O insano Fiat Spazio CL 1984 Turbo de mais de 200 cavalos!

Texto e Fotos | Júlio Max, de Teresina - Piauí
Matéria produzida em conjunto com @showcarsthe

Pioneiro Fiat a ser fabricado no Brasil, no ano de 1976, o 147 gerou uma grande família de derivados. Em 1979 veio a 147 Pick-Up (que posteriormente se transformou na Pick-Up City, alongada, e que gerou ainda o furgão Fiorino). Em 1980 foi a vez da perua Panorama, seguida do sedã Oggi. E teve ainda o Spazio, lançado no final de 1982, já como linha 83, como uma alternativa de 147 mais luxuoso e moderno, alinhado ao estilo dos anos 80. É do Spazio que vamos falar nesta matéria, mas este não é um exemplar comum do carrinho da Fiat. Ele está bem mexido!

A frente do Spazio era toda nova relação ao 147 original, incorporando a grade com filetes horizontais e o símbolo da Fiat em 5 barras inclinadas a 20 graus (ok, este exemplar das imagens só tinha 4 barras). Faróis e piscas passavam a assumir um conjunto mais integrado, enquanto o capô passou a ter formato de cunha. Além disso, o modelo abandonou os para-choques metálicos em prol de peças de plástico mais envolventes, e passou a ter retrovisores externos maiores, frisos laterais (a partir da linha 84) e luzes de pisca nos para-lamas dianteiros. 

Na traseira, o Spazio ganhou lanternas mais compridas e vidro traseiro mais alto. Algumas destas mudanças foram depois incorporadas pelo 147, como o conjunto de grade, capô e faróis, mas os para-choques não eram envolventes como os do Spazio, e o painel permaneceu sendo o antigo.

Mecanicamente, um dos principais destaques do Spazio era o câmbio de 5 marchas como opcional - vale lembrar que, naquele começo de década de 1980, o comum ainda era o câmbio manual de apenas 4 marchas. Ele também trazia embreagem auto-regulável, que dispensava ajustar o pedal de embreagem à medida que o sistema era utilizado. O motor podia ser o 1050 (57 cavalos) ou o 1300 (62 cavalos). Quando era movido a álcool, o propulsor era apelidado de "cachacinha", por causa do cheiro exalado pelo escapamento. Aliás, um cheiro que inevitavelmente invade a cabine...

O exemplar encontrado para esta matéria é um Spazio CL 1984, na cor Bege Avório, adquirido já preparado do Estado de São Paulo. Este foi o último ano de comercialização do modelo no Brasil, que abriu espaço para o Uno, mas o 147 incorporou algumas melhorias do Spazio e continuou sendo vendido no País até 1986. Curiosamente, na Argentina o Spazio permaneceu em comercialização até 1996! CL significava "Confort Luxo", mas apesar da pompa da sigla, esta era a versão de entrada da linha Spazio, que contava ainda com as opções CLS e TR. Entre os toques exclusivos deste exemplar, estão as rodas "gotas" de 15 polegadas do Fiat Marea, com pneus 175/55.

Apesar de parecer muito pequeno por fora, o Spazio trazia espaço interno até satisfatório. Os bancos dianteiros traziam cintos de 3 pontos, eram reclináveis (alguns rivais não traziam este conforto) e contavam com os encostos de cabeça. Outra surpresa do carrinho é o tanque de 53 litros, maior que o de muito carro dos dias de hoje. Entre as soluções para aproveitar ao máximo o espaço interno estava a colocação do estepe junto ao cofre do motor, permitindo aproveitar melhor o porta-malas. Mas no exemplar em questão, o pneu sobressalente precisou sair por conta das modificações mecânicas.

Os instrumentos são quadrados. À esquerda fica o velocímetro, acompanhado do hodômetro total. Na parte direita ficam os indicadores do nível de combustível e da temperatura do líquido de arrefecimento do motor (que não existia em versões mais básicas do 147). Eles são separados por luzes-espia, que também estão na base do quadro de instrumentos.

Um pouco mais requintado que o 147 e com painel todo reformulado em relação ao pioneiro Fiat, o Spazio trazia com coluna de direção rebaixada em 3 centímetros, propiciando uma condução mais cômoda. Neste exemplar, o volante é o de 4 raios que esteve na Panorama e no Oggi. Ao centro do painel, poucos botões e comandos - de ventilação interna, cinzeiro (além do dianteiro, há dois cinzeiros nas laterais traseiras) e acendedor de cigarros. Mais abaixo, o espaço para o rádio (neste carro, foram colocados alto-falantes em um forro montado na traseira). À frente do passageiro, um espaço aberto cumpre o papel de porta-luvas. Nas portas, as maçanetas estão integradas aos puxadores e há porta-mapas, além de saídas do ar da cabine.

O acabamento interno traz teto e parte das portas dianteiras em curvim. Neste exemplar, os bancos receberam revestimentos de couro bege (parecido com a cor da carroceria, aliás), e foram instalados diversos mostradores: conta-giros à frente da alavanca de câmbio, mostrador digital Fueltech de mistura ar/combustível à direita da coluna de direção, além de manômetro de combustível e medidor de pressão do óleo abaixo do "porta-luvas".

Não se engane pelos emblemas "1300" nas portas dianteiras. O motor que está debaixo do capô (que abre para a frente) é um 1.5 Turbo movido a álcool, com rendimento - segundo o proprietário anterior - de 246 cavalos. O atual proprietário não bota tanta fé neste número, mas também estima uma potência superior a 200 cavalos. A turbina .42/.63 trabalha com aproximadamente 0,7 kg de pressão. 

Este exemplar conta ainda com injeção eletrônica Fueltech FT200 (o visor do aparelho, instalado onde ficavam as saídas centrais de ar, informa o motorista de diversas variáveis do motor), câmbio manual de 5 marchas e freios dianteiros a disco ventilados. Atrás, se sobressai a bomba de combustível Folego Turbo GTI (para pressão de combustível de até 7 bar) exposta. O carrinho anda como gente grande, sem pudor de extravasar seu ronco alto nem os "suspiros" do turbocompressor.

Ah, já fizemos matéria com este Volkswagen Voyage CL 1.8 1991 do lado do Spazio! Clique aqui para ler nossas impressões ao dirigir este exemplar. Mas, se quiser continuar conferindo o Spazio, veja abaixo mais fotos do modelo:

@AutoREALIDADE

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