Volkswagen Fusca 1300 1981 "Zero10": reformado e de volta às ruas!


Texto e fotos | Júlio Max, de Teresina - PI
Matéria feita em parceria com @showcarsthe

No final do ano de 2019, um exemplar do Fusca retornava à ativa em Teresina, Piauí. Naquela época, Herman Lima, do Show Cars Elite, até teve a audácia de comparecer em encontros de carros antigos (todos de fino trato) com aquele Volkswagen 1300 ano 1981, apelidado Zero10, que estava bem surrado quando foi redescoberto (foto abaixo). O apelido para este exemplar veio do fato do pai do Herman ter possuído outros nove Fuscas, sendo este o décimo.

Depois de algumas aparições públicas deste exemplar, começou no final de dezembro de 2019 o processo de revitalização do besouro e o planejamento de sorteá-lo. A Lanternautos se encarregou de fazer a repintura completa da carroceria do Fusca. A pandemia do coronavírus resultou no fechamento temporário do estabelecimento, o que atrasou a finalização deste projeto em alguns meses. Mas, agora, finalmente o 1300 "Zero10" está ganhando novamente as ruas.

Anteriormente, a pintura estava bastante desbotada, e havia vários pontos de ferrugem - notadamente mais graves nos para-lamas traseiros, que tiveram de ser substituídos. Os faróis foram trocados e voltaram a ter as molduras cromadas, agora acompanhadas das pestanas (pequenas "pálpebras" na parte superior da moldura). Os piscas sobre os para-lamas também foram trocados pelos de padrão original, na cor laranja (antes, as lentes eram escuras).

Neste exemplar, cogitou-se mudar radicalmente a cor da pintura. A decisão final foi de manter a cor bege, mas a tonalidade Bege Trigo acabou dando lugar ao Bege Jamaica, um tom mais vivo e semelhante ao amarelo. Os para-choques foram pintados na cor da carroceria (assim como no Fusca "Itamar", feito entre 1993 e 1996), e também foram providenciados os frisos pretos, os estribos laterais e as molduras nas junções dos para-choques com a carroceria. Os retrovisores externos, antes adaptados e colados diretamente na carroceria, também precisaram ser substituídos e receberam as articulações originais. Na frente, foram eliminados os velhos faróis de milha adaptados (trincados, quadrados e que destoavam muito do conjunto original), assim como os refletores "olhos-de-gato" nas portas, bem comuns antigamente.

Atrás, as lanternas, que também eram escuras, com lentes planas e notadamente desbotadas, foram trocadas por peças no padrão do modelo Fafá (com as lentes mais salientes e levemente escurecidas). E as rodas anteriores do Polo Sportline, que em nada combinavam com o estilo do Fusca, foram substituídas pelas rodas "tala larga" diamantadas de 14 polegadas com cinco raios e centro preto, ao estilo dos anos 80. Os pneus são Pirelli 175/70 R14.

Por dentro, o besouro teve o minúsculo volante anterior (instalado como acessório) substituído pela peça original de dois raios que equipou o Fusca Itamar e o Gol CL, e recebeu novas capas para os bancos (com encostos de cabeça dianteiros), carpetes e rádio Kenwood com CD Player e reprodução de MP3 e WMA.

É fato repetido e sabido que o Fusca é um carro com uma história bastante marcante, especialmente no Brasil, onde seus primeiros exemplares, importados, começaram a circular na década de 1950. Em 1959, iniciou a produção nacional do Volkswagen Sedan com motor 1200 - Fusca era um apelido que se popularizou pelo Brasil e foi posteriormente adotado oficialmente pela Volks. 

A década de 1970 representou o auge da popularidade do Fusca no Brasil. Foi o período em que ele dispunha de mais opções de motorização (1300, 1500 e 1600) e maior variedade de cores vivas. Ao longo dos anos, a Volkswagen constantemente apresentava discretas melhorias e modificações de estilo no besouro.

Já os anos 1980 testemunharam o declínio do Fusquinha no Brasil. Para a VW do Brasil, a prioridade em sua gama de automóveis eram as famílias Gol e Santana. Em 1983, o Fusca perdeu o título de carro mais vendido do Brasil para o Chevrolet Chevette, e se acabou um reinado de 23 anos. As críticas da imprensa especializada em relação à obsolescência do projeto do Fusca e a baixa automatização de sua produção foram motivos que acabaram causando o sepultamento do besouro no ano de 1986. Ele ainda faria um "bis" na década seguinte, voltando a ser produzido de 1993 a 1996. 

Nos dias atuais, o valor que não se dava antigamente ao Fusca acabou se revertendo, literalmente. Exemplares do Volkswagen estão sendo negociados a preços cada vez mais altos. Nas ruas, as pessoas olham e elogiam, e os exemplares que resistiram ao tempo acabam sendo cada vez mais valorizados, principalmente se estiverem originais (ou com algumas alterações condizentes com a proposta e a época do modelo).

A mecânica é conhecida por ser robusta e de fácil manutenção. O motor de 1285 centímetros cúbicos com cilindros contrapostos (boxer), refrigerado a ar, rendia 46 cavalos a 4500 rpm e torque de 9,1 kgfm a 2600 rpm, comandado pelo câmbio de 4 marchas e pela direção mecânica de setor e rosca sem-fim. A construção do Fusca seguia a antiga receita da carroceria montada sobre chassi, método que foi paulatinamente substituído pelas estruturas monobloco. 

Quando o Zero10 foi entregue, já no final de fevereiro de 2021, acabaram sendo descobertos problemas resultantes dele ter ficado mais de um ano parado. Os pneus, por exemplo, até tinham boa vida útil no início da restauração, mas ficaram imprestáveis depois do carro ficar parado meses a fio, e tiveram de ser substituídos. A bateria anterior partiu desta para uma melhor, mas por sorte um parceiro fez a doação de uma nova bateria. Precisaram ser sanados alguns problemas elétricos surgidos no tempo de inatividade, e a caixa de direção anterior também tinha sido condenada. Pouco a pouco, todos os problemas foram sendo resolvidos.

Vem conferir a Galeria de Fotos do Volkswagen Fusca 1300 1981 "Zero10"!



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