Volkswagen Passat 2.0 FSI 2006: 15 anos depois, ele continua surpreendendo!

Texto e fotos | Júlio Max, de Teresina - PI
Matéria feita em parceria com @showcarsthe

Fabricado no Brasil de 1974 até 1988, o Volkswagen Passat retornou ao nosso mercado com um status totalmente diferente a partir de 1995, quando voltou a ser vendido em nosso País, porém passando a vir importado da Alemanha, incorporando mais prestígio e assumindo o segmento executivo. De 1995 até 2019, todas as gerações do Passat foram comercializadas nas concessionárias brasileiras.

Lançada no Brasil em setembro de 2005, cerca de 4 meses após sua estreia na Europa, a geração B6 do Passat até hoje é considerada uma das mais bonitas do sedã alemão. Aliás, nem parece que este exemplar (da versão 2.0 FSI) possui 15 anos. Suas linhas inspiraram outros modelos da Volkswagen também considerados bonitos, como o Jetta de quinta geração, apresentado ao País em 2006, e o cupê-conversível Eos, que chegou ao nosso mercado em 2007.

 

Os faróis de xenônio traziam base curvilínea e luzes de seta desmembradas do conjunto principal: elas ficavam em posição mais baixa, no para-choque. A grade dianteira trazia um aplique cromado que unia visualmente as duas entradas de ar centrais e motivou até a criação de uma moldura cromada paralela que fez sucesso entre donos de Polo e Gol G4. Neste exemplar em específico, a iluminação original foi trocada por LEDs.

Lateralmente, o Passat se sobressai pelas formas fluidas: repare na suavidade da transição entre os três volumes da carroceria, em especial na parte traseira. Um elemento marcante de estilo é o vinco lateral que nasce no farol, é "apagado" pelo contorno do para-lama dianteiro mas continua em direção às portas, de maneira levemente ascendente, até acabar próximo à lanterna. Detalhes cromados no contorno das janelas e nos frisos dão um ar mais elegante ao sedã. As rodas de 17 polegadas são calçadas com pneus 225/50, inclusive no estepe.

A traseira se destaca pelas lanternas com LEDs em posição horizontal, que passaram a invadir a tampa do porta-malas. Esta, por sua vez, abre através de uma maçaneta embutida no próprio emblema da Volkswagen.

Na época de seu lançamento, o Passat B6 disputava clientes com modelos como o Chevrolet Omega e com algumas versões da trinca de ferro de sedãs alemães - Audi A4, BMW Série 3 e Mercedes-Benz Classe C. Para competir em maiores condições de igualdade, a carroceria do sedã da Volkswagen ficou maior: passou a ser 6,2 centímetros mais comprida, 7,4 cm mais larga e um centímetro mais alta. A plataforma PQ46 também permitiu com que a distância entre-eixos fosse esticada em 6 milímetros, o tanque de combustível fosse ampliado de 62 para 70 litros e a capacidade do porta-malas crescesse de 475 para 565 litros. Mesmo com as dimensões ampliadas, o B6 FSI chegou a ficar sete quilos mais leve que o Passat B5 1.8 Turbo.

O interior possui estilo igualmente atraente, com formas curvas no painel e nos forros de porta. O acabamento é de boa qualidade, empregando materiais macios ao toque na parte superior do painel e nos forros de porta dianteiros e traseiros, além de tecido nos bancos e nas laterais das portas, bem como veludo nos porta-objetos do painel.

O quadro de instrumentos possui a polêmica combinação de cores azul e vermelha, muito comum nos Volkswagen do começo dos anos 2000. Conta-giros e velocímetro aparecem em destaque e incorporam pequenas telas digitais: junto ao tacômetro aparece data e hora, e colado no marcador de velocidade estão as informações de quilometragem total e parcial. Há ainda outros dois marcadores analógicos (de temperatura do líquido de arrefecimento do motor e de nível de combustível) e, para completar, a tela do computador de bordo, toda vermelha, que exibe posição do câmbio, temperatura externa, indicação de porta aberta e o indicador MFA (sigla que, em alemão, é traduzida como "display multifunção"), que abrange consumo instantâneo e médio de combustível, distância percorrida, autonomia estimada, velocidade média, alerta programável de velocidade excedida e tempo de viagem, entre outras informações.

Revestido de couro liso com costuras aparentes, o volante de três raios é o mesmo do primeiro Jetta vendido no Brasil, lançado em 2006. Ele possui botões de atalho para som, telefone e operação do computador de bordo. Já a operação do controlador de velocidade de cruzeiro é feita por uma haste logo abaixo da alavanca de luzes e seta. Até hoje é assim em alguns carros da Audi.

A chave do Passat B6 tinha corpo exclusivo, com detalhes metálicos. Assim como em alguns Audi fabricados até cerca de meados da década de 2010, ela deve ser inserida no alojamento à direita da coluna de direção e apertada (pressionando ao mesmo tempo o pedal do freio) para fazer a ignição do motor. Ao apertar e segurar o botão de travamento, as janelas que tenham sido esquecidas abertas são fechadas, mas é preciso continuar pressionando até o fim. Na moldura metálica da chave, um botão permite a saída da haste embutida que pode ser usada para pendurar a chave em algum lugar ou inserir um chaveiro. Ao puxar esta haste, é revelada a lâmina que pode ser utilizada para abrir as portas manualmente (é necessário remover uma tampinha na maçaneta dianteira para ter acesso à fechadura) e trancar a tampa do porta-luvas.

Ao redor do botão de pisca-alerta existem dois pequenos porta-objetos embutidos na moldura prateada, com forração de veludo.

Em 2006, sistema multimídia ainda era coisa de carro-conceito. O Passat trazia um rádio Double-DIN com iluminação azul, com disqueteira para 6 CDs e MP3 Player. Houve a substituição deste aparelho de som deste exemplar por outro com entrada USB.

O ar-condicionado automático e digital de duas zonas traz regulagem de meio em meio grau (entre 16º C e 29,5º C) e saídas traseiras. Logo abaixo existe uma tampa que, ao ser aberta, revela um pequeno porta-objetos com um acendedor de cigarros que também serve como tomada de 12 Volts.

Ao lado da alavanca de câmbio com moldura cromada estão botões para ativar ou desativar o controle de estabilidade e para operação do Auto Hold, que mantém o carro parado mesmo quando o câmbio está em Drive.

O console entre os bancos dianteiros possui porta-copos (que podem ser removidos e ocultos por uma tampa corrediça) e um apoio de braço que pode ser levantado e esconde um porta-objeto totalmente forrado de veludo.

Os forros de porta dianteiros incorporam porta-guarda-chuvas (que ficam nas laterais e trazem orifícios para a água da chuva ser escoada para a parte externa). Na porta do motorista estão os comandos para travas das portas, retrovisores (com aquecimento), vidros e destravamento da portinhola do tanque de combustível e da tampa do-porta malas.

Na parte esquerda do painel ficam localizados o botão de freio eletromecânico, o comando giratório de luzes (incluindo posição para acendimento automático dos faróis) e os ajustes do brilho dos instrumentos e da altura do facho dos faróis. O Passat também dispõe de sensor de chuva e retrovisor interno eletrocrômico.

No teto há para-sois com espelhos, tampas corrediças e iluminação, além de luzes de leitura dianteiras e traseiras, porta-óculos com fundo emborrachado e quatro alças de segurança (inclusive para o motorista), com pequenos ganchos nas alças traseiras.

O porta-luvas, com tampa amortecida, possui revestimento em veludo, refrigeração, iluminação e conta com um alojamento específico para o manual do proprietário, que é acessado ao se puxar a tira laranja. 

O banco do motorista possui ajustes parcialmente elétricos, na regulagem do encosto e no ajuste lombar em quatro direções. As demais regulagens são manuais.

Quem senta atrás dispõe de duas saídas de ar-condicionado, tomada 12 Volts, dois porta-revistas e cinzeiro embutido na parte inferior do forro de porta traseiro. Os três ocupantes traseiros dispõem de cintos de três pontos e apoios de cabeça. Há ainda um apoio de braço com porta-objetos e acesso ao porta-malas.

Debaixo do capô, sustentado por amortecedor, está o motor 2.0: neste sedã, porém, havia uma evolução que não existia em outros Volkswagen da mesma época que utilizavam o EA-113, como Golf, Polo e Bora: a injeção direta de combustível, representada pela sigla FSI (Fuel Stratified Injection). Com taxa de compressão mais alta (11,5:1 x 10:1) e quatro válvulas por cilindro (ante duas dos demais modelos), o Passat 2.0 FSI também tinha melhor rendimento: 150 cavalos a 6000 rpm e torque de 20,4 kgfm a 3500 rpm, ante 116 cv a 5200 rpm e torque de 17,3 kgfm a 2400 rpm do Bora 2.0. Ou seja: mesmo sem turbo, o 2.0 FSI rendia exatamente a mesma potência do Passat B5 com motor 1.8 Turbo. Também mudou a posição do motor: até a geração B5, ele era montado na longitudinal, passando a ser transversal da geração B6 em diante. Em 2006, veio o FSI Turbo, que passou a ter 200 cavalos.

A geração B6 foi a primeira do Passat que foi vendida no Brasil somente com câmbio automático, refletindo o desinteresse dos consumidores de veículos premium de terem que passar marchas já naquela época. O câmbio do sedã é o Tiptronic com conversor de torque, fornecido pela Aisin, de seis marchas e com modo sequencial acionado por trilho na alavanca, além do modo Sport.

A carroceria do Passat B6 teve um incremento de 57% na rigidez torcional da carroceria e passou a adotar suspensão independente nas quatro rodas, trazendo esquema McPherson na dianteira e multilink na traseira, com braços de alumínio. Outra evolução foi a troca da assistência da direção, que era hidráulica e passou a ser elétrica.

Em termos de segurança, o Passat dispunha de um pacote que até em 2021 não faria feio. Contava já em 2006 com seis airbags (frontais, laterais e de cortina), controles de estabilidade e tração, cintos de 3 pontos e apoios de cabeça para todos os ocupantes, além de freios a disco nas quatro rodas (ventilados na frente e sólidos atrás) com drenagem de água da chuva: as pinças se aproximam o máximo possível dos discos, sem tocá-los, para aumentar a velocidade do ar por ali e facilitar a secagem dos discos.

O Passat B6 foi produzido até o ano de 2011 e representou tantos avanços para sua época que o seu sucessor, o B7, não se tratava de uma geração nova, sendo na verdade uma extensa reestilização sobre o B6, modificando todos os painéis da carroceria mas mantendo dimensões da carroceria e formatos dos vidros e do teto. A parte interna também conservou muitos dos elementos principais do modelo anterior. O Passat B7 foi comercializado no Brasil entre 2011 e 2016.

Impressões ao dirigir

Para ligar o Passat, é necessário, ao mesmo tempo, pisar no freio e empurrar a chave assim que ela estiver alojada no painel. Ao ligar o carro, basta afivelar o cinto, engatar o câmbio na posição D e começar a acelerar para o freio de estacionamento ser liberado. E, se o Auto Hold for acionado, o freio de estacionamento se arma automaticamente ao desligar o veículo. A posição de dirigir é muito boa, facilitada pelos ajustes de altura e profundidade do volante e complementada pelos ajustes do banco do motorista. Esta posição do condutor é razoavelmente baixa, o que transmite certa esportividade, assim como o pedal do acelerador preso pela base. A visibilidade pelos retrovisores externos é um pouco limitada por conta dos espelhos serem pequenos, mesmo trazendo bordas com maior campo de visão. Pelo retrovisor interno o motorista possui uma boa visão, mas nesta primeira safra do B6 sente-se falta do sensor de ré em espaços mais apertados, item que foi adicionado pela Volkswagen posteriormente.

A direção elétrica é cômoda e progressiva, enquanto a suspensão consegue transmitir bom nível de conforto a bordo. Nem chega a ser necessário ter tanta cautela assim em pisos ruins. Como era até esperado para um sedã de 15 anos, em alguns momentos se sente o efeito "à deriva" da carroceria, mas nada que assuste tanto. O rodar é razoavelmente silencioso.

Na estrada, o Passat se sente muito à vontade - afinal, foi projetado para rodar nas Autobahnen alemãs e em outras rodovias europeias. E no traçado do Velokart, o sedã da Volkswagen também mandou bem: a carroceria não adernou em excesso, permitindo um bom nível de controle nas curvas, e conseguiu contornar várias delas sem sequer demandar o uso dos freios, bastando soltar o acelerador.














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