A sensação de dirigir o Ford Mustang GT Premium



A Ford finalmente atendeu aos clamores dos amantes de carros pelo Brasil e passou a importar oficialmente o Mustang, em versão única (GT Premium). Trata-se de um dos carros mais potentes e velozes que seu preço pode pagar, além de trazer consigo uma história fascinante, de mais de cinco décadas. Resultado: mais de 900 carros foram emplacados só este ano. O Auto REALIDADE teve a oportunidade de rodar com uma destas unidades. 


A popularidade do Mustang nas ruas brasileiras ainda é muito alta. Basta rodar com o carro por poucos minutos para perceber que não são poucas as pessoas que viram o pescoço para observar as linhas do cupê esportivo. A frente, com capô longo e vincos fortes, é marcada pela grade hexagonal pintada de preto-brilhante e rodeada pelos faróis agressivos de LED.



Lateralmente, destaque para as rodas pretas de 19 polegadas que, como manda a cartilha dos esportivos tradicionais, são mais largos atrás do que na frente: o perfil é de 255/40 na dianteira e 275/40 na traseiras. Nos para-lamas, o emblema "5.0" lembra que o Mustang é um dos poucos carros contemporâneos que ainda usa a fórmula do motor de alta cilindrada para render maior potência, sem precisar recorrer a turbocompressores.



Atrás, as lanternas em formato de barras verticais ficam translúcidas quando apagadas, revelando a cor vermelha ao serem ligadas. As quatro saídas de escapamento e o aerofólio traseiro também atraem olhares.


O interior do Mustang surpreende pela qualidade em seu acabamento: a parte superior do painel e das portas traz material macio ao toque, enquanto bancos, volante e painéis de porta são revestidos de couro. O volante, revestido em couro, aquecível, ajustável em altura/profundidade e com o estilo clássico de 3 raios e centro circular, incorpora comandos de som, controlador de velocidade adaptativo e funções do quadro de instrumentos digital configurável. As boas-vindas são dadas com o símbolo do cavalo a galope projetado no chão e com as soleiras iluminadas com o nome do modelo.



Os bancos dianteiros com ajustes elétricos (inclusive lombar) abraçam bem os ocupantes e trazem aquecimento e refrigeração. Atrás, há dois banquinhos adequados a crianças, com cintos de três pontos e fixação ISOFIX para cadeirinhas.


Existem 3 modos de visualizar as informações no quadro de instrumentos com tela de 12 polegadas: conta-giros e velocímetro podem aparecer em círculos tradicionais. O segundo modo estende o indicador de giros do motor, ainda mantendo o velocímetro "analógico". No último modo, o conta-giros é exibido numa barra horizontal (que remete aos instrumentos da primeira geração do Mustang) e o velocímetro é exibido de forma digital. Vale mencionar que diversas outras opções de personalização estão disponíveis, como as cores dos instrumentos, das luzes do ambiente (em 27 tons) e as informações que são exibidas no computador de bordo.



O motorista também pode escolher a intensidade do som do escape e verificar o desempenho do modelo através dos Track Apps, que monitoram a aceleração ou o tempo de volta em um circuito.



O sistema multimídia SYNC 3 também é bem tecnológico. Conta com espelhamento de conteúdo de celulares compatíveis com Android Auto e Apple CarPlay, mas ao mesmo tempo dispõe de um GPS nativo, útil quando o celular descarrega ou está fora de área. Pela tela de 8 polegadas, também se ajusta o ar-condicionado digital de 2 zonas e se confere a imagem da câmera de ré com linhas de guia, bem como os gráficos do sensor de estacionamento traseiro.



Presencial, a chave é praticamente idêntica à dos Fusion mais recentes, com a diferença que traz o símbolo do cavalo ao invés do azul oval da Ford. O botão de partida pulsa uma luz verde quando a ignição é acionada.



O console de luzes lembra bastante os outros carros da Ford. Além da função automática, há botões para acender os faróis e lanterna de neblina, bem como ajustar a luminosidade dos instrumentos. Há ainda o farol alto adaptativo, que comuta para luz baixa quando um veículo em sentido oposto é detectado.


O porta-malas forrado em carpete (inclusive na tampa, com braços pantográficos) conta com a boa capacidade de 382 litros. Ao abrir o forro, se vê que até existe um alojamento para um estepe, mas a Ford preferiu instalar um kit veda-furo, pois uma roda tradicional não só tomaria um precioso espaço do habitáculo, como também poderia não ser compatível com o pneu furado (lembrando que os pneus traseiros são mais largos que os dianteiros).



O motor 5.0 V8 Coyote, sob a pomposa capa plástica onde se lê a inscrição "Powered by Ford", entrega 466 cavalos a 7000 rpm (uma rotação que a princípio parece ser muito alta, mas é facilmente atingível ao se pisar fundo) e torque de 56,7 kgfm a 4600 rpm. Simultaneamente, a injeção de combustível é direta e indireta, e o propulsor conta com acionamento por corrente e duplo comando de válvulas variável na admissão e escape.

A despeito dos 1783 quilos, o Mustang surpreende no desempenho, acelerando de 0 a 100 km/h em 4,3 segundos, segundo a marca. A velocidade máxima é limitada eletronicamente a 250 km/h. O tanque de combustível tem a capacidade de 60,5 litros, mas considerando que o cupê é sedento por gasolina, o indicador de reserva acende quando o tanque está por volta de 1/4 de sua capacidade.



Já o câmbio automático com conversor de torque e 10 marchas possui manopla ao estilo "retrô", trazendo modo Sport no trilho e aletas junto ao volante para trocas de marcha.



Há ainda variados recursos de assistência e segurança: assistente de permanência na faixa de rodagem e alerta de mudança de faixa não sinalizada, indicador de fadiga do motorista, 8 airbags (frontais, laterais dianteiros, de cortina e para os joelhos que quem senta à frente), assistente de partida em ladeiras, alerta de colisão frontal (funcionou no nosso test-drive ao detectar uma moto que fez uma conversão muito aberta) e frenagem automática de emergência, chamada automática de emergência em caso de acidente e controlador de velocidade adaptativo, que ajusta uma distância do veículo à frente.



Agora é chegada a hora de falar sobre como é dirigir o Mustang! Acomodar-se no carro é fácil, pois a porta grande facilita o acesso à cabine e o banco conta com ajustes elétricos - só o cinto de segurança exige esticar mais o braço para ser alcançado. O teto é baixo, mas a cabeça não encosta no forro. Apesar da frente ser enorme, até que é fácil fazer retornos e manobras (o diâmetro de giro é de 12,2 metros, menor que o de algumas picapes médias). A visibilidade é classificável como boa, especialmente para trás, ainda que os retrovisores externos sejam proporcionalmente estreitos. Para liberar o engate de marchas corretamente, baixa-se o freio de mão, em posição elevada.

O Mustang é capaz de transmitir conforto aos ocupantes: apesar dos pneus de perfil particularmente baixo, o esportivo roda mais macio que alguns carros de passeio. Mérito dos amortecedores magnéticos MagneRide, que antes só equipavam o modelo Shelby GT350 e passaram a vir de série junto com a atual reestilização: eles se ajustam de acordo com as condições da pista e o modo de direção escolhido, trazendo fluido viscoso eletromagnético e sensores que ajustam o comportamento da suspensão. Ao contrário do que se esperaria, o vão-livre do Ford é comparável ao de um carro de passeio, com seus 14,3 centímetros. A direção é precisa e tem assistência elétrica progressiva. Por fim, com o ronco do motor bem contido quando o acelerador é pouco solicitado, dá até para esquecer que o Ford conta com um motor V8.


Dei duas aceleradas: quando o pé afundou no acelerador, por uma fração de segundo, o carro manteve a velocidade, como que estranhasse que esse pedal fosse tão solicitado. Mas depois, o Mustang subiu a rotação do motor acentuadamente e deslanchou com força, além de frear com precisão, graças aos discos Brembo (ventilados na frente e sólidos atrás) bem dimensionados para o modelo.


O consultor de vendas da Ford se ofereceu para mais uma volta com o Mustang, desta vez com emoção de verdade. Era impressionante como o esportivo ganhava velocidade, mesmo em subida, atingindo 185 km/h em uma das principais avenidas de Teresina. E não é que o Mustang também é bom de curva? Nos contornos mais acentuados, era possível sentir o controle de estabilidade atuando para frear as rodas e impedir que o carro rodasse na curva. Vale mencionar aqui que a suspensão é independente nas 4 rodas, o que faz toda a diferença quando o carro é levado ao limite da performance. Tudo acompanhado do rugido do motor 5.0 que é música para os ouvidos dos fãs de automóveis.


O Mustang recentemente chegou ao ano-modelo 2019 e parte de R$ 315 900. Hoje, o seu arquirrival Chevrolet Camaro parte de R$ 315 mil, mas em janeiro irá estrear sua linha 2019, e seu preço ainda não foi revelado pela General Motors. O principal diferencial do Mustang 2019 é a substituição do sistema de som: sai o Shaker, entra o Bang & Olufsen com 12 alto-falantes. Nenhuma das cores é cobrada à parte. Pode-se escolher entre os tons sólidos Vermelho Arizona e Branco Ártico, além dos tons metálicos Prata Dublin, Laranja Daytona e Azul Indianápolis (novidade da linha 2019), e as cores perolizadas Vermelho Vermont, Cinza Moscou, Preto Astúrias e Azul Creta. Já o tom do interior e das rodas é sempre preto.



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