Avaliação: Estiloso, Fiat Argo 1.3 S-Design 2022 encanta pelos itens atraentes


Texto, Vídeo e Fotos | Júlio Max, de Teresina (PI)
Agradecimentos | Assessoria de Imprensa Stellantis

Com quatro anos de mercado, o Fiat Argo se consolidou como um dos queridinhos do Brasil, chegando a ser o líder de vendas do mercado automotivo nacional em três ocasiões ao longo de 2021, nos meses de maio, julho e outubro deste ano. Ele e a picape Strada (que foi o automóvel mais vendido do País nos meses de março, abril, junho e agosto deste ano) se beneficiaram com o ritmo decrescente de fabricação do Chevrolet Onix - que teve sua produção severamente prejudicada pela crise no fornecimento de semicondutores. A partir de setembro de 2021, o hatch da General Motors reagiu e, em novembro, já retornou à liderança do ranking de carros novos mais vendidos. De toda forma, no acumulado do ano, o volume de vendas do Argo ainda é o maior da categoria de hatches compactos até a data de fechamento desta matéria.

Mas, afinal, o que o Argo traz para encantar tantos consumidores em um país de tamanha diversidade como o Brasil? O Auto REALIDADE passou uma semana convivendo com a versão 1.3 S-Design manual do hatchback da Fiat, e concluiu que o conjunto da obra oferecido pelo modelo é bem satisfatório para o dia-a-dia.

O visual do Argo continua agradando pela harmonia de suas formas. Em 2020, o hatch foi ligeiramente retocado para assumir a atual linguagem visual da Fiat. No Brasil, a Strada foi o primeiro produto da marca a adotar este "rebranding", e hoje Mobi, Cronos, Pulse, Fiorino e Toro também estão alinhados a este novo padrão.

O pacote S-Design começou a ser disponibilizado para o Argo em novembro de 2019, inicialmente como um kit de opcionais disponível para as versões Drive 1.0 e Drive 1.3. Na linha 2022, a Fiat eliminou a versão Drive 1.3: quem quiser um Argo com este motor agora escolhe entre as versões S-Design ou Trekking (mas, curiosamente, o S-Design 1.3 continua a ser registrado como "Drive 1.3" em seu Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo). Este pacote continua a estar disponível como opcional para o Argo Drive 1.0.

De 2019 até hoje, o Argo S-Design 1.3 recebeu algumas mudanças. A grade superior foi ligeiramente retocada para acomodar o nome da marca por extenso e a Fiat Flag, um simpático emblema composto por barrinhas inclinadas a 20 graus com as cores da bandeira da Itália - prestando tributo ao logo da montadora que foi adotado nos anos 80 e 90. Os novos logos da Fiat também estão nas calotinhas centrais das rodas, no volante e na chave. Internamente, a Fiat Flag também aparece em uma etiqueta na coifa da alavanca de câmbio e, a partir da linha 2022, agora está em outra etiqueta no banco dianteiro do passageiro. Também na linha 2022, os retrovisores externos passam a ter o nome da marca gravado em suas lentes. 

Além disso, o S-Design 2022 passou a ter detalhes na cor bronze, presentes na moldura da grade inferior do para-choque, nos logos na dianteira e traseira, nos emblemas dos para-lamas com o nome da versão e, internamente, na faixa central do painel, nas costuras do volante e da coifa da alavanca de câmbio, bem como em torno da parte dianteira do console. Já os bancos de tecido, que antes eram os mesmos da versão Drive, passaram a ter estampagens de alto-relevo nos encostos e costuras em bronze. Por fim, o volante recebeu revestimento em couro e novas molduras em preto.

No mais, o Argo S-Design mantém suas características já conhecidas dos brasileiros. Na dianteira, os faróis de dupla parábola contam com luzes de posição em LED e estão acompanhados dos faróis de neblina. Outro diferencial perceptível pelo ângulo frontal está nas capas pretas dos retrovisores externos, que incorporam repetidores das luzes de seta.


Lateralmente, o destaque vai para as rodas de liga leve de 15 polegadas pintadas na cinza, com pneus Pirelli Cinturato P1 185/60. Elas casam bastante com a cor metálica Cinza Silverstone do carro cedido para nossa avaliação, cujo valor é de R$ 1.800. A versão S-Design também pode ter a carroceria nas seguintes cores: Preto Vulcano (sólida, sem custo adicional), Vermelho Montecarlo (sólida, R$ 950), Branco Banchisa (sólida, R$ 950), Prata Bari (metálica, R$ 1.800) e Branco Alaska (perolizada, R$ 1.800).


Atrás, o Argo S-Design se diferencia por ter aerofólio traseiro na cor preta e logos da tampa do porta-malas também na cor bronze. Curiosamente, não há logotipo identificando a motorização do modelo, e, portanto, as versões S-Design 1.0 e S-Design 1.3 são idênticas do lado de fora.


Internamente, o Argo S-Design também incorpora cores escuras em suas peças de acabamento. O painel, de plástico rígido texturizado, incorpora uma faixa lisa em bronze que o percorre de ponta a ponta. Também chama a atenção o fato desta versão ter o forro de teto em preto. Com isso, as colunas, alças, para-sóis e até a moldura do retrovisor interno também passaram a ter esta mesma cor.

O volante é revestido de couro com costuras aparentes e conta com botões que controlam o computador de bordo, as chamadas telefônicas e comandos de voz, além do controle de som: as estações e faixas de música são alternadas pelos botões ocultos atrás do raio esquerdo, enquanto atrás do raio direito estão os comandos de volume. As molduras centrais do volante passam a ser ser pintadas em preto-brilhante e a coluna de direção ajusta em altura.

O quadro de instrumentos do Argo se destaca pela informatividade. Além do conta-giros e do velocímetro analógicos, ladeados pela indicação da temperatura do líquido de arrefecimento do motor e do nível do combustível, há ao centro uma tela de 3,5 polegadas que exibe variadas funções:

  • Velocímetro digital com alerta de ultrapassagem da velocidade programada (entre 30 e 200 km/h) e opção de visualização em km/h ou MPH.
  • Economia: informações de Trip A, Trip B (ambas exibem distância percorrida, tempo de viagem e consumo médio de combustível), além de autonomia estimada e indicador de consumo instantâneo.
  • Info Veículo: Sensor de pressão dos pneus, temperatura do óleo do motor, horímetro do motor (horas efetivas de seu funcionamento), quilometragem restante para revisão, dias restantes para próxima revisão e tensão da bateria.
  • Informações de áudio: fonte do som (rádio AM/FM, USB, Bluetooth ou entrada auxiliar) e nome da música ou estação de rádio em reprodução.
  • Mensagens: exibe informações que devem ser verificadas pelo motorista.
  • Configurações da tela: é possível programar as informações que são exibidas nos cantos superiores (temperatura externa, hora, data, consumo médio, autonomia ou nenhum) e ao centro (título do menu ou informações de áudio).
  • Segurança: é possível fazer a ativação ou desativação do airbag do passageiro, ver informações de telefone na tela, controlar o volume de avisos e também regular o brilho dos instrumentos.

Além disso, a tela exibe uma animação de boas-vindas ao ligar a ignição, exibindo o nome "Argo" (nesta ocasião, os ponteiros de velocímetro e conta-giros giram até o fim), também possui indicador individual de porta aberta (mostrando inclusive se capô ou porta-malas estão abertos) e exibe os gráficos dos sensores de estacionamento traseiros quando a marcha-a-ré é engatada. Porém, a iluminação dos instrumentos, que se ativa assim que a ignição é ligada, exige atenção para não esquecer de ligar os faróis à noite, já que esta versão não dispõe do acendimento automático dos faróis (item que só está disponível como opcional para a versão HGT 1.8).


Na alavanca de luzes, o ajuste é básico, entre as posições desligado, luzes de posição ligadas e faróis baixos ligados. Com um leve toque na alavanca de seta, as luzes acendem 5 vezes sem necessidade de movê-la até o clique (esta função é pomposamente batizada pela Fiat de "Lane Change").


Já a alavanca dos limpadores dianteiros e traseiro conta com posição de intermitência variável e de acionamento contínuo lento ou rápido. Caso o limpador dianteiro esteja ativo e a ré seja engatada, o carro se encarrega de operar o limpador traseiro uma vez, para melhorar a visibilidade do motorista pelo retrovisor interno.


A central multimídia Uconnect, com tela sensível ao toque de 7 polegadas, se mantém com as mesmas funcionalidades com as quais estreou há quatro anos. Ela pode espelhar o conteúdo de celulares através do Android Auto e do Apple CarPlay, sempre utilizando-se do cabo USB. 


Vale ressaltar que, ao espelhar um iPhone, a tela de exibição dos aplicativos fica significativamente mais estreita. Quando o Android Auto é utilizado, a área de espelhamento na tela é melhor aproveitada.


O console central traz duas entradas USB-A: uma no porta-objetos que fica à frente da alavanca de câmbio (USB1), acompanhada de uma entrada auxiliar, e outra atrás da alavanca de freio de mão (USB2), em posição alcançável pelos ocupantes traseiros. As duas entradas USB possuem função de leitura de dados (como de pendrives ou celulares), o que é especialmente bom considerando que alguns modelos mais recentes só possuem uma entrada USB que lê dados. Em contrapartida, este sistema multimídia até hoje apresenta alguns bugs, chegando a travar em duas ocasiões durante o uso do carro por uma semana.


Junto da tela há botões físicos para ajustar volume, ligar/desligar o sistema e navegar pelas estações e faixas; há outros comandos (para desligar somente a tela, deixar o áudio no mudo e retornar para o menu anterior) que são sensíveis ao toque.


Pelo Bluetooth é possível fazer chamadas telefônicas e streaming de áudio. O sistema de som, de boa qualidade para o segmento, é composto por 4 alto-falantes nas portas e dois tweeters nas colunas dianteiras. Ícones no canto inferior da tela ajudam a navegar pelos menus, que são os seguintes:

  • Rádio: possibilita sintonizar e salvar estações AM ou FM.
  • Mídia: é possível verificar as informações de áudio reproduzido por dispositivos USB, entrada auxiliar e Bluetooth, inclusive com exibição da capa do álbum, caso disponível.
  • Telefone: através de sua conexão por Bluetooth, este menu possibilita atender e recusar chamadas telefônicas, além de gerenciar a lista de contatos e fazer discagens.
  • Uconnect: é um menu que reúne ícones de atalho que podem ser personalizados pelo usuário.
  • Áudio: neste menu, é possível controlar o balanço espacial de reprodução de som, habilitar a elevação do volume de som conforme a velocidade, ativar a função Loudness (que melhora a qualidade de som em baixo volume), modificar o equalizador de graves, médios e agudos, definir a reprodução automática de dispositivos USB e ligar (ou não) o rádio em cada ignição do veículo.
  • Configurações: permite personalizações de idioma, display, unidades de medida, comandos de voz, relógio e data, segurança (no caso, as configurações de sensor de ré), luzes, portas e travas, opções ao desligar o veículo, áudio e telefone. Também é possível restaurar para as configurações de fábrica e apagar os dados pessoais já salvos.
  • Trip: permite conferir autonomia estimada, consumo instantâneo e os registros das distâncias percorridas A e B, com a informação adicional de velocidade média.

Abaixo das três saídas de ar-condicionado há uma fileira de teclas. Nesta versão, quatro delas estão habilitadas: o botão dos faróis de neblina, do ASR Off (que desativa o controle de tração), do pisca-alerta, além do comando de travamento e destravamento das portas (quando o carro está destravado, uma luz vermelha acende neste botão). Há ainda um botão não-apertável que acende uma luz amarela caso o airbag do passageiro tenha sido desativado. Vale ainda mencionar que as portas são travadas automaticamente com o carro em movimento (acima de 20 km/h) e o travamento ou destravamento das portas também afeta a portinhola do tanque de combustível.


A versão S-Design traz de série o ar-condicionado digital automático, que possui zona única de temperatura e regulagem de meio em meio grau, entre 16 e 32º C. O botão MAX A/C faz com que a temperatura seja a mais baixa possível e a ventilação assuma o modo máximo, ajudando a resfriar a cabine de forma mais prática. Vale mencionar que os aros dos botões com os visores digitais são emborrachados.

Na parte frontal do console central há a entrada USB1 e a auxiliar, no canto direito do porta-objetos dianteiro. Há ainda dois porta-copos nesta região, com tapetinhos macios ao toque. Logo atrás da alavanca de câmbio, com coifa de couro, há uma tomada de 12 Volts/180 Watts e outro espaço para colocar objetos, com fundo emborrachado. E, atrás da alavanca de freio de mão (com gatilho preto e coifa emborrachada), há mais um porta-copo, igualmente macia em seu fundo (no exemplar que avaliamos, infelizmente essa peça de acabamento deve ter sido acidentalmente sugada por algum aspirador de pó durante uma lavagem antes do carro nos ser entregue).

O porta-luvas conta com iluminação e bom espaço, mas exige esticar em demasia o braço para guardar e tirar objetos. A tampa é leve e sua face interna é lisa, sem nichos para acomodar objetos pequenos.

Vistosa, a chave da versão S-Design é presencial e possui botões para destravar e travar o carro, além de botões para fazer o destravamento da tampa do porta-malas e para acender as luzes de pisca e luzes internas por até 180 segundos, uma função que ajuda a localizar o veículo em locais de iluminação fraca. Existe, ainda, uma pequena trava na chave que libera uma lâmina a ser usada para a abertura manual do veículo. Apertando e segurando o botão de destravamento das portas, as quatro janelas são abertas por completo; já ao travar o veículo, os vidros sobem e o alarme perimétrico fica ativo. Com a chave no bolso ou na bolsa, basta colocar a mão na maçaneta externa para destravar o Argo, e, ao sair dele, é só apertar o botão preto na maçaneta dianteira para que o carro seja trancado. 

Na porta do motorista ficam os comandos dos retrovisores elétricos (com a funcionalidade de rebater para baixo a lente do espelho direito caso a ré seja engatada e o interruptor do espelho esteja selecionado para o lado direito), e dos vidros elétricos nas quatro portas com função um-toque para subir e descer, além da função anti-esmagamento. Existe ainda um botão para bloquear as janelas traseiras e a função do funcionamento temporizado dos vidros elétricos por até 1 minuto, caso nenhuma porta seja aberta neste intervalo.

O banco do motorista conta com ajuste manual de altura através de uma alavanca do lado direito do assento. Anatômicos, os assentos dianteiros acomodam bem o corpo. Mesmo na posição mais baixa possível, o banco deixa o motorista em uma posição de condução elevada. Outro detalhe curioso é que, à medida em que o assento é elevado pela alavanca de ajuste de altura, ele também vai sendo direcionado para a frente, visando proporcionar uma posição mais próxima do volante para condutores de baixa estatura. A versão S-Design traz tapetes de borracha com presilhas na peça do motorista e porta-objetos nos forros de porta dianteiros e traseiros.

No banco de trás, o espaço para cabeça e pernas é bom até mesmo para pessoas com 1,80 metro de altura. Nesta versão, o encosto do banco traseiro é inteiriço, porém rebatível, assim como o assento. Há apoios de cabeça e cintos de três pontos para todos os ocupantes, além de fixações ISOFIX e Top Tether para as cadeirinhas infantis. 

Existem ainda dois porta-revistas no verso dos bancos dianteiros e fendas laterais para encaixar as fivelas dos cintos quando estes não estiverem em uso e for necessário rebater o banco traseiro, evitando que eles fiquem presos quando o banco for retornado à posição original.

O porta-malas, iluminado no canto direito e com ganchos para amarrar ou pendurar cargas, conta com a boa capacidade de 300 litros. Com o rebatimento do banco traseiro, o volume passa para 720 litros. Já o estepe é um pouco menor que as demais rodas (175/60 com roda de aço de 14 polegadas). No forro da tampa, um recuo no canto direito ajuda a fechar o porta-malas.


É possível abrir o compartimento de bagagem tanto pelo comando na chave quanto por um botão externo no canto esquerdo que pode ser acessado pela cavidade central da tampa traseira. Existe ainda outro botão do lado direito que serve para travar o veículo, uma função bastante útil para as situações em que é necessário guardar objetos no veículo e, em seguida, se afastar dele. Por fim, há ainda um pequeno gatilho incorporado ao trinco da tampa do porta-malas que permite abri-la por dentro em caso de emergência.


À noite, uma função útil está incorporada aos faróis, que contam com a função Follow me Home. Puxando a alavanca das luzes em sua direção, o motorista consegue ajustar a duração da permanência das luzes externas acesas entre 30 e 210 segundos após desligar o veículo, ou então desativar este recurso.


Ficam iluminados no escuro: os botões no raio esquerdo do volante, os comandos de retrovisores e vidros elétricos (em todas as portas), as teclas centrais, os comandos de ar-condicionado, as molduras das entradas USB e auxiliar, além dos botões ao redor da tela do sistema multimídia.


Existem duas luzes de leitura entre os para-sóis com "fade", mas a opção pelo forro de teto preto fez com que, em ambientes com pouca luz, a iluminação pareça fraca demais (pois até a parte interna ao redor dos spots de luzes é pintada de preto nesta versão). Além disso, o Argo não possui luz central de teto, presente no Cronos e no Pulse.


Os dois para-sóis contam com espelhos, mas a tampa corrediça e a tira que serve como porta-documento só estão no para-sol do motorista. Há três alças de teto: uma para o carona dianteiro e outras duas para os passageiros laterais traseiros. Ao soltar uma das alças, duas borrachinhas amortecem seu impacto com o forro. Nas alças traseiras existem ganchos fixos que podem servir para pendurar um cabide.

O motor desta versão é o 1.3 Firefly, que entrega bom nível de força e se contém no consumo de combustível. Com quatro cilindros e 8 válvulas, além de uma taxa de compressão bastante elevada (13,2:1), ele rende 101 cavalos a 6000 rpm com gasolina e 109 cavalos a 6250 rpm com etanol (o limite de giros é de 6500 rpm). Já o torque é atingido a 3500 rpm com ambos os combustíveis, entregando 13,7 kgfm com gasolina e 14,2 kgfm com etanol. 

Este propulsor estreou em 2016 no Uno e hoje equipa versões do Argo, Cronos, Pulse e Strada. Sua concepção ainda pode ser considerada moderna, trazendo pré-aquecimento do combustível (que funciona em temperaturas ambiente inferiores a cerca de 16º C, quando o carro está abastecido com etanol ou alguma mistura de etanol e gasolina), acionamento por corrente e variação do comando de válvulas na admissão e no escape. 

Vale ressaltar que este ano este motor teve uma redução nos números de potência e torque no Fiat Pulse para atender à sétima fase do Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve). O 1.3 Firefly passou a ter 98 cavalos com gasolina a 6000 rpm e 107 cv com etanol a 6250 rpm, e o torque diminuiu para 13,2 kgfm a 4250 rpm com o combustível derivado do petróleo e 13,7 kgfm a 4000 rpm com o combustível derivado da cana-de-açúcar. Além disso, o tanque de combustível do SUV compacto diminuiu de 48 para 47 litros. Em 2022, as versões 1.3 de Argo, Cronos e Strada também deverão ter a força do motor e o reservatório de combustível reduzidos para atender às novas exigências de emissões evaporativas de vapores e gases.

O câmbio do Argo S-Design é manual de 5 marchas e se caracteriza pela necessidade de pisar completamente no pedal de embreagem para dar partida no motor, além dos engates macios e curso longo (e não muito preciso) da alavanca. É bastante perceptível na condução que as três primeiras marchas são mais voltadas para desempenho, enquanto quarta e quinta visam deixar o carro mais econômico em velocidades de cruzeiro. Para engatar a marcha-a-ré, é necessário levantar uma arruela na alavanca de câmbio. O quadro de instrumentos exibe ícones que sugerem ao motorista subir marchas ou fazer reduções, com o objetivo de melhorar o consumo de combustível.


Em nossas medições de acelerações e retomadas, o Argo S-Design 1.3 manual cedido para o Auto REALIDADE conseguiu obter bons resultados de um modo geral, mas seu tempo de retomada de 80 a 120 km/h em quarta marcha ficou um pouco aquém de outros Fiat com o mesmo motor e câmbio também avaliados por nós, como o Argo Trekking e a Strada Volcano. Porém é preciso ponderar que o S-Design nos foi cedido com 2266 quilômetros rodados, e, portanto, acabou de passar pelo período de amaciamento do motor. Nossos testes são conduzidos em pista sem tráfego, com uma pessoa a bordo, ar-condicionado desligado, gasolina no tanque, controles eletrônicos ativados e cronometragem automática pelo app GPS Acceleration:

Aceleração de 0 a 100 km/h: 12,0 segundos 
Retomada de 40 a 80 km/h (3ª marcha): 7,4 segundos 
Retomada de 60 a 100 km/h (3ª marcha): 7,6 segundos 
Retomada de 80 a 120 km/h (4ª marcha): 13,7 segundos


O tanque de combustível tem a capacidade de 48 litros, e sua portinhola se trava ou destrava junto com as portas. A Fiat recomenda calibrar todos os pneus (inclusive o estepe) sempre com 32 libras, em qualquer situação. Confira agora os resultados de consumo que obtivemos com o Argo S-Design utilizando gasolina, em percurso majoritariamente urbano e com uso moderado do ar-condicionado:

Consumo de combustível médio: 12,7 km/l 
Distância percorrida: 406,7 km 
Velocidade média (estimada): 20 km/h

Em termos de segurança, o Argo poderia melhorar seu pacote de itens. Esta versão traz apenas airbags frontais: os airbags laterais só estão disponíveis para a versão HGT (e, ainda assim, pagando à parte), enquanto outros rivais trazem 4 ou até 6 airbags de fábrica em todas as versões. Além disso, só o motorista recebe advertência visual e sonora caso esteja dirigindo o veículo sem o cinto de segurança (a partir de 8 km/h), enquanto outros carros deste segmento emitem alertas até mesmo se os ocupantes do banco de trás não estiverem com o cinto afivelado.

Enquanto estávamos finalizando esta avaliação, chegou a notícia de que Argo e Cronos tiveram suas classificações de segurança rebaixadas de 3 para 0 estrelas nos testes efetuados pelo Latin NCAP. Os modelos ofereceram 24% de proteção para adultos, 10% para crianças, 37% para pedestres/ciclistas e apenas 7% em relação a itens de assistências ao condutor. Os pontos mais críticos foram a falta de proteção para a cabeça no impacto lateral e para a coluna cervical no teste de "whiplash". Após se cientificar destes resultados, a Fiat anunciou que irá melhorar a segurança de Argo e Cronos "em breve", ainda sem especificar quais serão as modificações em termos de proteção. A Hyundai, por exemplo, passou a equipar todas as versões do HB20 com airbags laterais e controles de tração e estabilidade após o hatch tirar nota zero na mesma avaliação.

No mais, o S-Design possui os controles eletrônicos de tração e estabilidade (ao desativar o controle de tração ASR, entra em ação o TTC, Torque Transference Control, que, em situações de aceleração em curvas, freia a roda interna à curva e transfere torque à roda externa para minimizar a tendência ao subesterço), ERM (Electronic Rollover Mitigation, que atenua a tendência de algum dos pneus perder o contato com o solo), sinalização luminosa de frenagem de emergência (o pisca-alerta acende em frenagens fortes a partir de 50 km/h), freios ABS com EBD (com discos ventilados no eixo dianteiro e tambores nas rodas traseiras), assistente de partida em ladeiras (que mantém o veículo freado por até dois segundos e atua em subidas, no caso de ter sido engatada uma marcha à frente, ou descidas, quando a ré é acionada, que tenham inclinação acima de 5%), cintos de 3 pontos e apoios de cabeça para os cinco ocupantes, além de ajuste de altura dos cintos dianteiros, com pré-tensionadores e limitadores de carga.

Impressões ao dirigir

Atualmente, o Argo S-Design é o carro mais em conta do Brasil com a chave presencial e a partida do motor por botão. Pode parecer uma firula em um primeiro momento, mas é bem prático e rápido você entrar no veículo apenas ao por a mão junto da maçaneta, ao invés de precisar remexer nos bolsos para achar a chave e, depois de encontra-la, procurar o botão que destrava o carro. No momento em que se pressiona o botão de partida, é preciso estar com o pedal de embreagem totalmente pressionado, por motivos de segurança. "Nosso" Argo nos foi cedido com apenas 2266 quilômetros, e ainda cheirava a novo.

Logo ao manobrar o hatch da Fiat, sente-se que a direção elétrica é leve - e uma das mais cômodas do segmento. O diâmetro de giro de 10,4 metros é semelhante ao dos principais rivais e permite uma boa manobrabilidade. Além disso, a visibilidade geral é satisfatória e os retrovisores são bem dimensionados. Com o volante de boa empunhadura, agora revestido de couro na versão S-Design, as mãos agora encontram uma textura bem mais agradável; além disso, com os comandos de som incorporados atrás dos raios horizontais, é fácil alternar entre as músicas e controlar o volume do som sem precisar se distrair e tirar as mãos da direção. E a operação da alavanca de freio de mão exige pouca movimentação do braço direito do motorista. 

No Argo, o curso do pedal de embreagem e da alavanca de câmbio são mais longos do que a média neste segmento. Até é possível se acostumar com esta característica, mas se você pega muito trânsito diariamente ou convive com muitas ladeiras, o cansaço será maior. Há um bom apoio para o pé esquerdo do motorista, mas ele tem o mesmo carpete do assoalho, e, portanto, é mais difícil de ser limpo do que as molduras em plástico rígido, como a existente na Strada.

Na estrada, a carroceria mostra estabilidade diante dos ventos e a progressividade da direção garante segurança ao motorista. A 100 km/h, em ritmo de cruzeiro, o ponteiro do conta-giros está muito próximo de 3 mil rpm. Se os vidros estiverem fechados e o sistema de som estiver desligado, o ruído do motor nesta situação já se mostra razoavelmente elevado, o que poderia ser atenuado se a transmissão manual tivesse uma sexta marcha. Mas, pelo menos do ponto de vista do consumo de combustível, o Argo se vira bem com as cinco marchas que tem. O nível de ruídos e vibrações na condução urbana é contido, e o conjunto de suspensão absorve com primor as irregularidades do piso. A altura em relação ao solo é adequada para o segmento (14,9 centímetros).

Com preço de tabela de R$ 78.990, o Argo S-Design 1.3 não tem opcionais de fábrica. Considerando seu valor, nível de força do motor e levando em consideração somente modelos com câmbio manual, acreditamos que o Chevrolet Onix LT 1.0 Turbo manual (R$ 78.960) é o rival em maior pé de igualdade com o hatch da Fiat. Já Hyundai HB20 Platinum 1.0 TGDI manual (R$ 84.290), Peugeot 208 Like 1.6 manual (R$ 85.490) e Volkswagen Polo 1.6 MSI manual (R$ 86.990) estão com preços significativamente mais salgados.


A garantia para o hatch da Fiat é de 3 anos. Confira os valores atualmente sugeridos para as revisões do Argo S-Design 1.3 manual, que são feitas a cada 12 meses ou 10 mil quilômetros rodados:
  • 1ª revisão: R$ 428,00 
  • 2ª revisão: R$ 580,00 
  • 3ª revisão: R$ 436,00 
  • 4ª revisão: R$ 1.432,00 
  • 5ª revisão: R$ 456,00
  • 6ª revisão: R$ 748,00

Boletim comentado do Fiat Argo S-Design 1.3 Manual

Design = 9,25
Até hoje, o estilo do Argo é um dos mais harmoniosos do segmento de hatches compactos, e incorpora uma personalidade mais forte na versão S-Design, que traz rodas de liga leve de 15 polegadas em cinza, faróis com luzes de posição em LEDs na parte superior, faróis de neblina, logotipos escurecidos, aerofólio preto e friso dianteiro do para-choque na cor bronze. Para arrematar, a cor Cinza Silverstone do carro avaliado combina ainda mais com os detalhes escurecidos desta versão. Considerando que em sua faixa de preço a maioria de seus rivais diretos ainda possui cara de carro básico, o Argo S-Design acaba se diferenciando em meio à multidão de hatches compactos.

Espaço interno = 9,0
O hatch da Fiat proporciona bom espaço para a cabeça e as pernas dos ocupantes - até mesmo para quem viaja atrás. O porta-malas de 300 litros também é satisfatório neste segmento e pode ser ampliado com o rebatimento do assento e encosto do banco traseiro (ambos inteiriços). Há ainda variados espaços para guardar objetos nos forros das quatro portas, no console entre os bancos e no porta-luvas, que é profundo. O Argo, porém, clama por um espaço mais adequado para armazenar celulares, como o Fiat Pulse já dispõe em seu console central. Entre as poucas opções disponíveis no hatch para guardar o smartphone estão o porta-objeto abaixo da alavanca de freio de mão e o nicho estreito à frente dos porta-copos dianteiros.

Conforto = 8,5
Mesmo sendo uma versão de apelo visual mais esportivo, o Argo S-Design surpreende com o conforto transmitido por seu conjunto de suspensão e pelos engates de marcha macios. A assistência elétrica da direção é muito agradável, e o motorista conta com uma boa posição de dirigir e ergonomia correta. Ademais, o ar-condicionado automático e digital cumpre muito bem seu papel, gelando a cabine rapidamente. Destoa deste conjunto o pedal de embreagem de curso longo, mas a Fiat já está trabalhando em uma nova gama de carros com câmbio automático, que chega ao mercado durante o ano de 2022.

Acabamento = 8,5
O Argo S-Design 1.3 possui detalhes interessantes de acabamento, como o volante revestido de couro com perfurações e costuras, os bancos dianteiros e traseiros de tecido com estampagens estilosas, além dos porta-objetos do console central com fundo emborrachado e do forro de teto em preto. O painel possui áreas lisas, como o friso central que o percorre de ponta a ponta, e também texturas losangulares no plástico rígido. Porém, não há mais revestimento de tecido nos forros de porta dianteiros, que antes até o Argo 1.0 "sem nome" possuía. Essa economia pode até fazer sentido em versões mais básicas, mas é incompreensível no S-Design, ainda mais considerando que rivais de sua mesma faixa de valor possuem este capricho de acabamento.

Equipamentos = 9,0
A Fiat está de parabéns por fazer do Argo S-Design 1.3 uma versão com pacote fechado de equipamentos, incorporando até mesmo certos itens que são opcionais no aventureiro Trekking, que custa exatamente o mesmo valor (R$ 78.990). O ar-condicionado automático digital e a chave presencial com partida do motor por botão só estão disponíveis no Kit Trekking Full para o Argo aventureiro (e este pacote representa um custo adicional de R$ 6.990), mas são itens de série no S-Design, que também vem de fábrica com direção elétrica com ajuste de altura, travas, vidros e retrovisores elétricos, sistema multimídia, som com 4 alto-falantes e 2 tweeters, sensores de estacionamento traseiros e computador de bordo com múltiplas funcionalidades. Mas faz falta a câmera de ré, que está disponível como opcional de fábrica no Argo Trekking e no Cronos Drive.

Desempenho & Dirigibilidade = 8,75
Não se deixe enganar: mesmo tendo motor de cilindrada relativamente baixa (1.3), o Argo conta com boa entrega de força para o dia-a-dia, especialmente em rotações mais altas. Mas, para a entrega de desempenho ser mais satisfatória, o motorista precisa selecionar a marcha mais adequada do câmbio manual para o momento. Chega a ser engraçado engatar a 5ª marcha, acelerar tudo e o ícone de troca de marcha no computador de bordo recomendar você reduzir a marcha do câmbio, porque, mesmo que você afunde totalmente o pé no acelerador, o ganho de velocidade nessa marcha é muito pequeno. Além disso, a depender da velocidade, é bastante perceptível a diferença ao se realizar as retomadas de velocidade em terceira e em quarta marcha. O Argo também proporciona comportamento satisfatório em curvas, auxiliado pelo controle eletrônico de estabilidade, e garante frenagens sem sustos. 

Segurança = 7,0
Este é o ponto em que a Fiat mais precisa aprimorar o Argo, e com urgência. Atualmente, existem rivais que possuem 4 ou até 6 airbags de fábrica em todas as versões. No Argo, só existem os frontais: os side-bags, inexplicavelmente, só são oferecidos na versão HGT 1.8, e, ainda assim, como opcional. Vale dizer, ainda, que os airbags laterais atualmente disponíveis no Argo HGT protegem apenas o tórax dos ocupantes, quando o mais comum hoje é que estas bolsas infláveis protejam tórax e cabeça. No Fiat Pulse, que tem 4 airbags de série em todas as versões, já é assim. Além disso, falta o alerta do não-uso do cinto para os passageiros: só o motorista recebe um aviso sonoro caso não o afivele com o carro em movimento. No mais, o hatch dispõe de série dos importantes controles eletrônicos de tração e estabilidade, assistente de partida em subidas, cintos de 3 pontos e apoios de cabeça para todos os ocupantes, freios ABS, regulagem de altura dos cintos dianteiros, sinalização de frenagem de emergência, bem como fixações ISOFIX e Top Tether para as cadeirinhas infantis. Por conta de seu resultado decepcionante nos testes de segurança do Latin NCAP, especialmente no tocante à proteção pobre para a cabeça e a coluna cervical, o Argo S-Design teve sua nota reduzida neste quesito em nossa avaliação.

Consumo de combustível = 9,0
Neste aspecto, o Argo S-Design nos surpreendeu. Dentre os Fiat com motor 1.3 Firefly avaliados pelo Auto REALIDADE por uma semana, o hatch registrou o melhor consumo de gasolina, chegando a alcançar a boa média de 12,7 km/l na cidade, com uso moderado do ar-condicionado. Manter a pressão correta dos pneus e trocar as marchas sempre que necessário são hábitos que ajudam o modelo da Fiat a obter este resultado, que é bem próximo do divulgado pelo Inmetro com gasolina na cidade (12,8 km/l).

Relação custo-benefício = 9,0
Analisando-se o conteúdo oferecido pelo Argo S-Design 1.3, fica evidente que ele proporciona uma relação custo-benefício vantajosa para os consumidores. Esta versão custa apenas R$ 1.250 a mais do que o Argo S-Design 1.0 (menos do que o valor da pintura metálica para a carroceria), e, apesar das duas versões terem exatamente os mesmos equipamentos, este valor adicional relativamente pequeno contempla um motor com 32 cavalos e 3,3 kgfm de torque a mais, que proporciona melhor agilidade sem pesar tanto a mais no consumo de combustível. Além disso, o S-Design 1.3 traz de série ar digital automático, chave presencial e partida do motor por botão, itens que são opcionais no Trekking 1.3 e que demandam o acréscimo de um pacote de R$ 6.990 para serem adicionados. Ademais, na categoria dos hatches compactos, o Argo S-Design se destaca por ter design diferenciado, boa lista de equipamentos que fazem a diferença no uso cotidiano, dirigibilidade agradável, espaço interno adequado e preço competitivo (diante da atual realidade do mercado). O hatch pode não ser superlativo em todos os aspectos no seu segmento, mas seu grande volume de vendas contabilizado ao longo de 2021 mostra que, com o Argo, a Fiat soube atender bem aos principais anseios dos brasileiros.

Nota Final = 8,7

As notas são atribuídas considerando a categoria do automóvel analisado, os atributos oferecidos pelos concorrentes (diretos ou por aproximação), além das expectativas entre o que o modelo promete e o que, de fato, oferece. Um mesmo carro avaliado duas vezes pode ter sua nota diminuída em uma avaliação posterior, caso não evolua para os níveis de exigência que se aprimoram continuamente no mercado automotivo. Frações de pontuação adotadas: x,0, x,25, x,5, x,75. Critérios - Design = aspecto estético do automóvel. Espaço interno = amplitude do espaço para passageiros (dianteiros e traseiros, de acordo com a capacidade declarada do carro), locais para acomodar objetos e bagagem. Conforto = suspensão, nível de ruído, posição de dirigir, comodidades. Acabamento = atenção aos detalhes internos (encaixes e qualidade dos materiais e padronagens). Equipamentos = itens de tecnologia e conforto disponíveis no automóvel avaliado. Desempenho & Dirigibilidade = aceleração, velocidade máxima, retomada, comportamento em curvas. Segurança = visibilidade, itens de proteção ativa e passiva, frenagem. Consumo de combustível = combustível gasto e autonomia. Custo-benefício = relação de vantagem entre o preço pago e o que o carro entrega.

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