Crash-test entre Accent e Grand i10 expõe diferentes níveis de segurança no mundo

Expondo as diferenças da segurança proporcionada pelos automóveis vendidos países de "primeiro mundo" em comparação com os carros de mercados emergentes, e às vésperas da primeira Reunião de Alto Nível sobre Segurança Viária na Assembléia Geral das Nações Unidas em Nova York, o Global NCAP apresenta os resultados de um teste de colisão frontal entre o sedã compacto mais simples vendido nos Estados Unidos e o modelo equivalente disponível em outros países da América Latina. 

O Hyundai Grand i10 sedã, vendido no México e produzido na Índia, colidiu de frente com um Hyundai Accent vendido nos Estados Unidos e de fabricação mexicana. Ambos são os sedãs mais baratos oferecidos pela Hyundai em cada um dos dois países. No México é possível adquirir os dois veículos, embora o Accent custe 23,1% a mais que o Grand i10.

O Hyundai Accent possui seis airbags (frontais, laterais nos bancos dianteiros e de cortina) e controle eletrônico de estabilidade (ESC) como equipamentos de série, enquanto o Grand i10 possui apenas os airbags frontais de fábrica e dispensa o controle de estabilidade.

De acordo com o Latin NCAP, a proteção oferecida pelo Accent a seu motorista durante a colisão foi boa (a melhor possível) para a cabeça, marginal (nota 3 em uma escala até 5) para tórax e coxas, e adequada (nota 4 em uma escala até 5) para as pernas e os pés. Além disso, o modelo mostrou estrutura de carroceria estável. No vídeo é possível notar que os airbags do Accent inflaram alguns microssegundos antes, e que os airbags de cortina do lado da colisão também foram deflagrados.

Já o Grand i10 revelou uma estrutura de carroceria instável e uma proteção pobre (a pior possível) para a cabeça e o tórax do motorista, além de proteção "débil" (a segunda pior possível) para os pés e as coxas, com uma alta probabilidade de ferimentos que poderiam ocasionar até mesmo a morte do condutor. O i10 teria tirado nota zero estrela nos testes do Latin NCAP.

Alejandro Furas, Secretário Geral do Latin NCAP, disse:

"Este teste é uma chamada de atenção para os consumidores, reguladores e fabricantes de veículos. Todos os consumidores, não importa onde morem, têm o direito de receber o mesmo nível de segurança em seus veículos. A lacuna de segurança transfronteiriça não deve mais existir. Apelamos aos fabricantes para que parem com as estratégias de duplo padrão em todo o mundo".

David Ward, Presidente da Towards Zero Foundation e do Global NCAP, disse:

"É muito decepcionante ver uma lacuna tão grande na segurança dos veículos entre o México e os Estados Unidos. Uma das principais razões tem sido o "lobby" incessante da Associação Mexicana da Indústria Automotiva para atrasar a implementação dos padrões mínimos de segurança veicular da ONU. Isto aconteceu primeiro para testes de colisão frontal, colisão lateral e para controle eletrônico de estabilidade e agora novamente para proteção de pedestres. O duplo padrão em segurança veicular é, muitas vezes, uma moeda de troca para as associações da indústria automotiva. Por causa disso, a Reunião de Alto Nível da ONU em Nova York esta semana deve enviar uma mensagem clara para a indústria automotiva para parar com suas táticas dilatórias e implementar os padrões de segurança veicular mais importantes em todo o mundo”.

Stephan Brodziak, Presidente do Comitê de Direção do Latin NCAP, disse:

"Dói testemunhar mais uma vez o terrível duplo padrão com que parte da indústria automotiva opera nos países da região da América Latina e do Caribe, o que inevitavelmente nos obriga a pensar no sofrimento que os veículos construídos sob este esquema acabam causando em nossas famílias, sociedades e economias. Além disso, revela a grande questão pendente para que o mercado automobilístico latino-americano amadureça: a ausência de rótulos de segurança veicular que alertem os usuários e consumidores sobre os riscos de carros de baixa segurança, e que nos permita avançar para uma lógica comercial que insere a indústria automotiva estabelecida em nossos países em uma competição pelo desempenho de segurança oferecido que vai além do marco regulatório de um país".

 

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