Novo Honda City: dirigimos o EXL Hatchback e também o Touring Sedan!

Texto e fotos | Júlio Max, de Teresina - PI
Matéria feita em parceria com @showcarsthe

Lançado no Brasil em agosto de 2009, o City representou o ingresso da Honda em um segmento que, na época, ainda estava em consolidação no mercado brasileiro: o dos sedãs compactos premium. Com rivais como Volkswagen Polo Sedan e Fiat Linea, que eram modelos a meio-caminho entre os sedans compactos populares e os modelos de porte médio, o City encontrou boa aceitação em nosso mercado, principalmente entre o público que desejava um modelo com bom espaço interno e confiabilidade. Nestes 13 anos de história, o sedã da Honda passou por duas reformulações completas: a primeira em 2014, e a segunda ao final do ano de 2021. E a nova geração do City assume um papel mais importante do que nunca para a marca no Brasil.

Para começar, o City possui, pela primeira vez, dois tipos de carroceria: Hatchback e Sedan. O inédito modelo hatch é responsável por suceder o Fit e tirar mercado das versões mais completas de Volkswagen Polo, Peugeot 208 e Toyota Yaris Hatch, enquanto o modelo três-volumes, além de substituir a geração anterior, também tem a dura missão de fisgar consumidores do Nissan Versa, Toyota Yaris Sedã e Volkswagen Virtus. E, mesmo não pertencendo à categoria de sedãs médios, inevitavelmente caberá ao City absorver uma parcela do público de algumas versões do Honda Civic, que deixou de ser produzido no Brasil em dezembro de 2021 e passará a vir importado, em nova geração e somente com conjunto mecânico híbrido, a partir do último trimestre de 2022.

Em parceria com o Show Cars Elite, nós do Auto REALIDADE organizamos uma dobradinha de Citys e passamos um final de semana com a versão EXL do Hatchback, na cor Vermelho Mercúrio. Foi com este exemplar que convivemos por mais tempo no uso cotidiano. Também dirigimos o sedã na versão completa Touring para analisar melhor as diferenças entre as versões e as carrocerias.

A carroceria do City Sedan foi ampliada em praticamente todas as direções em sua nova geração, exceto na altura, pois o modelo anterior era 8 milímetros mais alto. Já o novo ganhou 9,4 centímetros no comprimento e ainda se tornou 5,3 cm mais largo. A distância entre os eixos foi mantida em 2,60 metros.

Hatch e Sedan possuem a mesma distância entre-eixos e a largura de 1,75 metro (desconsiderando retrovisores). Com 4,55 m de comprimento, o sedã é 20,8 centímetros mais comprido do que o hatchback. Este, por sua vez, é 2,1 cm mais alto do que o modelo de três volumes. 

O design do City se tornou mais atraente, sem representar uma ruptura completa com o visual da geração anterior. Os dois vincos que percorrem o capô, por exemplo, agora foram suavizados, enquanto o aplique cromado frontal (que une visualmente os faróis e a grade superior) se tornou maior. Na versão Touring, a iluminação dianteira é Full LED: faróis baixos, altos, luzes de seta e de neblina são compostos pelos diodos emissores de luz. Já o modelo EXL tem luzes halógenas tanto nos faróis principais (com projetores) como nos de neblina. Os LEDs também estão nos piscas embutidos nos retrovisores, nas luzes de freio e nas lanternas de posição na traseira.

De frente, também é possível verificar uma ligeira diferença de estilo entre o sedã e o hatch. No modelo de traseira curta, a grade dianteira possui aberturas hexagonais, enquanto o três-volumes traz uma abertura frontal mais espaçada, com barras entrelaçadas.

Lateralmente, os vincos fortes que caracterizavam o City foram refinados em sua nova geração. Todas as versões contam com o mesmo estilo para as rodas de liga leve de 16 polegadas, com detalhes diamantados e fundo em preto-brilhante. Já os pneus Dunlop Enasave EC300 são de medida 185/55. A título de curiosidade, o Hatch utiliza as mesmas portas do sedã: em termos de carroceria, muda somente o estilo do teto e da parte de trás entre eles.

A traseira traz um ar esportivo: nos dois modelos, as lanternas são afiladas e escurecidas, a tampa traseira recebe a placa do veículo e o para-choque conta com refletores posicionados na vertical. Os piscas são halógenos. Curiosamente, o hatch traz luz de placa azulada em LED, enquanto o sedã ainda possui a iluminação amarelada tradicional.

Internamente, os aprimoramentos na nova geração do City foram significativos. O ambiente da geração anterior, nitidamente simples e com formas não muito integradas entre si, tornou-se mais homogêneo e transpira uma maior sensação de qualidade. Em termos de acabamento, tanto hatch quanto sedã trazem couro com costuras aparentes nos bancos, volante, alavanca de câmbio e revestimentos dos forros de porta (dianteiros e traseiros). Vale ressaltar que o Touring sedã conta com a opção do couro bege, tom que remete a modelos de categorias superiores. O painel também traz uma faixa em couro logo acima da tampa do porta-luvas, enquanto o console ao redor da alavanca de câmbio possui faixas com o revestimento. Detalhes em preto-brilhante adornam as molduras das saídas de ar e detalhes do painel, do volante e da máscara da alavanca de câmbio. Já os tapetes são de carpete, com fixações na peça do motorista.

Com aro revestido de couro, o volante passa a ter novo desenho e teve seus botões reordenados para ficarem mais próximos das mãos do condutor. No raio esquerdo estão os atalhos do sistema multimídia e comandos de telefone e voz, enquanto no raio direito estão os comandos do controlador de velocidade de cruzeiro convencional. Na versão Touring, também estão presentes os comandos do piloto automático adaptativo (que mantém uma distância ajustável do veículo à frente, diminuindo automaticamente a velocidade caso necessário, para evitar uma colisão) e do assistente de permanência na faixa de rodagem. Em todas as versões, a coluna de direção ajusta manualmente em altura e profundidade.

O quadro de instrumentos, antes separado em três cúpulas (uma para conta-giros e posição do câmbio; outra para velocímetro e luz indicadora de condução econômica, e mais uma para a telinha monocromática do computador de bordo, econômetro e nível de combustível), agora possui uma tela digital colorida de 7 polegadas na parte esquerda e o velocímetro analógico à direita, de forma semelhante às versões Advance e Exclusive de seu arquirrival Versa. Assim como no sedã da Nissan, diversas informações podem ser acessadas e visualizadas na tela, que vem de série nas versões EXL e Touring. Os comandos no volante são mais práticos no Nissan, mas o Honda se destaca pela integração visual muito maior entre os instrumentos: quando o carro está desligado, o quadro fica em "black-out" e só o ponteiro do velocímetro analógico pode ser visto. As boas-vindas são dadas com a exibição do símbolo da Honda e do pequeno som de apresentação. A partir do momento em que a ignição é ligada, conta-giros e velocímetro giram (e se acendem) juntos:

  • Tacômetro: exibe o conta-giros, como se fosse um instrumento analógico.
  • Alcance & Consumo: mostra distância percorrida e consumo médio de combustível em dois registros parciais (A e B); além disso, também informa a autonomia estimada.
  • Vel. Média & Tempo: exibe a velocidade média, o tempo de viagem e a distância percorrida nos registros parciais A e B.
  • Medidor de Força G: exibe as forças de aceleração relativas à gravidade, detectáveis em todas as direções, nas acelerações e desacelerações. O visor exibe forças laterais até 0,5 G, sendo que a força em tempo real é indicada em vermelho, e a exercida nos últimos 3 segundos, em branco.
  • Cintos de Segurança: exibe se os cintos dianteiros e traseiros estão afivelados ou desatados. Caso alguém não use o cinto, um alerta sonoro é disparado.
  • Assist. Segurança (menu presente somente no Touring): mostra se os assistentes de condução estão ativados ou desligados. Eles se concentram em dois pacotes de sistemas: CMBS (Collision mitigation braking system, sistema de frenagem automática para evitar colisão com o veículo à frente) e RDM, que monitora o posicionamento do veículo em sua faixa de rodagem e auxilia o motorista a não sair da pista.
  • Configurações: conta com os seguintes submenus:
    • Calibração do TPMS: calibra o monitoramento de pressão dos pneus
    • Configuração do relógio: ajusta o horário e o formato (AM/PM ou 24 horas)
    • Configuração da assistência ao motorista (apenas na versão Touring): permite alterar o alerta de colisão frontal para avisar sobre veículos à frente em distância mais longe, intermediária ou mais próxima, permite habilitar ou desabilitar um aviso sonoro caso o controlador de velocidade de cruzeiro adaptativo (ACC) detecte um veículo à frente ou quando o veículo sair da área de detecção do sistema; também permite regular a configuração da atenuação da saída da faixa (podendo apenas emitir o alerta de que o motorista saiu de sua pista, ou alertar em distância mais estreita, normal ou ampla sobre a saída de faixa) e permite ligar ou não o alerta sonoro que indica o funcionamento do assistente de permanência na faixa.
    • Configuração do painel de instrumentos: permite alterar o idioma entre português ou inglês, ajustar o mostrador da temperatura externa, zerar a trip A ou a trip B, ajustar o volume dos avisos e exibir ou não o conta-giros e a barra de luz que mostra se a condução está sendo econômica.
    • Configuração do acesso keyless: permite alterar o volume ou desativar o bipe emitido quando a porta do motorista é destravada através da presença da chave.
    • Configuração da iluminação: permite ativar ou desativar o farol alto automático (apenas no Touring), alterar o tempo em que as luzes internas ficam acesas após abrir alguma das portas (entre 15, 30 ou 60 segundos), estabelecer um temporizador para o desligamento dos faróis após desligar o motor (entre 0, 15, 30 ou 60 segundos), alterar a sensibilidade da iluminação do quadro de instrumentos e ativar ou desativar o acendimento automático dos faróis quando os limpadores estiverem em funcionamento.
  • Personalizar: é possível ocultar ou exibir determinados menus dentre os mencionados.
  • Advertência: exibe mensagens que devem ser verificadas pelo motorista (por exemplo: pressão baixa dos pneus).

Vale também dizer que, à esquerda do quadro de instrumentos, botões permitem regular o brilho dos instrumentos. O indicador de porta aberta mostra qual delas não foi fechada e indica também se a tampa traseira está aberta, mas não é capaz de alertar sobre o capô aberto. Acima do velocímetro digital, uma barra horizontal fica branca, verde clara ou em um verde mais intenso, para indicar se a condução está sendo menos ou mais econômica. A tela também mostra o aviso de movimentação traseira com gráficos do sensor de ré. Mas ficou faltando o indicador de temperatura do líquido de arrefecimento do motor. Uma luz-espia azul indica que o motor está na fase fria de funcionamento.


Curiosamente, o botão de partida pulsa na cor branca durante alguns segundos enquanto o motorista entra no carro. A partir do momento em que a ignição é feita, o botão passa a ter coloração vermelha.


A haste dos faróis incorpora as posições de luzes desligadas, de acendimento automático, de acionamento das luzes de posição e dos faróis baixos. Um leve toque na alavanca permite acionar a seta 3 vezes. Na versão Touring está disponível a assistência automática de farol alto, que comuta automaticamente a intensidade do brilho dos faróis para evitar o ofuscamento de outras pessoas. Um alerta soa caso os faróis tenham sido deixados acesos após desligar a ignição e abrir a porta do motorista, mas os faróis podem se desligar automaticamente depois de alguns segundos (conforme programado pelo computador de bordo).


Todas as versões dispõem de limpadores de para-brisa com ajuste intermitente variável conforme a velocidade, mas nenhuma versão possui sensor de chuva. O hatch possui comandos giratórios adicionais para o lavador e limpador da tampa traseira.


Agora com tela ligeiramente saltada do painel e ampliada de 7 para 8 polegadas, o sistema multimídia do City passa a trazer interface mais intuitiva e novos botões físicos, incluindo um comando giratório para controle do volume, bem mais prático do que as teclas "+" e "-". Esta central é capaz de espelhar o conteúdo de smartphones pelo Android Auto e Apple CarPlay sem uso do cabo. Por conta do maior consumo de bateria de celular nesta situação, um carregador por indução seria extremamente bem-vindo. Também há comandos de voz e reprodução de rádio e de mídias USB ou Bluetooth, inclusive até de vídeos. Na versão EXL Hatchback, o sistema de som com 4 alto-falantes (um em cada porta) tem qualidade apenas razoável e sonoridade abafada. Já a versão Touring traz 8 falantes (mais dois adicionais nas colunas dianteiras e outros dois embutidos próximos das maçanetas traseiras), com melhor definição de áudio.


A tela também exibe a câmera de ré (com três tipos de visualização: angular, tradicional ou de cima para baixo, que podem ter as linhas de guia estáticas, dinâmicas ou ausentes, a depender da configuração feita pelo motorista) e, na versão Touring, o LaneWatch: uma câmera embutida abaixo do retrovisor do lado direito transmite imagens para minimizar pontos cegos. Um botão na ponta da alavanca dos faróis ativa este sistema continuamente na tela da central multimídia, e a imagem é exibida momentaneamente quando o motorista dá seta para a direita. Na versão Touring, o sistema multimídia também exibe os gráficos dos sensores dianteiros de estacionamento (a título de curiosidade, os sensores de ré possuem alcance ligeiramente maior que os frontais).


O ar-condicionado automático digital, que tinha comandos sensíveis ao toque na geração anterior, passou a ter botões físicos (que permitem uma regulagem mais rápida) em conjunto com uma tela digital (disponível desde a versão EX, que não possui modo automático de funcionamento e não traz o ajuste de temperatura digital), e agora regula de meio em meio grau Celsius (no City anterior, o ajuste era de 1 em 1º C). Um detalhe sutil e interessante é que, ao ajustar uma temperatura mais fria, o botão fica momentaneamente com o aro azul, e, ao escolher uma temperatura mais quente, o aro fica vermelho.


Logo abaixo dos comandos de ar está um porta-objetos aberto no painel, útil para acomodar o celular, acompanhado de duas entradas USB do tipo A (uma dela exclusiva para carregamento de aparelhos, outra com função de dados) e uma tomada de 12 Volts/180 Watts. Mais abaixo, há mais um pequeno porta-trecos e dois porta-copos. 


Dois porta-objetos estreitos estão presentes à esquerda e direita da alavanca do freio de mão. Existe ainda um apoio de braço com revestimento de couro, que, ao ser destravado, revela um porta-objetos. No Hatch EXL, a parte traseira do console é mais simples e possui dois porta-objetos abertos.


A alavanca de câmbio teve o estilo atualizado, mas mantém as posições do City anterior (P, R, N, D e S, de Sport). Não é possível fazer trocas sequenciais de marcha pela própria alavanca, mas há aletas junto ao volante em todas as versões para o motorista efetuar estas mudanças manualmente. No novo modelo, foi adicionado o botão Econ, que diminui a potência de funcionamento do ar-condicionado e reduz as respostas de motor e transmissão para contribuir com uma maior economia de combustível.


Os bancos dianteiros possuem boas abas laterais e encostos de cabeça com formato encorpado. Para o motorista está disponível a regulagem manual de altura de seu assento. Os cintos dianteiros possuem tensionadores, mas só ajustam em inclinação. Revestidos de couro e com costuras aparentes, os bancos também trazem áreas perfuradas nas partes centrais dos assentos e encostos. Vale lembrar que os encostos destes bancos podem deitar para trás.

O espaço para quem senta atrás é surpreendente, principalmente para as pernas. Para a cabeça, o espaço é justo para pessoas de 1,80 metro de altura, e ligeiramente melhor no hatch. Nos dois carros, a posição central do banco de trás possui uma elevação estreita do assento, que pode incomodar. O encosto para as costas no meio do banco traseiro também é mais vertical. Se serve de consolo, nos dois modelos a intrusão do túnel central no piso é pequena, colaborando com o espaço para as pernas. Para os passageiros do banco traseiro, há dois porta-revistas no verso dos encostos dianteiros e fixações Isofix e Top Tether para cadeirinhas infantis. Tanto no sedã quanto no Hatch, as janelas traseiras descem praticamente até o final.

No hatch, há apoios de cabeça do tipo "vírgula" ajustáveis em altura, maçanetas para rebater os encostos do banco traseiro e cinto de três pontos central ancorado no teto, com duas fivelas. No sedã, os apoios de cabeça são fixos, o assento não rebate (somente o encosto, que é bipartido como no hatch) e a ancoragem do cinto central fica na altura dos encostos de cabeça, dispensando a segunda fivela. Todas as versões do City Sedan e o Touring Hatch também possuem saídas de ar traseiras, apoio de braço com dois porta-copos (quando aberto, fica em uma posição baixa) e tomada de 12 Volts/180 Watts.

No forro de teto há quatro alças de apoio (inclusive para o motorista), dois pontos de iluminação dianteiros e um central, além de para-sóis com espelhos e tampas. Curiosamente, especificamente a alça traseira esquerda possui um pequeno gancho móvel tanto no sedã quanto no hatch. O EXL hatch traz o tradicional espelho interno com haste dia/noite, enquanto o sedã Touring dispõe do retrovisor eletrocrômico automático, com um design que elimina as bordas plásticas ao redor do espelho.

A ponta esquerda do painel concentra os comandos do ajuste de altura do facho dos faróis, o on/off dos sensores de estacionamento e o on/off do controle eletrônico de estabilidade. No Touring, existe um botão adicional para abrir o menu dos assistentes de segurança no quadro de instrumentos, permitindo conferir quais recursos estão ativos. Mais abaixo, há uma tampa que, ao ser puxada, revela uma pequena gaveta. À esquerda do apoio de pé do motorista estão presentes as alavancas para abrir o capô e a portinhola do tanque de combustível.

A porta do motorista concentra os comandos de ajustes e rebatimento dos retrovisores externos (a partir da versão EXL, eles também rebatem eletricamente assim que o veículo é travado), das travas elétricas, dos vidros elétricos (com acionamento por um-toque na subida e descida, além do recurso anti-esmagamento) e do bloqueio dos vidros, que afeta as janelas traseiras e também a do passageiro dianteiro. O porta-luvas tem bom espaço, mas não há iluminação em nenhuma versão e não existem nichos para objetos menores.

Com os faróis desligados e a ignição ligada, acendem os instrumentos, a tela do sistema multimídia, os comandos de ar-condicionado, a luz amarelada que indica a posição do câmbio e a luz verde do botão dos sensores de estacionamento. Já quando os faróis são ligados, ficam iluminados o botão que controla o brilho dos instrumentos, os botões físicos ao lado da tela do sistema multimídia, o foco de luz direcionado para as entradas USB, o botão Eco, todos os botões do volante (exceto as aletas de troca de marcha), os botões do canto esquerdo do painel, os comandos de todas as portas e a máscara que revela as letras das posições do câmbio.

A chave do City é presencial em todas as versões e possui novo estilo, com moldura preto-brilhante em torno do logo da Honda e, na versão EXL, os botões para travamento e destravamento das portas. O Touring sedã adiciona mais dois botões, para abertura da tampa do porta-malas e para partida remota do motor, uma função útil para acionar o ar-condicionado por até 10 minutos antes de entrar no veículo. Por motivos de segurança, a partida do motor à distância só funciona com o carro travado e caso certos parâmetros estejam adequados, como níveis de combustível e óleo do motor. O sistema é inteligente a ponto de ativar a recirculação de ar em dias quentes e de ligar o desembaçador quando estiver frio.

Com a chave próxima, basta colocar a mão na maçaneta do motorista para destravar o veículo. Já os botões nas maçanetas externas dianteiras podem ser usados para travar o veículo. Pelo computador de bordo ainda é possível habilitar a função de travamento do carro quando a pessoa com a chave tiver se distanciado em um raio de mais de 1,5 metro do veículo. Uma pequena trava permite retirar a lâmina metálica, a ser utilizada em casos de urgência.

Com abertura feita unicamente por um botão na régua da placa traseira, o porta-malas do Hatch tem a capacidade de 268 litros. Um recuo no canto direito da tampa ajuda a fechá-la. O compartimento possui iluminação no canto esquerdo e, por baixo do forro, o estepe temporário, com pneu de perfil 135/80 e roda de ferro de 15 polegadas. Segundo a Honda, o espaço disponível após o rebatimento do banco traseiro chega a 1168 litros, superando os 1045 litros disponíveis no Fit na mesma condição.

No sedã, a abertura da tampa do porta-malas pode ser feita tanto por botão na chave quanto pelo botão externo. Vale dizer que o que ocorre é o destravamento da tampa (alguns sedãs, como o Cronos, chegam a levantar a tampa traseira por este comando). A capacidade é de 519 litros, chegando a ser parelha com a de alguns sedãs médios. O compartimento do sedã também é iluminado e o estepe também fica sob o forro. Trata-se de uma roda de aço de 15 polegadas com pneu 135/80. Há duas hastes que, quando puxadas, permitem que os encostos do banco traseiro sejam deslocados para a frente. O forro possui um gancho que permite sustentá-lo a partir do próprio vão central de abertura da tampa, facilitando o trabalho de calibrar o estepe e ter acesso às ferramentas, e a tampa também possui forração em carpete.

O City Sedan pode ser adquirido em três versões: EX (R$ 109.000), EXL (R$ 115.900) e Touring (R$ 125.000). Já o City Hatchback está disponível nas versões EXL (R$ 115.500) e Touring (R$ 124.500). Fabricada em Itirapina (SP), toda a linha possui garantia de fábrica de 3 anos, sem limite de quilometragem.

Diferenças e semelhanças entre as versões do City

Todas as versões do City se utilizam do mesmo motor 1.5 DOHC i-VTEC aspirado com injeção direta de combustível e possuem potências idênticas com gasolina e etanol: 126 cavalos a 6200 rpm. O torque é de 15,8 kgfm a 4600 rpm com etanol e de 15,5 kgfm a 4600 rpm com gasolina. A Honda se preocupou em por manta acústica no capô e uma forração na haste de sustentação que evita as chances de queimaduras. 

O propulsor conta ainda com dois comandos de válvulas no cabeçote (um para as oito válvulas de escape e outro para as oito de admissão). O câmbio automático continuamente variável CVT com paddle-shifts (aletas junto ao volante para trocas sequenciais de marcha) também está presente em todos os modelos. Mas, no City Hatch, a capacidade do tanque de combustível é de 39,5 litros, enquanto o Sedan pode ser abastecido com até 44 litros. 

Apesar da diferença significativa do tamanho do porta-malas com os bancos em posição normal (519 x 268 litros), o City Hatchback conta com o diferencial de ter o sistema de rebatimento de bancos denominado "Magic Seat", com quatro posicionamentos. No "Utility", é possível rebater os encostos do banco traseiro para a frente, que deslocam os assentos traseiros e formam um assoalho praticamente plano para acomodar mais bagagem. O modo "Long" é indicado para levar objetos compridos dentro do veículo, como uma prancha de surfe ou uma tábua de passar, ao rebater o encosto do banco do passageiro dianteiro para trás e a parte do lado direito do banco traseiro para a frente. A posição "Tall" é indicada para objetos mais altos, que podem ser colocados no veículo ao se rebater os assentos traseiros para cima. Por fim, a posição "Refresh" permite aos ocupantes dianteiros deitar dentro do veículo, ao baixarem os encostos de seus bancos para trás.

É importante se atentar ao fato de que o City EXL hatchback não possui exatamente os mesmos equipamentos de fábrica do EXL sedã, apesar das versões possuírem o mesmo nome. Já o pacote de itens de série do Touring hatch e do Touring sedã é praticamente idêntico, exceto pela presença do lavador/limpador traseiro no hatch, pelo retrovisor interno anti-ofuscante presente só no sedã, e pelas já mencionadas distinções inerentes a cada tipo de carroceria.

No aspecto de segurança, toda a linha possui 6 airbags (frontais, laterais dianteiros e de cortina), freios ABS com EBD e assistente de frenagem de emergência (com discos na dianteira e tambores na traseira), câmera de ré com três modos de visão, fixações para cadeirinhas infantis, controles de estabilidade e tração, sinalização luminosa de frenagem de emergência, repetidores de seta nos retrovisores, além do assistente de partida em subidas. O controlador de velocidade de cruzeiro está disponível desde a versão EX, mas ele só é capaz de manter uma distância segura do veículo à frente na versão Touring (hatch e sedã). 

Esta opção topo-de-linha também é a única a trazer conjunto ótico dianteiro Full LED, inclusive nas luzes de neblina (nas demais versões, só as luzes de condução diurna são de LED, e os faróis de neblina são halógenos, mas há o acendimento automático dos faróis desde a versão básica EX). Este modelo de entrada do sedã não possui sensor de estacionamento. A versão EXL (do hatch e do sedã) possui sensor de ré, e a Touring (de ambas as carrocerias) possui sensores de estacionamento dianteiros e traseiros. 

O LaneWatch, câmera embutida no retrovisor externo direito que tem sua imagem transmitida para a tela do sistema multimídia e minimiza pontos cegos, está no EXL e no Touring sedã, mas, na gama do hatch, só o Touring possui este item. Hatch e sedã voltam a se igualar quando o assunto é o Honda Sensing, pacote de assistências ao motorista que vem só na versão Touring e que engloba alerta de saída da faixa de rodagem com assistente de permanência na pista, comutação automática dos faróis altos e frenagem autônoma de emergência com detecção de pedestres e veículos.

Todas as versões possuem direção elétrica, volante ajustável em altura e profundidade, chave presencial (na versão Touring de hatch e sedã, também há comando à distância para partida remota, uma funcionalidade útil para por o ar-condicionado em funcionamento antes de entrar no veículo), partida do motor por botão interno, vidros elétricos nas quatro portas, travas elétricas e retrovisores externos elétricos com rebatimento por botão. Só na carroceria Hatch (EXL e Touring) está presente o sistema de rebatimento de bancos Magic Seat.

Em relação ao sistema multimídia, todas as versões do City possuem um aparelho com tela sensível ao toque de 8 polegadas com espelhamento de conteúdo de smartphones sem fio para Apple CarPlay e Android Auto com Voice Tag e entrada USB. Porém, há diferenças em relação ao sistema de som. No sedã, o EX tem 4 alto-falantes de 20 Watts cada, enquanto EXL e Touring possuem 8 alto-falantes. Já o EXL hatch possui 4 alto-falantes, e o Touring hatch, 8.

O ar-condicionado também possui variações entre as versões. No City sedã EX, o aparelho é manual, mas existe um visor digital das funções (solução semelhante à da linha HB20) e duas saídas de ar traseiras. Já nas versões EXL e Touring, o aparelho tem modo automático de funcionamento e exibe a temperatura numérica, mantendo a zona única de climatização. No hatch EXL, o ar é digital e automático, porém não estão presentes as saídas de ar traseiras, que existem no modelo hatchback Touring.

As versões EXL e Touring (Hatch e Sedan) contam ainda com o rebatimento elétrico automático dos retrovisores no travamento do veículo (no EX existe o botão para recolher eletricamente os espelhos externos, mas eles permanecem na posição original após travar as portas), bem como a tela colorida de 7 polegadas do quadro de instrumentos que pode exibir o conta-giros e as informações do computador de bordo. O EX possui conta-giros e velocímetro analógicos, além de uma pequena tela monocromática ao centro que mostra as informações do computador de bordo.

Por fim, mais uma diferença entre as versões surge no revestimento dos bancos. Na versão EX sedã, eles são de tecido. O EXL possui couro preto, tanto no hatch quanto no sedã. Já a versão Touring do sedã pode ter o couro na cor preta ou bege, a depender da cor escolhida para a carroceria (para as cores Branco Topázio, Cinza Barium e Azul Cósmico, o interior será de couro claro, e, para as outras tonalidades de carroceria, os revestimentos são pretos), enquanto o City hatch Touring tem couro sempre preto na cabine.

O exemplar EXL hatchback cedido para o Auto REALIDADE dispõe de alguns acessórios que podem ser encomendados nas concessionárias, como soleiras internas das portas (com o nome "City" iluminado na frente), automatizador de vidros elétricos (ao travar o veículo, as janelas sobem) e cobertura plástica no porta-malas para proteção do carpete do assoalho.

Impressões ao dirigir

De cara, a posição de guiar o City é um dos principais destaques. Os ajustes de altura e distância da coluna de direção, somados às regulagens do banco do motorista, permitem encontrar com facilidade um melhor posicionamento. Mas a falta de regulagem de altura dos cintos de segurança é algo que incomoda no modelo da Honda, pois sua ancoragem está em uma posição baixa. A depender da estatura do ocupante, o ombro esquerdo pode começar a doer em trajetos mais longos. Nunca é demais lembrar que, para um trânsito seguro, o uso do cinto deve sempre ser estimulado pelas montadoras. Já os pedais possuem um posicionamento que evita a confusão entre eles, pois o freio fica nitidamente mais elevado em comparação com o acelerador. Vale mencionar também a boa área e angulação do apoio de pé esquerdo, que possui um revestimento plástico.

Outro aspecto em que o City surpreendeu positivamente foi o acerto de seu conjunto de suspensão. Quem já dirigiu outros modelos da Honda certamente deve se lembrar da maior dureza em relação a seus rivais e da cautela que era necessária para passar em lombadas e valetas. Já a atual linha City está muito bem adaptada ao gosto dos brasileiros e absorve com mais conforto as irregularidades do piso, mesmo em terrenos sem asfalto. Sedã e hatch utilizam o esquema independente McPherson na frente e o eixo de torção atrás, e ambos absorvem bem os impactos do solo ao mesmo tempo em que transmitem muita segurança nas curvas. Nas lombadas elevadas da Universidade Federal do Piauí, o City subiu e desceu de forma tranquila.

A visibilidade é boa tanto pelos espelhos externos (que agora estão mais distanciados das portas) quanto pelo retrovisor interno. No hatch, o formato do vidro traseiro e os encostos de cabeça (que ficam bem recolhidos quando não estão em uso) contribuem. No sedã, os encostos de cabeça são fixos, mas também possuem um posicionamento que possibilita uma boa visão para trás. Se não fosse pela acentuada inclinação do vidro traseiro, dificilmente se perceberia que se trata de um modelo de traseira comprida, pois o forro traseiro, que incorpora as fixações Top Tether, não é elevado. Aliás, com o LaneWatch (ativo momentaneamente toda vez que se dá seta para a direita, ou permanentemente caso o motorista aperte o botão na haste de seta), a tela do sistema multimídia é mais vista pelo motorista do que o retrovisor direito! Isto porque a câmera transmite uma imagem com campo de visão muito maior para o lado direito do que o espelho externo.

Durante o primeiro dia de nosso test-drive do EXL, pegamos uma chuva inesperada e torrencial, que reduziu drasticamente a visibilidade na pista e encharcou alguns pontos da estrada. Mesmo nas poças de água formadas, o modelo transmitiu segurança. Percebemos que uma de suas palhetas dianteiras estava rangendo. No sedã, felizmente os limpadores e lavadores funcionaram corretamente.

Tanto no hatch, quanto no sedã, a direção se destaca pela boa progressividade, sendo muito cômoda nas manobras de estacionamento e ganhando rigidez conforme a velocidade aumenta. O formato do volante também agrada às mãos. A alavanca de freio de mão é bem leve e fácil de ser operada.

O controlador de velocidade de cruzeiro do EXL tem operação fácil: basta apertar o botão "cruise" e em seguida aumentar ou diminuir a velocidade a ser mantida a partir das teclas "+" e "-". Este piloto automático funciona em velocidades acima de 40 km/h. No Touring, é possível operar o controlador de velocidade adaptativo já a partir de 30 km/h. Em nosso teste, o sistema identificou muito bem o veículo à frente em todas as situações, buscando manter uma distância segura (conforme estabelecido pelo motorista) e reduzindo a velocidade de forma suave para evitar uma colisão. Mas é necessário dizer que, andando a menos de 25 km/h, o controle do veículo retorna totalmente para o motorista.

Igualmente presente unicamente na versão Touring, o assistente de saída involuntária da faixa de rodagem também auxiliou na condução. O sistema bolado pela Honda ajuda principalmente na estrada, aplicando força no volante para que o veículo contorne as curvas de acordo com o que estiver delimitado pelas faixas no asfalto. Caso o condutor "largue" a direção, o recurso alerta sobre a saída da pista. A atuação dos freios se mostrou muito boa em nosso uso cotidiano.

À noite, os faróis de LED da versão Touring fazem toda a diferença à noite, tendo maior alcance e melhor iluminação lateral do que as luzes halógenas (mesmo com os projetores). Também vale destacar que são diversos os comandos e botões internos iluminados, característica que ajuda bastante a localizá-los na cabine. Praticamente tudo no City, aliás, está bem ao alcance das mãos de quem dirige.

Em termos de desempenho, o City apresentou um bom nível de força, suficiente para o uso cotidiano. O câmbio automático CVT também é bem-acertado, e a possibilidade de fazer trocas sequenciais pelas aletas junto ao volante ajuda nas ultrapassagens (em que um regime maior de rotações é necessário para maior torque do motor) e nas descidas (onde a atuação do freio-motor se faz mais intensa em posições de marcha mais baixas). O acionamento do modo Sport aumenta significativamente a rotação do motor: com o cruise-control acionado a 60 km/h, a faixa de giros sobe de aproximadamente 1500 rpm para cerca de 2800 rpm.

Assim como em outros modelos da Honda, caso o modo sequencial seja acionado mas o motorista pegar leve com o acelerador, a transmissão volta a trabalhar no modo automático. As passagens de marcha no City são mais sentidas quando o acelerador é mais exigido (há um mecanismo chamado "Step-shift" que acentua a sensação das trocas). Nas demais situações, estas mudanças são quase imperceptíveis. 

Confira agora os resultados dos nossos testes de acelerações e retomadas com o EXL Hatchback, realizados em pista sem tráfego, com uma pessoa a bordo, ar-condicionado desligado, gasolina no tanque, controles eletrônicos ativados, câmbio em Drive e cronometragem automática pelo app GPS Acceleration: 

Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,2 segundos
Retomada de 40 a 80 km/h: 6,0 segundos
Retomada de 60 a 100 km/h: 6,3 segundos
Retomada de 80 a 120 km/h: 7,6 segundos

Vale dizer que o exemplar do modelo hatchback ainda estava pouco rodado, registrando cerca de 100 quilômetros rodados quando foi testado. Também fizemos o teste de aceleração de 0 a 100 km/h com o sedã Touring, com 826 km rodados, e o modelo registrou o tempo de 10,4 segundos. O sedã Touring tem peso de 1170 quilos, enquanto o hatch EXL chega a ser ligeiramente mais pesado, com 1177 kg em ordem de marcha.

Em termos de consumo de combustível, tanto sedã quanto hatch apresentaram índices muito satisfatórios de economia - o que se torna ainda mais positivo em meio aos atuais valores dos combustíveis. Confira nossos resultados rodando com gasolina, utilizando o ar-condicionado em praticamente todos os trajetos e sem uso do modo Econ:

EXL Hatchback

Consumo de combustível médio: 13,3 km/l
Distância percorrida: 168,4 km
Velocidade média (estimada): 34 km/h

Touring Sedan

Consumo de combustível médio: 15,5 km/l
Distância percorrida: 60,6 km
Velocidade média (estimada): 34 km/h

Para concluir...

A estratégia da Honda com a nova linha City, além de ousada, busca atender a públicos com diferentes prioridades. Ainda que os SUVs tenham se estabelecido para valer como preferências nacionais, sempre existirá o público interessado nos sedãs e hatches. Como nos últimos anos estes dois segmentos encolheram bastante entre os modelos de porte médio, a Honda projetou a nova linhagem do City com dimensões de carroceria ampliadas, novos equipamentos de comodidade que a geração anterior do sedã jamais sonhou em ter e até mesmo alguns assistentes de segurança que nem mesmo estavam disponíveis no Civic. Não é à toa que os novos City Sedan e Hatchback já aparecem entre os 30 automóveis mais vendidos na contabilização de emplacamentos de automóveis até a primeira quinzena de maio, demonstrando que ambos estão sendo bem-aceitos pelos consumidores.

Vem conferir a Galeria de Fotos do Honda City Hatchback EXL e do City Sedan Touring!























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