cintos.


No banco traseiro, o acesso é bom (as portas de trás se abrem em ângulo de até 80 graus), e o espaço é condizente com suas dimensões externas. Um adulto de 1,80 metro de altura vai com espaço de sobra para a cabeça, mas as pernas ficarão próximas dos bancos. Todos os passageiros dispõem de cintos de três pontos e apoios de cabeça ajustáveis em altura. Para as crianças, a segurança inclui também as fixações Top Tether e Isofix para as cadeirinhas. Quem senta ao meio terá menos espaço para as pernas, por conta do túnel central razoavelmente largo. As janelas das portas traseiras se abrem completamente.


Os forros de porta traseiros contam com espaço para guardar objetos e latas ou garrafas de até 500 mL (desde que fechadas). O verso do banco do passageiro dianteiro traz um porta-revista, mas ele é raso, sendo preciso um pouco de contorcionismo da mão para alcançar algum objeto pequeno que por ventura tenha caído em seu fundo.


O assento traseiro, inteiriço, pode ser levantado, revelando o triângulo envolto em uma capa de carpete e um alojamento tampado onde ficam macaco, chave de roda e outras ferramentas para a troca dos pneus. Levantar este assento é fácil, mas, na hora de baixar de novo, tenha paciência para passar os fechos dos cintos de segurança pelas pequenas aberturas do banco.


A caçamba possui protetor rígido, ganchos para amarração de carga (seis na parte superior e quatro na parte inferior), drenos para escoamento de água e capota marítima. Sua capacidade é de 844 litros, a largura entre as caixas de roda é de 1,06 metro (fora dessa região, a largura chega a 1,31 metro), o comprimento da caçamba é de 1,178 m, a altura é de 60,6 centímetros, a superfície da caçamba é de 1,31 m² e a carga útil é de 650 quilos - e a Strada ainda pode rebocar até 400 kg em trailer sem freio. Uma boa solução é a iluminação de caçamba incorporada na lateral direita do próprio habitáculo (em algumas picapes, a luz fica junto do brake-light na parte de cima do teto, o que não é útil quando a capota marítima está isolando a parte traseira). Outra boa sacada é que esta iluminação, de LED, é acionada por botão no painel, evitando que ela fique o tempo todo ligada caso seja preciso transportar objetos maiores com a tampa aberta, por exemplo. 


A luz de caçamba fica acesa por até 15 minutos, visando preservar a carga da bateria, e não pode ser acionada com a picape em movimento, sendo desativada caso a luz tenha sido ligada com a Strada parada e ela comece a rodar acima de 20 km/h. O exemplar avaliado trouxe um tapete emborrachado sobre a superfície de carga, que é removível. Além de resguardar o fundo do compartimento contra sujeira e arranhões, esse tapete pode ser puxado para a frente, o que ajuda a alcançar objetos que estejam mais para o fundo da caçamba.


A tampa da caçamba conta de série com amortecedor para alívio do peso, o que ajuda na hora de manuseá-la durante a abertura e o fechamento. Porém, não caia na tentação de deixar a porta da caçamba despencar, pois vai haver um baque. Esta tampa aguenta até 400 quilos sobre ela (com a picape parada) e possui porta-copos embutidos na cobertura de plástico rígido.


Na parte de baixo da carroceria, está fixado o estepe, que deve ser utilizado a no máximo 80 km/h. Para acesso a ele, a tampa traseira deve estar necessariamente aberta, para que seja retirado uma peça de acabamento na caçamba que dá acesso a um parafuso. A partir de uma das ferramentas dentro do veículo, é possível desparafusar e fazer a roda descer. O pneu sobressalente é temporário, com roda de ferro de 16 polegadas e pneu 125/80, e deve ser calibrado com 60 psi.


A chave-canivete traz botões de travamento e destravamento das portas, que afetam também a tampa da caçamba e a portinhola do tanque de combustível. Ao apertar o botão com o símbolo da Fiat, a lâmina da chave se desdobra. Como é padrão nos carros da marca, quando as portas são travadas, os vidros fecham junto. Já ao segurar o botão de destrancamento, as quatro janelas baixam. As luzes de posição da picape acendem por 25 segundos após o destravamento, ajudando a encontrá-la em ambientes sem iluminação. No travamento, a picape buzina uma vez e, no destravamento, duas vezes. Se a Strada for destravada mas nenhuma porta for aberta, a picape tranca automaticamente após 1 minuto. O alarme é perimétrico (não detecta movimentação interna e dispara a buzina ao ser aberta uma porta ou capô). Ao abrir a lâmina, também fica acessível uma pequena trava que permite, através de uma chave de fenda, o desmonte da parte plástica da chave da picape para acesso à bateria do controle remoto.


A picape traz o Controle de Tração Avançado (TC+), que ativa o E-Locker. Com este mecanismo, fica mais fácil para a picape superar terrenos em que uma das rodas esteja patinando, já que é transferido mais torque para a roda com maior aderência. O TC+ desativa o controle de tração tradicional (ASR) e fica ativo ao pressionar o botão TC+ no painel. Este recurso fica disponível até 65 km/h. Este mesmo botão ativa também o ABS Off-Road, que faz com que os freios travem de forma intermitente. Isto faz com que os pneus se arrastem na frenagem e os montes de areia, lama ou terra formados ajudem a parar a picape em um espaço menor.


Além disso, a Strada Ranch vem com 4 airbags (dois frontais, com possibilidade de desativar a bolsa do passageiro, e dois laterais incorporados aos bancos dianteiros), assistente de partida em ladeiras (atua em aclives, com marcha engatada à frente, e em declives, de ré, com inclinação acima de 5%, mantendo a picape freada por 2 segundos - tempo suficiente para tirar o pé do freio e pisar no acelerador), freios com antitravamento ABS, além dos controles de tração e estabilidade e do alerta visual/sonoro caso algum dos ocupantes dianteiros não esteja usando cinto - um bipe bem irritante.


Com bloco em alumínio, o motor 1.0 Turbo Flex, de três cilindros em linha e quatro válvulas por cilindro, trabalha sob a taxa de compressão de 10,5:1 e entrega a potência de 125 cavalos com gasolina e de 130 cv com etanol, sempre a 5750 rpm. Já o torque é de 20,4 kgfm com ambos os combustíveis, a partir de 1750 rpm. O propulsor de 999 cm³ traz o turbocompressor de baixa inércia da BorgWarner com wastegate eletrônica, além da injeção direta de combustível e do sistema eletro-hidráulico MultiAir III de controle flexível das válvulas de admissão, com um eixo para as válvulas de escape. O protetor de cárter é item de série e a bateria é de 60 Ampères.


O câmbio automático CVT (continuamente variável) conta com a emulação de 7 marchas. Com exceção da primeira marcha, todas as demais relações foram encurtadas na Strada, quando comparadas às de Pulse e Fastback 1.0 Turbo. A Strada Ranch dispõe do modo sequencial, que é acionado pelas aletas + e - junto do volante, ou pelo trilho que é alcançado à esquerda da posição D. A picape até aceita ser desligada fora da posição Parking, mas se recusa a liberar a chave do tambor de ignição - um aviso na tela do quadro de instrumentos informa sobre a necessidade de levar a alavanca até a posição P. É possível dar a partida na picape sem pisar no freio e também ligar o motor com a transmissão em N. A tração é dianteira, com juntas homocinéticas.


Na versão turbinada, o conjunto de freios passou por alterações no eixo dianteiro, onde são utilizados discos ventilados com pinça flutuante e diâmetro de 28,4 por 2,2 centímetros (nas versões aspiradas, os discos possuem 25,7 x 2,0 centímetros de diâmetro). As pinças também são novas. Já a traseira mantém os tambores com sapatas auto-centrantes e diâmetro de 22,9 cm. Na versão Ranch, a carroceria tem peso em ordem de marcha de 1253 quilos.


O conjunto de suspensão adota o esquema independente McPherson na dianteira, com molas helicoidais, barra estabilizadora e amortecedores hidráulicos. Atrás, o tradicional eixo rígido traseiro é amparado pelos feixes de molas longitudinais e pelos amortecedores hidráulicos. Para a versão turbinada, foram promovidas alterações nos amortecedores e nas molas dianteiras.


O tanque de combustível tem a capacidade de 55 litros e sua portinhola é aberta ao se apertar a sua extremidade traseira. O travamento e destravamento da portinhola está associado ao fechamento e abertura das portas.


As versões Ranch e Ultra da Strada turbinada possuem o mesmo preço de tabela: R$ 132.990. A opção Ranch conta com cinco opções de cores para a carroceria: Preto Vulcano (sólida, sem custo adicional), Vermelho Montecarlo (sólida, + R$ 990), Branco Banchisa (sólida, + R$ 990), Cinza Silverstone (metálica, + R$ 2.290) e Prata Bari (metálica, + R$ 2.290). O exemplar avaliado, portanto, tem valor de R$ 135.280.


A garantia de fábrica é de 3 anos e as revisões são feitas em intervalos de 10 mil em 10 mil quilômetros ou de 12 em 12 meses, o que ocorrer primeiro. De acordo com a Fiat, o custo das três revisões feitas no período de garantia somam R$ 2.100, pouco menos que os R$ 2.117 da Renault Oroch Outsider 1.3 Turbo e do que os R$ 2.180 da Chevrolet Montana LTZ 1.2 Turbo.

Impressões ao dirigir


Ao assumir o banco do motorista, quem dirige a Strada percebe um posicionamento elevado de condução, pensado para melhorar a visibilidade. Além disso, ao elevar a altura do assento, este também vai para a frente, colaborando com pessoas de baixa estatura. A opção pelos bancos dianteiros altos (e pela coluna de direção pouco avançada) também fazem com que a pessoa ocupe menos espaço longitudinal dentro da cabine, ajudando os passageiros traseiros a terem um pouco mais de conforto. As regulagens de altura da coluna de direção e do cinto de segurança ajudam a encontrar uma melhor posição de condução. Além disso, os bancos dianteiros trazem bons apoios laterais.


Os retrovisores externos e interno são bem-dimensionados, e o vidro traseiro praticamente reto também colabora para a visão atrás, assim como o fato de que a caçamba aparece pouco através do espelho. Porém, a barra horizontal de proteção traseira é razoavelmente grossa e pode interferir na visão de veículos que estejam mais afastados. Além disso, a articulação dos para-sóis poderia ter mais posições intermediárias entre rente ao para-brisa ou vertical diante do condutor. 


A direção elétrica é, sem dúvidas, um dos principais atributos da Strada. Com nova calibração nas versões turbinadas, ela é muito cômoda em todas as situações, sendo bem leve em baixas velocidades (porém não é boba, o que ajuda a não perder o prumo) e ganhando peso ao andar mais rápido. Além disso, o volante tem abas para o encaixe das mãos, e o revestimento de couro do aro é bem agradável ao tato. Outro destaque é o diâmetro de giro de 10,8 metros, que facilita as manobras de retorno (na Montana, por exemplo, são 11,5 metros). Na picape da Fiat, são três voltas de batente a batente. Os principais comandos estão próximos das mãos do condutor e a alavanca de freio de mão é leve e fácil de manusear. Além disso, o apoio para o pé do motorista tem boas dimensões e angulação.


Os esguichos funcionaram bem e os limpadores cumpriram sua função em silêncio, mas a área varrida, principalmente na borda esquerda do vidro, poderia ser maior. As portas apresentaram boa vedação contra água e poeira, ao passo em que a capota marítima permitiu um pouco de intrusão de água na região da abertura da caçamba durante uma lavagem com mangueira.


O conjunto de suspensão também é outro grande trunfo da picape da Fiat: ele transmite muito conforto ao rodar em pisos ruins. Sente-se um pouco mais de oscilação vertical no eixo traseiro, mas em um nível aceitável, e compensado pela absorção macia dos baques. O ar-condicionado é bastante eficiente e deu conta de gelar a cabine rapidamente mesmo sob temperaturas externas de até 46º C (!), mas, sob sol forte e com os faróis baixos ligados, é difícil enxergar as informações dos visores deste aparelho. Por algum motivo, no momento em que a partida é feita, os vidros elétricos que estiverem subindo ou descendo interrompem seus movimentos.


O motor 1.0 Turbo faz a Strada andar muito bem e ter disposição em todas as situações, mesmo em subidas, com ar ligado e no modo automático tradicional. Na estrada (perdão pelo trocadilho), a picape se sente em casa. Em arrancadas, a picape chega a cantar levemente os pneus em primeira marcha, mesmo com todos os controles eletrônicos ativos. Confira agora os resultados dos nossos testes, realizados em ambiente seguro, com uma pessoa a bordo, gasolina no tanque, ar-condicionado desligado, câmbio em Drive, controles eletrônicos ativados e cronometragem pelo aplicativo GPS Acceleration:

Aceleração de 0 a 100 km/h: 9,5 segundos
Retomada de 40 a 80 km/h: 5,0 segundos
Retomada de 60 a 100 km/h: 6,7 segundos
Retomada de 80 a 120 km/h: 7,8 segundos

Condições do teste

Temperatura externa: 39º C
Altitude (estimada): 71 metros
Pressão dos pneus: não disponível 
Nível de combustível (aproximado): pouco mais de 1/4 do tanque
Quilometragem do veículo durante os testes: 1511 km


O câmbio CVT contribui bastante com o conforto ao rodar, fazendo trocas das relações de marcha de forma muito suave, mesmo no modo sequencial. Com pé embaixo, as mudanças são feitas a pouco menos de 6 mil rpm. As trocas sequenciais podem ser feitas no trilho da própria alavanca, à esquerda da posição Drive, ou pelas aletas junto do volante (quando somente os paddle-shifts são acionados, sem deslocamento da alavanca para o modo sequencial, a tendência é que o modo automático seja novamente estabelecido caso o motorista pise leve no acelerador). Bipes soam quando o condutor tenta engatar uma marcha inadequada para aquele momento (exemplo: tentar subir para a quarta marcha a 30 km/h). As reduções de marcha nas desacelerações são feitas de forma automática, e o câmbio aceita a redução de várias marchas com toques sucessivos (sendo possível, por exemplo, baixar rapidamente da sétima para a quarta marcha). A tela do quadro de instrumentos exibe ícones no canto superior direito que sugerem ao motorista avançar ou reduzir marchas, e, no modo sequencial, também mostra a marcha engatada (assim como as que estão próximas). 


O modo Sport faz com que o motorista perceba imediatamente que o pedal do acelerador fica mais responsivo. As trocas das relações de marcha ocorrem em rotações mais altas, a direção elétrica fica ligeiramente mais firme e fica ativa a função DTV (Dynamic Torque Vetoring), diminuindo a tendência de substerço com a aplicação de torque de frenagem às rodas internas à curva e de mais força para as rodas externas. A picape pode ser utilizada neste modo esportivo no cotidiano e em velocidades baixas sem desconforto.


Mesmo sendo uma picape turbinada e com motor de três cilindros em linha, o nível de vibrações é atenuado no volante e nos bancos (tanto com gasolina quanto com etanol no tanque). Porém, o pedal do freio transmitiu trepidações em alguns momentos. O ronco da picape se impõe nas acelerações mais fortes, e até é possível ouvir o suspiro do turbocompressor em certas situações. Mas, sob condução tranquila, a Strada é mansa: em ritmo de cruzeiro, a 100 km/h, o motor está a cerca de 2000 rpm - praticamente a mesma rotação dos dois Cronos 1.3 CVT que avaliamos recentemente.

A título de informação, monitoramos em quais velocidades a Strada sugere as trocas de marcha sob condução tranquila em piso plano, tanto no modo automático tradicional quanto no Sport. Vale dizer que as velocidades em que as mudanças nas relações de marcha ocorrem sempre estão sujeitas a variarem conforme as condições do ambiente, da condução e do veículo:

  • 1ª para 2ª marcha - aproximadamente 20 km/h
  • 2ª para 3ª marcha - aproximadamente 33 km/h
  • 3ª para 4ª marcha - aproximadamente 42 km/h
  • 4ª para 5ª marcha - aproximadamente 52 km/h
  • 5ª para 6ª marcha - aproximadamente 63 km/h
  • 6ª para 7ª marcha - aproximadamente 76 km/h
Modo Sport
  • 1ª para 2ª marcha - aproximadamente 24 km/h
  • 2ª para 3ª marcha - aproximadamente 35 km/h
  • 3ª para 4ª marcha - aproximadamente 44 km/h
  • 4ª para 5ª marcha - aproximadamente 53 km/h
  • 5ª para 6ª marcha - aproximadamente 66 km/h
  • 6ª para 7ª marcha - aproximadamente 88 km/h

Em termos de consumo de combustível, a Strada apresentou as melhores médias entre os modelos da Fiat com motor 1.0 Turbo avaliados até agora pelo Auto REALIDADE. Em nosso uso, a luz de reserva acendeu quando a picape indicava 102 quilômetros de autonomia estimada com gasolina e 89 km com etanol. O cálculo continuou a ser exibido mesmo até com o combustível quase no fim. Ao todo, rodamos 823,7 quilômetros com a picape.

GASOLINA

Consumo de combustível médio: 11,3 km/l
Distância percorrida: 444,2 km
Velocidade média (estimada): 24 km/h

ETANOL 

Primeiro reabastecimento, ocorrido quando a picape estava na reserva indicando 41 km de autonomia - 25,06 litros - rodagem predominante na estrada

Consumo de combustível: 11,2 km/l
Distância percorrida: 127,5 km
Velocidade média (estimada): 34 km/h

Segundo reabastecimento, ocorrido quando a picape estava indicando 201 km de autonomia - 17,54 litros (média anterior zerada) - rodagem predominante na cidade

Consumo de combustível: 9,2 km/l
Distância percorrida: 234,0 km
Velocidade média (estimada): 25 km/h

Até o fim da testagem com etanol, incluindo um último reabastecimento, ocorrido quando a picape estava indicando 6 km de autonomia - 5,01 litros (cumulado com média anterior) - rodagem predominante na cidade

Consumo de combustível: 9,1 km/l
Distância percorrida: 251,9 km
Velocidade média (estimada): 25 km/h

Boletim comentado da Fiat Strada Ranch 1.0 Turbo CVT


Design = 9,25

As versões Ranch e Ultra da Strada se diferenciam das demais opções por trazerem novo estilo de para-choque dianteiro e de grade frontal, fazendo a picape da Fiat incorporar um toque adicional de robustez e atualidade visual (afinal, neste segmento, quem não se mexe perde relevância rapidamente). Além disso, estas versões turbinadas trazem rodas de 16 polegadas, que harmonizam melhor com as dimensões da picape do que as opções de 15 polegadas, e estribos laterais - que são mais estéticos do que efetivamente funcionais. Na opinião do Auto REALIDADE, a versão Ranch tem aparência mais atraente e harmoniosa do que a opção Ultra, por trazer itens cromados e rodas com maior área de diamantação, aliados à sobriedade dos detalhes prateados na parte frontal. A Strada Ultra investe em mais detalhes escurecidos, apreciados por muita gente, mas a barra vermelha na grade dianteira, por exemplo, divide opiniões.

Espaço interno = 8,75

Com cabine dupla, a Strada é capaz de acomodar até cinco pessoas - na prática, se os ocupantes dianteiros tiverem 1,80 metro de altura, resta pouco espaço para as pernas de alguém da mesma altura que viaje no banco de trás. O espaço para cabeça é bom tanto na frente quanto atrás. Quem senta ao meio divide espaço com o túnel central, que é razoavelmente largo. Até é possível que três pessoas com cerca de 1,80 metro de altura se acomodem atrás, porém todos irão com pernas e ombros muito próximos uns dos outros. Já a caçamba de 844 litros supera o volume de Saveiro e Oroch, sendo apenas 30 litros menor que o compartimento da Montana (que é 26,9 centímetros mais comprida). Além disso, é importante destacar a presença dos porta-objetos na parte inferior dos forros das quatro portas, no console central (com dois porta-copos e local dedicado ao celular) e no painel. Porém, a Strada não se dá tão bem com garrafas mais volumosas: dentro dos nichos cabem, no máximo, embalagens de água de 500 mL.

Conforto = 9,0

Trazendo opções com câmbio automático desde o final do ano de 2021 e dispondo hoje de três opções com esta transmissão continuamente variável, a Strada é bem confortável para o uso cotidiano: as passagens das relações de marcha são muito suaves em todas as condições de condução, o motorista tem à disposição uma direção cômoda e precisa, além de um bom apoio para o pé esquerdo e dos comandos e botões próximos das mãos. Os estribos não chegam a atrapalhar o acesso à cabine - porém possuem pouca utilidade prática. O ar-condicionado gela a cabine com eficiência e o conjunto de suspensão transmite nível muito satisfatório de absorção de impactos do piso, mesmo com o eixo rígido e os feixes de mola na traseira. 

Acabamento = 8,25

Alguns detalhes de acabamento da Strada são diferenciados para a versão Ranch, como os apliques em marrom no painel, em torno da alavanca de câmbio e nas costuras e faixas laterais dos bancos, que são totalmente revestidos de couro. Este material, aliás, está presente também no volante, na coifa da alavanca de câmbio e, pela primeira vez nesta geração da picape da Fiat, nos apoios das portas dianteiras. Também é importante destacar a presença dos porta-objetos com fundo emborrachado. A picape possui variações de texturas dos plásticos rígidos presentes no painel e nos forros de porta: há áreas lisas e texturizadas convivendo lado a lado. Porém, o exemplar avaliado veio sem uma das presilhas que fixa a peça do lado esquerdo do painel que dá acesso a parte dos fusíveis (fazendo com que a parte plástica ficasse nitidamente desalinhada) e apresentou dois rangidos ao longo da avaliação: o primeiro, perceptível nos primeiros dias, se manifestava principalmente a partir de 30 km/h e em desacelerações, aparentando vir da região traseira direita, e sumiu algum tempo depois. Já no antepenúltimo dia de testes, surgiu (e persistiu) um "nheco-nheco" que vinha de dentro do console dianteiro.

Equipamentos = 9,0

A Strada Ranch, assim como a versão Ultra, traz todo o pacote de itens disponível para a picape da Fiat, que inclui direção elétrica, banco do motorista e volante ajustáveis em altura, ar-condicionado automático digital, revestimentos de couro, travas, vidros e retrovisores elétricos, chave-canivete, central multimídia, carregador por indução, câmera e sensores de ré, modo sequencial do câmbio, protetor de caçamba e capota marítima. É um conjunto de equipamentos que abrange os principais itens úteis para o uso no dia-a-dia, e o pacote guarda certo distanciamento dos itens que estão disponíveis nas versões mais completas da Fiat Toro.

Instrumentos, Multimídia e Sistema de Som = 9,0 

O quadro de instrumentos oferece boa leitura, mesmo sob sol forte, e concentra uma grande variedade de informações na tela de 3,5 polegadas - como é de praxe entre os carros da Fiat. É possível ver velocímetro digital, temperatura do líquido de arrefecimento do motor, indicação de portas abertas e capô, informações de som e de computador de bordo, além dos itens específicos para as versões turbinadas, como índices de potência e turbo demandados, bem como o indicador de força G. Tudo com gráficos bem ilustrados.

A central multimídia tem bons recursos, como o espelhamento de conteúdo de celular sem fio e complementado pelo carregador de celular por indução com refrigeração (este, um item raro até em segmentos superiores), a presença de duas entradas USB com leitura de dados, a imagem da câmera de ré e o layout personalizável - mas a tela sensível ao toque de 7 polegadas parece pequena diante de Montana e Oroch, que trazem monitores de 8 polegadas. Em compensação, ainda é maior que a tela de 6,3 polegadas da Saveiro, e traz úteis botões físicos para controle de seus itens.

Já o sistema de som, com quatro alto-falantes (um em cada porta), tem qualidade de áudio agradável - principalmente com a função "Sonoridade" ativada. É possível alterar a equalização e a distribuição espacial de som. Na picape, o som tem praticamente a mesma definição de Argo e Cronos, mesmo sem a presença de tweeters.

Desempenho = 9,5

Com o motor 1.0 Turbo, a Strada anda na frente até mesmo de outras picapes mais potentes, graças à sua relação peso/potência favorável. O torque de 20,4 kgfm aparece desde baixas rotações, o câmbio contribui para o gerenciamento desta força (executando mudanças rápidas) e o modo sequencial da transmissão faz com que o motorista tenha maior autonomia para decidir qual marcha deve ser engatada. Além disso, está à disposição o modo Sport, que faz com que as reações se alterem instantaneamente. O resultado: a picape da Fiat está uma delícia de dirigir, muito mais disposta nas acelerações e retomadas do que as versões com motor 1.3 Firefly.

Dirigibilidade = 9,25

A manobrabilidade da Strada é muito agradável, graças à sua direção elétrica bastante progressiva e ao conjunto de suspensão que mantém a estabilidade nas curvas mesmo em caso de desvios rápidos. A picape tem uma dirigibilidade bem próxima à de um carro de passeio - em parte, por conta de suas dimensões relativamente compactas, que lhe garantem boa desenvoltura nos percursos urbanos. Seja sob condução tranquila ou esportiva, o câmbio automático CVT trabalha com suavidade, escolhendo sempre uma marcha adequada para a situação da condução.

Segurança = 8,0

A Strada de cabine dupla conta de fábrica com 4 airbags (frontais e laterais embutidos nos bancos dianteiros) - e leva vantagem diante das rivais Volkswagen Saveiro e Renault Oroch, que não possuem as bolsas de ar laterais nem mesmo como opcional. Além disso, a picape da Fiat possui alerta do não-uso dos cintos dianteiros, fixações para cadeirinhas infantis, discos de freio dianteiros ampliados, controles eletrônicos de tração e estabilidade, assistente de partida em ladeiras e ajuste de altura dos cintos dianteiros. Porém, pesa contra o resultado de seus testes de segurança, divulgado em novembro do ano passado pelo Latin NCAP (na carroceria de cabine dupla, 41,39% na proteção para adultos, 52,96% em proteção para crianças, 40,23% na proteção para pedestres/usuários vulneráveis das estradas e 48,84% em sistemas de assistência à segurança). E, já que a Strada sempre foi tão pioneira em seus 25 anos de estrada (novamente, perdão pelo trocadilho), bem que ela poderia incorporar alguns dos recursos de segurança que estão presentes em outros modelos da Fiat, como frenagem autônoma de emergência e assistente de permanência em faixa: seriam um enorme diferencial dentro do segmento. Os faróis de LED iluminam bem, a visibilidade da carroceria é satisfatória e os freios têm boa atuação, com modulação de pedal agradável.

Consumo de combustível = 8,75

Conosco, a Strada Ranch não chegou aos 12,1 km/l de gasolina na cidade indicados pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) do Inmetro, mas sua média de 11,3 km/l nos nossos percursos urbanos foi melhor que a do Fastback Audace, avaliado em fevereiro deste ano, e que a do Pulse Audace, cuja avaliação publicamos em junho de 2022 (ambos também com motor 1.0 Turbo e câmbio CVT). Já com etanol no tanque, o consumo foi melhor do que os 8,3 km/l apontados pelo PBEV do Inmetro: os 9,1 km/l que obtivemos em percursos urbanos estão mais próximos do resultado do PBEV com etanol na estrada (9,4 km/l).

Custo-benefício = 9,0

A Fiat Strada é, atualmente, a picape mais acessível do Brasil que alia o motor Turbo ao câmbio automático. Este fator é, por si só, um atrativo e tanto dentro de sua categoria. A disponibilidade de duas versões turbinadas pelo mesmo preço, que se diferenciam somente pelo visual externo e pela ambientação interna, faz com que os consumidores tenham a possibilidade de escolher uma versão mais sóbria e com apelo "country" (Ranch) ou uma opção com detalhes escurecidos e interior preto com detalhes vermelhos (Ultra). Optar por uma Strada, hoje, é levar para a garagem uma picape muito bem-aceita pelos consumidores brasileiros - e que é também o automóvel mais emplacado do País nos últimos anos, fator que contribui com sua elevada procura e liquidez na hora da venda. A versatilidade da Strada é notável: é uma picape compacta, fácil de usar na cidade, e que ao mesmo tempo pode levar até cinco pessoas e carga na caçamba. Só achamos que a distância de preços entre a versão Volcano 1.3 CVT (R$ 120.990) e as opções Ranch e Ultra (ambas com preço unitário de R$ 132.990) é grande o suficiente para que existisse mais uma opção da Strada turbinada com preço menor e um pouco mais despojada de equipamentos. Quem sabe, no futuro...

Nota Final = 8,9

As notas são atribuídas considerando a categoria do automóvel analisado, os atributos oferecidos pelos concorrentes (diretos ou por aproximação), além das expectativas entre o que o modelo promete e o que, de fato, oferece. Um mesmo carro avaliado duas vezes pode ter sua nota diminuída em uma avaliação posterior, caso não evolua para os níveis de exigência que se aprimoram continuamente no mercado automotivo. Frações de pontuação adotadas: x,0, x,25, x,5, x,75. Em caso de notas com valores fracionados na casa dos centésimos, os décimos da nota do resultado final são arredondados para cima. Critérios - Design = analisado o aspecto estético do automóvel, considerando-se as linhas e formas do veículo, bem como as proporções entre tamanho de rodas e o restante da carroceria, a presença de itens de estilo diferenciados, entre outros detalhes. Espaço interno = julgada a amplitude do espaço para passageiros (dianteiros e traseiros, de acordo com a capacidade declarada do carro), locais para acomodar objetos e bagagem. Conforto = considera o nível de comodidade transmitida pelo conjunto de suspensão e pela operação de transmissão, pedais, alavancas e outros mecanismos, bem como o nível de ruído e de vibrações dentro do automóvel, a posição de dirigir, a ergonomia interna e outras amenidades adicionais. Acabamento = analisada a atenção aos detalhes internos do veículo (encaixes de peças, qualidade dos materiais empregados e padronagens dos revestimentos). Equipamentos = analisam-se itens de série e opcionais disponíveis no automóvel avaliado. Aqui são considerados os equipamentos de conveniência. Instrumentos, Multimídia & Sistema de som = na análise do quadro de instrumentos, são julgados a facilidade de leitura e a disponibilidade de informações. O sistema multimídia do veículo é avaliado de acordo com os recursos disponíveis (espelhamento de tela de celulares, entradas para dispositivos, facilidade de operação do aparelho, visualização de câmeras, etc). Caso o veículo avaliado não possua um sistema multimídia mas disponha de rádio, este aparelho será analisado sob os mesmos critérios. Se o automóvel não dispuser de sistema de áudio, iremos considerar a presença de pré-disposição para som (fiação, antena e falantes). Desempenho = julgadas a aceleração do veículo, as retomadas de velocidade e a entrega de torque e de potência pelo automóvel. Dirigibilidade = são analisados o comportamento em curvas, a manobrabilidade do veículo (incluindo diâmetro de giro e número de voltas de batente a batente do volante) e o funcionamento da transmissão. Segurança = levam-se em conta a visibilidade pelos retrovisores e pela carroceria, a iluminação do veículo, os itens de proteção ativa e passiva, o desempenho nas frenagens (assim como a modulação do pedal do freio) e a presença e facilidade de operação dos assistentes de condução. Consumo de energia/combustível = energia/combustível gasto durante a avaliação e autonomia. Custo-benefício = avaliada a relação de vantagem entre o preço pago e o que o carro entrega.

Para mais detalhes sobre todos os critérios das avaliações do Auto REALIDADEclique aqui.

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