Honda HR-V Touring 1.5 Turbo: um fim-de-semana com a versão topo-de-linha!

Texto e Fotos | Júlio Max, de Teresina - Piauí

Lançado no Brasil em 2015, o Honda HR-V passou a oferecer uma dose extra de emoção com o lançamento da versão Touring 1.5 Turbo, em 2019 - o mesmo motor que era oferecido na opção topo-de-linha homônima da décima geração do Civic. Os anos passaram e o HR-V mudou de geração, mas o propulsor turbinado continua à disposição e, mais do que isso, também recebeu incrementos de força. Nós do Auto REALIDADE, que dirigimos há pouco tempo o HR-V EXL 1.5 aspirado, experimentamos agora o Touring - e contamos as impressões ao dirigir este modelo por mais de 200 quilômetros!

Se na geração passada do HR-V o motor 1.5 Turbo era oferecido somente na versão topo-de-linha, agora existem duas alternativas com turbocompressor na linhagem do SUV: Advance (R$ 185.700) e Touring (R$ 194.800). Além disso, o propulsor passou a ser flex-fuel, aceitando gasolina ou etanol no tanque (antes, era movido somente pelo combustível derivado do petróleo). A potência foi ampliada de 173 para 177 cavalos e o torque teve crescimento ainda mais significativo: de 22,4 para 24,5 kgfm.

Na mudança de geração, as curvas da geração anterior deram lugar a formas mais robustas e retas. Na dianteira, a grade em formato de hexágono traz grandes dimensões, incorporando um friso cromado na parte superior que forma uma interligação visual com os faróis totalmente de LED, com luzes de posição que se convertem em luzes de seta. As superfícies laterais do para-choque estão mais limpas, com a concentração das molduras de luzes de neblina e entrada de ar na parte inferior. 

A lateral abriu mão das barras de teto e dos vincos curvos nas portas, mas passou a ter antena do tipo "barbatana de tubarão" no lugar da peça tradicional e manteve um detalhe que se tornou marca registrada do modelo: a maçaneta da porta traseira embutida logo atrás do vidro na coluna de trás. As maçanetas dianteiras, por sua vez, reconhecem a presença da chave e permitem o destravamento assim que a mão é encaixada na peça, bem como o travamento ao encostar os dedos nas ranhuras. As caixas de roda traseiras são acarpetadas, o que ajuda a abafar ruídos. Na traseira, as lanternas que já invadiam a tampa do porta-malas agora incorporam uma interligação luminosa que é separada apenas pelo logotipo da Honda. Quando apagadas, as lentes das luzes de freio ficam translúcidas. LEDs estão presentes nas luzes de freio, brake-light, luzes de posição e na iluminação da placa. O vidro traseiro incorpora um easter-egg: a silhueta do HR-V está acompanhada de curvas que lembram as de um eletrocardiograma.

As versões EXL e Touring trazem diferenças sutis entre si. A grade dianteira é uma das mudanças mais perceptíveis: traz barras horizontais foscas no EXL e tramas de paralelogramos em preto-brilhante na variante topo-de-linha, que também é a única a ter uma moldura prateada na parte interna dos faróis. Além disso, o para-choque dianteiro é diferente no modelo mais potente, pintada em preto-brilhante (ao invés de preto-fosco) e incorporando um detalhe cromado que lembra um gráfico de eletrocardiograma, além de defletores aerodinâmicos na parte inferior. E esta versão traz os sensores de estacionamento dianteiros, ausentes no EXL. Em contrapartida, as pequenas passagens de ar dentro das caixas de roda sumiram das versões turbinadas.

Nas laterais, o estilo das rodas é bem diferente entre os modelos (no EXL, elas possuem seis raios e pintura em cinza-chumbo; no Touring, trazem face diamantada, detalhes em cinza e cinco raios levemente rotacionados), mas ambas são de 17 polegadas e são calçadas por pneus Pirelli Scorpion de mesmo perfil (215/55), sendo recomendada a mesma pressão de 32 psi no eixo dianteiro e de 30 psi no eixo traseiro. A versão topo-de-linha traz detalhes em preto-brilhante onde o EXL usa peças em preto-fosco, como os plásticos na parte inferior da carroceria.

No ângulo da traseira, as diferenças começam na presença do emblema "Turbo" da versão Touring. Assim como na dianteira, atrás o para-choque também possui estilo distinto entre os modelos: no modelo topo-de-linha, ele é pintado em preto-brilhante e os refletores ficam mais deslocados para as extremidades do que no EXL; além disso, a versão turbinada possui duas saídas de escape aparentes, uma de cada lado da carroceria, ao passo em que, no modelo intermediário, a única ponteira do escapamento fica do lado direito e deslocada para baixo, bem mais discreta. Por fim, somente na versão Touring as lanternas trazem lentes totalmente translúcidas, que exibem a iluminação vermelha somente ao ligar os faróis ou pisar no freio.

Em termos de dimensões e na comparação com a geração anterior, a carroceria cresceu ligeiramente no comprimento (5,6 cm na versão Touring), mantendo a distância entre-eixos de 2,61 metros. A largura ficou 1,8 cm maior e a altura cresceu em 0,4 cm. O modelo top possui 4,385 metros de comprimento por 1,59 m de altura e 1,79 metro de largura. A versão topo-de-linha tem altura em relação ao solo ligeiramente menor (18,1 x 18,5 centímetros). Assim, o EXL apresenta melhores ângulos de entrada (17,8 x 16,0 graus) e de saída (22,0 x 20,3 graus).

A parte interna do HR-V Touring também traz novidades na comparação com a geração fabricada até 2021, como a presença de tela colorida para o computador de bordo e o sistema multimídia com monitor ampliado de 7 para 8 polegadas. Os comandos touch-screen do ar-condicionado deram lugar a botões físicos, enquanto o console central em dois níveis sai para dar espaço a uma peça em nível único - que incorpora mais itens de conveniência, como saídas de ar e entradas USB também para os ocupantes traseiros. Pela primeira vez, o HR-V traz itens como carregador de celular por indução, banco do motorista com ajustes elétricos e tampa traseira motorizada. Mas a nova geração abriu mão de alguns itens que existiam no modelo anterior, como teto solar panorâmico e GPS nativo. A parte interna passou a ter iluminação em LED, que só não estão nas luzes dos espelhos dos para-sóis.

No quesito de acabamento interno, a versão Touring traz detalhes em preto ou cinza-claro, a depender da tonalidade escolhida para a carroceria. O painel traz plásticos rígidos com variações de textura e, na faixa central e sobre a cúpula dos instrumentos, uma superfície levemente emborrachada. A região da junção do painel com o console central é revestida de couro. Já as portas dianteiras trazem material macio ao toque na parte superior e, nos quatro forros, há couro na região dos puxadores e faixas em plástico levemente macio.

O volante é revestido de couro com costuras aparentes claras e ajusta em altura e profundidade, trazendo detalhes em preto-brilhante nos raios horizontais e inferior. Estão presentes as aletas (paddle-shifts) para trocas sequenciais de marcha. O raio esquerdo concentra os botões de volume, comandos de voz do smartphone conectado, alternância de estações/faixas e operação do computador de bordo. Já no lado direito é possível ajustar a operação do controlador de velocidade e distância do veículo à frente (com quatro níveis de distanciamento), além de fazer a ativação do assistente de permanência em faixa.

Com monitor colorido, o quadro de instrumentos conta com tela de 7 polegadas na versão Touring, que fica deslocada para a parte esquerda, substituindo o conta-giros analógico. Quando a ignição está desligada, os instrumentos ficam em "black-out". Quando o motorista fecha por dentro a sua porta logo depois do carro ser destravado, uma animação de boas-vindas é executada (com o logo da Honda e, em seguida, um gráfico de eletrocardiograma, acompanhada de um som de inicialização). Ao centro, a tela exibe velocímetro digital (ausente no EXL e encimada por uma barra que é vermelha no modo Sport e pode ser branca ou verde nos demais modos de condução, a depender do jeito mais ou menos econômico de dirigir), modo de condução selecionado, posição do câmbio, temperatura externa, hodômetro total, nível de combustível e relógio. Estão presentes as seguintes informações:

  • Tacômetro: exibe o conta-giros sem interferências, inclusive com emulação de ponteiro. Nele, a faixa vermelha começa em 6500 rpm.
  • Consumo/Alcance: exibe a autonomia estimada, o consumo médio, o gráfico com indicação de consumo instantâneo de combustível (de 0 a 40 km/l) e a distância percorrida A ou B.
  • Velocidade e Tempo: mostra a velocidade média e o tempo de viagem junto com as distâncias percorridas A e B.
  • Áudio: exibe as informações de mídia em reprodução e permite alternar entre fontes de som (rádio AM, FM, USB, Android Auto/Apple CarPlay e Bluetooth).
  • Celular: exibe as informações do celular, caso esteja pareado por Bluetooth.
  • Navegação: replica as orientações de rota do smartphone, caso este esteja pareado com o carro e configurado para repassar informações de GPS.
  • Manutenção: mostra quantos quilômetros faltam para a próxima troca de óleo do motor.
  • Cintos de segurança: mostra um diagrama com os assentos do veículo e exibe se o ocupante está com cinto afivelado ou desafivelado, mostrando também os bancos desocupados.
  • Assistentes de segurança: exibe se estão ativos os sistemas RDM (de atenuação da saída da faixa de rodagem) e CMBS (frenagem autônoma para atenuação de colisões à frente).
  • Configurações: em configurações do veículo, é possível calibrar o sensor de pressão dos pneus e ajustar as definições das assistências à condução, como a distância do alerta de colisão frontal, a indicação sonora de veículo à frente enquanto o piloto automático adaptativo estiver ativo e as configurações do alerta de saída de faixa. Também há configurações do quadro de instrumentos, de idioma, do ajuste de temperatura externa, para zerar as distâncias percorridas A e B, ajustar volume dos alarmes, exibir o indicador de consumo de combustível, exibir as instruções de GPS, ativar ou desativar o alerta de esquecimento de objetos no banco traseiro, configuração de acesso da chave presencial, modo de destravamento das portas, ajuste de iluminação, temporizadores das luzes de teto e da função Follow me Home (faróis permanecem acesos por alguns segundos após o desligamento do veículo), acendimento automático dos faróis associado ao funcionamento dos limpadores de para-brisa, travamento/destravamento automático das portas, fechamento automático dos vidros, rebatimento automático dos retrovisores, partida remota, configurações de acionamento da tampa traseira e restauração dos padrões de fábrica.
  • Personalizar: permite ocultar ou exibir alguns dos menus anteriores. Podem ser ocultados: Consumo/Alcance, Velocidade e Tempo, Áudio, Celular e Navegação. Os outros menus sempre são exibidos.
  • Advertência: indica sobre porta aberta, baixo nível de combustível e necessidade de pisar no freio e apertar o botão de partida.

Quando o controlador de velocidade em descidas é ativado, surge no quadro de instrumentos a indicação de velocidade a ser mantida, de 3 a 20 km/h. Também há indicações para acionamento do modo Econ, do Brake Hold e do controle de estabilidade. O SUV, porém, peca por não trazer a indicação de temperatura do líquido de arrefecimento do motor (uma luz-espia azul indica somente a fase fria de funcionamento do propulsor). A versão topo-de-linha mostra gráficos dos sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, que também podem ser vistos pela tela do sistema multimídia.

A haste de luzes concentra as posições de faróis desligados, acendimento automático das luzes (que incorpora automaticamente a função de comutação do facho dos faróis, sem a necessidade de deslocar a alavanca para a posição de luz alta, como é comum em outros carros), iluminação de posição ligada e faróis baixos ligados, com um comando giratório secundário para o acendimento dos faróis de neblina. Também há o botão para acionamento ininterrupto da câmera de monitoramento de tráfego (LaneWatch) na ponta da haste. Próximo da cúpula dos instrumentos, à esquerda, está o comando para controlar o brilho dos instrumentos. Um toque leve aciona as luzes de seta por 3 vezes.

Já a alavanca dos limpadores incorpora o sensor de chuva na versão Touring e inclui as posições Mist (aciona as palhetas dianteiras somente enquanto estiver acionada nesta posição), Off, Auto (no qual a intermitência de varredura pode ser ajustada) e de acionamento contínuo lento (Lo) ou rápido (Hi). Na ponta da haste também estão os comandos de operação do limpador traseiro, inclusive também com intermitência.

O sistema multimídia é similar ao da linha City, com tela sensível ao toque de 8 polegadas (que traz uma cobertura plástica na parte traseira), espelhamento de tela de smartphones sem fio através do Apple CarPlay e Android Auto, comandos de voz (Voice Tag), câmera de ré e câmera do lado direito para visualização do tráfego (LaneWatch). Há botões físicos para certos comandos (como acesso ao menu inicial Home, retorno de menu Back, ajuste do brilho da tela e de volume e liga/desliga). Além disso, há reprodução de rádio AM/FM1/FM2 e de mídias USB ou Bluetooth, inclusive até de vídeos compatíveis com o sistema (desde que com o carro parado).

A tela traz na parte inferior os ícones de atalho para Rádio, USB/iPod, Áudio Bluetooth, Telefone, Android Auto, Apple CarPlay e Ajustes. Este monitor também exibe a câmera de ré (com três tipos de visualização: angular, tradicional ou de cima para baixo, que podem ter as linhas de guia estáticas, dinâmicas ou ausentes, a depender da configuração feita pelo motorista) e o LaneWatch: uma câmera embutida abaixo do retrovisor do lado direito transmite imagens para minimizar pontos cegos, com gráficos para noção do espaço. Um botão na ponta da alavanca dos faróis ativa este sistema continuamente na tela da central multimídia, e a imagem é exibida momentaneamente quando o motorista dá seta para a direita, deixando de exibir esta visão assim que a seta deixa de piscar ou 2 segundos após isso, a depender da configuração do sistema multimídia.

No quesito de sistema de som, o Touring traz mais dois tweeters nas portas traseiras, em complemento aos dois tweeters dianteiros e aos outros quatro alto-falantes. A qualidade de som é de razoável a boa, com poucas diferenças perceptíveis na comparação com o sistema da versão EXL. As opções de equalização de som são: Padrão, Pop, Jazz, Rock e Clássico. Além disso, o aplicativo de celular myHonda Connect por enquanto só está disponível no modelo Touring. Este item permite consultar o status do veículo, acionar comandos à distância (como dar a partida no motor e ligar o ar-condicionado para climatização da cabine), saber a localização do veículo, bem como receber alertas e fazer agendamentos de revisões, entre outras funcionalidades.

O ar-condicionado é digital e automático, com saídas traseiras. O EXL traz zona única de temperatura, enquanto o Touring conta com duas zonas de climatização, com regulagem de meio em meio grau entre 15,5º C a 28,5º C. Por conta desta funcionalidade adicional, tanto a tela quanto os botões foram rearranjados. No EXL, a tela traz visor de temperatura à esquerda, indicação da ventilação ao centro e intensidade do vento à direita. No Touring, com a regulagem de temperatura também à direita para o passageiro da frente, o visor de ventilação foi deslocado para o centro (e o de direcionamento de vento, mais para a esquerda). O botão que permite alternar entre recirculação ou captação do ar externo, à direita do botão giratório central no EXL, foi para a ponta esquerda no Touring. O comando giratório de modo de ventilação foi substituído no Touring por um botão que alterna o modo cada vez em que é apertado. O botão liga/desliga do aparelho, que é o giratório da ponta direita no EXL, fica em posição central no modelo top (abrindo espaço para o comando Sync, que sincroniza a temperatura do passageiro com a escolhida pelo motorista e acende uma luz verde enquanto estiver ativo). Os comandos referentes aos desembaçadores dianteiro e traseiro também assumem posicionamentos diferentes nestas duas versões - só os botões de funcionamento automático e compressor de ar (A/C) estão em posições rigorosamente iguais.

Abaixo da tela do sistema multimídia fica o botão de pisca-alerta no painel. As saídas de ar-condicionado do lado direito são visualmente unidas por um detalhe horizontal no painel. Sob os comandos de ar estão as duas entradas USB dianteiras (ambas do tipo A, sendo a do lado esquerdo com função de dados, e a do lado direito para carregamento de aparelhos eletrônicos), além de um porta-objetos aberto que pode receber um celular deitado.

A parte dianteira do console central conta com mais um porta-objetos plano com o carregador de celular por indução (que traz luzes verde e amarela indicadoras de carregamento e superfície emborrachada), acompanhado de uma tomada de 12 Volts ou 180 Watts com tampa e de um foco de iluminação na parte superior. A área traz moldura que se une com o acabamento em preto-brilhante em torno da alavanca de câmbio (que tem coifa em couro). Uma peculiaridade da versão Touring é a ausência da posição Sport no trilho da alavanca de câmbio, presente na versão EXL. Mas isso tem explicação: no console, o Touring dispõe da chave de seleção de modos de condução (Drive Mode) que permite alternar entre as configurações Normal, Econ e Sport. 

Também estão nesta região os botões para controlador de velocidade em descidas, freio de estacionamento eletrônico e Brake Hold, que mantém o veículo freado em paradas, dispensando o ato de manter o pé no freio mesmo com a transmissão em Drive. À direita estão dois porta-copos, cada um com duas garras laterais flexíveis. Também há um apoio de braço revestido de couro que pode ser aberto, revelando mais um porta-objetos com fundo emborrachado.

Presencial a partir da versão EXL, a chave traz em uma face o logo da Honda sobre superfície em preto-brilhante. No verso, há quatro botões, para travamento das portas (aciona o bipe uma vez e faz com que as janelas esquecidas abertas sejam fechadas), destravamento do veículo (aciona dois bipes; ao apertar e segurar este botão, as janelas são abertas), abertura ou fechamento da tampa do porta-malas (de forma elétrica) e comando de partida remota do motor, permitindo o acionamento do ar-condicionado antes de entrar no veículo (só funciona se, primeiro, for apertado o botão de travamento e, em seguida, o botão da partida à distância for pressionado e segurado). Pelo quadro de instrumentos é possível habilitar a opção de travar automaticamente o veículo ao se afastar dele levando consigo a chave. Existe ainda um pequeno botão que libera a lâmina a ser inserida nas fechaduras caso necessário.

À direita da coluna de direção, o botão de partida é iluminado e pulsa na cor branca enquanto a ignição ainda está desligada. Com motor ligado, o acendimento passa a ser contínuo e na cor vermelha.

A lateral esquerda do painel concentra os comandos de ajuste de altura do facho dos faróis (entre os níveis 0 a 3), além de ativação/desativação dos sensores de estacionamento, do controle de estabilidade (ao apertar e segurar por alguns segundos) e dos recursos de assistência à condução englobados pelo pacote Honda Sensing. Abaixo, há um porta-objetos aberto. Ao lado do apoio para o pé esquerdo, emborrachado, estão as alavancas para abertura da portinhola do tanque de combustível e do capô. Presilhas ajudam a fixar o tapete do motorista.

O porta-luvas traz espaço razoável e a tampa desce suavemente, porém dispensa iluminação e divisórias para objetos.

O retrovisor interno tem função fotocrômica automática e há duas luzes de leitura dianteiras, que são acompanhadas de dois discretos focos de iluminação. Os para-sóis trazem tampas que, ao serem levantadas, revelam espelhos e iluminação. Também há quatro alças de teto móveis (inclusive para o motorista) e mais um ponto de iluminação no forro de teto, direcionado para a traseira.

A porta do motorista concentra os comandos de ajustes dos espelhos (com botão para rebatimento elétrico dos retrovisores), além de travamento e destravamento das portas, bloqueio das janelas (os vidros traseiros e do passageiro dianteiro ficam inoperantes até mesmo para o motorista) e acionamento dos vidros elétricos nas quatro portas, com função um-toque na subida e descida, além da função anti-esmagamento e do acionamento que pode ser feito até 45 segundos depois da ignição ser desligada, desde que nenhuma das portas dianteiras seja aberta neste intervalo. A versão Touring conta com o rebatimento do espelho para baixo ao engatar a ré (função conhecida como tilt-down), desde que o interruptor do retrovisor esteja direcionado para a peça do lado direito.

O banco do motorista possui regulagem elétrica para a versão Touring, com as possibilidades de ajustes de distância e altura do assento (tanto da área das coxas quanto da parte da junção com o apoio das costas), além da inclinação do encosto. Os cintos de segurança dianteiros e os encostos de cabeça podem ser manualmente ajustados em altura. Os apoios dos bancos foram pensados para minimizar a necessidade de ajeitar o posicionamento corporal, o que, quando feito muitas vezes, gera cansaço.

Para os ocupantes traseiros, o HR-V traz duas saídas de ar traseiras direcionáveis, dois porta-revistas atrás dos bancos dianteiros (acompanhados de nichos mais rasos, que podem acomodar celulares), além do apoio de braço central com dois porta-copos (curiosamente, o recipiente do lado direito é maior que o da esquerda), porta-copos elevados no forro das portas e alças de teto com pequenos ganchos fixos. O final do console também oferece mais duas entradas USB-A para carregamento de dispositivos eletrônicos e um porta-objeto aberto.

Além disso, está mantido o sistema de rebatimento de bancos batizado de "Magic Seat", que permite arranjar os bancos de diferentes formas: os assentos traseiros podem ser levantados, os encostos traseiros podem ser rebatidos para a frente (nessa situação, o assento também é deslocado para baixo) e os encostos dos bancos dianteiros podem reclinar até a parte de trás. O túnel central é relativamente baixo, mas o assento para quem senta ao meio do banco traseiro é elevado demais na comparação com as outras posições, o que faz com que ocupantes mais altos fiquem com a cabeça próxima ao forro de teto neste local. 

Quando ao espaço para pernas, não há do que reclamar: mesmo deslocando totalmente os bancos dianteiros para trás, pessoas de 1,80 metro de altura ainda viajam com muitas sobras de espaço. Na verdade, os trilhos dos bancos da frente é que acabaram tendo o deslocamento limitado para trás. Cadeirinhas infantis podem ser ancoradas pelas fixações Isofix e Top Tether. A ancoragem do cinto do ocupante do meio é feita a partir do teto, com a necessidade da utilização de duas fivelas para a formação dos três pontos.

O porta-malas possui a capacidade de 354 litros para todas as versões (na geração passada, a versão Touring Turbo tinha menos espaço para bagagem do que as demais). A tampa conta com abertura e fechamento motorizados nesta versão, que são feitos tanto por um comando adicional na parte esquerda do painel quanto pelo botão na chave, pelos botões na tampa ou, alternativamente, por um gesto de chute do pé sob o para-choque traseiro. Também é possível movimentar a tampa manualmente; caso seja aplicada força durante a abertura ou fechamento elétricos, a tampa para de se movimentar, para evitar o esmagamento. Há dois pontos de iluminação nas laterais e uma fenda na lateral direita do forro para ajudar a fechar a tampa. 

O estepe de uso temporário sob o forro possui roda de ferro de 16 polegadas e pneu de perfil 145/90, que deve receber 60 libras. No Touring há dois botões ao redor do vão para posicionar a mão: um para fechar a tampa (ao apertar e segurar este comando, é possível definir o quanto a tampa vai abrir, o que ajuda em garagens de teto baixo) e outro para fechar e travar o veículo (função interessante para evitar procurar a chave do carro nas situações em que a intenção é deixar objetos no porta-malas e sair do veículo em seguida).

O exemplar fornecido para nossa matéria traz alguns acessórios que podem ser encontrados nas concessionárias Honda. São eles: filme atrás das maçanetas dianteiras para proteção da lataria, iluminação interna na área dianteira dos pés, pedaleiras em metal, tapetes de borracha, bandeja para o porta-malas e soleiras internas com o nome do carro (trazendo iluminação nas peças dianteiras).

A iluminação dos comandos abrange os botões do volante (excetuando paddle-shifts), comandos no canto esquerdo do painel, botões das portas, atalhos do sistema multimídia, botões do ar-condicionado, iluminação do porta-objetos com o carregador de celular por indução, máscara de posições de câmbio, botões do console central, comandos do console de teto e molduras das entradas USB-A traseiras. Esta iluminação fica acesa 15 segundos após a porta do motorista ser fechada. Vale dizer que a alteração do brilho dos instrumentos também afeta diretamente a iluminação destes itens.

No quesito de segurança, o HR-V Touring traz alarme perimétrico, freios com ABS, EBD e EBA (Emergency Brake Assist), controles de tração e estabilidade, assistente de partidas em ladeiras, acionamento automático do pisca-alerta em frenagens de emergência, AHA (Agile Handling Assist, assistente de dirigibilidade ágil), seis airbags (frontais, laterais dianteiros e de cortina), cintos de 3 pontos e encosto de cabeça para todos os ocupantes, cintos dianteiros com sistema de tensionamento, alerta de baixa pressão dos pneus, alerta de esquecimento de objetos no banco traseiro (detecta se uma porta traseira foi aberta até 10 minutos antes de ligar o carro e, ao desligá-lo, exibe um alerta para verificar o banco de trás), ACC (Adaptive Cruise Control) com LSF (Low Speed Follow), piloto automático adaptativo que mantém uma distância segura em relação ao veículo detectado à sua frente; CMBS (sistema de frenagem para mitigação de colisão, que aciona os freios ao detectar uma possível colisão frontal com o objetivo de mitigar acidentes); LKAS (sistema de permanência de faixa; detecta as faixas de rodagem e ajusta a direção com o objetivo de auxiliar a manter o veículo centralizado nas linhas de marcação); RDM (sistema para mitigação de evasão de pista - detecta a saída da pista e ajusta a direção com o objetivo de evitar a sua evasão e possíveis acidentes); AHB (ajuste automático de farol; realiza a comutação do facho de acordo com a situação), além dos itens mencionados ao longo da matéria.

As versões Advance e Touring utilizam o motor 1.5 Turbo - o mesmo utilizado pela geração anterior na versão Touring desde 2019, mas com aprimoramentos. Antes, este propulsor era movido somente a gasolina, e agora pode ser abastecido com o combustível derivado do petróleo, com etanol ou com a mistura de ambos em qualquer proporção. O rendimento também melhorou: a potência, que era de 173 cv, foi ampliada para 177 cv com os dois combustíveis (porém, a faixa de rotação para atingir esta cavalaria também subiu de 5500 para 6000 rpm). Já o torque subiu de 22,4 para 24,5 kgfm com gasolina ou etanol e manteve a rotação para chegar a esta força (1700 rpm). Este motor, conhecido pelo código L15B7, tem muitas similaridades com o 1.5 aspirado das versões de entrada (L15B). Além do turbocompressor, o motor mais forte também traz variação do comando de válvulas no escape e trabalha em taxa de compressão mais baixa (10,6:1 x 12,4:1).

O Touring utiliza o câmbio automático do tipo continuamente variável (CVT) com emulação de 7 marchas. O cofre do motor das versões turbinadas e aspiradas mantém as similaridades: ambos trazem manta de isolamento acústico na face interna do capô, haste de sustentação do capô com espumas para evitar contato das mãos com metal quente e localizações similares de acesso aos reservatórios - com o detalhe de que o motor Turbo tem maiores capacidades para fluido de câmbio, óleo do motor e líquido de arrefecimento do motor. A bateria é de 60 Ampères.

Na dianteira, o conjunto de suspensão é independente McPherson; atrás, o HR-V utiliza eixo de torção. Os freios são a disco nas quatro rodas, ventilados no eixo dianteiro e sólidos atrás. Com peso em ordem de marcha de 1422 quilos, o atual Touring é 42 quilos mais pesado do que a geração anterior. Mesmo assim, conforme a marca, os dois modelos aceleram no mesmo tempo e alcançam a mesma velocidade máxima. O tanque de combustível acomoda 50 litros.

A versão Touring do HR-V pode ser adquirida nas cores Cinza Basalto (metálico, + R$ 2.000), Branco Topázio (perolizado, + R$ 2.300), Branco Tafetá (sólido, sem custo adicional), Preto Cristal (perolizado, + R$ 2.000), Prata Platinum (metálico, + R$ 2.000), Azul Cósmico (metálico, + R$ 2.000), Cinza Grafeno (perolizado, + R$ 2.000) e Vermelho Mercúrio (perolizado, + R$ 2.000). Quando a carroceria é escolhida na cor Branco Topázio, Cinza Basalto, Azul Cósmico ou Cinza Grafeno, o revestimento interno traz detalhes em cinza-claro, e, nas demais tonalidades de carroceria, o revestimento é preto. Fabricado em Itirapina (São Paulo), o HR-V tem 3 anos de garantia, sem limite de quilometragem.

Impressões ao dirigir

Cerca de duas semanas depois de dirigir a versão EXL, pudemos passar um tempo mais prolongado com o modelo Touring. O exemplar que dirigimos era modelo 2023, com pouco mais de 2 mil quilômetros rodados, mas virtualmente idêntico ao Touring 2024 (no caso da versão EXL, que já dirigimos o ano-modelo 24, houve uma pequena alteração: a inclusão do carregador de celular por indução como item de série).

A posição de dirigir do HR-V agrada, com a boa amplitude de regulagens para coluna de direção, cinto e banco do motorista - este fica em um posto razoavelmente elevado, permitindo visão parcial do capô. Os limpadores de para-brisa, quando desativados, ficam abaixo da área transparente do vidro, e todos os retrovisores são bem-dimensionados, sendo que os espelhos externos são bem avantajados em termos de altura e o vidro traseiro tem dimensões e angulação que permitem ver satisfatoriamente o que se passa atrás. Além disso, em situações de aperto, o Touring dispõe de sensores de estacionamento dianteiros e traseiros com gráficos que podem ser vistos pela tela do quadro de instrumentos. 

O espelho interno anti-ofuscante, porém, não foi capaz de filtrar totalmente os faróis altos e desregulados que vinham dos veículos atrás. Os faróis de LED permitem visão muito boa à noite, principalmente para as laterais, e as luzes de neblina também se destacam, mesmo sendo pequenas. A câmera embutida no retrovisor direito ajuda a ampliar o campo de visão do retrovisor direito, mas a definição de imagem é baixa (assim como na câmera de ré). Outro aspecto que poderia ser revisto é o fato de que não há ajuste do brilho da tela do sistema multimídia em função do acendimento dos faróis, sendo necessário, à noite, apertar o botão para definir manualmente o "modo noturno", com menos brilho de tela.  

A progressividade da direção elétrica é um destaque. Nas manobras, é cômoda, sem ser excessivamente leve (pelo contrário: pode-se até dizer que é "pesadinha" para os padrões dos SUVs compactos, até um pouco mais do que o HR-V EXL que dirigimos recentemente); em velocidades mais altas, se torna mais firme e demanda menos movimentação para correções. Seu aro acomoda bem as mãos e o revestimento agrada ao tato. O conjunto de suspensão faz o HR-V filtrar as irregularidades do piso (sentem-se chacoalhadas, porém não batidas secas) e passar por lombadas com tranquilidade, ao mesmo tempo em que mantém ótimo nível de estabilidade em curvas. Além disso, o compacto diâmetro de giro de 10,6 metros é um benefício do utilitário da Honda ser derivado da plataforma da linha City. Ainda no aspecto do conforto, chamou a atenção a rapidez com a qual o ar-condicionado esfriou a cabine.

Testamos a atuação de alguns sistemas do Honda, a começar pelo controlador de velocidade em descidas. Este recurso só funciona em caso de detecção de inclinação (no piso plano, o sistema é desativado) e fica em espera assim que o motorista aciona o botão no console. O carro começa a descer na velocidade mínima, de 3 km/h, que pode ser mantida ou então aumentada ao pisar no acelerador (a velocidade máxima de descida é de 20 km/h). Depois, conferimos a atuação do assistente de partida em ladeiras: ele de fato "segura" o veículo por cerca de 2 segundos antes do carro descer, tempo suficiente para liberar o pedal de freio e acelerar.

O controlador de velocidade de cruzeiro adaptativo pode estabelecer uma velocidade a partir de 30 km/h e manteve, de um modo geral, boa operação nas acelerações (com pista livre) e desacelerações (para manter distância segura do veículo à frente), mantendo boa margem de segurança mesmo no nível mínimo de espaço. O sistema permite que o carro desacelere até 0 km/h. Porém, assim como o HR-V EXL, o Touring também não foi capaz de permanecer freado atrás de um veículo, voltando a andar em Drive logo depois da parada completa. Nesta situação, o motorista precisa intervir. Já o assistente de permanência em faixa atuou de forma satisfatória, alertando quando o veículo estava fora da faixa e ajudando a corrigir a direção. Contudo, a velocidade de atuação deste sistema parte de 72 km/h (excepcionalmente podendo continuar a atuar caso o veículo fique um pouco mais lento, a no máximo 64 km/h), sendo mais elevada do que em boa parte de seus rivais.

O câmbio automático compreende o que o motorista quer e faz trocas das relações de marcha de modo muito suave, mais perceptível pela alteração dos giros do motor. Mesmo utilizando o modo sequencial (o único em que o algarismo da marcha engatada é exibido), o motorista não sente "patadas". O modo sequencial pode ajudar a manter um maior nível de freio-motor em descidas ou elevar as rotações do motor durante ultrapassagens, sendo que reduções automáticas de marcha podem acontecer, assim como a alteração (feita pelo próprio veículo) do modo sequencial para o Drive tradicional, caso o motorista pegue leve com o acelerador.



Ao engatar o câmbio em Drive ou Ré com o cinto afivelado, é possível acelerar de leve para o HR-V desabilitar automaticamente o freio de estacionamento eletrônico - porém é bem perceptível, nessa situação, a resistência do desacoplamento deste conjunto. Para quem preferir mais suavidade, é melhor utilizar o dedo para pressionar o botão no console. O freio de estacionamento pode ser automaticamente aplicado quando se engata a posição Parking, quando o motor é desligado (quando isso é feito fora da posição P, uma advertência soa para mover a alavanca para P) ou quando o motorista desafivela seu cinto de segurança com o carro parado (o que indica intenção de desembarcar do veículo). Já o Brake Hold tem atuação mais suave e permite maior conforto para o pé direito nas paradas diante dos semáforos, podendo ser ativado ou desativado ao pisar no freio e apertar o botão.

A 100 km/h constantes, o motor se estabiliza em cerca de 1800 rpm com os modos de condução Normal e Econ, passando de 2600 rpm no modo Sport. A versão turbinada do SUV da Honda tem boa disponibilidade de torque em rotações de cruzeiro e, com pé fundo no acelerador, realiza as trocas de marcha a 6000 rpm, o que se reflete em um maior nível de ruído. Em termos de desempenho, o HR-V Touring mandou bem nas acelerações e, principalmente, nas retomadas de velocidade. No teste de 0 a 100 km/h, o único executado com o modo de condução Sport, o utilitário se igualou ao dado de fábrica. Mesmo no modo Normal, o modelo alcançou o bom resultado de 9,2 s. Veja os dados cronometrados automaticamente pelo aplicativo GPS Acceleration, sempre em pista sem tráfego de veículos, com gasolina no tanque, ar-condicionado desligado, somente o motorista a bordo e transmissão em modo tradicional de operação:

Aceleração de 0 a 100 km/h: 8,9 segundos
Retomada de 40 a 80 km/h: 5,0 segundos
Retomada de 60 a 100 km/h: 5,3 segundos
Retomada de 80 a 120 km/h: 6,2 segundos

Condições do teste

Temperatura externa: 36º C
Altitude (estimada): 71 metros
Pressão dos pneus: não disponível
Nível de combustível: pouco mais de 1/2 tanque (6 barras)
Quilometragem do veículo durante os testes: 2042 km

No quesito de consumo de combustível, conosco o Touring não chegou a ser tão econômico quanto a versão EXL, mas esteve próximo do índice do Inmetro no percurso urbano com gasolina (11,3 km/l). Para poupar mais, a dica é fazer uso do modo Econ, que reduz a entrega de força do motor e a intensidade de operação do ar-condicionado para economizar combustível. Confira os nossos resultados com uso constante do ar-condicionado: 

Consumo de combustível: 10,8 km/l
Distância percorrida: 227,5 km
Velocidade média (estimada): 30 km/h

Para concluir...

Desde a geração anterior do HR-V, a Honda se preocupou em disponibilizar uma versão turbinada para o SUV, que oferecesse melhores índices de performance na comparação com as alternativas aspiradas. Nesta segunda geração do modelo, o motor 1.5 Turbo ganhou potência e torque, e o HR-V em si aprimorou bastante seu pacote de segurança em todas as versões - além de reservar para o Touring alguns itens de comodidade que são raros de se ver no segmento. Não é à toa que as versões turbinadas do utilitário da Honda estão vendendo bem no Brasil - neste mês de agosto, o HR-V é o nono automóvel mais emplacado do País.

Vem conferir a Galeria de Fotos do Honda HR-V Touring 1.5 Turbo!







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