Avaliação: Renault Kwid E-Tech prova que o carro elétrico é viável no Brasil

Texto e Fotos | Júlio Max, de Teresina (PI)
Matéria feita em associação com o site Motor Mais

Em setembro de 2022, logo depois da chegada do Kwid E-Tech às concessionárias de todo o Brasil, o Auto REALIDADE registrou as impressões ao passar um final de semana fazendo o test-drive do elétrico da Renault - um dos modelos mais baratos do Brasil que pode ser recarregado em uma tomada. Logo depois, as entregas dos exemplares do modelo foram normalizadas. Agora, na virada de 2022 para 2023, é hora de passar uma semana inteira convivendo com o modelo - e relatar a experiência mais prolongada de condução nesta avaliação!

Fabricado em Shiyan, na China, o Kwid E-Tech recebeu modificações específicas para o mercado brasileiro em termos de estilo e de mecânica, acompanhando a reestilização que o subcompacto recebeu em janeiro de 2022, mas com algumas diferenças em comparação com as demais versões (Zen, Intense e Outsider), produzidas em São José dos Pinhais (Paraná) - confira aqui o nosso test-drive com o Kwid Outsider 1.0 Flex. 


O conjunto ótico é desmembrado em dois níveis: piscas e luzes de posição em LED ficam nas lentes superiores (e são capazes de ficarem acesos simultaneamente, embora com o veículo em movimento haja a prioridade para a luz de seta), enquanto mais abaixo estão os faróis baixos e altos, halógenos e de dupla parábola. A grade superior é fechada na versão elétrica e traz frisos cromados adicionais, além da pintura em preto-brilhante. Ela esconde uma tampa que, quando levantada, dá acesso aos conectores para carga. 

Para abrir esta tampa dianteira, há uma alavanca na parte inferior do painel, que fica à esquerda do comando de abertura do capô. Ela dá acesso à entrada tipo 2 de sete pinos (padrão europeu - IEC 62196), com capacidade de carregamento de até 7 kW em corrente alternada (AC), e, mais abaixo, a entrada para carregamento rápido em corrente continua (DC), que suporta até 30 kW. Depois que o conector de energia for plugado ao Kwid, é preciso apertar o botão na chave de destravar as portas para liberar e retirar o plugue. Após isso, basta deslocar a tampa para baixo, apertando pela parte superior central, para fechá-la.


O para-choque dianteiro do Kwid E-Tech não traz o "ski" prateado da versão Outsider na parte central inferior, mas conta com molduras em bronze na região logo abaixo dos faróis principais. Além disso, a peça mantém a abertura de ar inferior para refrigeração. A carroceria pode ser pintada em uma das seguintes cores: Verde Noronha, Prata Diamond ou Branco Polar (a tonalidade do carro das imagens).

De lado, o Kwid E-Tech lembra a versão Outsider: ambos trazem as barras longitudinais de teto (decorativas, que não foram projetadas para servir de base para bagageiros) e as capas dos retrovisores externos em preto-brilhante. As carcaças dos espelhos trazem luzes de seta embutidas nesta versão elétrica. Curiosamente, a antena de teto (rosqueável, de altura fixa) está mais verticalizada e foi deslocada da parte frontal para a traseira da capota; além disso, seu tamanho já não é mais tão exagerado em comparação com as demais versões. Assim como a versão Intense, o E-Tech traz um adesivo na região inferior das portas, com grafismos dourados que identificam a versão elétrica. 


As rodas são sustentadas por quatro parafusos, ao invés dos três presentes nas demais versões, já que o torque do E-Tech é um pouco superior e entregue de forma bem mais instantânea. O elétrico possui rodas de 14 polegadas de aço com calotas "Flex Wheel" (que emulam rodas de liga leve, com detalhes prateados e em preto-brilhante) e pneus de perfil 175/70 GREEN-Max EcoTouring, ligeiramente mais largos do que os 165/70 das versões com motor 1.0 flex. No E-Tech, a Renault recomenda que todos os pneus sejam calibrados com 41 libras, inclusive o estepe.


A traseira do Kwid E-Tech incorpora as mesmas lanternas das versões Intense e Outsider, escurecidas e com luzes de posição de LED. A tampa do porta-malas possui botão externo para abertura (no Kwid convencional, há um miolo prateado tapando o local da fechadura) e a identificação "E Kwid", com a letra "E" em textura fosca. Mais abaixo, do lado direito, há uma plaquinha com os dizeres "E-Tech Electric". 


O para-choque traseiro da versão elétrica é diferente do modelo brasileiro, contando com refletores maiores e moldura prateada ampliada abaixo da placa traseira, que incorpora uma luz de neblina (exclusividade do E-Tech).


O interior do Kwid E-Tech conta com diferenças em relação ao modelo fabricado no Brasil, a começar pelas colorações do acabamento. O modelo elétrico possui a parte superior do painel, detalhes das portas dianteiras e do console central na cor cinza, contrastando com o preto do restante dos plásticos (no Kwid flex, o painel e os forros de porta são integralmente pretos). 


Além disso, os bancos do modelo E-Tech mesclam material sintético e tecido (assim como na versão Outsider), mas possuem faixas e costuras aparentes na cor bege, além de padronagens de tecido exclusivas. Também há soleiras emborrachadas nas portas dianteiras com o nome "Renault" e tapetes de carpete (com a identificação da versão elétrica nas peças dianteiras). O tapete do motorista traz duas presilhas para evitar o seu deslizamento. E os velcros ajudam a fixar os tapetes no carpete do assoalho.


O volante do Kwid elétrico possui quatro raios, assim como os modelos da Dacia (subsidiária dos modelos de baixo custo da Renault na Europa). Há também alguns comandos incorporados aos seus raios, para a operação do limitador de velocidade (do lado esquerdo) e a ativação de comandos de voz pelo telefone pareado por Bluetooth (do lado direito), mas não estão presentes os comandos-satélite à direita da coluna de direção. Assim como nas demais versões do Kwid, o volante possui aro em plástico espumado e coluna de direção fixa.


A haste dos faróis conta com as posições desligada, luzes de posição ligadas e faróis baixos/altos ligados. Há um comando secundário para acender a lanterna de neblina. Com um toque leve, as luzes de seta acendem três vezes, e, se o motorista esquecer de desligar os faróis após tirar a chave da ignição e abrir sua porta, um bipe sonoro soa como lembrete (as luzes não se desligam sozinhas). 

Já a haste dos limpadores mantém as posições de funcionamento do Kwid flex (varredura lenta - Mist, varredura intermitente, dependendo da velocidade, e varredura contínua lenta ou rápida). Estas duas hastes trazem aros cromados nas pontas, ausentes no Kwid flex.


O layout do quadro de instrumentos é semelhante ao do Kwid reestilizado com motor flex, mas há diferenças. No lugar do conta-giros fica o econômetro, que exibe as escalas "power" (em vermelho, que mostra maior demanda de força na condução), "eco" (condução com acelerações mais brandas, de forma econômica, indicadas em verde), "neutral" (mais comum de ser alcançada em velocidades de cruzeiro) e "charge" (quando há regeneração de energia nas desacelerações, com indicação em azul). Ao centro fica a tela do computador de bordo, parecida com a do Kwid convencional, mas com gráficos mais refinados.


Este monitor exibe o velocímetro digital, a porcentagem atual de bateria e informações como autonomia estimada, temperatura externa, indicador individual de porta aberta (inclusive porta-malas), indicador do uso ou não-uso dos cintos traseiros, aviso de motor ligado, alerta de baixa pressão dos pneus e as informações de computador de bordo, que incluem hodômetro total, distância percorrida A e B, consumo de energia A (em kWh/100 km), velocidade média A, indicador instantâneo de uso de energia (mostra quantos kW de potência do veículo estão sendo utilizados, exibindo números negativos nas desacelerações), dias restantes/quilômetros restantes para a próxima revisão, reset do indicador de pressão dos pneus e programação do limitador de velocidade. As informações são alternadas por uma haste na própria cúpula dos instrumentos. Não há controle do brilho da tela, mas a iluminação agrada tanto de dia quanto de noite. Também não há proteção acrílica para os instrumentos.


No lugar do marcador de temperatura do líquido de arrefecimento do motor fica o indicador de posição de marcha, informando se o veículo está em Drive, Neutro ou Ré. E, no lugar do marcador do nível de combustível, há uma escala informando sobre o nível de carga da bateria, de 1/6 a 6/6. Para indicar que o veículo está ligado, uma luz-espia "OK" acende na cor verde nos instrumentos e uma animação é executada, com as luzes-espia e escalas acendendo e apagando, e o desenho da dianteira do Kwid aparecendo na tela do computador de bordo.


Quando o carro está sendo carregado, um ícone vermelho aparece no canto superior esquerdo da tela. Além da informação do percentual atual de carga (que fica em tamanho grande quando a ignição está desligada, para poder ser vista do lado de fora do carro), também aparecem as estimativas de tempo de recarga até os 80% e até os 100% (em intervalos de 5 em 5 minutos).


O sistema multimídia do Kwid E-Tech não acompanhou as melhorias presentes nas demais versões do modelo reestilizado em 2022. Na versão elétrica, a tela sensível ao toque continua a ter 7 polegadas (o modelo feito no Brasil ganhou monitor de 8 polegadas) e mantém na moldura da tela os botões "+" e "-" para controle de volume (substituídos por um prático botão giratório no Kwid flex, que também incorpora a função liga/desliga). Além disso, as entradas USB (do tipo A) e auxiliar ficam mal-posicionadas no modelo elétrico, deixando pen-drives expostos e exigindo cabos longos para conexão (no Kwid nacional, estas entradas foram corretamente reposicionadas para o console central).


No Kwid E-Tech, o sistema multimídia não possui o menu Driving Eco para dar dicas e avaliar a condução econômica do motorista. Restaram quatro menus no modelo elétrico: Rádio, Mídia, Telefone e Configurações. A central é capaz de espelhar o conteúdo de celulares com Android Auto ou Apple CarPlay, desde que haja o pareamento via cabo. Uma vez feita a conexão, um atalho para o espelhamento surge no canto inferior direito do monitor. O brilho da tela pode ser ajustado em três níveis.


A tela também transmite a imagem da câmera de ré, que pode ter as configurações de brilho e contraste alteradas. Há ainda linhas de guia fixas, que podem ser desativadas. O sistema de som permanece com os dois alto-falantes embutidos no painel, que proporcionam som em qualidade apenas razoável, desde que com equalização bem acertada e em baixo volume com função Loudness ativada. É bastante nítido que a distribuição espacial do som fica muito concentrada para a frente, distante dos ouvidos, e falta definição de áudio principalmente para os graves. Só há reprodução de áudio no aparelho (fotos e vídeos não são capazes de serem lidos), mas ao menos é possível tocar na barra de tempo para avançar para outra parte do arquivo. As capas dos álbuns podem ser exibidas, caso disponíveis. É possível sintonizar rádios AM ou FM e salvar até 12 estações.


Assim como no Kwid nacional, o modelo elétrico traz moldura preto-brilhante na parte central do painel. Só nele há um friso cromado circundando toda a área em black piano, como era no Kwid Outsider até a reestilização da linha 2023 (o modelo mais recente traz dois filetes horizontais cromados). O modelo elétrico não traz a pintura brilhante em torno das saídas de ar laterais, presente nas versões Intense e Outsider reestilizadas. As maçanetas internas são cromadas e os forros das portas dianteiras e traseiras trazem frisos prateados. Nas portas dianteiras há espaços generosos para objetos, incluindo uma cavidade (rasa) que pode acomodar uma garrafa de água de 500 mL.


O Kwid elétrico mantém os botões dos vidros elétricos dianteiros (é preciso apertar e segurar os botões; se serve de consolo, o acionamento dos comandos pode ser feito até 3 minutos após o desligamento do veículo, desde que nenhuma porta seja aberta neste intervalo), das travas das portas (uma luz vermelha acende quando as portas estão travadas; ao travar, ainda é possível livremente abrir as portas dianteiras por dentro, enquanto atrás isso depende do levantamento manual do pino no forro de porta) e do pisca-alerta no centro do painel. Foi adicionado o botão Eco, que limita a disponibilidade de força de 48 para 33 kW (equivalentes a pouco menos de 45 cv), reduz a velocidade máxima para 100 km/h e intensifica a frenagem regenerativa, que recupera energia cinética durante as desacelerações e freadas. Segundo a Renault, é possível otimizar o consumo de energia em 9% neste modo - que aumenta instantaneamente o cálculo da autonomia no quadro de instrumentos.


Os comandos do ar-condicionado manual são praticamente idênticos aos das demais versões do Kwid. Mas no lugar da alavanca que, quando empurrada, regulava entre a captação ou vedação do ar externo, agora há um botão para esta funcionalidade na versão elétrica, que acende quanto há recirculação de ar. E, como o botão Eco desalojou o comando existente do desembaçador do vidro traseiro, há agora mais um botão junto dos comandos giratórios para ativar esta função. 

O início do console central traz botão para a desativação do controle de estabilidade ESP (o Kwid flex também traz o ESP, mas ele fica permanentemente habilitado; no E-Tech, ele é reativado a cada nova ignição ou quando o veículo ultrapassa 50 km/h), o botão que habilita ou não o limitador de velocidade de cruzeiro e uma tomada de 12 Volts com tampa. Atrás do porta-objeto aberto está o seletor giratório de transmissão, com as posições Drive, Neutro e Ré. Curiosamente, é possível desligar o veículo em Drive. Correndo os olhos para trás, é possível ver a alavanca de freio de mão, com gatilho cromado e capa em material sintético. Por motivos de segurança, o freio de mão não trava as rodas caso seja acionado com o veículo em movimento.

O canto esquerdo do painel acomoda os botões para a regulagem elétrica dos retrovisores externos (podem ser ajustados com o carro desligado), o bloqueio dos vidros elétricos traseiros (presentes pela primeira vez em um Kwid, no lugar do botão da abertura interna do porta-malas existente nas outras versões do Kwid), o on/off dos bipes dos sensores de ré (também inéditos no Kwid, que substituem o lugar do Start-Stop das versões flex e começam a indicar obstáculos a partir de 1,20 metro de distância, mas não trazem indicação gráfica) e, mais abaixo, o ajuste de altura do facho dos faróis, que permite regular entre três níveis (0 - recomendado quando há até 2 ocupantes no veículo; I - recomendado quando houver 4 pessoas no carro; II - indicado quando o motorista andar sozinho com bagagem; I ou II indicados quando o veículo estiver com 4 passageiros e bagagens). Com exceção do botão de bloqueio das janelas, o motorista não dispõe de comandos para controlar os vidros elétricos traseiros.


Curiosamente, o Kwid E-Tech manteve o tamanho do pedal do freio exatamente como nas versões com câmbio manual. A única diferença está na ausência do acionamento da embreagem.

No forro de teto, o Kwid mantém o foco único de iluminação entre os para-sois, o microfone para captação de voz e a ausência de alças para os passageiros. Foi adicionado um console plástico em volta da luz de teto que incorpora o indicador da ativação ou desativação do airbag frontal do passageiro dianteiro. O retrovisor interno mantém a haste para comutação das posições dia/noite. O para-sol do motorista traz somente o porta-documento, enquanto o passageiro dianteiro dispõe de um espelho (sem tampa).


O porta-luvas surpreende pelo bom espaço e a entrada OBD2 para scanner veicular ao fundo, mas este exemplar de frota da Renault não traz a iluminação do porta-luvas (não é descrito pela marca como item de série, mas veio em exemplares destinados a test-drive nas concessionárias). A tampa também conta com porta-caneta e porta-cartões em sua face interna.

O Kwid elétrico manteve a chave do tipo canivete presente no modelo a combustão, inclusive com a mesma decoração: o lado com o logo da Renault possui contornos cromados e aplique na cor marfim. Ela possui três botões, para travamento/destravamento das portas e destravamento da tampa do porta-malas (ao segurar este comando por 2 segundos). Para ligar o veículo, gira-se a chave no tambor de ignição, como no modelo com motor flex. 


Depois da posição desligada, o segundo estágio permite ativar a central multimídia e o quadro de instrumentos, mas a ignição só estará ligada no estágio seguinte. Nesta etapa já é possível ligar o ar-condicionado e acionar os vidros, mas o veículo ainda não está pronto para andar. Isso só ocorre ao empurrar para o último estágio do giro da chave no tambor de ignição, o que faz acender a luz-espia Ok nos instrumentos (caso o motorista esteja com o pé no freio e com a transmissão em N).


Quando o motorista abre a porta do Kwid E-Tech, acendem momentaneamente o quadro de instrumentos e a luz de teto. A partir do momento em que a ignição está ligada, ficam acesas as indicações de posição do câmbio e as luzes de recirculação e A/C do ar-condicionado. Já quando os faróis estão acionados, ficam iluminados todos os botões no volante, o direcionador dos retrovisores, os botões de bloqueio dos vidros traseiros e do sensor de ré, os botões na moldura do sistema multimídia e do ar-condicionado, bem como os comandos do console central e os botões dos vidros elétricos traseiros.


Os bancos contam com revestimento em mescla de tecido e material sintético nas cores preta e bege. Na dianteira, o apoio lombar e para a cabeça é bom, mas falta apoio para as coxas. Os ocupantes da frente dispõem de regulagens de altura para os cintos da frente. Os encostos para costas e cabeça são inteiriços (podem deitar para trás até encostarem no banco traseiro), e o assento do motorista tem altura fixa. Há adesivos em preto nas colunas entre as portas dianteiras e traseiras. Ao abrir a porta dianteira do passageiro, é possível ter acesso ao switch que ativa ou desativa o airbag frontal do carona.

Homologado para quatro pessoas, o Kwid E-Tech tem dois cintos de três pontos e dois apoios de cabeça no banco traseiro (ajustáveis em altura; curiosamente, eles podem chegar a encostar no forro de teto), além das fixações Isofix e Top Tether para cadeirinhas infantis. Há dois amplos porta-revistas e, nos forros de porta, os botões para acionamento dos vidros elétricos. O túnel central é baixo, como no modelo de motor a combustão. Para quem tem cerca de 1,80 metro de altura, o espaço interno é bom para a cabeça e justo para as pernas. Através de duas tiras de tecido é possível destravar e rebater o encosto do banco traseiro para a frente (o assento não se desloca). Quando rebatido, o banco fica em um nível mais alto do que o assoalho do porta-malas, e não há presilhas capazes de acomodar os cintos para que eles não se prendam no encosto do banco na hora de voltar à posição padrão.


O espaço interno do Kwid tradicional foi mantido na versão E-Tech, uma vez que o motor elétrico está situado na região de um propulsor a combustão convencional e as baterias foram distribuídas pelo assoalho do veículo. Dessa forma, o ocupante traseiro consegue passar de um lado para o outro do banco com facilidade.

O porta-malas conserva a capacidade de 290 litros, volume comparável ao de hatches com 30 centímetros a mais de comprimento e bem superior a seus rivais diretos. Nele fica guardado o carregador para recarga do veículo, de até 20 Ampères, que pode ser conectado em uma tomada de três pinos aterrada. A tampa pode ser aberta por um botão externo ou destravada pelo comando na chave. Usualmente exposta no Kwid a combustão, a parte metálica da base do porta-malas foi coberta por insertos emborrachados no modelo elétrico. A parte interna da tampa traz uma cobertura plástica central, mas carece de um recuo ou alça para ajudar a fecha-la.


O compartimento de bagagem vem todo recoberto de carpete, mas não traz iluminação. Sob o forro interno fica o estepe, que também possui roda de 14 polegadas calçada com pneu 175/70. O exemplar da frota da Renault traz uma bolsa confeccionada pela Associação Borda Viva, adequada para guardar o carregador. Ela traz velcros para colar no carpete do assoalho, assim como a capa do macaco e da chave de roda. Já o triângulo de sinalização é mantido no lugar através de presilhas. Um detalhe que nos chamou a atenção: a tampa móvel (bagagito) só se sustenta pelas duas cordinhas na tampa do porta-malas, não havendo qualquer outro tipo de encaixe para maior fixação.


Em menos de dois meses, 750 unidades do Kwid E-Tech foram reservadas em 23 Estados do Brasil, além do Distrito Federal. Segundo a marca, a maioria dos clientes que compraram o modelo possuem renda mensal entre R$ 10 mil e R$ 20 mil, sendo o Kwid E-Tech o segundo ou terceiro carro da família. Deste público, 61% têm energia solar em casa. Ainda de acordo com pesquisas da Renault, as principais razões da compra foram o custo de uso e a economia por quilômetro rodado.

O motor elétrico e sí­ncrono de ímãs permanentes com alimentação via baterias de í­on-lí­tio de 26,8 kWh rende 65 cavalos a partir de 4000 rpm e torque de 11,5 kgfm entre 0 e 4000 rpm. Deste modo, ele entrega três cavalos a menos do que o Kwid flex com gasolina, mas o torque é 2,1 kgfm superior e entregue instantaneamente (no subcompacto com motor 1.0, é preciso acelerar até 4250 rpm para alcançar a faixa plena de força). A tração permanece sendo dianteira, como no veículo de motor à combustão. Já a transmissão possui uma única marcha à frente e a marcha-a-ré.


O capô conta com manta acústica e é sustentado por uma haste que fica no canto direito do carro. Também estão contidos no cofre dianteiro a bateria de 12 Volts (com 50 Ampères), o inversor, o reservatório de água dos limpadores e outros fluidos. Espumas recobrem os vãos entre o capô e os para-lamas. Os freios são a disco ventilados no eixo dianteiro e a tambor na traseira. 


Conforme o ciclo de rodagem SAE J1634, a autonomia do Kwid E-Tech é de 298 quilômetros na cidade e 265 km em percurso misto entre cidade e estrada. A entrada de carregamento em corrente AC é a CCS Type 2, enquanto para corrente DC há uma entrada CCS Combo 2. O carregador portátil (com potência máxima de 2,2 kW) traz tomada de três pinos para conectar em correntes residenciais de 20 Ampères, seja de 110 ou 220 Volts, desde que aterradas. Da tomada até o conector, o cabo tem aproximadamente 5 metros de comprimento quando esticado.

O tempo de recarga varia bastante de acordo com a fonte de energia. Em postos de recarga rápida com corrente DC de 30 kW, é possível recarregar entre 15 e 80% em 40 minutos. Na wallbox com corrente AC de 7,4 kW, o tempo de carga de 15 a 80% é de 2 horas e 54 minutos. Já utilizando o carregador portátil de 220 Volts incluído no veículo, leva-se 8 horas e 57 minutos para a recarga de 15 a 80% da bateria.

As dimensões do Kwid E-Tech são ligeiramente diferentes das outras versões do Kwid. Com 3,73 metros de comprimento, 1,77 m de largura (incluindo os retrovisores), 1,50 m de altura (sem as barras de teto) e 2,42 metros de distância entre-eixos, o modelo elétrico é 5,4 centímetros mais longo e 1,9 cm mais alto do que o modelo nacional.

O peso em ordem de marcha do Kwid E-Tech é de 977 quilos, sendo que a bateria responde por 188 kg deste total. Para efeitos de comparação, o Kwid Outsider possui 825 kg.

O conjunto de suspensão é composto pelo esquema independente McPherson na dianteira, com amortecedores hidráulicos telescópicos, e pelo eixo rígido na traseira. No E-Tech vendido no Brasil, foram recalibrados os amortecedores e as molas helicoidais.


Em termos de segurança, o E-Tech dispõe de seis airbags (frontais, laterais dianteiros e de cortina), alerta de não-utilização do cinto de segurança para todos os ocupantes, assistente de partida em ladeiras, AVAS (Audible Vehicle Alert Sound, um som discreto e musical emitido entre 1 e 30 km/h para informar quem está do lado de fora sobre o deslocamento do veículo), pré-tensionadores dos cintos dianteiros e travamento automático das portas a 6 km/h (quando elas estão trancadas, os ocupantes da frente conseguem abri-las por dentro, mas no caso dos ocupantes traseiros, depende do levantamento manual do pino; caso o travamento automático não esteja ativado, basta apertar e segurar o botão da trava no painel por cerca de 5 segundos com o veículo ligado, até soar um bipe e a notificação no quadro de instrumentos), além dos demais itens já mencionados ao longo da matéria.

Fotos: Divulgação

Comercializado em versão única (chamada de Intens), o Kwid E-Tech atualmente tem preço de tabela de R$ 146.990 tem como principal oponente o JAC E-JS1, que é um pouco mais barato (R$ 145.900), tem potência 3 cv menor, mas traz o torque de 15,3 kgfm, com a possibilidade de levar 5 pessoas e com a autonomia estimada de 302 km. Porém, abre mão de airbags laterais e de cortina, e nem mesmo há limpador traseiro. Para piorar, o E-JS1 teve péssimo desempenho nos testes de segurança do Latin NCAP, divulgados em dezembro de 2022, e seu conector não é compatível com o padrão Tipo 2 (o mais comum dos carregadores instalados pelo Brasil), exigindo um caro adaptador. Correndo por fora está o CAOA Chery iCar, com preço de R$ 149.990. Com 3,20 metros de comprimento e duas portas, ele recorre a alguns itens mais sofisticados para se diferenciar, como teto panorâmico, ajustes elétricos para o banco do motorista, comandos de ar-condicionado no volante e central multimídia com tela vertical. É o menos potente do trio (61 cv), mas tem o mesmo torque do elétrico da JAC Motors. Sua autonomia é de cerca de 282 km.


As revisões do Kwid E-Tech são realizadas de 10 mil em 10 mil quilômetros, e os valores podem ser parcelados em até 5 vezes. Confira os custos de manutenção:

  • 10.000 km - R$ 142,29
  • 20.000 km - R$ 181,96
  • 30.000 km - R$ 181,96
  • 40.000 km - R$ 831,69
  • 50.000 km - R$ 221,63
  • 60.000 km - R$ 221,63

Impressões ao dirigir


Ao assumir o banco do motorista, é possível logo notar que o assento está em posição elevada. É uma forma de favorecer a visão de pessoas de baixa estatura, mas, dependendo do biotipo da pessoa, pode resultar em um posicionamento alto demais, o que obriga a reclinar o encosto das costas um pouco mais para trás. Coluna de direção e banco não ajustam em altura, mas é possível regular os cintos dianteiros mais para cima ou para baixo.


A direção elétrica tem calibragem muito leve, principalmente nas manobras, na comparação com o Kwid flex. Esta característica sem dúvida é determinante para o conforto do E-Tech em uso urbano, compensando o fato de que o número de voltas de batente a batente (3,5) é um pouco maior do que a média do segmento. O volante tem aro relativamente pequeno (diâmetro de 36 cm), espumado e com abas ergonômicas que acomodam bem as mãos. O diâmetro de giro de 10 metros (idêntico ao dos Kwid Flex) contribui para a boa manobrabilidade do modelo.


Depois de girar a chave no contato até o último estágio com o pé no freio e a transmissão necessariamente em N, o quadro de instrumentos acende a luz-espia "Ok" e você está pronto para partir. A ignição é feita de forma bastante silenciosa. Em manobras, o ímpeto do Kwid E-Tech requer certo tempo para se acostumar. Quando está andando de ré, o motorista precisa dosar o pé no freio para sair devagar. Ao selecionar a posição D, o Renault anda a uma velocidade de cerca de 7 km/h (tanto no modo de condução convencional quanto no Eco) e também exige atenção em vagas apertadas. Além disso, em ladeiras mais acentuadas, é necessário puxar a alavanca de freio de mão até o fim de curso para o Kwid E-Tech não descer, já que não existe uma posição Parking para conter o veículo. 


Ao pisar mais forte no acelerador, o Kwid E-Tech surpreende: ele toma um impulso para a frente (acompanhado de um discreto assobio) e ganha velocidade facilmente, principalmente até os 65 km/h. Afinal, o torque está integralmente disponível de forma praticamente instantânea. Até mesmo em ladeiras o Renault se sai bem. Mesmo quando o modo Eco está acionado, o Kwid continua esperto nas ultrapassagens, embora neste caso seja perceptível que, mesmo pisando fundo, é mais raro atingir o último nível (Power) do econômetro. Em velocidades mais altas, os ânimos do elétrico se arrefecem, mas é possível manter altas velocidades nas estradas sem nenhum problema.


A entrega de torque de forma muito ágil fica bem evidente quando analisamos os tempos das acelerações e das retomadas, como você pode conferir nos resultados dos nossos testes (realizados em ambiente fechado, com uma pessoa a bordo, controles eletrônicos ativados, ar-condicionado desligado, modo de condução convencional e cronometragem automática pelo app GPS Acceleration):

Aceleração de 0 a 50 km/h: 3,7 segundos
Aceleração de 0 a 100 km/h: 13,2 segundos
Retomada de 40 a 80 km/h: 5,4 segundos
Retomada de 60 a 100 km/h: 8,5 segundos
Retomada de 80 a 120 km/h: 14,5 segundos
 

Condições do teste

Temperatura externa: 31° C
Altitude (estimada): 61 metros
Nível de energia do veículo (estimado): 78% de energia
Pressão dos pneus: não disponível
Quilometragem inicial do veículo durante os testes: 981 km

Como dissemos mais acima, o modo Eco limita a velocidade máxima a 100 km/h. Aí surge a dúvida: o que acontece se você estiver a mais de 100 km/h e apertar o botão Eco? A resposta: o carro não vai permitir que se ganhe mais velocidade ao pisar moderadamente no acelerador, e vai gradativamente diminuindo a velocidade até os 100. Porém, se o motorista pressionar o acelerador até o fim de curso (e somente nessa situação, conhecida como "kickdown"), a luz "Eco" pisca no quadro de instrumentos e o carro permite ultrapassar a velocidade de 100 km/h.


Na maior parte do tempo e principalmente na cidade, é possível dirigir o Kwid E-Tech pressionando o pedal do acelerador bem de leve. Até por isso, a modulação do pedal de freio do Kwid E-Tech poderia ser melhor. É necessário pisar com um pouco mais de força do que o normal para contê-lo, em comparação com a grande maioria dos automóveis de câmbio automático, principalmente porque a função "creeping" da transmissão (que faz o veículo começar a andar em D ou R) é um pouco exagerada. Outro aspecto que causa estranheza no elétrico é a ausência de um apoio no assoalho para o pé esquerdo. Quando o modo Eco está acionado, é perceptível que a desaceleração do veículo é mais intensa ao soltar o pedal do acelerador, ainda que não haja uma parada completa do veículo enquanto o câmbio estiver engatado em D.


O isolamento acústico da cabine é bom para um modelo de proposta urbana - apenas na estrada, em velocidades altas, é possível os ventos soprando pela carroceria. Tanto é que o alerta sonoro para pedestres, que soa em baixas velocidades, mal é escutado quando os vidros estão fechados. Mérito dos cuidados tomados pela Renault para isolar ruídos. 


A maioria dos comandos principais estão à mão, mas a região do console que abriga o seletor do câmbio poderia ser um pouco mais alta, o comando de habilitação do limitador de velocidade fica distante dos demais comandos no lado esquerdo do volante e os botões no painel dos vidros elétricos dianteiros confundem o motorista em situações corriqueiras. Para o condutor ajustar os vidros traseiros, é preciso braços longos e contorcionismo para alcançar os comandos nas portas de trás (ou então sair do carro).


Os esguichos e as palhetas de para-brisa funcionaram bem quando demandados - no vidro da frente, o limpador único dá conta de varrer a água acumulada. A visibilidade da carroceria é, no geral, boa, com retrovisores externos com amplo campo de visão e vidro traseiro bem visível através do espelho interno - apenas as colunas laterais traseiras são um tanto quanto largas. Já a angulação do para-sol carece de uma posição intermediária entre ficar rente ao para-brisa ou estar quase na vertical ante o condutor.


O limitador de velocidade funcionou a contento e não deixou que o Kwid superasse a velocidade demarcada. É bem perceptível o quanto o acelerador fica bem menos reativo caso você, por exemplo, esteja a 40 km/h e queira avançar para 45 km/h programados pelo limitador. Já o alerta do não-uso do cinto de segurança só detecta o peso dos ocupantes nos bancos dianteiros. Atrás, o alarme soa somente no caso do cinto ser afivelado e, depois, desafivelado enquanto o veículo estiver em movimento, a partir de 20 km/h.

À noite, a iluminação do Kwid é adequada, com parábolas separadas para o facho baixo e o facho alto dos faróis. As luzes de posição de LED acendem juntamente com a ignição, com brilho forte. O foco entre os para-sóis dá conta de iluminar o ambiente dianteiro; atrás, os passageiros estão mais "no escuro".


O consumo de energia esteve dentro de nossas expectativas, considerando que tivemos de utilizar o ar-condicionado praticamente todo o tempo - e este aparelho acarreta um gasto significativo de eletricidade. O monitoramento de pressão dos pneus, que estimula a rodar com a calibração correta, foi ativado justo no primeiro dia com o carro, exibindo uma luz-espia e um aviso textual nos instrumentos. Após calibrar, é preciso resetar o sensor de perda de pressão no computador de bordo (menu TPW). Confira o consumo do Kwid E-Tech em nossos oito dias de convivência (rodando predominantemente na cidade, com trechos de estrada e uso do modo Eco em quase toda a avaliação):

Consumo de energia: 10,7 kWh/100 km
Distância percorrida: 531,1 km
Velocidade média: 34,2 km/h


No conjunto de suspensão, o Kwid elétrico lembra seu irmão a combustão. O bom vão-livre em relação ao solo garante que o E-Tech supere lombadas, buracos e desníveis sem maiores preocupações. Com o eixo rígido, sente-se um pouco a oscilação vertical da carroceria em pisos acidentados, ao passo em que as irregularidades do piso são bem absorvidas. Já a estabilidade da carroceria agrada, mesmo ao acelerar dentro de curvas. A carroceria aderna um pouco, mas em um nível tolerável.

Utilizamos uma estação de recarga de 150 kW para praticamente todas as cargas durante nossa avaliação. Nela, o Kwid foi de 42% para 100% em aproximadamente 58 minutos. A título de curiosidade, é possível manter o ar-condicionado ligado enquanto o Kwid estiver sendo carregado. Por motivos de segurança, quando o carro for conectado à tomada, ele automaticamente sai do modo pronto para partir (indicado pela luz-espia Ok). Assim, depois da recarga, é necessário girar novamente a chave na ignição para voltar a dirigir.


Para lavar o Kwid E-Tech, a Renault recomenda os mesmo cuidados tomados com os veículos com motor a combustão. A parte externa deve receber água fria e sabão natural (sem detergentes), com o uso de um pano macio para retirar o excesso de água. Assim como não é recomendado jogar água em alta pressão sobre o cofre do motor dos veículos a combustão, também deve se evitar o contato da água com os componentes elétricos. Notamos, no exemplar avaliado, que havia um desalinhamento da porta direita dianteira - ainda assim, a boa vedação da carroceria não deixou a água invadir a cabine.

Para concluir...

Rodar todos os dias com o Kwid E-Tech por uma semana permitiu ter a certeza de que o carro elétrico hoje é plenamente possível de ser utilizado no Brasil. É verdade que, hoje, estes automóveis ainda custam bem mais do que seus equivalentes com motor a combustão. Além disso, a infraestrutura atual ainda tem muito o que evoluir para permitir deslocamentos entre cidades com estes veículos. Mas, com seu preço atrativo e uma relação custo-benefício vantajosa, além de pertencer a uma marca com diversas concessionárias em todo o território nacional, o Kwid E-Tech tem tudo para cumprir a sua missão de introduzir muitas pessoas ao mundo dos veículos elétricos. E, pode ter certeza, muitas delas vão se render à praticidade de ter um carro recarregável na tomada...

Boletim comentado do Renault Kwid E-Tech 

Design = 9,0

No início de 2022, a linha Renault Kwid teve seu visual atualizado no nosso País - e o modelo E-Tech, que chegou alguns meses depois, também incorporou as modificações, que revitalizaram a carroceria que era conhecida dos brasileiros desde 2017. O novo conjunto ótico frontal, dividido em dois setores com luzes de posição de LED, é um dos destaques de design, assim como as calotas que emulam muito bem o estilo de rodas de liga leve, as lanternas escurecidas com assinaturas em LED e as molduras plásticas que dão um ar aventureiro ao subcompacto. Olhando de relance, passando pela rua, é difícil distinguir o Kwid elétrico das versões com motor Flex - plugado em uma estação de carga, a coisa muda de figura: as pessoas olham e pedem informações. Para quem preferir menos discrição, é possível optar pela carroceria na cor Verde Noronha, exclusiva do modelo recarregável na tomada.

Espaço interno = 8,75

Considerando que é da categoria de subcompactos, o Kwid E-Tech acomoda razoavelmente bem quatro pessoas adultas (não mais do que isso, pois não há cinto no meio do banco traseiro), com espaço amplo para a cabeça e razoável para as pernas. Seu porta-malas de 290 litros é significativamente maior do que o de seus rivais diretos (iCar e E-JS1). A quantidade de porta-objetos é regular. São surpreendentemente amplos o porta-luvas e os nichos das portas dianteiras; o porta-treco à frente da alavanca de câmbio é bem útil para guardar um celular. No mais, há dois porta-revistas para quem vai atrás e uma tira porta-documento no para-sol do motorista. 

Conforto = 8,75

Na comparação com as demais versões do Kwid, o modelo elétrico leva vantagem por ter transmissão automática, mais cômoda durante o anda-e-para comum nos ambientes urbanos. A calibração da direção elétrica é cômoda nas manobras, o ar-condicionado é eficiente e o conjunto de suspensão, herdado das versões com motor a combustão, permite boa absorção das irregularidades do piso (ainda que às custas de certos sacolejos, principalmente provenientes do eixo rígido traseiro). A ergonomia, no entanto, tem pontos a melhorar: desagradam a angulação dos para-sois, o posicionamento dos botões dos vidros elétricos dianteiros e a presença dos controles dos vidros traseiros somente nas portas de trás.

Acabamento = 8,25

Como o Kwid E-Tech deveria ser um carro acessível, a Renault fez poucas alterações na ambientação do modelo elétrico. Os plásticos do painel e dos forros de porta continuam integralmente rígidos - com a diferença que, no E-Tech, a parte superior é pintada de cinza. Há poucas rebarbas no material plástico, mas alguns parafusos ficaram descobertos na parte interna das maçanetas internas e nas cavidades dos puxadores de porta. O volante tem estilo diferenciado, mas o aro continua revestido de plástico espumado. Os bancos, assim como nas versões Intense e Outsider, mesclam áreas de tecido e material sintético (com padronagens exclusivas para o modelo elétrico). No geral, mesmo sendo importado, o Kwid E-Tech tem um padrão de acabamento praticamente idêntico ao dos exemplares feitos em São José dos Pinhais - a diferença está em pequenos detalhes, como os velcros fixando os tapetes e as soleiras emborrachadas nas portas dianteiras e na tampa do porta-malas.

Equipamentos = 8,5

Com pacote único de itens de série, o Kwid E-Tech dispõe de praticamente tudo que a versão Outsider possui (como direção elétrica, ar-condicionado, travas e retrovisores elétricos, câmera traseira, bancos com revestimento de tecido e material sintético), além de itens exclusivos do modelo elétrico, como sensor de ré, vidros elétricos nas quatro portas e limitador de velocidade, para citar alguns exemplos.

Instrumentos, Multimídia & Sistema de Som = 7,75

O quadro de instrumentos tem layout semelhante ao do Kwid Flex, mas com indicações próprias dos veículos elétricos, trazendo barras luminosas ao invés dos ponteiros. Se no modelo com motor a combustão isso acaba causando imprecisões (o conta-giros marca de 500 em 500 rpm e o marcador do combustível registra frações de 1/6 em 1/6), no modelo elétrico este aspecto não incomoda. Aliás, a tela do quadro de instrumentos do elétrico é mais refinada que a das demais versões, com mais pixels para exibir as informações. Dos três itens avaliados aqui, é o que mais agrada.

Por outro lado, o Kwid E-Tech não acompanhou as evoluções do sistema multimídia, introduzidas nas outras opções do modelo. A tela continua a ter 7 polegadas (ao invés de 8), não há comandos-satélite fixados à coluna de direção e as entradas USB e auxiliar ficam na moldura superior da tela, em um posicionamento que a própria Renault implicitamente reconhece que é ruim (modelos mais recentes do Kwid e do Duster tiveram a entrada reposicionada para o console central). As funcionalidades são as mais essenciais: rádio, MP3 Player, Bluetooth, espelhamento de conteúdo de celulares (via cabo) e câmera de ré. Durante nossa avaliação, nem sempre o sistema multimídia foi capaz de reconhecer o pendrive na entrada USB, e o espelhamento pelo Android Auto fez a central travar em uma ocasião.

No aspecto de sistema de som, o E-Tech traz os mesmos dois alto-falantes embutidos no painel presentes nas outras versões, com qualidade de áudio apenas razoável caso o volume esteja baixo e a função Loudness esteja ativada.

Desempenho = 8,75

Antes de mais nada, é preciso destacar que a potência e o torque presentes no Kwid elétrico para o mercado brasileiro são maiores do que em qualquer outro lugar do mundo, o que mostra que a Renault se preocupou em atender às exigências dos motoristas daqui (mesmo sendo um carro importado). A entrega instantânea de torque faz com que o Kwid E-Tech seja muito mais ágil do que o modelo a combustão nas acelerações e retomadas de velocidade. O tempo de aceleração de 0 a 100 km/h é parelho ao dos hatches 1.0 aspirados mais ágeis, porém, no caso do Kwid, é nítido como o fôlego até cerca de 65 km/h é muito superior. Em contrapartida, a velocidade máxima do elétrico é limitada a 130 km/h, ante 156 km/h da versão Intense. Mas, na prática, o desempenho do elétrico é suficiente para pegar estradas no mesmo ritmo dos outros veículos e andar pela cidade com agilidade.

Dirigibilidade = 8,75

O Kwid E-Tech tem como habitat natural a cidade, e suas características de direção são bastante adaptadas ao uso urbano, como o diâmetro de giro curto e a calibração confortável da direção elétrica - muito leve em velocidades baixas, e transmitindo segurança quando o carro está mais rápido. A transmissão atua com uma marcha à frente (D),  a posição neutra (N) e a ré (R), emulando a função Creeping das transmissões com conversor de torque (embora com menos suavidade, característica que exige tempo para se adaptar). Em curvas, a carroceria tem rolagem moderada, e chega a ser divertido contornar trechos sinuosos com o elétrico da Renault.

Segurança = 8,5

O pacote de equipamentos de segurança inclui os itens já presentes nas outras versões (airbags frontais e laterais, fixações para cadeirinhas infantis, controle de estabilidade e ajuste de altura dos cintos de segurança), além de airbags de cortina (totalizando 6 bolsas infláveis) e do som de alerta de deslocamento do veículo em baixas velocidades. Os freios possuem boa atuação, mas o alerta do não-uso dos cintos deveria analisar o peso dos ocupantes do banco traseiro. Da forma como está implementado, uma pessoa pode passar a viagem inteira sem ser alertada sobre o afivelamento do cinto, pois o bipe só soa quando ele é atado e, depois, solto com o carro a mais de 20 km/h. Avaliado pelo Euro NCAP (com padrões de avaliação semelhantes aos do Latin NCAP, porém mais rigorosos), o Dacia Spring, irmão do Kwid E-Tech vendido no mercado europeu, tirou uma estrela, sendo que o modelo atingiu 49% em proteção a adultos, 56% em proteção a crianças, 39% na proteção para pedestres e 32% quanto à presença de itens de assistência à condução.

Consumo de energia = 9,0

O Kwid E-Tech é um dos modelos elétricos da atualidade com menor consumo de energia, registrando a média de 10,7 kWh/100 km em nossa avaliação - sendo mais econômico do que o exemplar anterior do E-Tech que dirigimos em setembro, que registrou 11,3 kWh/100 km em um percurso semelhante, com velocidade média ligeiramente superior. Conosco, o cálculo da autonomia foi de, no máximo, 274 quilômetros - um pouco distantes dos prometidos 298 km. Ainda está longe da quilometragem que um veículo deste segmento com motor a combustão conseguiria rodar, mas compensa o fato de ser possível recarregar o modelo gratuitamente em vários locais.

Relação Custo-benefício = 9,0

Com o inegável atrativo de ser um dos automóveis elétricos mais acessíveis do mercado brasileiro, o Kwid E-Tech é um carro que convence principalmente pelo baixo custo por quilômetro rodado e pela possibilidade de ser carregado com facilidade - até mesmo dentro de casa. Seu preço é aparentemente elevado demais para um Kwid (quase o valor de dois exemplares da versão Outsider, a mais completa), mas, até mesmo na Europa, o Dacia Spring custa quase duas vezes o valor de um Sandero básico, ou pouca coisa a mais do que um Duster na versão topo-de-linha. É fato que, perto dos rivais E-JS1 e iCar, o Kwid E-Tech parece ser menos requintado e traz menos equipamentos. Por outro lado, o Renault dispõe de uma ampla rede de concessionárias e pontos de manutenção, além de ter peças compartilhadas com as versões com motor a combustão, o que agiliza a reposição e reduz custos de propriedade. Além disso, mantém os bons atributos das demais versões do Kwid, como bom aproveitamento do espaço interno, dirigibilidade interessante e altura elevada em relação ao solo - que se somam ao torque instantâneo e à praticidade da operação da transmissão no modelo elétrico. Na ponta do lápis, o Renault Kwid E-Tech se revela um boa compra neste segmento - que por enquanto não possui representantes feitos no Brasil, mas que tem tudo para crescer em breve.

Nota Final = 8,6

As notas são atribuídas considerando a categoria do automóvel analisado, os atributos oferecidos pelos concorrentes (diretos ou por aproximação), além das expectativas entre o que o modelo promete e o que, de fato, oferece. Um mesmo carro avaliado duas vezes pode ter sua nota diminuída em uma avaliação posterior, caso não evolua para os níveis de exigência que se aprimoram continuamente no mercado automotivo. Frações de pontuação adotadas: x,0, x,25, x,5, x,75. Em caso de notas com valores fracionados na casa dos centésimos, os décimos da nota do resultado final são arredondados para cima. Critérios - Design = analisado o aspecto estético do automóvel, considerando-se as linhas e formas do veículo, bem como as proporções entre tamanho de rodas e o restante da carroceria, a presença de itens de estilo diferenciados, entre outros detalhes. Espaço interno = julgada a amplitude do espaço para passageiros (dianteiros e traseiros, de acordo com a capacidade declarada do carro), locais para acomodar objetos e bagagem. Conforto = considera o nível de comodidade transmitida pelo conjunto de suspensão e pela operação de transmissão, pedais, alavancas e outros mecanismos, bem como o nível de ruído e de vibrações dentro do automóvel, a posição de dirigir, a ergonomia interna e outras amenidades adicionais. Acabamento = analisada a atenção aos detalhes internos do veículo (encaixes de peças, qualidade dos materiais empregados e padronagens dos revestimentos). Equipamentos = analisam-se itens de série e opcionais disponíveis no automóvel avaliado. Aqui são considerados os equipamentos de conveniência. Instrumentos, Multimídia & Sistema de som = na análise do quadro de instrumentos, são julgados a facilidade de leitura e a disponibilidade de informações. O sistema multimídia do veículo é avaliado de acordo com os recursos disponíveis (espelhamento de tela de celulares, entradas para dispositivos, facilidade de operação do aparelho, visualização de câmeras, etc). Caso o veículo avaliado não possua um sistema multimídia mas disponha de rádio, este aparelho será analisado sob os mesmos critérios. Se o automóvel não dispuser de sistema de áudio, iremos considerar a presença de pré-disposição para som (fiação, antena e falantes). Desempenho = julgadas a aceleração do veículo, as retomadas de velocidade e a entrega de torque e de potência pelo automóvel. Dirigibilidade = são analisados o comportamento em curvas, a manobrabilidade do veículo (incluindo diâmetro de giro e número de voltas de batente a batente do volante) e o funcionamento da transmissão. Segurança = levam-se em conta a visibilidade pelos retrovisores e pela carroceria, a iluminação do veículo, os itens de proteção ativa e passiva, o desempenho nas frenagens (assim como a modulação do pedal do freio) e a presença e facilidade de operação dos assistentes de condução. Consumo de energia/combustível = energia/combustível gasto durante a avaliação e autonomia. Custo-benefício = avaliada a relação de vantagem entre o preço pago e o que o carro entrega.

Para mais detalhes sobre todos os critérios das avaliações do Auto REALIDADE, clique aqui.

Onde carregar o carro elétrico?


Você pode digitar no campo de pesquisa do Google Maps o termo "Ev charging". Em seguida, irão aparecer os pontos de recarga no seu entorno. A maioria deles aparece inclusive com o tipo de conector (geralmente o Tipo 2) e a potência do carregador (a maioria deles possui 22 kW) na descrição.


Vale ressaltar que nem todos os locais de recarga estão catalogados no aplicativo do Google. Neste caso, é possível recorrer ao app colaborativo PlugShare, que reúne informações postadas pelos usuários e traz detalhes adicionais: é possível ver o tipo de carga e dá até para se certificar se o carregador está ocupado ou não no momento. A Renault também oferece o aplicativo Mobilize Charge Pass, que permite traçar rotas para a estação de recarga e adicionar veículos híbridos e elétricos para gestão de frota.

Vem conferir a Galeria de Fotos do Renault Kwid E-Tech!


















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