Stellantis Bio-Hybrid: quatro alternativas de eletrificação de automóveis no Brasil


O Grupo Stellantis apresenta quatro alternativas de arquiteturas híbridas para seus novos automóveis. A tecnologia Bio-Hybrid combina motores a combustão flex (movidos a gasolina, etanol ou a mistura de ambos) e elétricos em plataformas híbridas desenvolvidas pelo Tech Center Stellantis na América do Sul. O desenvolvimento das novas tecnologias de hibridização está em linha com o plano estratégico de longo prazo da Stellantis, Dare Forward 2030, que prevê a descarbonização de processos e produtos da empresa até 2038, com redução das emissões em 50% já em 2030.

A tecnologia Bio-Hybrid é compatível com as linhas de produção das três plantas da Stellantis, localizadas em Betim (MG), Porto Real (RJ) e Goiana (PE). As quatro plataformas são: Bio-Hybrid, Bio-Hybrid e-DCT, Bio-Hybrid Plug-In e BEV, totalmente elétrica. 


A plataforma Bio-Hybrid traz um dispositivo elétrico multifuncional que substitui o alternador e o motor de partida. Este equipamento é capaz de fornecer energia mecânica e elétrica, que envia torque adicional para o motor flex do veículo e gera energia elétrica para carregar a bateria adicional de lítio-íon de 12 Volts, que opera paralelamente ao sistema elétrico convencional do veículo. O sistema gera potência de até 3 kW, prometendo melhorar a performance e reduzir o consumo de combustível, juntamente com o Start&Stop. Também há o modo Coasting, que permite que o veículo continue em movimento mesmo com o câmbio desacoplado ou o motor momentaneamente desligado, e o Boost Assist, que transforma a energia elétrica armazenada em energia mecânica.


A plataforma Bio-Hybrid e-DCT conta com dois motores elétricos: um que substitui o alternador e o motor de partida, e outro de maiores proporções que é acoplado à transmissão. Uma bateria de lítio-íon de 48 Volts dá suporte ao sistema e também é alimentada pelos dois motores. Uma gestão eletrônica controla entre as operações de motor a combustão, elétrico ou híbrido.


A plataforma Bio-Hybrid Plug-in conta com bateria de lítio-íon de 380 Volts, recarregada através de sistema de regeneração nas desacelerações, alimentada pelo motor térmico do veículo ou através de fonte de alimentação externa elétrica (plug-in). Esta arquitetura conta ainda com um motor elétrico que entrega potência diretamente para as rodas do carro. O sistema também gerencia a operação entre modo térmico, modo elétrico ou híbrido.


Por fim, a arquitetura BEV (totalmente elétrica) é totalmente impulsionada por um motor elétrico de alta tensão alimentado por uma bateria recarregável de 400 Volts, por meio de sistema de regeneração ou através de plug-in. A arquitetura promete torque instantâneo, com acelerações rápidas e responsivas. Além disso, o sistema possui sonoridade customizável para os motores elétricos.


A Stellantis acredita que combinar o etanol (aliado na redução das emissões de dióxido de carbono) com a eletrificação se apresenta como uma alternativa competitiva de transição para uma mobilidade de baixo teor de emissão de poluentes. Essa rota de transição é necessária para tornar a mobilidade sustentável e, ao mesmo tempo, acessível, já que os veículos elétricos, apesar de eficientes no processo de descarbonização, ainda possuem um custo elevado, o que impede sua aquisição por grande parte dos consumidores de países em desenvolvimento com características de renda como as do Brasil. Assim, o etanol se mostra como uma alternativa competitiva para a descarbonização no país, uma vez que a cana-de-açúcar, em seu ciclo de desenvolvimento vegetal, absorve dióxido de carbono, o que proporciona cerca de 60% de mitigação final do CO2 emitido quando comparado ao uso da gasolina. Além disso, o etanol possui uma imensa plataforma produtiva, logística e de distribuição já implantada. “Hoje a tecnologia flex fuel está presente em cerca de 80% da frota brasileira de veículos leves. A combinação do etanol com a eletrificação em propulsão híbrida é uma alternativa adequada de transição, pois permitirá o acesso de faixas maiores do mercado consumidor a tecnologias de baixa emissão”, explica João Irineu, vice-presidente de assuntos regulatórios da Stellantis para América do Sul. Até por isso, também foi apresentada uma unidade com motor a combustão exclusivamente a etanol, que poderá estar presente em produtos da companhia nos próximos anos e, inclusive, nas plataformas Bio-Hybrid.

Recentemente, a Stellantis simulou um teste dinâmico com um veículo quando alimentado com quatro fontes distintas de energia, a fim de mensurar a emissão total de dióxido de carbono em cada situação. O automóvel foi abastecido com etanol e comparado em tempo real com a mesma situação de rodagem em três alternativas simuladas: com gasolina tipo C (contendo 27% de etanol); 100% elétrico (BEV), abastecido na matriz energética brasileira, e 100% elétrico (BEV) abastecido na matriz energética europeia. A comparação considerou não apenas a emissão de CO2 associada à propulsão do veículo durante o uso, mas também as variáveis que incluem as emissões correspondentes à produção do combustível ou geração da energia utilizada. A propulsão a etanol emitiu 18% menos CO2 do que um veículo elétrico abastecido com energia europeia, devido à sua geração baseada em fontes fósseis. Na comparação com gasolina, a redução das emissões é superior a 60%.

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