Latin NCAP: Peugeot 208 recebe 2 estrelas; Hyundai Tucson tira nota zero


O Latin NCAP revela o nível de segurança de mais dois automóveis comercializados na América Latina. O Peugeot 208 alcançou duas estrelas (de cinco possíveis), enquanto o Hyundai Tucson de terceira geração, com pacote de segurança inferior ao disponibilizado no Brasil, teve zero estrela.


Fabricado na Argentina, o Peugeot 208 conta em todas as suas versões com airbags frontais, airbags laterais para o tórax e controle eletrônico de estabilidade como itens de série. O hatch obteve duas estrelas, atingindo as notas 51,53% em Proteção de Ocupantes Adultos, 54,92% em Proteção de Crianças, 54,13% em Proteção de Pedestres e Usuários Vulneráveis ​​das Estradas (como ciclistas e motociclistas) e 55,81% em termos de Sistemas de Assistência à Segurança.


O 208 foi avaliado no impacto frontal, impacto lateral, teste de proteção à coluna cervical (whiplash), proteção de pedestres, controle de estabilidade, teste de alce (moose test) e sistema de assistência à velocidade (SAS). O modelo mostrou proteção considerada "aceitável" no impacto frontal e bom no impacto lateral para adultos. A proteção para a coluna cervical foi boa: o 208 está em conformidade com o regulamento de impacto traseiro UNR32 e oferece documentação de resgate para os passageiros em caso de acidente de acordo com os requisitos do Latin NCAP. A estrutura do habitáculo e a área do assoalho foram consideradas instáveis. A falta de airbags para a cabeça de série diminuiu a pontuação do veículo. Mesmo tendo frenagem automática de emergência em algumas versões, a disponibilidade deste item também não contou pontos na avaliação do Latin NCAP. Tanto o alerta do não uso dos cintos de segurança quanto o limitador de velocidade atingiram plenamente aos requisitos do Latin NCAP.


A proteção para crianças ficou abaixo das expectativas, pois não é possível desativar o airbag dianteiro do passageiro e foram constatados problemas com a geometria do cinto de segurança e do assento. Além disso, durante o teste de impacto, o encosto do banco traseiro saiu de sua posição original, afetando a proteção da cabeça do dummy de três anos. A Peugeot foi cientificada deste fato e foram feitas mudanças na cor que sinaliza quando o bloqueio do encosto está mal engatado; além disso, o próprio encosto traseiro foi revisado.


Nessa segunda avaliação, o encosto do banco traseiro permaneceu sua em posição durante todo o teste, resultando em melhor pontuação para proteção dos ocupantes infantis. O Latin NCAP ofereceu a Peugeot a proposta de avaliar a segurança das versões mais equipadas do 208, com unidades patrocinadas pela montadora, mas o fabricante rejeitou a oferta.


Já o Hyundai Tucson de terceira geração, fabricado na Coreia do Sul, tirou zero estrela. Esta é a mesma geração do SUV disponível no Brasil (em outros mercados, já existe a quarta geração do Tucson desde 2020), mas o modelo avaliado contava com apenas dois airbags e sem controle eletrônico de estabilidade, como ele é vendido em alguns mercados na América Latina. No Brasil, ele possui 6 airbags e controle de estabilidade em todas as versões. A pontuação do SUV foi de 51,21% na proteção de adultos, 4,37% na proteção de crianças, 49,85% na proteção para pedestres e usuários vulneráveis ​​das estradas e 6,98% nos sistemas de assistência à segurança.


O Tucson foi avaliado no impacto frontal, impacto lateral, proteção à coluna cervical (whiplash) e proteção de pedestres. O modelo teve um desempenho considerado bom no impacto frontal e impacto lateral para adultos, mas a falta de airbags laterais de fábrica limitou a pontuação do veículo. O teste de proteção à coluna cervical (whiplash) mostrou boa proteção. A estrutura do habitáculo e a área do assoalho foram consideradas estáveis. O desempenho da segurança para crianças foi ruim porque o Tucson vem com um cinto de dois pontos no centro do banco traseiro; além disso, a Hyundai se recusou a recomendar o Sistema de Retenção Infantil (SRI) para testes. 


Em relação à proteção para pedestres, houve proteção pobre (a pior possível) para a coxa e baixa proteção para a cabeça. O veículo não possui frenagem autônoma de emergência para mitigar ou eventualmente impedir o contato com os pedestres. Dos sistemas de assistência à segurança, obteve somente pontos para o lembrete do uso do cinto de segurança. O SUV não oferece controle de estabilidade ou outras tecnologias relevantes. O Latin NCAP ofereceu à Hyundai a proposta de testar a nova geração do Tucson, que começou a ser comercializada em outros mercados latino-americanos, mas o fabricante rejeitou a oferta.

O Latin NCAP comprou a unidade avaliada em fevereiro de 2021, após consultar as representações oficiais da marca em três países diferentes. O órgão de certificação de segurança recebeu a informação de que faltavam pelo menos dois anos para que o Tucson de quarta geração chegasse à América Latina, mas o modelo novo acabou chegando a alguns países da região em 2021.


Desde 2020, todos os veículos avaliados são testados quanto à segurança passiva de pedestres. Isso significa que a frente do veículo é impactada com partes que simulam os corpos de pedestres. Após cada teste, todas as partes frontais são substituídas por novas, o que implica a necessidade de um grande número de partes frontais de reposição (como para-brisa, para-choque dianteiro, capô, faróis e outras peças). Ao contrário dos demais veículos avaliados pelo Latin NCAP na proteção de pedestres, desta vez houve uma demora de mais de sete meses para conseguir obter todas as peças do Hyundai Tucson. O órgão acredita que este atraso incomum na obtenção das peças pode ter ocorrido por influência da própria Hyundai para atrasar os resultados pelo fato de não cooperar com o Latin NCAP, ou que simplesmente o sistema de peças de reposição da Hyundai seria ineficiente, mantendo o consumidor esperando meses para obter peças originais.


Alejandro Furas, Secretário Geral do Latin NCAP, disse:
“É surpreendente que uma plataforma global relevante como o 208 tenha eliminado equipamentos de segurança padrão importantes de sua versão original como os airbags laterais para a cabeça. O Latin NCAP incentiva a Peugeot a atualizar o equipamento do veículo para oferecê-lo como padrão o mais rápido possível e então reavaliar para demonstrar seus benefícios aos consumidores. O Latin NCAP está mais uma vez decepcionado com a Hyundai com sua atitude em relação à saúde e a segurança dos consumidores latino-americanos. É incrível que um SUV como o Tucson não ofereça proteção lateral e ESC padrão. Também é preocupante o atraso longo na entrega das peças originais. Apelamos urgentemente à Hyundai para fazer uma mudança importante na estratégia de segurança básica na LAC e nivelar sua política na Europa, Austrália e Estados Unidos, entre outros. O Latin NCAP acredita que a informação ao consumidor, conhecida como rotulagem de segurança do veículo, pode ajudar a melhorar drástica e rapidamente o nível de segurança do veículo como resultado de uma ação voluntária”.


Stephan Brodziak, presidente do Conselho de Administração do Latin NCAP, disse:
“Mais uma vez, graças ao Programa Latin NCAP, os consumidores podemos conhecer os riscos aos quais algumas empresas, principalmente latino-americanas, nos expõem com a venda de veículos de baixa segurança. Lamentamos o mau exemplo que a Peugeot dá com seu modelo 208 ao retirar os airbags de cabeça nos mercados latino-americanos. A Hyundai nos dá uma detestável surpresa ao ver que um de seus modelos mais populares na região, o Hyundai Tucson, que teve vendas significativas em nossos países, obteve zero estrela em segurança. Este é mais um exemplo da discriminação em segurança veicular que os habitantes da região têm que sofrer por parte de algumas montadoras que usam nossa região como um mercado abaixo do padrão para maximizar seus lucros. Exigimos que tanto a Peugeot como a Hyundai implementem urgentemente as normas de segurança necessárias para oferecer proteção adequada aos consumidores e usuários das estradas em todos os seus modelos. A América Latina e o Caribe não merecem melhor segurança para os veículos sem mais demora”.

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