Renault Duster Iconic TCe 2023: motor Turbo era o que faltava para o SUV


Texto e Fotos | Júlio Max, de Teresina (PI)

Lançado no Brasil em 2011 e remodelado no ano de 2020, o Renault Duster passou praticamente dois anos no mercado somente em versões com motor 1.6 SCe: a atual geração abandonou o velho (porém potente) motor 2.0. Mas, agora, quem faz questão de um melhor nível de desempenho passa a contar com a opção do motor 1.3 Turbo Flex, chamado de TCe pela marca (sigla para Turbo Control Efficiency). Este motor passou a equipar todas as versões do Captur a partir de julho de 2021, e também está presente na picape Oroch reestilizada, mais especificamente em sua versão topo-de-linha Outsider. No Duster, o novo (e forte) motor está disponível na opção topo-de-linha Iconic.

Como a apresentação do atual Duster acabou de completar dois anos, o SUV fabricado em São José dos Pinhais (PR) não passou por modificações significativas, apesar do modelo ter sido submetido a um leve face-lift na Europa em 2021. No modelo 2023 brasileiro, os detalhes prateados dos para-choques sumiram, e passam a ter a cor preta - coloração que passa a estar presente nas capas dos retrovisores externos e nas barras longitudinais de teto, que suportam até 80 quilos, incluindo o peso das barras transversais. O único diferencial estético da versão Iconic 1.3 Turbo Flex em relação ao Duster Iconic 1.6 SCe, que continua a ser produzido, está no emblema "TCe" fixado no canto direito da tampa do porta-malas.


No mais, o Duster mantém o estilo que estreou no Brasil em março de 2020. Agora são cinco versões: Zen 1.6 manual, Zen 1.6 CVT, Intense 1.6 CVT, Iconic 1.6 CVT e Iconic 1.3 Turbo CVT. Os faróis possuem luzes de posição de LED (todo o restante da iluminação é halógena) e a grade superior possui detalhes cromados. O para-choque dianteiro incorpora as luzes de neblina, associadas ao acendimento do facho baixo dos faróis. A versão Iconic dispõe do Outsider Pack, kit opcional de R$ 1.400 que adiciona protetor frontal com dois faróis de longo alcance (que servem como iluminação complementar aos faróis altos) e proteções plásticas na parte inferior das portas. Nos exemplares Iconic sem o pacote Outsider, como o carro das imagens, há novos adesivos nas portas.


Lateralmente, merecem destaque as rodas de 17 polegadas, chamadas de Maldives pela montadora, que possuem face diamantada, detalhes em preto e são calçadas por pneus 215/60 Michelin Primacy 4. O ângulo lateral também evidencia os racks de teto e as molduras de proteção dos para-lamas dianteiros, que incorporam luzes de seta. Os alargadores de plástico nos para-lamas, que faziam parte dos itens do kit Outsider, passam a vir de série nas versões Iconic 1.6 SCe e 1.3 TCe.


Na traseira, a ponteira cromada do escapamento vem de série a partir da versão Zen com câmbio automático. As luzes de posição das lanternas e o brake-light são de LED, enquanto as lâmpadas de ré ficam no para-choque traseiro. Apenas a sigla "TCe" colada na parte direita da tampa do porta-malas diferencia a versão mais potente do Iconic 1.6.


Nesta versão, a carroceria pode ser pintada em uma das seguintes cores: Marrom Vison (+ R$ 1.650), Branco Glacier (+ R$ 700), Bege Dune (+ R$ 1.650), Cinza Cassiopée (+ R$ 1.650), Prata Étoile (+ R$ 1.650; é a cor do carro das imagens), Vermelho Vivo (sem custo adicional) e Preto Nacré (+ R$ 1.650).


O Duster Iconic TCe manteve suas dimensões: 4,38 metros de comprimento, 1,83 metro de largura (desconsiderando os retrovisores) e 1,69 metro de altura. A distância entre-eixos é de 2,67 metros. Já a altura em relação ao solo é de 23,7 centímetros, o ângulo de entrada é de 30° e o ângulo de saída é de 34,5 graus.


O interior do Duster Iconic TCe é idêntico ao da versão Iconic 1.6 já existente: a única novidade para a linha 2023 da versão topo-de-linha (que vale tanto para exemplares com motor 1.3 Turbo Flex quanto com o 1.6) é a adição dos bancos de material sintético de série. Em relação ao Captur, o Duster conta com um acabamento mais simples, com painel em plástico rígido (no Captur, a parte superior do painel é macia ao toque) e forros de porta traseiros inteiramente em plástico (no Captur há uma pequena porção do apoio de porta revestida), mas há atenção a certos detalhes no Duster: o porta-objetos para o passageiro dianteiro, acima do porta-luvas, possui fundo emborrachado, enquanto as maçanetas internas são prateadas e os forros de porta dianteiros possuem áreas forradas de tecido (na parte vertical) e couro (na área horizontal).


O volante de três raios possui revestimento de material sintético e concentra no raio esquerdo os botões para o controlador e limitador automático de velocidade. Como é comum em outros veículos que dispõem de limitador de velocidade, o recurso é automaticamente desabilitado ao se pisar fundo no pedal do acelerador. O piloto automático não é do tipo adaptativo (que é capaz de manter uma distância segura do veículo à frente), mas já pode ser ativado a partir de 30 km/h. Já o raio direito do volante possui botões para alternar entre as informações do computador de bordo e acessar o menu de telefone no sistema multimídia. A coluna de direção possui ajuste manual em altura e profundidade.


O sistema multimídia pode ser controlado pelos comandos-satélite fixados à direita da coluna de direção. Há botões para controle do volume, Source (seleção da fonte do áudio, podendo ser rádio AM, FM ou mídia Bluetooth/USB) e acesso do menu de telefone, além de um rolinho giratório na parte direita para alternar entre as faixas de rádio ou de mídia.


O quadro de instrumentos mantém o layout de conta-giros e velocímetro separados por uma tela digital monocromática na parte central. Em nome de uma "simetria visual" com o indicador analógico de velocidade, o tacômetro não possui faixa vermelha, o que é um problema: nas acelerações, é importante estar ciente deste limite para explorar melhor as rotações do motor nas trocas de marcha sem o risco de "cortar giro" e superaquecer o motor. E, em sua reestilização, o Renault Master ganhou este mesmo quadro de instrumentos, agravando o problema (já que o utilitário possui motor a diesel, que funciona em uma faixa de rotações mais baixa).


A tela exibe o computador de bordo conta com uma tela monocromática com gráficos que indicam individualmente qual porta está aberta (indicando inclusive se a tampa do porta-malas não foi fechada e emitindo aviso sonoro caso se ultrapasse 20 km/h com uma porta aberta) e também informações como hodômetro parcial e total, consumo de combustível médio e instantâneo, autonomia estimada, distância percorrida, velocidade média, velocímetro digital, "autonomia de revisão" (quantos dias ou quantos quilômetros faltam para o próximo serviço) e a temperatura do líquido de arrefecimento do motor. Relógio, indicação da marcha engatada (quando o câmbio está em modo sequencial) e temperatura externa também estão presentes na tela. Ao desligar o veículo, a tela exibida volta a mostrar o hodômetro parcial e total.


As hastes de luzes e limpadores permanecem iguais. As luzes de posição estão ligadas desde a ignição. Pela chave giratória é possível acionar o acendimento automático dos faróis (sem função de farol alto automático), deixar acesas as luzes de posição ou ligar os faróis baixos. Há um interruptor secundário para acender as luzes dianteiras de neblina. Ao movimentar a alavanca levemente, sem acioná-la até o clique, as setas piscam 3 vezes. Caso a ignição esteja desligada, os faróis estejam acesos e uma das portas dianteiras estiver aberta, é disparado um alarme sonoro para lembrar o motorista de desligar os faróis.


A alavanca dos limpadores dianteiro e traseiro possui, para o para-brisa, as posições de varredura lenta, varredura intermitente (que varia dependendo da velocidade) e varredura contínua lenta ou rápida. Diferentemente do Captur, o Duster não traz sensor de chuva.


A central multimídia Easy Link possui tela capacitiva de 8 polegadas ligeiramente destacada do painel. No canto esquerdo da tela há botões sensíveis ao toque para algumas funções, como abertura da barra de volume, configurações, menu inicial e desligamento do aparelho. O sistema conta com layout personalizável e opção de salvar até 5 perfis de usuário (cada qual com seu nome e foto de capa, memorizando as configurações de som, as estações de rádio salvas e a disposição dos ícones). Há até mesmo o modo "convidado". 


O sistema multimídia possui espelhamento de tela de celulares através do Android Auto e Apple CarPlay (necessariamente via cabo), e a entrada USB possui corrente de 2,5 Ampères. Porém, o seu posicionamento é ruim. Ela fica no canto direito da moldura da tela, assim como no Captur, o que faz com que o cabo de conexão para celular fique em posição incomum (que pode até danificá-lo, a longo prazo); além disso, pen-drives espetados ficarão mais expostos. Aliás, há poucos espaços na cabine adequados para acomodar um smartphone. Para completar, a presença de uma única entrada USB em um veículo com proposta familiar causa bastante estranheza (no Captur, a partir da versão intermediária Intense há mais duas entradas para carregamento direcionadas para os ocupantes traseiros).

No dia do fechamento desta matéria, a Renault enviou comunicado à imprensa informando que o Duster 2023 passa a ter espelhamento de tela de celulares sem fio, compatível tanto com Android Auto quanto com Apple CarPlay. O sistema multimídia com o novo recurso está disponível de série nas versões Intense e Iconic, sendo opcional na versão Zen com o pacote Tech. O espelhamento wireless, entretanto, não está acompanhado do carregador de celular por indução. A Renault aproveitou para reposicionar a entrada USB para o console.


Outra funcionalidade interessante do aparelho é o sistema Multiview, composto por quatro câmeras distribuídas pela carroceria (uma na parte frontal, outras duas abaixo dos retrovisores externos e ainda a câmera da tampa do porta-malas), para ajudar o condutor a visualizar cada uma das extremidades do veículo. A imagem da câmera de ré incorpora linhas de guia parcialmente móveis. Não é possível ter uma visão em 360 graus em torno do veículo, mas ainda assim este recurso representa uma boa ajuda na hora de estacionar, principalmente ao se levar em conta que o Duster só dispõe de sensores de estacionamento na traseira. As imagens são transmitidas com o carro em movimento a até 20 km/h.


A central multimídia mantém o menu Driving Eco², com informações que ajudam o motorista a monitorar o gasto com combustível em seus trajetos, exibindo informações como a distância percorrida sem consumo de combustível, notas para aceleração e previsão (nas desacelerações e frenagens), além de registrar distância percorrida, consumo médio e velocidade média: ao zerar as informações do menu do sistema multimídia, também são resetadas as informações que aparecem na tela do computador de bordo. O menu Coaching exibe frases com dicas variadas para o motorista se atentar a hábitos que ajudam na economia de combustível. O sistema de som possui dois tweeters no painel e quatro alto-falantes (um em cada porta).


Logo abaixo da tela da central multimídia há uma fileira de botões. Da esquerda para a direita, elas possuem as seguintes funções: habilitação/desabilitação do desligamento automático do motor em paradas para economia de combustível (Start & Stop), acionamento do modo Eco de funcionamento do motor (que limita o torque do motor e reduz a potência do ar-condicionado para poupar combustível), acionamento do pisca-alerta, travamento/destravamento das portas (estas se travam com o carro em movimento, a partir de 7 km/h, e há também o destravamento automático em caso de acidente), ativação das câmeras Multiview e atuação ou inibição dos bipes dos sensores de estacionamento traseiros.


O ar-condicionado automático digital do Duster Iconic tem interface mais sofisticada que o aparelho do Captur Iconic, que reaproveitou os comandos de modelos mais simples, como o Stepway. O Duster possui visores incorporados aos botões (um refinamento que lembra um pouco o Audi TT), ajuste de temperatura de meio em meio grau (entre 17,5° C e 26,5° C), e 8 velocidades de vento. Teclas entre os botões giratórios comandam o acionamento dos desembaçadores nos vidros dianteiro e traseiro, além do funcionamento do compressor de ar e a recirculação do ar da cabine ou admissão do ar externo. Assim como em outros Renault, o aparelho é desligado ao se girar o botão da ventilação para a esquerda quando o nível de vento estiver no mínimo.


O início do console central possui um estilo envolvente, com molduras laterais que emulam alumínio polido. À frente da alavanca de câmbio há um porta-copo e uma tomada de 12 Volts. Diante da alavanca de freio de mão há um pequeno porta-treco que aproveita o vazio de onde, nas versões 4WD vendidas no exterior, fica o seletor de tração. Há ainda mais dois porta-copos no final do console central.


A chave-cartão presencial é parecida com a do atual Captur, e conta com botões para travamento e destravamento das portas (que, ao serem apertados e segurados por alguns segundos, fazem o fechamento e abertura dos vidros elétricos), além de comandos de abertura da tampa do porta-malas e acionamento das luzes externas e internas por cerca de 20 segundos, que ajudam a localizar o veículo em locais de visibilidade reduzida. Outra funcionalidade muito prática é que, ao se afastar do carro por cerca de 1,5 metro levando a chave, as portas são automaticamente travadas, e o destravamento é feito ao se aproximar com a chave. Escondida dentro do cartão fica uma lâmina que pode abrir ou travar manualmente o veículo em caso de bateria fraca da chave. O botão de partida do motor, no Duster, fica no painel, à direita da coluna de direção.


No canto esquerdo do painel estão os comandos dos retrovisores elétricos e também do monitoramento de veículos em pontos cegos, que alerta sobre a presença de um automóvel trafegando na região lateral traseira do motorista do Duster (quando ele está entre 30 km/h e 140 km/h) e é um item exclusivo da versão Iconic. Luzes acendem nas lentes dos retrovisores quando um veículo é detectado nas redondezas, e, caso o condutor do Duster esteja dando seta, a luz pisca para advertir que a mudança de faixa não é segura. Abaixo dos botões há um pequeno porta-objeto aberto. A parte inferior do painel traz uma tampa que, quando retirada, permite acesso aos fusíveis do veículo e à entrada OBD2 para scanner veicular, que deixou de ficar no porta-luvas.


A porta do motorista concentra os botões dos quatro vidros elétricos (com recurso anti-esmagamento e função um-toque para descer/subir) e do comando para bloqueio das janelas (que exibe uma mensagem no quadro de instrumentos). Outra boa funcionalidade é o acionamento temporizado dos vidros, que pode ser feito até 3 minutos após o desligamento da ignição.


O forro de teto possui a coloração preta. Nos dois para-sóis há espelhos, e na peça do motorista há também uma tampa para evitar reflexos. Dois focos de iluminação separados estão presentes na dianteira, e há ainda um ponto central de iluminação. Próximo ao para-sol do motorista está o microfone para operação do telefone. Existem também três alças de teto para os passageiros, que são fixas.


O espelho interno possui haste para alternar entre as posições dia e noite. Logo acima há um indicador luminoso da ativação ou desativação do airbag do passageiro dianteiro (o switch fica no canto direito do painel, acessado ao abrir a porta do passageiro dianteiro), acompanhado da luz de não-uso de algum dos cintos dianteiros. 


O porta-luvas conta com iluminação e é amplo o suficiente para guardar folhas de papel A4 sem amassar. A tampa conta ainda com um nicho para guardar objetos menores.


Na cabine, os comandos que ficam iluminados são: os botões da porta do motorista e do passageiro dianteiro, os comandos do volante, os botões da parte central do painel e do ar-condicionado, o botão de partida do motor e o comando do monitoramento de pontos cegos no painel.


Os bancos dianteiros dispõem de ajuste de altura para os encostos de cabeça e o motorista também pode levantar ou baixar manualmente o seu assento. O condutor também possui um apoio de braço, que pode ser recolhido para a cima ou puxado para baixo para apoiar o braço direito do motorista. Os cintos dianteiros tem altura fixa.


O banco traseiro possui encosto bipartido, o que permite carregar objetos mais longos dentro do carro e, ainda assim, levar 3 ou 4 pessoas no veículo. Atrás dos bancos dianteiros há dois porta-revistas. Todos os passageiros traseiros possuem apoios de cabeça ajustáveis em altura (que são do tipo "vírgula" e não atrapalham a visão traseira quando estão recolhidos) e cintos de 3 pontos, sendo que o cinto central é ancorado ao teto. O Duster também possui ancoragens para fixação de cadeirinhas infantis (Isofix/Top Tether) e uma segunda tomada de 12 Volts que fica na lateral direita, ao lado do bagagito (dividido em duas partes) do compartimento de bagagem. As janelas das portas descem praticamente até o final.


Além do comando na chave, o porta-malas pode ser aberto através de um botão embutido na régua central da tampa. Com 475 litros, o compartimento de bagagem é plano, iluminado, bem-revestido e dispõe de dois vãos no acabamento da tampa para ajudar a fecha-la. Parte das ferramentas para a troca do pneu estão guardadas no canto direito da carroceria, escondidas por uma tampa removível. 


Já o estepe, assim como na geração anterior e no Captur, está na parte externa do assoalho, apoiado por uma bandeja metálica. Trata-se de um pneu sobressalente temporário, capaz de rodar com segurança a até 80 km/h, de perfil 145/90 e com roda de ferro de 16 polegadas. Este estepe deve ser calibrado com 60 libras. 


Em termos de segurança, o Duster possui alerta visual e sonoro do não-uso dos cintos dianteiros, desativação do airbag do passageiro dianteiro, alarme perimétrico, freios ABS com assistência à frenagem de emergência, controle de estabilidade, controles de subesterço e de tração, além do auxílio de partida em subidas, que mantém o veículo parado após liberar o pedal do freio por cerca de 2 segundos, tempo suficiente para pisar no acelerador sem o carro ir para trás.


Na avaliação que o Auto REALIDADE fez com o Duster 4WD, há quatro anos, já criticamos o fato do SUV dispor de apenas dois airbags frontais. Em 2022, o Duster Iconic 1.3 Turbo Flex insiste em trazer somente os airbags dianteiros (os laterais não estão disponíveis nem como opcional), o que causa verdadeiro espanto, considerando que carros muito mais baratos, como Renault Kwid e Hyundai HB20, trazem 4 airbags de fábrica em todas as versões. Além disso, o banco traseiro não dispõe do alerta do não-uso dos cintos - mais um contrassenso, pois até o Kwid mais simples traz o alarme de lembrete dos cintos inclusive para quem senta atrás.


O motor 1.3 TCe Turbo Flex representa um grande salto em comparação com o 1.6 SCe que equipa as demais versões do Duster. Entre as inovações deste motor estão: injeção direta de combustível com 250 bar de pressão, turbocompressor com válvula wastegate eletrônica, cabeçote em formato delta, sonda lambda proporcional, bronzinas polímero-metálicas, tratamento de componentes móveis do motor em Diamond-Light Carbon, cilindros com Bore Spray Coating e duplo eixo do comando de válvulas no cabeçote com temporização variável das válvulas de admissão e escape. O rendimento do novo propulsor é o mesmo do atual Captur: 162 cavalos com gasolina a 5500 rpm e 170 cv com etanol (na mesma rotação). Já o torque é idêntico com ambos os combustíveis: são entregues 27,5 kgfm entre 1600 e 3750 rpm. 


Desenvolvido em parceria com a Daimler, este propulsor tem muito em comum com o 1.3 disponível em versões dos Mercedes-Benz Classe A, GLA, CLA e GLB, porém cada marca fez ajustes exclusivos. O motor da Renault foi retrabalhado para aceitar gasolina e etanol (enquanto os modelos da Mercedes são movidos unicamente a gasolina), e tem taxa de compressão um pouco menor que a linha da Mercedes (10,5:1 x 10,6:1). Com gasolina, os modelos da marca alemã possuem potência ligeiramente maior (163 x 162 cv), mas perdem em torque para o SUV da Renault (25,5 x 27,5 kgfm).


O capô manteve os cuidados que chegam a ser raros no segmento, como os amortecedores de sustentação e a manta de isolamento acústico. Outra vantagem do novo motor é que ele dispensa o tanquinho de partida a frio.


Assim como boa parte dos automóveis de passeio atuais da Renault, o Duster TCe vem com o Start & Stop, sistema de desligamento e repartida do motor em paradas para economia de combustível que entra em ação em cada partida do veículo. O sistema entra em ação quando o veículo fica parado por mais de 1 segundo com o câmbio em D, M ou N e o motorista está com o pé no freio com força suficiente. Ao liberar o pedal, o motor é reiniciado. O sistema não entra em funcionamento em determinadas situações: como quando a marcha ré está engatada, o capô não está fechado, a temperatura externa está muito baixa ou muito alta, a bateria não tem carga suficiente, a diferença de temperatura interna do veículo com a programada no ar-condicionado é elevada demais, a altitude é muito elevada, a inclinação do piso é superior a cerca de 12%, a função de desembaçamento rápido está ativa ou o motor não atingiu sua temperatura ideal de funcionamento.


Com o ar-condicionado ligado, o Duster reinicia o motor em cerca de 45 segundos, se o motorista não tirar o pé no freio. Já quando o ar é desligado, o motor é religado em aproximadamente 2 minutos e 55 segundos.


Apesar do motor significativamente mais forte, os proprietários do Duster 4WD continuam órfãos, já que, no modelo TCe, a tração continua sendo dianteira. Em países como a Colômbia e a Argentina, o atual Duster conta com versão com tração integral (selecionável por comando giratório no console), câmbio manual de 6 marchas e motor 1.3 TCe a gasolina, mas, no Brasil, o Duster 4x4 respondia por apenas 5% das vendas do modelo, e, com isso, a marca preferiu concentrar seus esforços para converter o propulsor TCe para utilizar gasolina e/ou etanol.


No ciclo de rodagem do Inmetro, o Duster 1.3 TCe alcança consumo de combustível de 7,7 km/l com etanol na cidade e de 10,8 km/l de gasolina na cidade. Já no percurso rodoviário, os números são de 8,4 km/l com etanol e até 11,5 km/l com gasolina.


O câmbio também permanece o automático continuamente variável X-Tronic CVT, com simulação de 8 marchas e modo sequencial, selecionável pela posição M (à esquerda da posição D). Existe ainda o modo de condução Eco, acionado por uma tecla no painel, que faz com que motor, transmissão e ar-condicionado trabalhem em regimes mais mansos, a fim de economizar combustível. Curiosamente, é possível desligar o carro com o câmbio em D (muitos carros automáticos só permitem desligar a ignição depois que a alavanca foi deslocada para a posição P).


O conjunto dianteiro de suspensão é independente MacPherson, com triângulos inferiores, amortecedores hidráulicos telescópicos e molas helicoidais. Atrás, há um eixo de torção, acompanhado de barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos telescópicos e molas helicoidais. Os freios trazem discos ventilados na dianteira e tambores na traseira. Já a direção é puramente elétrica, e não eletro-hidráulica como na Oroch.


No canto esquerdo do piso do motorista fica a alavanca que abre a portinhola do tanque de combustível. Este, por sua vez, teve a sua capacidade reduzida de 50 para 46 litros, por conta das novas normativas relacionadas à evaporação de combustível estabelecidas pelo Proconve L7, em vigor desde o dia 01º de janeiro de 2022. A tampa do tanque traz uma etiqueta que indica a pressão correta a ser utilizada nos pneus (32 libras em todas as condições).


Segundo a Renault, o Duster TCe tem peso em ordem de marcha de 1353 kg, ou 74 quilos a mais do que o modelo Iconic com o motor 1.6. Mas, como relataremos a seguir, os ganhos significativos de potência e torque compensam plenamente esta massa adicional.

 
Com preço de R$ 138.790, o Duster Iconic com motor turbinado e câmbio de 8 marchas custa exatamente 14 mil reais a mais que a versão Iconic 1.6 CVT, mas tem valor 4.200 reais inferior ao da versão básica do Captur, a Zen.

Impressões ao dirigir


Ao volante, as evoluções do Duster com o novo motor 1.3 Turbo Flex estão bem evidentes. A diferença de peso entre ele e o Captur é pequena (o Duster tem 33 quilos a menos), o que, de acordo com a Renault, faz com que os dois modelos tenham rigorosamente o mesmo desempenho. Em nossos testes, porém, o Duster ficou um pouco para trás principalmente na aceleração de 0 a 100 km/h, que ficou 1 segundo acima do dado de fábrica. Isso se deve principalmente pelo fato de que o exemplar foi testado com menos de 100 quilômetros rodados, além de estar abastecido com gasolina. Nas retomadas, porém, o Duster Iconic mostrou resultados surpreendentes. Apenas para lembrar: os testes do Auto REALIDADE realizados em pista sem tráfego, com uma pessoa a bordo, ar-condicionado desligado, gasolina no tanque, controles eletrônicos ativados, câmbio em Drive e cronometragem automática pelo app GPS Acceleration:

Aceleração de 0 a 100 km/h: 10,2 segundos
Retomada de 40 a 80 km/h: 4,1 segundos
Retomada de 60 a 100 km/h: 6,0 segundos
Retomada de 80 a 120 km/h: 7,1 segundos


Apesar de ser puramente elétrica, a direção do Duster não é tão leve assim nas manobras de estacionamento, em comparação com seus rivais. Em compensação, seu peso em velocidades maiores fica bem mais cômodo. A empunhadura e o material do volante agradam. Uma coisa nos chamou a atenção: quando o Start-Stop entra em ação, a direção perde totalmente sua assistência no Duster, embora os equipamentos elétricos (travas, retrovisores, vidros e central multimídia) continuem a funcionar - diferente da maioria dos modelos com o desligamento e religamento automático do motor, que permanecem com a direção assistida. 


O motorista possui boa amplitude de ajustes para a altura de seu assento, enquanto a regulagem de altura e profundidade da coluna de direção permite que pessoas mais altas fiquem mais distanciadas do painel. Os pedais possuem atuação bastante previsível (o acelerador, por exemplo, tem um pequeno "delay" mesmo que seja pressionado a fundo) e, curiosamente, o tapete de borracha avança sobre o apoio de pé moldado sobre a caixa de roda. Porém, os cintos de segurança possuem altura fixa e só ajustam em inclinação. Ao menos eles foram posicionados de forma a não incomodar o ombro mesmo que o banco fique na posição mais alta possível. Os limpadores e esguichos funcionaram bem, e, caso sejam acionados os limpadores dianteiros e a ré for convocada, o limpador traseiro também é automaticamente ligado e permanece assim até que a posição de marcha seja trocada. Mas as palhetas dianteiras parecem pequenas para o tamanho do vidro. A alavanca de freio de mão, ao contrário, demanda um movimento longo do braço, mas é leve.


Os retrovisores externos e interno permitem um amplo campo de visão, e o para-brisa é nitidamente inclinado. Nos espelhos do lado de fora, luzes alaranjadas acendem caso um veículo seja detectado na região de pontos cegos. Caso o motorista acione a seta na mesma direção do automóvel identificado, a luz do retrovisor vai piscar, como alerta para que o condutor evite a mudança de pista.


O conjunto de suspensão do Duster é um dos triunfos do modelo, absorvendo bem as irregularidades do piso e permitindo superar terrenos fora-de-estrada leves. Mesmo em buracos e lombadas, o Renault não chega ao fim de curso de seus amortecedores. Nas curvas, o Renault é ajudado pelos pneus largos e pelo controle de estabilidade, mas, com o maior centro de gravidade de sua carroceria, é importante não abusar da velocidade.


O isolamento acústico da cabine é bom, auxiliado pelo fato de que a transmissão se esforça para que o motor seja mantido em baixo nível de giros sob condução tranquila - a aproximadamente 100 km/h, o ponteiro do conta-giros marca apenas 1600 rpm. Isso permite ouvir melhor o sistema de som, que tem qualidade satisfatória e conta com boa variedade de ajustes, embora o áudio saia um pouco abafado. O ruído do motor só se faz mais audível quando o acelerador é mais demandado.


O câmbio automático CVT tem uma bela sinergia com o motor 1.3 Turbo. As simulações de passagens de marcha, que são mais nítidas especialmente com o pé fundo no acelerador, são tão bem executadas que pode-se pensar que a transmissão é do tipo tradicional, com um conversor de torque. Pouco acima de 60 km/h, por exemplo, o câmbio já está em sétima marcha, em esforço para reduzir o consumo e o nível de ruído. Pena é que o quadro de instrumentos só exibe a marcha engatada quando a transmissão está operando em modo sequencial, mas, neste caso, exibe sugestões para mudanças a serem feitas pelo motorista. 


Em termos de consumo de combustível, o Duster Iconic TCe apresentou um índice satisfatório de quilômetros por litro. Rodando com gasolina sem modo Eco, com ar-condicionado ligado praticamente o tempo todo com uma ou duas pessoas à bordo e em circuito misto entre cidade e estrada, o SUV da Renault praticamente alcançou o resultado divulgado pelo Inmetro com gasolina na estrada (11,5 km/l). Confira nossos resultados:

Consumo de combustível médio: 11,4 km/l
Distância percorrida: 120,9 km
Velocidade média (estimada): 35,1 km/h
Distância sem consumo (estimada): 20,0 km

Para concluir...


A disponibilidade do motor 1.3 Turbo Flex para o Duster o coloca em condições de disputar mercado com as versões Sport e Longitude do Jeep Renegade, e esta versão Iconic TCe do SUV da Renault também é uma alternativa para quem faz questão do pacote de equipamentos do Captur Iconic, mas não está disposto a gastar R$ 17.500 a mais para levar o modelo "fashion" para sua garagem. Quem faz muita questão de espaço interno e de um conjunto mecânico com bom compromisso entre performance e consumo de combustível pode encontrar no Duster 1.3 uma opção de custo-benefício atraente.

Vem conferir a Galeria de Fotos do Renault Duster Iconic TCe 2023!







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